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A informação de saúde divulgada em meios comunicação de massa e nos periódicos científicos de saúde do Brasil: Levantamento bibliométrico e infométrico

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Helena Schmidt Burg

A INFORMAÇÃO DE SAÚDE DIVULGADA EM MEIOS COMUNICAÇÃO DE MASSA E NOS PERIÓDICOS CIENTÍFICOS DE SAÚDE DO BRASIL:

LEVANTAMENTO BIBLIOMÉTRICO E INFOMÉTRICO

Florianópolis 2013

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Esta obra é licenciada por uma licença Creative Commons de atribuição, de uso não comercial e de compartilhamento pela mesma licença 2.5.

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Este trabalho é dedicado à minha irmã, Heloisa, que me acompanhou durante toda minha vida escolar e teve que sobreviver à faculdade de Direito sem mim.

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AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho não teria sido possível sem o apoio e suporte do meu orientador, professor Adilson, que é um excelente profissional e ótima pessoa.

Também imprescindíveis à realização deste trabalho foram os outros professores do curso de Biblioteconomia da UFSC, que pouco a pouco foram formando o retrato do tipo de profissional que eu pretendo ser. Agradeço especialmente as professoras Estera e Miriam, que confiaram no meu potencial e me deram a oportunidade de trabalhar perto delas.

Agradeço também meus pais, Regina e Renato, especialmente minha mãe que sempre foi um modelo a ser seguido e que me ensinou o real significado de uma vida digna e feliz.

Minha vó, a Oma Catarina, que sempre esteve presente em minha vida e sempre foi a personificação de determinação e honestidade.

Minha tia, Maria José, que me deu abrigo em Florianópolis e que foi a minha família aqui na Ilha da Magia.

Agradeço também a Deborah e a Daniela, que durante a graduação aguentaram minhas esquisitices e frescuras e me ajudaram a chegar onde cheguei. Também a Savanna, que quando cheguei em Florianópolis me adotou e me fez companhia.

Aos demais colegas de classe pelas risadas e pelas reclamações compartilhadas. Agradeço também a minha irmã Heloisa, a quem dedico também este trabalho, por ter sido sempre uma amiga e companheira, por me ouvir e me entender sempre.

Agradeço a Maria Gorete, que me deu a chance de estagiar na Biblioteca Setorial do CCS e foi fonte de inspiração e de admiração.

Não posso deixar de agradecer o Marcus, que presenciou meus piores momentos e mesmo assim não desistiu de mim. Por ter sido meu melhor amigo e confidente e por ter me oferecido a chance de ser parte da sua vida.

Finalmente, fica o agradecimento a todas as outras pessoas que fizeram parte da minha trajetória acadêmica e que são muitas para mencionar individualmente.

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I maintain there is much more wonder in science than in pseudoscience. And in addition, to whatever measure this term has any meaning, science has the additional virtue, and it is not an inconsiderable one, of being true.

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RESUMO

BURG, Helena Schmidt. A informação de saúde divulgada em meios comunicação de massa

e nos periódicos científicos de saúde do Brasil: levantamento bibliométrico e infométrico.

2013. – 66 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) – Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

Este trabalho, tomando como base uma revisão da literatura sobre comunicação científica, comunicação de massa e a interação entre os diferentes tipos de comunicação e sua influência na sociedade, tem como objetivo averiguar se as informações de saúde divulgadas nos veículos de comunicação de massa condizem com as pesquisas divulgadas nas revistas brasileiras da área da saúde. Para isso foi feito um levantamento bibliométrico das temáticas mais relevantes discutidas nos periódicos científicos da área da saúde indexados na base de dados Web of Science, e um levantamento infométrico da informação de saúde divulgada nos veículos de comunicação de massa voltadas à divulgação da ciência, especificamente nas revistas Ciência Hoje, Galileu e Superinteressante no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2012. Os dados coletados mostram que as temáticas mais relevantes tratadas nos periódicos científicos tem seu foco em técnicas e procedimentos analíticos, diagnósticos e terapêuticos, enquanto a temática mais popular nos veículos de comunicação de massa é o câncer, seguido por outras temáticas apelativas ao emocional dos leitores. Os dados permitiram observar que 42% das temáticas mais populares na comunidade científica são divulgadas pelos veículos de comunicação de massa e que 56% das temáticas tratadas pelos veículos de massa não se encontram entre as temáticas mais relevantes à comunidade científica. Conclui que ainda que parte das temáticas tratadas pelas revistas científicas apareça nas publicações de cunho popular, isso se dá de maneira que não segue as mesmas tendências.

Palavras-chave: Informação de saúde. Comunicação de massa. Comunicação científica.

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ABSTRACT

BURG, Helena Schmidt. Health information published on mass communication media and

on Brazilian health journals: an infometric and bibliometric study. 2013. 66 s. Final year

project (Undergrad in Library Science) – Center of Education Sciences, Federal University of Santa Catarina, Florianopolis, 2013.

This work, based on a review of the literature on scientific communication, mass communication, the interaction between the two types of communication and their influence on society, has as goal to find out if the health information published on the mass communication mediums are consistent with the research published on the Brazilian health journals. In order to do that a bibliometric analysis of the most relevant topics being discussed on the Brazilian journals indexed in the Web of Science database was done, as well as an infometric analysis of the health information published on the mass communication mediums focused on the propagation of scientific information, specifically on the magazines Ciência Hoje, Galileu and Superinteressante, from January of 2010 to December of 2012. The data collected shows that the more relevant topics discussed on the journals has its focus on analytical, therapeutic and diagnostic techniques, meanwhile the most popular topic on the mass communication mediums is cancer, followed by other topics that appeal to the emotional side of its readers. The data also showed that 42% of the most popular topics published in the scientific community are also published on the mass medium publications, and that 56% of the topics published by the mass communication mediums are not amongst the most relevant topics in the scientific journals. In conclusion, even though some of the topics published on scientific journals are also published on the mass media publications, that doesn’t happen according to the same trends.

Keywords: Health information. Mass communication. Scientific communication. Bibliometric

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ciclo da comunicação científica ... 24

Figura 2 – Ciclo da comunicação de massa ... 24

Figura 3 – Palavras-chave mais frequentes dos artigos indexados na Web of Science ... 29

Figura 4 – Temáticas mais frequentes dos artigos indexados na Web of Science ... 30

Figura 5 – Palavras-chave agrupadas sob a temática "Técnicas e Equipamentos Analíticos, Diagnósticos e Terapêuticos" ... 31

Figura 6 – Palavras-chave agrupadas sob a temática “Saúde Pública” ... 31

Figura 7 – Palavras-chave agrupadas sob a temática "Grupos de Pessoas" ... 33

Figura 8 – Palavras-chave dos artigos publicados nas magazines ... 34

Figura 9 – Temáticas dos artigos publicados nas magazines ... 35

Figura 10 – Palavras-chave agrupadas sob a temática "Processos Mentais" ... 35

Figura 11 – Palavras-chave agrupadas sob a temática "Comportamento e Processos Comportamentais" ... 36

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Temáticas tratadas somente pelos artigos indexados na Web of Science ... 39 Quadro 2 – Temáticas tratadas somente pelas magazines ... 40

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LISTA DE GRÁFICOS

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas BVS – Biblioteca Virtual em Saúde

DeCS – Descritores em Ciências da Saúde

ICMJS – International Comitee of Medical Doctors MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação OMS – Organização Mundial da Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação WoS – Web of Science

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 12 1.1 OBJETIVOS ... 14 1.1.1 Objetivo Geral ... 14 1.1.2 Objetivos Específicos ... 14 2 REVISÃO DE LITERATURA ... 15 2.1 Comunicação de massa ... 15 2.2 Comunicação científica ... 16 2.2.1 Acesso aberto ... 19

2.3 A comunicação DE massa E Sua relação com a comunicação científica ... 22

2.3.1 Informação e comunicação da saúde e a sociedade ... 25

3 METODOLOGIA ... 27

4 RESULTADOS ... 29

4.1 Artigos indexados na Web of Science ... 29

4.2 Artigos publicados nas magazines ... 34

4.3 comparação entre os dois veículos de comunicação ... 36

5 CONCLUSÃO ... 42

REFERÊNCIAS ... 44

APÊNDICE A – REVISTAS BRASILEIRAS DE ACESSO ABERTO INDEXADAS NA WEB OF SCIENCE ... 48

APÊNDICE B – NUVENS DE PALAVRAS EM RESOLUÇÃO MAIOR ... 50

ANEXO 1 – DADOS COLETADOS NA WEB OF SCIENCE PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ... 55

ANEXO 2 DADOS COLETADOS NAS MAGAZINES PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ... 62

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1 INTRODUÇÃO

A comunicação científica garante o avanço da ciência e confere a ela credibilidade advinda do método científico. Desde o surgimento dos periódicos científicos, na metade do século XVII, a ciência vem buscando aprimorar o processo editorial, com o objetivo de garantir que a informação publicada nos periódicos científicos descreva o conceito aceito pela literatura, e, ao mesmo tempo, garantindo espaço para publicação de novas descobertas e teorias. Seu objetivo final é a comunicação da ciência, principalmente entre os cientistas.

Já a comunicação de massa tem por objetivo a disseminação de informação a um número grande de pessoas que não compartilham, necessariamente, dos mesmos interesses e das mesmas filosofias, como é o caso dos pesquisadores. Por essa razão a informação veiculada nos meios de comunicação de massa – revistas populares ou magazines1, jornais diários (tabloides), rádio, televisão e cinema – é produzida de maneira mais genérica que a informação científica. É escrita de forma mais superficial e com uma linguagem coloquial, o que a torna acessível a uma audiência maior.

O que é produzido e publicado pelos pesquisadores das diferentes áreas do conhecimento é interpretado e reescrito em linguagem coloquial pelos editores dos diferentes veículos de comunicação de massa. Estes, então, reproduzem e disponibilizam essa informação – a um preço – à população em geral. Esse processo de adaptação da linguagem da informação científica às massas faz com que a informação consumida pela população geral passe primeiro pelo filtro dos editores, e, só então, consumida pelos indivíduos.

Em pesquisa realizada em 2010 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que buscou fazer um levantamento do interesse, grau de informação, atitudes, visões e conhecimento que os brasileiros têm da Ciência e Tecnologia, mostrou que 58% dos brasileiros acreditam que a televisão (um dos veículos de comunicação de massa) noticia de maneira satisfatória as novas descobertas científicas e tecnológicas.

1 O termo magazine foi o escolhido neste trabalho para identificar as publicações de massa. O termo é utilizado amplamente em diferentes partes do mundo para identificar publicações cujo foco é a divulgação de informação das diferentes áreas do conhecimento em linguagem coloquial. São as revistas de consumo popular.

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Dentre as razões apontadas pelos entrevistados, como forma de justificar a suposta credibilidade deste meio de comunicação foram elencados três características, como:

a) As matérias são de boa qualidade;

b) Em geral as matérias podem ser entendidas, e;

c) São discutidos os riscos e problemas que as aplicações da ciência e tecnologia podem causar.

A pesquisa apontou, também, que 43% da população afirma que o profissional que mais inspira credibilidade e confiança como fonte de informação das várias áreas relacionadas à Ciência e Tecnologia, é o médico, seguido pelos jornalistas (42%), e pelos cientistas que trabalham em universidades (30%). Dos entrevistados na pesquisa, 60% afirmaram ter muito interesse em informação sobre Medicina e Saúde, assim, ao se observar estes dados, percebe-se que existe na sociedade brasileira interespercebe-se em informação de saúde, e que os meios de comunicação de massa desempenham um papel importante na disseminação dessa informação.

As pesquisas realizadas na área da saúde causam impacto tangível na sociedade, uma vez que os métodos e práticas divulgadas pela comunidade científica orientam o desenvolvimento de atividades na vida cotidiana da população de modo geral.

A saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade.

Portanto, cabe que se investigue a seguinte questão: A transição da informação do meio científico para o meio informal acontece de forma que garanta que a informação sendo consumida pela massa condiga com as tendências da ciência?

Pessoalmente, o que motivou o desenvolvimento deste trabalho foi a inquietação que surgiu da observação do impacto da informação de saúde divulgada em magazines na vida cotidiana. A busca de informação em fontes não creditadas pela comunidade científica pode levar à escolha de tratamentos que não tem eficácia comprovada e podem ser até mesmo danosos à saúde.

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1.1 OBJETIVOS

Buscando responder a pergunta central – A transição da informação do meio científico para o meio informal acontece de forma que garanta que a informação sendo consumida pela massa condiga com as tendências da ciência? – foram traçados objetivos que irão delinear a estrutura do trabalho.

1.1.1 Objetivo Geral

Identificar, por meio de levantamento bibliométrico e infométrico, se as temáticas que estão sendo investigadas e divulgadas por pesquisadores brasileiros da área da saúde são as mesmas que são divulgadas pelas magazines.

1.1.2 Objetivos Específicos

a) Determinar quais são os temas mais pesquisados por cientistas da área da saúde nas revistas de comunicação científica de acesso aberto, indexadas na base de dados multidisciplinar Web of Science (WoS);

b) Levantar quais são os estudos da área da saúde que são publicados em magazines, cujo foco é a divulgação da ciência;

c) Comparar as temáticas divulgadas pelos dois veículos de comunicação e verificar o grau de similaridade.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Para que se contextualize este trabalho, se faz necessária a análise do que é compreendido atualmente na literatura como comunicação de massa, comunicação científica, a interação entre os dois canais de comunicação e sua relação com a informação da área da saúde.

2.1 COMUNICAÇÃO DE MASSA

Entende-se por comunicação de massa o modelo de diálogo que consiste na divulgação de informação padronizada a um grande número de pessoas. Sua origem remonta ao surgimento da imprensa, como afirma Perles (2007, p.7): “O surgimento do sistema tipográfico gutenberguiano é considerado a origem da comunicação de massas por constituir o primeiro método viável de disseminação de ideias e informações a partir de uma única fonte.” Com a possibilidade de reprodução de textos em grande escala, surgiram diferentes veículos de comunicação, como panfletos, jornais e revistas. Segundo Perles (2007, p.8) “a associação mundial dos jornais aceita como verdadeira as evidências de que o primeiro jornal do planeta tenha sido o Relationen, produzido por Johann Carolus, em 1605.”

Como afirmam De Fleur e Ball Rockeach (1993, p.39):

A ideia básica de um noticioso originou-se bastante cedo no continente europeu, na Inglaterra e no Novo Mundo. A imprensa colonial americana foi estabelecida alguns anos antes de os Estados Unidos constituírem-se como uma nova nação. A imprensa colonial distribuía pequenos papéis e panfletos entre a elite educada. Seu conteúdo era […] de um nível de refinamento e gosto acima das capacidades do cidadão comum. Não obstante forneceram o formato básico sobre o qual criar um novo tipo de noticiosos […]. Quando foi encontrado um meio de financiar um jornal barato para ampla distribuição, e foram concebidas as técnicas para rápida impressão e distribuição, o primeiro verdadeiro veículo de massa nasceu sob a forma do “jornal de tostão”.

Beltrão e Quirino (1986), afirmam que são características básicas da comunicação de massa a industrialização e a verticalidade, ou seja, a comunicação de massa tem como objetivo produzir e distribuir produtos culturais em forma de mensagens padronizadas e em série, criadas por um grupo específico de comunicadores e recebidas pelos consumidores (as massas) de maneira uniforme – todos leem a mesma mensagem.

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Na sociedade capitalista, desaparecem os antigos meios de proteção social; o individuo é, cada vez mais, submetido à lógica do mercado, ficando inteiramente a sua mercê. No século XX, como decorrência do paradigma fordista/taylorista, surge e se desenvolve a sociedade de massa, na qual o conceito predominante passa a ser a padronização. Esta forma de organização, no que se refere à informação, tenta atingir o grande público a partir de pacotes informacionais, de conteúdo simples, que possam ser entendidos pela base da pirâmide social.

A comunicação de massa utiliza como veículos de comunicação: a imprensa tradicional (revistas, jornais, entre outros), o rádio, a televisão e o cinema. Com os avanços nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), no final da década de 1990, a comunicação de massa passou a se apropriar também da Internet e suas ferramentas.

2.2 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Segundo Le Coadic (1994) a comunicação científica se dá por meio de dois processos: escrito (formal) e oral (informal). A comunicação oral compreende formas públicas de comunicação, como conferências e seminários, bem como formas privadas, como correspondências e conversas entre pesquisadores. A comunicação escrita compreende as publicações primárias (artigos, papers, etc.), secundárias (índices, tesauros, resumos) e terciárias (bibliografias) que tem como objetivo final a divulgação da informação científica a toda sua comunidade.

Como afirma Targino (2000, p. 10):

A comunicação científica é indispensável à atividade científica, pois permite somar os esforços individuais dos membros das comunidades científicas. Eles trocam continuamente informações com seus pares, emitindo-as para seus sucessores e/ou adquirindo-as de seus predecessores.

Na sua origem, a comunicação entre os pesquisadores se dava por meio de trocas de correspondências particulares e publicação de livros que eram produzidos de forma artesanal e em pequena escala, o que fazia da comunicação científica um processo lento. Assim, segundo Hillesheim e Fachin (2006), ao perceberem a necessidade de melhorias na comunicação entre pesquisadores, um grupo de cientistas franceses fundou a Académie Royale des Sciences em 1662, em Paris, e no ano de 1665 foi publicado o primeiro fascículo do Journal des Sçavans. Já na Inglaterra, no ano de 1660 foi criada a Royal Society of London, que publicou no ano de 1665 o Philosophical Transactions, seu periódico.

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Essas duas publicações serviram como modelo para universidades, academias científicas europeias, associações e sociedades que criaram as suas próprias publicações.

Le Coadic mostra que:

A formalização da comunicação científica data de mais de trezentos anos. Ocorreu em resposta às necessidades de comunicação dos resultados da pesquisa entre os pesquisadores cujo número crescia. A ciência mudava de situação: de atividade privada tornava-se […] uma atividade social. (LE COADIC, 1994, p.34)

Como aponta Stumpf (1996, p. 2):

O processo definitivo de mudança para o novo veículo de registro e comunicação da ciência só foi concluído no século passado, quando as revistas adquiriram credibilidade para, inclusive, substituir os livros. Os artigos, até aquela época, eram considerados como formas provisórias de comunicação, sendo sempre a forma monográfica de livros impressos a preferida para o registro definitivo da ciência. A visão de que cada observação ou experimento forma uma unidade por si mesmo, só começou a ter aceitação no século XVIII.

Uma vez aceito como veículo de comunicação científica, o próprio periódico científico passou a ser objeto de estudo, e podem ser encontradas na literatura diferentes definições do que ele é de fato.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define publicação periódica científica como:

Um dos tipos de publicações seriadas, que se apresenta sob a forma de revista, boletim, anuário etc., editada em fascículos com designação numérica e/ou cronológica, em intervalos pré-fixados (periodicidade), por tempo indeterminado, com a colaboração, em geral, de diversas pessoas, tratando de assuntos diversos, dentro de uma política editorial definida, e que é objeto de Número Internacional Normalizado (ISSN). (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002, p. 3)

Para Cunha (2001):

as expressões periódico, publicação seriada, revista técnica, revista científica e publicação periódica são usadas indistintamente para designar um tipo de documento que tem as seguintes características: a) periodicidade; b) publicação em partes sucessivas […] subdividem-se por ano, volume ou tomo, fascículo ou caderno; c) continuidade de publicação indefinida; d) variedade de assuntos e autores: gerais ou especializados.

Fachin e Hillesheim (2006), após buscarem na literatura as diferentes definições para periódicos científicos, apresentam a seguinte definição:

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os periódicos científicos são todas ou quaisquer tipos de publicações editadas em números ou fascículos independentes, não importando a sua forma de edição, ou seja, seu suporte físico […] mas que tenham um encadeamento sequencial e cronológico, sendo editadas, preferencialmente, em intervalos regulares, por tempo indeterminado atendendo às normalizações básicas de controle bibliográfico. (FACHIN; HILLESHEIM, 2006 p. 28)

Nesse contexto, Mueller (2006, p. 27) afirma que é o processo de avaliação por pares que garantiu às revistas científicas o status de canal preferencial para a divulgação do conhecimento científico. É a revisão por pares, ou peer review, que tem a atribuição de confirmar que a informação submetida às revistas é resultado de descoberta científica, e que a pesquisa não é resultado de plágio.

Segundo Pavan e Stumpf (2009, p. 74) a revisão por pares surgiu nas primeiras sociedades e academias científicas que, ao se preocuparem com o conteúdo que poderia ser publicado nas suas revistas, determinaram que os cientistas se organizariam de forma que os trabalhos submetidos às revistas seriam avaliados antes da sua publicação.

A Comissão Internacional de Editores de Revistas Médicas (International Comitee of Medical Journal Doctors – ICMJE) define o processo de revisão por pares como:

avaliação crítica de manuscritos submetidos aos periódicos científicos por especialistas que não são parte dos seus conselhos editoriais. Porque a avaliação crítica, independente e não enviesada é uma parte intrínseca de todo trabalho acadêmico, incluindo pesquisa científica, avaliação por pares é uma extensão importante do processo científico. (INTERNATIONAL COMITEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS, 2013, tradução nossa)

Com isso tudo em vista, o periódico científico se apresenta como veículo preferencial da comunicação científica. Atualmente conta com as facilidades trazidas pelas TICs, o que acarretou a transição dos periódicos, que eram veiculados em suporte impresso, para o suporte eletrônico.

Segundo Willinsky (2006) a primeira edição eletrônica de periódicos científicos foi do periódico Harvard Business Review que circulou – ainda que de forma limitada – no ano de 1982.

Como explica Mueller:

Ao surgirem e ganharem formas inovadoras, a partir da década de 90, as publicações científicas eletrônicas despertaram esperanças, em muitos pesquisadores, de uma mudança radical no sistema tradicional de comunicação científica. Assim como os

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utopistas da Renascença, alguns sonharam com um novo sistema de comunicação, no qual o acesso a todo conhecimento científico se tornaria universal e sem barreiras. Especialmente nos países mais afastados dos principais centros produtores, surgiu a esperança não só de acesso ao que era produzido fora, mas também que a produção local teria maior visibilidade e penetração internacional. (MUELLER, 2006, p.27)

É nesse contexto de facilidade de recuperação de informação em meio eletrônico que surge o Movimento de Acesso Aberto.

2.2.1 Acesso aberto

Já nos anos 1980, com a transformação do conhecimento científico em capital pelas grandes empresas editoras de periódicos, as bibliotecas e outras instituições que necessitam acesso à produção científica se viram perante uma crise, como explica Mueller:

A aparente estabilidade de que gozava o sistema de comunicação científica mundial foi abalada quando estourou a chamada crise dos periódicos, em meados da década de 1980, que já vinha se anunciando desde a década de 70. O gatilho da crise foi a impossibilidade de as bibliotecas universitárias e de pesquisa americanas continuarem a manter suas coleções de periódicos e a corresponder a uma crescente demanda de seus usuários, impossibilidade decorrente da falta de financiamento para a conta apresentada pelas editoras, cada ano mais alta, mais alta mesmo que a inflação e outros índices que medem a economia. (MUELLER, 2006, p.27)

O surgimento da possibilidade de garantia de acesso à informação científica, produzida por meio de acesso eletrônico e livre, se mostrou como uma possível solução à crise. Como Mueller ilustra:

Os periódicos eletrônicos de acesso livre começaram a aparecer no início da década de 90. São, em sua maior parte e assim como a grande maioria dos periódicos eletrônicos por assinatura, muito semelhantes, em aparência, ao modelo tradicional de periódico, com a importante diferença de serem acessíveis sem pagamento. (MUELLER, 2006, p. 32)

A aparição desse modelo se deu graças a Iniciativa de Acesso Aberto de Budapeste, como explica Rocha (2009, p. 3):

Em fevereiro de 2002 ocorreu em Budapeste, na Hungria, uma iniciativa inédita: a disponibilização na rede Internet dos resultados de pesquisas sistematizados em revistas acadêmico-científicas de modo livre e sem restrição para cientistas, pesquisadores/as, eruditos, universitários, estudantes e interessados em geral. Na contemporaneidade, dá-se o nome de “Acesso Aberto” (“Open Access”) a esse novo paradigma relativo à rápida e gratuita difusão, discussão e reflexão dos resultados do

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engendramento da ciência e da tecnologia que tem revolucionado os meios universitários e acadêmicos mundiais.

Segundo John Willinsky (2006), o Princípio do Acesso Aberto pode ser definido da seguinte maneira: “Um compromisso com o valor e a qualidade da pesquisa leva consigo uma responsabilidade de estender a circulação desse trabalho tão longe quanto possível e idealmente a todos que se interessarem nele e todos que podem se beneficiar dele.” (WILLISNKY, 2006, p.5, tradução nossa).

Costa (2008, p. 219) define Acesso Aberto como “acesso à literatura que é digital, on-line, livre de custos, e livre de restrições desnecessárias de copyright e licenças de uso. Acesso aberto, nesse sentido, deve remover tanto barreiras de preço quanto de permissão (de uso)”.

Mas, para Willinsky (2006) a definição de um modelo único de Acesso Aberto não condiz com as práticas realizadas atualmente, e por essa razão descreve o Acesso Aberto em dez “sabores” diferentes:

1. Home pages: Faculdades ou Departamentos de universidade mantém home page para membros individuais da faculdade, no qual eles colocam os seus papers, tornando-os livremente disponíveis;

2. Arquivo e-print: uma instituição acadêmica hospeda e mantém um repositório, facilitando aos seus membros o auto arquivamento de material publicado e não publicado;

3. Taxa para os autores: esse modelo dá suporte ao acesso imediato, gratuito e completo aos artigos publicados. Quem fica responsável pelos custos financeiros da publicação é o autor (ou a instituição à qual ele está filiado);

4. Subsidiado: Sociedades científicas, instituições de governo, ou fundações disponibilizam, por meio de subsídio, o acesso livre a revistas;

5. Modo dual: as assinaturas são coletadas para a edição impressa e usadas para sustentar tanto a edição impressa quanto a versão em acesso aberto disponível on-line;

6. Postergado: As taxas de assinatura são coletadas para as versões impressas das revistas. Os artigos publicados on-line são disponibilizados de forma livre e aberta, porém depois de um período de tempo que varia de acordo com a política de cada revista;

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7. Parcial: o acesso aberto é providenciado para uma pequena parte dos artigos em cada fascículo – servindo como ferramenta de marketing – enquanto o acesso completo à publicação depende de assinatura;

8. Per capita: O acesso livre é ofertado a estudantes e pós-graduandos em países em desenvolvimento como uma contribuição de caridade, com despesa limitada para registro de instituições em um sistema de gestão de acesso;

9. Indexação: O acesso livre a informações bibliográficas e resumos é fornecido como um serviço governamental ou, por editores, um mecanismo de marketing, sempre com links, pay-per-view, para o texto integral do artigo;

10. Cooperativo: Instituições como bibliotecas e associações científicas contribuem para o suporte do acesso livre a revistas e do desenvolvimento de recursos de publicação.

Outra separação que é feita das modalidades de acesso aberto é explicada da seguinte maneira:

Atualmente são apontados dois caminhos para o chamado acesso livre, com algumas variações. O primeiro é conhecido como via "dourada" para o acesso livre, em que as revistas tornam seus artigos acessíveis livremente no momento da publicação [...]. O segundo caminho é o acesso livre por auto arquivo, conhecido também como a via "verde". Neste modelo os autores, após enviarem uma cópia para um repositório dos artigos aceitos para publicação ou já publicados, tornam estes materiais acessíveis gratuitamente. (PIMENTEL SOBRINHO, 2011)

Além das variadas definições atribuídas ao acesso aberto, outro desafio que o movimento enfrenta é o desinteresse das grandes editoras de periódicos à adoção desse modelo de publicação da comunicação científica. Como explica Mueller (2006, p. 34):

Com relação ao papel das editoras comerciais no processo, tais editoras são empresas poderosas, não só financeiramente, mas também politicamente, pois na medida em que são donas dos periódicos e detentoras dos copyrights dos trabalhos que esses periódicos publicam, controlam, de fato, o sistema de comunicação científica. Além disso, as editoras mais conceituadas ainda derivam poder justamente desse prestígio que lhes é atribuído pela comunidade. O discurso das editoras, ao não permitir acesso livre, é que elas protegem o autor e a integridade do texto.

Então, com o objetivo de enfrentar a problemática do copyright, foi fundada em 2001 a organização Creative Commons, que em 2002 publicou um conjunto de licenças de copyright gratuitas, e como definidas pela página da organização no Brasil, as

licenças de direitos autorais são fáceis de usar e fornecem ao autor uma forma simples e padronizada de conceder autorização para que as pessoas possam usar sua

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obra intelectual (que pode ser desde uma expressão artística até um estudo acadêmico), sempre de acordo com as condições que o próprio autor escolher.[...] o Creative Commons não realiza registros de obras e não é uma alternativa aos direitos autorais. As licenças Creative Commons baseiam-se no sistema jurídico da propriedade intelectual e então permitem que o autor escolha os termos que melhor o agradem, sem qualquer custo. (CREATIVE COMMONS, 2013)

Outro desafio enfrentado pelas publicações em acesso aberto, como destacado por Schweitzer, Rodrigues e Rados (2011) é a visibilidade. Simplesmente por estarem disponíveis on-line, o acesso às publicações não é garantido, ele requer que as publicações estejam indexadas em bases de dados, portais e repositórios de publicações em acesso aberto.

Segundo Castro (2006)

A SciELO foi a primeira iniciativa de acesso aberto em países em desenvolvimento, iniciada em 1997, no Brasil, com a publicação de dez títulos de revistas, quatro da área da saúde. Em maio de 2006, a SciELO Brasil incluiu 160 títulos, 83 (52%) das ciências da saúde e também indexados na base de dados LILACS.

Atualmente a SciELO conta com 360 revistas da área da saúde de 11 países diferentes (Brasil, Africa do Sul, Chile, Colombia, Costa Rica, Cuba, Espanha, Mexico, Peru e Portugal) e está indexada pela base de dados interdisciplinar Web of Science da editora Thomson Reuters. 2.3 A COMUNICAÇÃO DE MASSA E SUA RELAÇÃO COM A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Como o objetivo da comunicação científica é garantir o avanço da ciência, respeitando o método científico, tendo como consequência avanços em diferentes âmbitos da vida cotidiana, é importante que se entenda como se dá a interação entre a comunicação de massa e a comunicação científica.

Como afirma Caribé:

a inserção da ciência e da tecnologia no dia a dia dos indivíduos não consiste em processo singelo. A ciência e a tecnologia não são neutras. Podem ter implicações políticas, econômicas, sociais e culturais, e têm o potencial de interferir direta ou indiretamente em todos os aspectos da vida cotidiana. (CARIBÉ, 2011, p.16)

Bizzo (2002, p.310) destaca que um “dos grandes desafios da ciência é ser amplamente difundida, sem perder a precisão; porém, o rigor científico não precisa ser sinônimo de hermetismo na difusão de ciência, pois o jargão científico torna praticamente impossível ao leigo decodificar um texto científico”.

(25)

É tendo em vista essa linguagem formal utilizada no meio científico que os veículos de comunicação de massa passaram a trabalhar com a divulgação de informação científica com características mais informais. Flores e Silveira explicam que:

Os elementos do texto científico apropriados pela formulação discursiva do jornalismo servem para finalidades diferentes daquelas consideradas próprias ao discurso científico. Além de produzir efeitos de credibilidade, eles também servem para produzir efeitos de dramatização e captar o leitor, característica intrínseca do discurso jornalístico. (FLORES; SILVEIRA, 2010, p. 148)

Segundo Le Coadic (1994) o modelo de comunicação científica pode ser representado como um sistema em que a produção ou construção, a comunicação e o uso da informação se sucedem e se alimentam reciprocamente, como observado na Figura 1, enquanto a comunicação de massa se dá de forma mais simples que limita a comunicação a uma relação bilateral na qual a informação é enviada pelo informador e recebida pelo informado, como ilustrado na Figura 2.

(26)

Figura 1 – Ciclo da comunicação científica

Fonte: Le Coadic, 1994

Figura 2 – Ciclo da comunicação de massa

Fonte: Le Coadic, 1994

Depois da Segunda Guerra Mundial e com o advento das TICs, a informação passou a ser mais valorizada, e a população geral (as massas) também passou a notar essa valorização. A ciência que ficava confinada nos laboratórios e universidades é a mesma ciência que criou a bomba nuclear e passou a influenciar de forma mais tangível a vida do cidadão comum.

(27)

Como ilustra Pechula (2007, p. 217):

Inserida nesse contexto, a ciência é transformada em notícia; e a pesquisa, mesmo que ainda em processo de formulação ou hipótese, é rapidamente divulgada. Contudo, geralmente é divulgada como descoberta, criação já acabada ou como início de uma descoberta que alcançará o seu intento. O receptor, sem o saber, torna-se consumidor destorna-se tipo de informação que, transformado em notícia, torna-torna-se um fenômeno cotidiano e é consumido como as demais notícias. E assim, como essas, a informação científica não possuirá aprofundamento, detalhes teórico-conceituais, o que impedirá a compreensão mais profunda da informação recebida […].

Flores e Silveira (2010, p.161-162) mostram que

Os efeitos de credibilidade são produzidos pelas categorias de fontes, precisão/exatidão e neutralidade/afastamento. Ao utilizar cientistas como fontes, o enunciador legitima a pesquisa e lhe confere credibilidade. Assim também acontece com os dados numéricos utilizados ao longo do texto e com a aproximação do pesquisador do estudo relatado. Quando os dados numéricos não aparecem a pesquisa parece perder credibilidade.

É nesse contexto que está, também, a informação de saúde: a pesquisa acadêmica e a sua divulgação nos veículos de comunicação de massa.

2.3.1 Informação e comunicação da saúde e a sociedade

Como destacado por Lima et al (2012, p. 39).:

O trabalho de pesquisa precisa ir além da etapa de publicação dos seus resultados em periódicos científicos. Necessita-se que toda a sociedade seja impactada com as consequências de seus resultados. Para isso, exige-se do pesquisador, das agências de fomento e da comunidade científica um trabalho paralelo de socialização destes resultados, por meio de canais de comunicação não científicos, além do trabalho de conscientização da população no sentido de despertar o interesse pela realização daquela produção.

Nesse sentido, buscando aproximar a informação de saúde à realidade do cidadão comum, Targino (2009, p.54) afirma, que “é essencial perceber a saúde como recurso básico de qualquer sociedade e, por conseguinte, a informação em saúde é fundamental ao processo de tomada de decisões no âmago das políticas públicas, objetivando elevar a qualidade de vida dos povos.”

Como ilustra Moraes (2007, p. 34),

Na história dos cuidados, das práticas médicas e da saúde no Brasil, a partir da segunda metade do século XIX, registram-se esforços de utilizar diferentes recursos, com o objetivo de informar a população sobre as doenças, modos de cuidar, produtos com fins terapêuticos, profissionais que oferecem serviços e artigos

(28)

publicados em folhetos, jornais e revistas. Assim, a propaganda foi a primeira forma de informação sobre saúde produzida no século XIX.

Assim, é importante que se destaque que, ao circular nos diferentes veículos de comunicação, a informação de saúde é consumida por diferentes públicos e com diferentes finalidades. Esses públicos variam entre políticos, profissionais de outras áreas do conhecimento, estudantes e o restante da população dos diferentes setores econômicos. Como destaca Araújo (2009)

Embora não se subestime as assimetrias de toda ordem que caracterizam a desigual sociedade brasileira – na saúde, na comunicação e de forma notória na mídia –, isto não leva a desconsiderar que cada indivíduo, grupo ou instituição transita entre as posições de emissão e recepção, além de agir na circulação social dos discursos.

Com o surgimento dos periódicos científicos da área da saúde em acesso aberto, aparece uma nova fonte de informação de saúde. Assim afirma Targino (2009, p. 70): “Independente dessas publicações de teor científico, os pesquisadores em saúde não podem perder de vista a possibilidade de o público suprir as suas demandas informacionais no espaço cibernético”. Isso demonstra que deve ser desenvolvida nos pesquisadores uma maior preocupação com a disseminação das suas pesquisas à sociedade.

(29)

3 METODOLOGIA

Este trabalho busca identificar se as temáticas divulgadas pelos veículos de informação de massa e as temáticas divulgadas pelos pesquisadores nos periódicos científicos são semelhantes.

Para tanto, foi feito um levantamento bibliométrico para identificação das temáticas mais populares entre os pesquisadores brasileiros e um levantamento infométrico das temáticas publicadas nos veículos de comunicação de massa. Os dados foram coletados na base de dados multidisciplinar Web of Science, especificamente nos periódicos brasileiros de acesso aberto indexados pela base (a lista dos periódicos pode ser encontrada no apêndice A), no período de janeiro 2010 à dezembro de 2012.

Os dados infométricos referentes aos veículos de comunicação de massa foram coletados nas revistas Galileu, Superinteressante e Ciência Hoje por serem publicações voltadas à divulgação de informação de cunho científico às massas, nas publicações referentes ao mesmo intervalo de tempo.

O método adotado para o desenvolvimento deste trabalho apoia-se nos conceitos de estudos métricos da informação: Bibliometria e Infometria.

A Bibliometria é quantificação informacional através da frequência, distribuição e porcentagem de citações bibliográficas científicas, enquanto que a Infometria é o grau de relevância, revocação e recuperação da informação, tratando quantitativamente todos tipos de informação, independente de ser científica ou não (BUFREM; PRATES, 2005).

Portanto, se caracteriza como pesquisa bibliográfica, pois se utiliza das publicações já existentes e reportadas nas magazines e na base de dados; e de características voltadas à pesquisa quantitativa e qualitativa, pois enumera e descreve as temáticas publicadas nos dois canais de comunicação.

As técnicas utilizadas para coleta de dados constituem-se de:

a) levantamento dos assuntos nos periódicos científicos de acesso aberto, indexados na Web of Science, por meio de análise das palavras-chave atribuídas aos artigos;

(30)

b) levantamento dos assuntos dos artigos publicados nas magazines, por meio de consulta às publicações e definição de palavras-chave para os artigos.

A definição das palavras-chave dos artigos das magazines foi feita por meio de consulta às publicações, determinadas de acordo com os títulos dos artigos e com as palavras que mais se destacaram em cada artigo, uma vez que não é prática comum às magazines a determinação de palavras-chave ao conteúdo que é publicado nesses veículos.

As ferramentas utilizadas foram: editor de texto (Microsoft Office Word) e planilha eletrônica para a tabulação dos dados (Microsoft Office Excel).

O tratamento dos dados se deu da seguinte maneira: dentre as palavras-chave levantadas na WoS, foram selecionadas palavras-chave dos artigos dos periódicos científicos - todas as que se repetiram mais de vinte (20) vezes2, então essas palavras-chave foram divididos em temáticas que foram determinadas tomando como referência a hierarquização dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) do vocabulário controlado da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).

As palavras-chave atribuídas aos artigos das magazines foram padronizadas de acordo com os DeCS e depois divididas em temáticas da mesma maneira que as palavras-chave dos artigos científicos.

Para a representação dos dados, optou-se pela utilização de nuvens de palavras. As nuvens de palavras são uma forma de representação de dados que ilustra a frequência de repetição de uma palavra ou termo, mostrando as mais frequentes com maior destaque.

2 A Lei de Zipf estabelece que: ab²=k, em que: a representa o número de palavras que ocorrem h vezes, , b representa número de ocorrência de cada palavra e k a constante. (KIBEIRO, 1974)

(31)

4 RESULTADOS

A informação científica, que circula por meio dos periódicos científicos, tem caráter formal e tem por base o método científico. É voltada à divulgação de resultados de pesquisa, por meio dos quais é garantido o avanço da ciência. A comunicação científica da área da saúde também circula nesse meio, mas, por ser de interesse da população geral, cirucla também nos meios de comunicação de massa, que buscam divulgar as novidades da medicina e das outras áreas da saúde à população geral, fazendo a “tradução” da linguagem formal dos periódicos científicos à linguagem coloquial, mais facilmente compreendida pelos diferentes grupos da sociedade.

Tendo isso em vista, foi feito o levantamento de dados bibliométricos dos periódicos brasileiros de acesso aberto da área da saúde indexados na WoS, buscando identificar quais são as temáticas mais divulgadas no meio científico.

4.1 ARTIGOS INDEXADOS NA WEB OF SCIENCE

Foram recuperados 10.959 artigos e foram identificadas 17.172 palavras-chave atribuídas a eles.

Figura 3 – Palavras-chave mais frequentes dos artigos indexados na Web of Science

(32)

A palavra-chave identificada como a mais frequente foi Enfermagem (349 vezes), seguida por Brasil (279 vezes), Qualidade de vida (252 vezes), Epidemiologia (250 vezes), Fatores de risco (250 vezes), Ratos (213 vezes). Indicando que as palavras-chave mais frequentes dos artigos publicados em periódicos científicos de acesso aberto tem a função de caracterização do campo (i.e. enfermagem) e dos objetos de estudo (i.e. Brasil).

Essas 266 palavras-chave foram dividas em 69 temáticas, que foram atribuídas às palavras-chave de acordo com a hierarquização dos termos nos DeCS, e essas temáticas representadas em uma Nuvem de Palavras que pode ser vista na Figura 4:

Figura 4 – Temáticas mais frequentes dos artigos indexados na Web of Science

Fonte: dados da pesquisa (2013)

Esses achados condizem com as características das publicações científicas: o foco é na pesquisa, na demonstração de resultados e sua análise. É por meio desse tipo de publicação que os pares podem recriar e replicar os estudos divulgados, garantindo a aplicação do método científico.

As palavras-chave agrupadas sob as três temáticas mais frequentes podem ser vistas nas figuras 5, 6 e 7 a seguir:

(33)

Figura 5 – Palavras-chave agrupadas sob a temática “Técnicas e Equipamentos Analíticos, Diagnósticos e Terapêuticos”

Fonte: dados da pesquisa (2013)

A temática mais frequente dos estudos indexados pela WoS diz respeito à “Técnicas e Equipamentos Analíticos, Diagnósticos e Terapêuticos” (Figura 5), que inclui palavras-chave como: Fatores de risco (se repete 250 vezes), Prevalência (se repete 144 vezes), Estudos transversais (se repete 136 vezes), Cuidados de enfermagem (se repete 117 vezes), Diagnóstico (se repete 110 vezes), Questionários (se repete 109 vezes), Pesquisa qualitativa (se repete 75 vezes), Avaliação (se repete 61 vezes), Prognóstico (se repete 61 vezes) e Estudos de coortes (se repete 56 vezes), o que permite identificar que a temática mais comum entre os cientistas da área da saúde abrange, principalmente, os aspectos de investigação e estudo da saúde, com foco em análise de dados (palavras-chave como Fatores de risco) e estratégias de pesquisa (palavras-chave como Questionários, Pesquisa qualitativa).

Figura 6 – Palavras-chave agrupadas sob a temática “Saúde Pública”

(34)

Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil surgiu uma nova demanda de pesquisas no cenário brasileiro da área de saúde, que consequentemente significou a publicação de um número grande de artigos nessa área. Por razão desse grande número de publicações, foi criada nos DeCS a temática “Saúde Pública”, que compreende essas publicações que tratam de temas relacionados aos cuidados da população pelo Estado, como o Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo. O destaque que esta categoria tem na literatura de saúde do Brasil retrata o foco regional das pesquisas.

As palavras-chave mais frequentes foram: Qualidade de vida (se repete 252 vezes), Epidemiologia (se repete 250 vezes), Atenção primária à saúde (se repete 171 vezes), Saúde da mulher (se repete 119 vezes), Saúde pública (se repete 119 vezes), Saúde do trabalhador (se repete 97 vezes), Saúde bucal (se repete 84 vezes), Programa saúde da família (se repete 82 vezes), Sistema Único de Saúde (se repete 56 vezes), Saúde do Idoso (se repete 54 vezes).

Esses dados permitem que observe que existe um número grande de publicações focadas em programas do governo voltados à proteção da saúde dos cidadãos (como o Sistema único de Saúde e o Programa saúde da família), bem como preocupação com a qualidade de vida da população.

(35)

Figura 7 – Palavras-chave agrupadas sob a temática Grupos de Pessoas

Fonte: dados da pesquisa (2013)

A temática “Grupos de Pessoas” se destacou como uma das mais populares porque em pesquisas da área da saúde é importante que a indexação dos artigos identifique o grupo que foi estudado, já que cada grupo de pessoas apresenta características específicas, e os achados que se aplicam a um desses grupos não significa que necessariamente será aplicável a outro grupo.

(36)

4.2 ARTIGOS PUBLICADOS NAS MAGAZINES

Quanto aos dados referentes às publicações das magazines, foram levantados 265 artigos, aos quais foram atribuídas 293 palavras-chave que estão representadas, segundo sua frequência, na Figura 8.

Figura 8 – Palavras-chave dos artigos publicados nas magazines

Fonte: dados da pesquisa (2013)

A palavra-chave mais frequente foi Câncer, que se repetiu 27 vezes, seguida por Memória (17 vezes), genética (15 vezes), obesidade (13 vezes), AIDS (6 vezes), dor (6 vezes), depressão (6 vezes), diagnóstico (5 vezes), células tronco (5 vezes) e metabolismo (4 vezes). Esses dados permitem que se observe que os artigos das magazines tratam de forma mais frequente de doenças ou condições de saúde específicas.

Os resultados condizem com as características das publicações de magazines e dos outros veículos de comunicação de massa: são feitas com foco no que é tangível ao leitor, aos seus sentimentos e suas experiências. Assuntos como câncer ou memória são comuns a todos os cidadãos, são independentes de grupo social ou nível de educação.

As 293 palavras-chave identificadas foram dividas em 51 temáticas, que estão representadas na figura 9:

(37)

Figura 9 – Temáticas dos artigos publicados nas magazines

Fonte: dados da pesquisa (2013).

A temática mais frequente é Neoplasias, que se repetiu 32 vezes, seguida por Processos Mentais (27 vezes), Comportamento e mecanismos comportamentais (24 vezes), Técnicas e equipamentos analíticos, diagnósticos e terapêuticos (19 vezes), genética (18 vezes), Doenças nutricionais e metabólicas (14 vezes), Fenômenos e Processos Psicológicos (14 vezes), Doenças sexualmente transmissíveis (11 vezes), Fenômenos fisiológicos reprodutivos e urinários (9 vezes), Transtornos psicóticos afetivos (8 vezes).

Sob a temática “Neoplasias” estão agrupados os diferentes tipos de câncer. É a temática mais popular entre as magazines. Segundo dados da OMS, morrem, em média, 1,655,1 pessoas por ano no Brasil por câncer (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2013). Isso faz com que o número de pessoas cujas vidas é impactada por causa da doença seja muito alto, e consequentemente o número de pessoas procurando mais informações sobre câncer seja também muito alto.

As palavras-chave das duas outras temáticas mais frequentes podem ser vistas nas figuras 10 e 11.

Figura 10 – Palavras-chave agrupadas sob a temática “Processos Mentais”

(38)

A temática “Processos Mentais” inclui as funções conceituais ou o pensamento humano. Os estudos feitos nessa área envolvem as áreas de psicologia, psiquiatria e neurologia, por exemplo.

Figura 11 – Palavras-chave agrupadas sob a temática “Comportamento e Processos Comportamentais”

Fonte: dados da pesquisa (2013)

A temática “Comportamento e Processos Comportamentais” compreende estudos sobre o comportamento humano. Comportamento é definido nos DeCS como a resposta observável a uma situação e os processos inconscientes subjacentes a ela. São assuntos que fazem parte do cotidiano de todos, e de forma geral auxiliam em melhorias nos relacionamentos interpessoais. Assim se pode entender o apelo desse tipo de publicação.

Percebe-se que as temáticas mais frequentes nas magazines tem características apelativas ao emocional dos seus leitores. São temáticas que se relacionam às necessidades dos leitores, aos seus hábitos e aos seus problemas.

4.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO

Ao comparar as temáticas tratadas pelos dois canais de comunicação podemos observar as seguintes situações:

Vinte e nove temáticas são comuns às magazines e à Web of Science. São elas: (1) Fenômenos fisiológicos; (2) Regeneração; (3) Neoplasias; (4) Bactérias; (5) Transtornos

(39)

psicóticos afetivos; (6) Comportamento e mecanismos comportamentais; (7) Fenômenos fisiológicos do sistema nervoso; (8) Compostos químicos e drogas; (9) Otorrinolaringopatias; (10) Doenças cardiovasculares; (11) Técnicas e equipamentos analíticos, diagnósticos e terapêuticos; (12) Doenças da pele e do tecido conjuntivo; (13) Fenômenos e processos psicológicos; (14) Doenças do sistema nervoso; (15) Viroses; (16) Doenças musculoesqueléticas; (17) Fenômenos fisiológicos reprodutivos e urinários; (18) Doenças neurodegenerativas; (19) Nutrição em saúde pública; (20) Doenças nutricionais e metabólicas; (21) Processos mentais; (22) Doenças parasitárias; (23) Saúde pública; (24) Doenças sexualmente transmissíveis; (25) Transtornos mentais; (26) Educação; (27) Transtornos relacionados ao uso de substâncias; (28) Estatísticas vitais, e; (29) Fenômenos fisiológicos cardiovasculares.

A frequência com que essas temáticas aparecem nos dois veículos pode ser observada no Gráfico 1:

(40)

Gráfico 1 – Frequência das temáticas comuns aos periódicos científicos e às magazines

Fonte: dados da pesquisa (2013)

(41)

Nota-se que existem diferenças de frequência de publicação das temáticas que são comuns aos dois veículos. As que mais se destacam no meio científico (Técnicas e equipamentos analíticos, diagnósticos e terapêuticos; e Saúde Pública) aparecem em frequência menor nas magazines, enquanto as temáticas que aparecem mais frequentemente nas magazines (Neoplasias; Processos Mentais; e Comportamento e Mecanismos Comportamentais) aparecem em frequência menor nas publicações científicas.

Das temáticas identificadas na WoS, trinta e nove (39) não aparecem nas magazines. As temáticas e a frequência com que elas aparecem podem ser identificadas no quadro 1, a seguir:

Quadro 1 – Temáticas tratadas somente pelos artigos indexados na Web of Science

Temática Frequência

Grupos de pessoas 12

Instituições de saúde, recursos humanos e serviços 9

Ciências sociais 8

Enfermagem 6

Características da população 5

Fenômenos fisiológicos musculoesqueléticos 5

Animais 4

Infecções bacterianas e micoses 4 Administração de serviços de saúde 3

Fenômenos físicos 3 Processos patológicos 3 Atividades humanas 2 Ciência da informação 2 Ciências humanas 2 Doenças estomatognáticas 2 Doenças respiratórias 2 Especialidades cirúrgicas 2

Fenômenos fisiológicos cardiovasculares 2

Proteínas 2 Tipo de publicação 2 Acidentes 1 Administração farmacêutica 1 Atributos de doença 1 Características de publicações 1 Compostos inorgânicos 1 Dermatologia 1

Disciplinas das ciências naturais 1

Doenças do sistema digestório 1

Doenças hematológicas 1

(42)

Temática Frequência Fenômenos fisiológicos celulares 1 Fenômenos fisiológicos da nutrição 1 Fenômenos Fisiológicos Oculares 1

Localizações geográficas 1

Materiais biomédicos e odontológicos 1

Pediatria 1

Pele 1

Reabilitação 1

Sistema urogenital 1

Fonte: dados da pesquisa (2013)

Das temáticas tratadas pelas magazines, 21 não aparecem entre temáticas mais populares da WoS. A frequência com que elas aparecem pode ser observada no quadro 2:

Quadro 2 – Temáticas tratadas somente pelas magazines

Temática Frequência Genética 18 Psicotrópicos 6 Células-Tronco 5 Metabolismo 4 Sistema Cardiovascular 4 Terapias Complementares 4 Neurologia 3 Vírus 3 Enzimas 2 Oftalmopatias 2 Cirurgia plástica 1 Doenças Hematológicas 1 Efeito Placebo 1

Fenômenos Fisiológicos Cardiovasculares 1 Fenômenos Fisiológicos Respiratórios 1

Feromônios 1

Lipídeos 1

Morte 1

Plantas Medicinais 1

Processos Fisiológicos Respiratórios 1

Transplante de órgãos 1

Fonte: dados da pesquisa (2013)

Durante a coleta de dados foi possível observar que, apesar da maioria dos artigos das magazines não mencionarem de forma direta as fontes consultadas – usualmente só é mencionado “um artigo de pesquisadores holandeses” ou “...em artigo publicado na revista

(43)

Nature do mês passado” –, grande parte dos artigos mencionados pelas revistas Superinteressante e Galileu são baseados em estudos publicados em revistas estrangeiras, ou desenvolvidas por pesquisadores estrangeiros, como pode ser observado na figura 12. Já a revista Ciência Hoje tem uma seção especial que contempla somente pesquisas brasileiras, mas também não identifica as fontes consultadas.

Figura 12 – Origem dos estudos divulgados pelas revistas Galileu e Superinteressante

Fonte: dados da pesquisa (2013)

O mapa permite que se observe que a grande maioria das publicações nas magazines utiliza publicações de origem norte-americana. Contudo, os dados não permitem que se infira a razão pela qual isso acontece, já que existe informação de saúde de origem brasileira em abundância disponível na Internet.

(44)

5 CONCLUSÃO

Este estudo permitiu identificar que 42% das temáticas mais populares na comunidade científica são divulgadas pelos veículos de comunicação de massa e que 56% das temáticas tratadas pelos veículos de massa não se encontram entre as temáticas mais relevantes à comunidade científica.

A temática mais divulgada pela comunidade científica se refere às técnicas e

equipamentos analíticos, diagnósticos e terapêuticos.

Já no caso das magazines as temáticas que tiveram maior destaque se referem à

neoplasias (câncer), processos mentais (que envolvem artigos sobre memória e cognição, por

exemplo) e comportamento, ou seja, temas que tem maior apelo ao emocional do leitor.

Observou-se que as magazines não mencionam claramente as fontes de informação consultadas quando divulgam resultados de pesquisas e outros estudos científicos. Fazem menção aos lugares de origem dos pesquisadores ou ao título das revistas onde buscaram o estudo, mas são raras as situações nas quais é mencionado, por exemplo, o título do artigo.

Observou-se também que a maior parte dos estudos reportados pelas magazines são de origem estrangeira, ainda que a produção brasileira na área da saúde seja grande e de acesso aberto aos repórteres e editores dessas magazines.

Tendo isso tudo em vista, pode-se dizer que os veículos de comunicação de massa estão reportando estudos de temáticas relevantes à área da saúde, mas de maneira que não condiz com as tendências do campo.

Das dificuldades no desenvolvimento do trabalho se pode destacar que:

a) Nas magazines, de forma geral, não é feita a identificação das fontes de informação das reportagens que tratam da divulgação de estudos científicos da área da saúde;

b) As magazines Galileu e Superinteressante publicam matérias extensas sobre saúde, mas são, em grande número, entrevistas com pesquisadores ou profissionais da área da saúde sobre temas que recebem destaque nos fascículos

(45)

das revistas e que tendem a se relacionar com os problemas mais tangíveis em determinadas épocas do ano, como por exemplo entrevistas sobre gripe no início do inverno, ou sobre obesidade em épocas próximas ao verão.

Dada a configuração atual da sociedade e o modo como as TICs estão inseridas na rotina de grande parte da população, cabe que se continuem investigações sobre a divulgação da informação da ciência nas mídias sociais, já que são ferramentas amplamente difundidas e utilizadas pela sociedade.

Neste trabalho foi trabalhada a informação divulgada por grandes editoras e empresas que trabalham com a informação de forma industrial, mas é importante que se destaque que atualmente os indivíduos não dependem exclusivamente dos produtos disponibilizados por essas editoras para ter acesso à informação científica.

Além do acesso às revistas científicas de acesso aberto on-line, onde é possível a consulta na íntegra dos documentos publicados pelos cientistas, é também possível o acesso a blogs e websites de pessoas que se dedicam a divulgação das novidades do mundo da ciência, e que fazem o mesmo processo de adaptação da linguagem técnica à linguagem coloquial, mas sem os interesses financeiros que motivam, de forma evidente, as publicações dos veículos de comunicação de massa.

É importante que se destaque que este trabalho faz um retrato das temáticas publicadas nos periódicos científicos de acesso aberto, portanto não representa a totalidade da produção científica na área da saúde dos pesquisadores brasileiros, já que não leva em consideração as publicações feitas por pesquisadores brasileiros em periódicos científicos nacionais ou internacionais de acesso restrito.

Nesse sentido, cabe que sejam feitas análises dessas novas fontes de informação (os blogs, por exemplo), tanto do ponto de vista infométrico como da perspectiva das motivações dos comunicadores, bem como que se investigue as práticas de divulgação de informação de saúde adotadas pelos pesquisadores e pelos profissionais da área da saúde à sociedade, já que cabe também a eles a tarefa de disseminação da informação.

(46)

REFERÊNCIAS

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