ARTIC'oS
AçÕES
E PROCESSOS:NOTAS PARA r,tMATEORIA
MATERIALISTA
DA ASTÛCIADA RAZÃO
T TJOÃO CARLOS BRUM TORRES
Universidade Federal
do
Rio Grardedo
SuI e Uníversid,ade Estadual de&mpinas
.l.Num
ensaiointitulado
"Sobreo
entendimento da condutahumana"r,M.
Oakstrott propõe uma distinção terminante entre, por um lado, ações e práticas e, poroutro,
pro-cessos. Aceitas sua terminologia e distinção e as açdes æriam "qespostas escolhidas a situações afrontadas inteligentemente, referidasa
um
resultado imaginado edeseja-do"2;
as práticas, correlatamente, deveriam ser vistas como especificações de desem^penho, delimitaçoes de procedimento, tais como sÍo os usos, costumes, padrões, regras
etc., em
que se enquadram as ações.3 Já os processos seriam ocorrências, eventos ar-ticulados entre si por relações de dependéncia causal ou funcional.aDe acordo com Oakslrott, a esta
distinçfo
corresponderia umadivisfo
do mundo,sdisto que
ele denomina osgoingson,
das ocorrênciasou
sucessos,entre
os que sÍo meramente inteligfveis e aqueles, outros, que ademais de inteligfveis são também exibi-ções de inteligência.óo
que, em resumo, signifìca dizer que"condutas"
e "processos" devem ser pensados como duas identidades categorialmente distintas, gênerosdiferen-tes de
ocorrências (3'oir4'son), aos quais conesponderiam duas ordens incomensurá-veis. de investigação.7r
Apresentadono
II
Encont¡o de História e Filosofia da ciência-
uNIcAMp-
14 al7
denovemb¡o de lg?o
lNota edítofial.'As refe¡ências bibliogrríficas salo apresentadas conforme o original. I
Incluldo em On Human Conduct, Ctare4don Press, Oxford, 1965.
2 Op. "it., p. 53. 3 Id., p. 55. a
ci., ia., p.
rol.
5
Num
sentido,de
alguma manefua, próximo ao da primeire proposiçâodo
Tloctous deWittgenstein.
t
cf., p.ex., p. 15.?
Ook*l¡ott. ilustra zua
distinção
nlsula deYucatan, posso percebet
uma
como asruínas de
um
templomaia,
ressão de6
João CarlosBrum
Tonesconseqüências deste corte radical são as teses de que uma ação "não pode ser enten-dida como
um
meio
paraa
rcalização deum
fim
nãoimplfcito
nela mesma", ou a deque
,.nf[ohá
espaço para relaçOes contingentes nosinterstlcios
dos processos", ou ainda a de queum acontecim,nto
int.lg.
rte
é uma.bcorrência individual
que é em si própria o que é para si própria."8Ora,
o
que me interessariãdiscutir
na presente comu.icaçâ'o é simplesmente a idéiade que o
d'iulétiæ pode sertida como
umarejeiçfo
destadicotomia'
como uma teselógiËoontológica
dàstinatlaa
explicar
cono
de ações inteligentes, teleologicamente orientadas, podem derivar resultantes quase mecllnicas e tambémcolno
são possfveis acontecimentose
sériesde
acontecimentos providos, simultaneamente,de
sentido e conseqüências inteiramente alheios às intençÕes imanentes às múltiplas práticas qu9 os originarame/ou
sustentame
que,contudo,
impõem-se cogentemente aos indivlduos.g-rupotdeindivíduosdecujasaçõeselesderivam'Ou,paraexpressaromesmonos
trimos
de Oakshott,o
que me interessariadiscutir
é sob que condições, em quesen-tido
e em que medida.
did¿ti.u
permite pensar sensatamente a existência de processos constituídospol
ações e práticas e' convelsamente, a de ações processuais'Aeconomiaseráumbomexemploparaestefltm.Afixaçãodepreçosemmercados
concorrenciais
é
resultantede
açOãsou
deum
processo? Mais generalizadamente, omovimento de constante circulação de mercadorias deve ser pensado simplesmente como
urna
érie
de multiplas
açÕes inteligentes,ou
deve servisto,
antes,como
a própria forma do processo de reproduçfo social?P.rgunias incômodas, dir-så-ia que afetadas
por
uma impertinéncia congênita' poisé
evidente quenum
caso cotnono
outro
é preciso pensar simultaneamente em ações e em processos.Propor
um
preço,com
efeito'
é obviamenteuma
ação humana-
pois'
comojá
observavaAdam
smith,
"ninguém jamaisviu
um
cão fazer uma honesta e deliberadatroca
de ossos comout¡o
cãol"e
Eo
sentido de uma proposta detroca'
assinala aindaE
Id., p. 103.
I
Ações e Processos 7 Smith na mesma página, fica bem expressos na seguinte
fórmula:
"dá-me o que queto eterás
o
que quetes"l0
-
sentençaque
revela eminentemente todos os requisitos da conduta exigidos peladefìniçlo
de Oakshott, a saber e repetindo:o
reconhecimento inteligente de umasituaçÍo (no
caso afalta
deum produto
qualquer, digamos'a'e
o excesso de umoutro
bem, digamos'b'),
a imaginaçâ'o e o desejo de umoutro
estado decoisas
(por
exemplo,
uma
repartiçâ'omais equilibrada
das quantidadesde
,a'
e
de'b'
disponfveis), assimcomo
o
cálculodos
meiosa mobilizar tendo
em vista a con-secução detal fim
(precisamente a proposiçlto da troca).No
entanto,
é maisou
menosintuitivo
que a razão detroca
efetivaentre
.a'e
b'
nÍo
será determinada apenas pela vontade soberana de quem estiver disposto a ceder'x'
quantidade dobem
'a'
contra'y'
quantidadedo
bemb'.
Pelo menos não se supu-seflnos que os sujeitos datroca
em questffo não slfo indivfduos isolados encontrarrdo-æ casualmente nos extremos de umafronteira
deserta. Ressalvada esta situação, cotnefeito
-
em cujo
âmbito talvez fosse possfiæl consideraro
estabelecimento da razão de troca como derivada da reciprocidade, mais ou menos antagônica, mas transparente, de duas vontades dispondo autonomamente sobre os termos de seuintercámbíolr
-
enotadamente se os mercadores, ofertantes e adquirentes, forem muitos, operando com produtos relativamente homogêneos, é evidente que a razffo de
troca
efetivaentre
'a'e
'b',
a
ser estabelecida a cadaconfronto
de proprietários de uma e outra, dependerá intrinsecamentedo
quetiver ocorrido,
estive¡ ocorrendo ou se preveja venha a ocorrer nas operações andlogas entre os demais memb¡os da#rie
de partfcipesdo
campo detroca.
Nesta
situação, aliás,a
proporçáo exarada troca
será para os'Tnercadores" antesum
dadoa
queé
impossfveldeixar de
atender,do
queuma
decisãoarbitral,
posto que, justamente,o
conteúdo daproposiçfo
de cada um e as chances de queve-nham
elas, distributivamente, a vingar, determina-se alhures,por
forçado
que estiver a ooorrer nas demais transações do mercado.'o
sentidode um ato
detroca
qualquer exborda,por
conseguinte, a racionalidade reciprocamente teleológicaem que
see8ota
o
contrato,
vendose invadidapor
uma força epor um
excesso de sentido sue lhe aparece como unr dado extemo e incontro-lável.Quanto ao
outro
exemplo mencionado acima. ao nrovimento de circulaçao de mer-cadorias, tambémé
evidente que embora esteja apoiado nas decisões de cada agente econômico, é ele também o processo atravésdo
qual etètua-se continuamente asocia-lizaçto
econômicado conjunto
social-
ou,
se se quiserfalar
a linguagemdo
marxis-mo,
o
processopelo qual, sob
condiçõesde
separaçÍo e autonomia dos produtores, ganha efetividadee é
reguladoo
processo dereproduçÍo
econômica dotodo
social. l oId., ib. 1l
8
João CarbsBrum
TonesNeste caso,
tanto
quantono
anterior, é evidente que a operaç6o de cada indivíduotem
suas condições de possibilidade eêxito
(ofato,
por exemplo, para o vendedor, de que venha a encontrar,ou
deixar de encontrar, compradores para seuproduto),
assim como seus termos(por
exemplo,o
preço em que sua venda será obrigada a efetuar-se) inteiramente dependentes do q'ue estiver aocoÍer
ao nível do processo de reproduçÍono
seuconjunto,
oqual
-
ainda que só exista no e pelo interrelacionamento dosmúl-tiplos
agentes nele intervenientes-
é
independentede
cadaum
e de todos eles, s€, nesteúltimo
caso, considerados distributivamente.As
configuraçõesdo
processo dereproduçfo
-
depressões,por
exemplo,ou
surtos inflacionários-
devem ser reconhe-cidos, pois, como realidades objetivas, que embora produzidas e alimentadas pelasmúl-tiplas
práticas, são na verdade alheiaç a elas, espécie de destino a que nenhuma pode fugir.r2Não parece,
poftanto,
que se possa negar seja a economia constituída de "processospráticos",
se ouso dizer;de mecanismos providos de inequívoca efetividade e, contudo, fundadosem
ações que,pelo
menosem primeira
instância, sao também inequivoca-mente, liwes, atos de escolha teleologicamente orientados.AliCs se poderia
dizer
que os economistas se aperceberamdisto
muito
cedo, pois,por
exemplo, quandoA.
Smith diz
que "cadaindivfduo
está continuamente esforçan-do-se para descobrir o emprego mais vantajoso para o capital de que dispuser", quando acrescentä que, ao fzzê-lo,"tem
ele em vista suaprópria
vantagem, e não a dasocie-dade",
e quando,enfim,
conclui observando que,contudo,
"a
busca de sua vantagem o leva naturalmente,ou
antes, necessariamente, a procuraro
emprego (parao
seuca-pital)
que é o mais vantajoso para a sociedade"l3, não está ele senão a atentar para estemecanismo
pelo
qual tendências globais afìrmam-se graças àlivre
açffo de indivfduos. Bem entendido, a nossa questio /un's continua intocada. Constatar que de açúesli-vrqmente efetuadas, dirigidas afins
e interesses particulares, resultam processos a quet
Ações e
hocessos
9tais
ações vêem-se submetidasnlo
é, obviamente,explicar como isto
éposfvel.
De resto,quando Smith
refere-se a esta derivaçfo da, a seus olhos, harmônica satisfaçfode
carências sociaisa partir
de
açõesindividuais
e dispersas, valendo-æ da metáfora da"mÍo
invisfvel"la,
que promoveria umfim
quen{o
faz parte das intuições dosagen-tes,
ele está, na verdade a ¡econhecero
caráter enigmático misterioso,do
que estáal
em jogo.
2. Expressa
de forma
nÍo
metafórica, a
questãofilosófrca
colocada pelas estranhas harmonias da economiapolftica
é a de saber de onde e de que forma emerge a unifi-cação regrada das mrlltiplas e dispersas ações sociais.A
primeira grande resposta a esta questão encontra-se no conceito hegeliano de so-ciedadecivil.
Hegelo
introduz partindo
exatamente do ponto a que acabamos de che-gar, começandopor
afirmar
que osprincfpios
da sociedadecivil
são,por
umlado,
a pessoaparticular, "mistura
concretade
carências e vontadearbitrária"
e,por outro,
a
"forma
da universalidade"l s que, nestenfvel,
'trfo
é senão a necessidade';t u ,,b
an.tendimento
que age(no)
e rege(ao)"t
t,
entrelaçamento das vontades particulares.lI
o
passo seguinte é dado pela observação de que entre as'lontades
subjetivas", os"fins
egoistas",os
"elementosparticulares",
ou
como quer que se os denomine, e a"forma
da
universalidade", a legalidadeque
lhes preside os movimentosà
primeira vista disparatados, interpõe-se,como
mediação essencial,"o
sistema da dependênciarccfproca".le
No
parágrafo
192 daFilosofta
do
Direito, e
em sua adição, Hegel precisa que éporque "devo conformar
meu comportamento ao dos outros que aþrmø
da univer-salidade seintroduz"'o, o
que significa dizer que a legalidade que se presumevigente nesta interação aParentemente desordenada de ações individuais tem sua raiz naslimi-taç9es materiais dos
indivíduos, os quaisp
despeitode que
vontades livres, nffo sÍomaterialmente
auto-sufìcientes, vendo-seinelutavelmente obrigados,
ao
contrário,
atrocar
os produtos de seus trabalhos respectivos.ora,
ao
fazercmisto, diz Hegel, aoæ
entrelaçarno
movimento
de inte¡câmbio, conrærtem eleso
"egofsmo de cada um emcontribuiçÍo
às carências de todos os outros, em mediação do particular pelouni
versal
detal
sorte quepor
estemovimento
dialético"2r
a universalidade mostra-se tov.
id., p. 456.rshinclpios
da Fitosofø-do--Direi^t9,
$
182, aqui citado de acordo com a tradução francesaeditada por Vrin, Pa¡is, 1975, p. 215.
I óId.,
"dição ao g 229, p. 215.
1 ?i¿.,
$ 189, observação
,p.220
lsoqual.
dá lugar,segundo Hegel, à -constituição da Economia Política, "ciência que honra ao Pgnqgneqto: porque "descobre as leis que regem uma multidão de elementos cóntingentes". Id., ib., adição.
recf.,
id., g r83, pp. 2ts-2r6. 20ra.,p.222.
10 loão
fulos
BrumTones
como "fundamento
e
forma
necessáriada
particularidade, potência que a ultrapassa e lheconstitui
ofim
rlltimo."22É
fundamental observar,todavia,
que, embora os(ois
princfpios
que compõem a sociedade Civil-
deum lado,
recorde-se, aS pessoas e, deoutfo,
O"entendimento",
aSleis
quelhes
determinam asações
-
permaneçam independentes23 , a verdade é queesta separaçfo marca-lhe o
limite,
responde pela inferioridade ontológica da sociedadecivil,
uma vez que isto que Hegel denomina a unidade substancial, a identidade de cada consciênciacom o
racional em si e Para si,isto
é,o Espfrito
plenamente realizado no Estado,é o
veidadeito
fim,
o ponto
de partida eo
resultado da satisfaçfo recfproca das necessidades, assim.o*, ì-
grrni,à.t
condutas
e
atividades dosindivfduos.ø
Percebe-se, pois, como Hegel desdobra sua análise do paradoxo que estamos a con' siderar,introduzindo
emprimeiro
lugar a idéia de queo
caráter regradodo
processo dereproduçÍo
econômicatem
suas ialzes nL dependência recíproca dos indivlduos, aqual
é
a essência deque
aobstinaçfo
dos particulares em seusfins
egoísticosnlfo
émais do que a aparência.
Ingo
em seguida, no entanto, Hegel abre o segundomovimen-to
de zua análise ao sustentar que esta universalidade calcada na dependência reclproca nãaé
elaprópria senÍo
aparênciada
verdadeira universalidade, daquela que apareceno
Estado enquanto "realidade efetiva daIdéia
élica",âmbito
em que os indivfduos'Tto
por
elespróprios
ao interesse do universal, reconhecendo a esteultimo
como seuqrprer
e saber, como seu próprio espírito substancial, passando assim a agir em função dele como de seufim último."2s
O essencial da posiçao hegeliana pode, aliás, ser esclarecido e expresso também por uma breve análise do clássico tema da "astrlcia darazão".
A
consecução de fìns sociais, a obra de ordenação da história apartir
das paixões einteresses dos
indivfduos,
os quais, nesta medida, tomam-Se meios daqueles,isto
pfe-ciSamente éa
asntcia damzûo.6
Condição para a ação agregadora e globalmente fìna-lizadora destaúltima
encontra-se ent primeira instância, como vimos, na dependénciareclproca
dos indivíduos.Em
segunda instância-
e mais profundae
radicalmente-provém,
no entalto,
daproposiçfu
especuløtivø,isto
é,do fato
de que 9s indivl-duos são meiosdo
Universal e de que este, enquantoativo,
só podeexistir
graças às paixões einiciativæ
daqueles.2 72 2
'Id.,
tld,
dos
lg 184, p. 216.
I
$
186,pp.
217-218. Posto que"o
interesse da ldéia não está presente na, consciênciairembioiïa
sociedade civil enþanto tais, encontram-se antes no proce.so..."Id., $ 182, p. 218.2aró.,p.zst.
"Id.,
s 260,p.264.26
o sua determinaçãoi,?li*il."'?"åTi1:
2?Hegeltliz: "Desde
o
início expliquei qual é nosso pressuPosto ou nossa-fé:.aidÇ!1fe
qu-e aI
Ações e
hocessos
1I
Que esta mediação se faça astuciosa, ardilosamente, isto também deve ser explicado
em dois
níveis. Primeiramente, produz-seo ardil
na medida em que os invidíviduos ignoramos
fins da
razto28, ignoráncia queé
também, obviamente, ignorância deles mesmos. Mais profundamente,no
entanto, a Razão sefaz
astúcia na medida em quenÍo
pode deixar de mediar-se a si própria, deexistir
primeiro como que esquecida de siprópria,
racionalidade puramente'bm si",
que
só progressivamente, historicamente, torna-se "em si" e "para si".29Seja
como
for,
é
quase desnecessáriodizer que, ao não
aprofundar-sena
análisedisto
que denomina de "dependênciarecfproca"
(embora vendo al o fundamento das leis econômicas), ao pensá.la logo como uma espécie degradada da verdadeira universa-lidade e também ao não deter-se no exame dos mecanismos concretos graças aos quais"resulta
das ações dos homens algo diverso do que projetaram e atingiram, do que eles sabeme
queremimediatamente's',
ao tratar,
aocontrário,
de reduziro
que está aí emjogo à
açã'o mediadado Esplrito do
Mundo,
estámuito
claro
que Hegel pouco elucida a questão que nos está a interessar precipuamente aqui.3lCom efeito,
expressa em linguagem corrente, acontribuição
de Hegel neste ponto resume-se em dizer que relações necessárias, processos, podem emergir de açõeslivres na medida em que por trás da dispersão dos agentes históricos encontra-se a substância de que são eles expressão, a Razão que govema o mundo e que é "substância, potênciainfìnita,
matériainfînita
de toda vida natural
ou
espiritual.'32 O
quesþnihca
dizer que diantedo
paradoxoformado
pela constituição de processos, regularidades eeven-tos históricos
providos deum
sentido que exborda às intenções e à consciência dosindivfduos
de cujas ações eles derivam, Hegeltrata
delhe
dar solução tornando adis-persÍo
e a
multiplicidade
aparências de uma identidade ao mesmotempo
originária, preænte e destinada a mais plena revelação e reconhecimento.Ora, que
a
sociabilidade sejaum
apiori,
que tenha necessidades próprias que seafirmam independentemente do querer dos indivíduos, ainda que só se
tomem
efetivassubstancial;
tod
rve de instrul¡ento e meio. Ademais esta ¡azãoé
imanente à¡
e por esta.E
a união do Universal existente em si e parasi
que constitui a única verdade: é a proposiçãoespeculatìva,
qu
p.ll0.
2sHegel
diz: "Eles realizam seus.inte¡esses mas produz-se ao mesmo tempo outra coisa que estí ali esðondida, da qual a consciência deles não æ apercebia e que ndo estava em suas intenções". Id.,p.111.
2e
História é de dar satisfação ao conceito de""iïi"'å'J
"Ti1
ai,"
ü"f":i:'å
:ål:ii9
i
iiì
3oId., p.
1ll.
3r
A
despeito
ue seja, na verdade, a alienaçãoe dç
que,
a
do Estado como forma desociabilidad
seu nivel e que é, neste sentido,o contrário
32 td., p. 47 .
12
Joõo CarlosBrumTorres
graças a eles
-
termos a que poderia ser reduzida, e trivializada, a análise hegeliana-isto,
aindaque admitido como
verdadeiro,
em nadaexplica
como, concretamente, as ações individuais se transformam em alma alienada dos processos.A
resposta a esta questão, sem a qualtoda
recusa da dicotomia de Oakshott é dog-máticae
metafísica, tampouco nos é dadapor Marx,
embora devase reconhecer quea teoria
do
fetichismo
reponhao
esquema hegeliano que acabamos de apresentar deforma menos especulativa.
O
que Marx
denominade fetichismo
da mercadoria-
e
que
nÍo
maisdo
que aautonomização dos eventos econômicos,
o
caráter quase automático dos movimentos de preços,por
exemplo-
deve ser compreendido como uma conseqüência do fato deque,
sob condições mercantis,a
reprodução econômicada
sociedadenão
sefaz
deforma
diretamente social, senÍo que deriva das iniciativas de agentes econômicos inde-pendentes e autônomos.O
dispositivológico
que sustenta a análisedo fetichismo
é,contudo,o
mesmo da análise hegeliana.Isto
fica
claro emmuitos
contextos, mas é provavelmente na carta queMarx
endereça a Kugelmannem
11 dejulho de
1868 que suaposiçÍo
extema-se com mais clarcza.Nesta carta
Marx
insiste em queo
processo dereproduçÍo
econômica é regrado-independentemente das diferentes
formas
queo
processoprodutivo
podevir
aassu-mir
-
simplesmente porque a sociedade não pode subsistir senão à condição de obe-decer a certas exigências quelhe
são próprias constitutivamente, notadamenteo
fato de quetem
elaeln
sua base um complexo de carências-
seja as atinentes ao consumoindividual
de seus membros, seja outras, referidas aos requisitos técnicos indispensáveisà
atividadeprodutiva
-
quelhe
éimperativo
satisfazer, sob pena de autodestruiçã'o, ecujo
atendimento exige forçosamente arepartiçÍo
do tempo de trabalho socialmente di3ponível em allquotas que lhes sejam proporcionais.Por
outro lado, Marx
insiste em que estesprincípios,
inelutáveis, de ordenação do processo de reprodução social, assumem aforma
deleis econômicas, d,e processos que seafirmam como leis
incontroláveis,justamente porque,
e
na
medida em que, a re-produçâ'o econômicada
sociedade processa-se,como
dissemos, corn basena
'llivre
iniciativa"
dos agentes econômícos,cuja
integraçâ'o-socializaçíio só pode perfazer-se, então, na dinâmicarecorente,
e cega, dos mercados.O progresso com relaçã'o a Hegel está, evidentemente, na concepção de que é a seg-mentação do processo
produtivo, própria
às sociedades mercantis, que, atomizando otodo
social, impede que a vida econômica desdobre-se, reflexiva e transparentemente,no âmbito
e sob as normas que uma prática coletiva se auto-imporia.Neste sentido,é fundamental observar queo
caráter"astucioso",
o "ardil"
próprio
â dinâmica econô-mica, não radicariano
padrão evolutivo da"Razão",
mas nofato
externo e contingen-te de que a história separa os indivíduos e autonomiza as atividades produtivas.É
claro, no entanto, quetanto
para Hegel quanto para Marx, acondiçto
depossibi-lidade de
unificaçao das açÕes múltip.lase
disparatadas reside,em
última
instância,Ações e Processos 13
ern sua unidade origindria,
no fato
de que sÍfo elas, desde senrpre, montentos cle uma açãopot
princfPio una'33No
caso de Hegel , esta uniclade originária das múltiplas ações funda-se na identidade doEsplrito,
que éo
verdadeiro ser de todas e de cada uma das vorllades. No caso deMarx,
a
identidade é a da sociedade que é.por
assim diz.er, a hasc, t'r pressuposto deque emergem
e
emque ladicam,
emriltinla
análise, os indivlduos e suas açÕes. Parau1¡b9r,
iguallnente,o
caráter "legal".
exterior
rlesta
sfntese ft'lnda-seno
"esqueci-mento",
na perda desta identidade originária.Ora, esta tesposta
-
esta nlaneira de resolver o problema da derivaçÍo de processos e regularidades sociais apartil
da dispersão das ações individuais que consiste emsupri-mir-lhe, em
dissolver amultiplicidade
prática efetiva numa identidade originárin pos-tulada-
esta resposta, dizlamos, é inaceitaúel por pelo menos trés tazões.Em primeiro
lugar porqueo
estatuto
desta unidadesubstancial
desta sclciabili-dade originária que se toma como uma espécie de o¡triori
transcendelllal . cleterlninantee
constitutivo
das práticas sociais reais eefetivas
é. a par de fundadt' enr defìniçõesdo
ser
social dogmdticas, singularmenteobscuro O
conceito hegeliarrode
Espírito pareceóbvio
quenão
sepode considerálo, hoje.
senãocomo unr
lern.atie
filosofia hegeliana, impossfvelde
ser levadoa
sé¡ioconlo
proposta de detenltirração ontoló-gicada
realidadehumalia. Já
no
casode
Marx
a dificuldade está em qt¡eo
estatuto desta sociedade quejá
está sempre af, e que nos anìarraria originariamente, nuncafoi
objeto de
elucidação sistemática, salvo,é claro,
nostextos
meio especulativos/meio naturalistas sobre o gênero ou sobre a espécie humana.Uma
segunda e maisdireta
razâ'o para não aceitar o modelo de explicaçãolnsito
nas propostas deMarx
e Hegel está em que, uma vez arlnlitida a separaçfo dos indiví-duos e a autonomia de suas ações, a pressuposiçÍo de queo
ponto
de partida na ver-dade nã'o é estamultiplicidade
aparentemente"livre",
como diz Marx, mas, aocontrá-rio,
eno "fundo",
a unidade originária em quetodos
comungam, nada nosdiz
sobreo
modo em que age esta última, não mostra em que æntido ela é ativa, como as forças que the sâ'o próprias soldqm amultiplicidade
de açÕes livres e disparatadas. O quesigni-fica
dizer apenas quedentro
desta posiçao não há como deixar de reconhecef que os carninhos e desígnios da Provídéncia sâ'o iusondáveis.Enr terceiro lugar, cabe ainda observar quc lnesnlo a idéia lregeliana de tun "sistema das necessidades",
o
pressuposto de quc a urridade (lueverr
a estabelecer-se fundada na universalidade das dependéncias recfprocas, nãr¡ soluciona a questão que estamos atratar,
senão quea
agrava,posto quea
deperrtlência ttlriversal pode, obviamente, dar r:azão auln
contrato coletivo
de prestação e contra-prestaçáo generalizada de serviços, mas deixa inteiramente em aberto a questão de saber como açÕes separadas e autôno-mas acabampor
"reciprocar-se¡', obedecendo aurla
necessidade cega e exterior. 33Assim,Mar.x conclui a carla que citamos acinra dizendo quc as instituições sociais se erigem em aúto¡idade autônoma aciira dos indivíduos na meclidâ em que
"o
ponto de partida do movimento social não é o livre indivíduo social".14
João CarlosBrum
Tones3. As explicaç6es da legalidade econômica sustentadas com base no postulado do
cará-tercontradit?lrio
da ação social, que seria simultaneamente individualizadae univenal,particular
e social, não conseguem, portanto, estabelecer verdadeiramente as condiçõesde inteligibilidade
da "açfo
alienada",isto
é, do
fetichismo e de todos os processos que, semter
nenhumautor
identificável e nem visarfins
determináveis e-r ante, são,contudo, não
só.inteligíveis como
também fundados em condutas, em ações livres einteligentes, ademais
de
seconstituir em conjuntos
de acontecimentos articulados eprovidos de sentido.
Para efetivamente enfrentar esta questão, ao invés de tentar anular a multiplicidade
prática
supondo especulativamentea
existência de uma unidade social subjacente, o necessárioé
concentrara
atençãono
jogo
das açõese
interrelações dos indivfduos humanos, é investigar se na trama destas últimas nlfo há mecanismos e formas de inte-gração alheiastanto
às reciprocidades contratuais,quanto
à
fusão metaflsica numa sociabilidade'þrofunda".
Exclufda
estaopçÍo
de análise, os processos sociais-
que existem exatamente ondé açoes livres interagem regrada e ordenadamente sob condi-ções de dispersão e na auséncia de acordos e planos-
permanecerão ou como enigmas insolúveis,como a
mâ'oinvislvel de Smith,
ou
diluir-se-Íono
obscurecimento maior da bruma especulativa.Deve-se a Sartre o único esforço relevante para enfrentar esta quest¿fo.
Seu
ponto
departida
e seuprimeiro
grandemérito
éter
insistido no problema, no escândalo que há emfalar
de processos necesMrios a propósito de agregações de ações livres, as quais,no
entanto,
se vêem submetidas às regularidades ínsitas naqueles; nadificuldade
de concebercomo
são possfveis proc€ssos significativos e, contudo, não intencionados por ninguém.p
essencial da solução proposta por Sartre a estes problemas resure-se na teoria daaçÍo
serial,cujo objeto
é precisamente a elucidaç6o da lógica das ações dispersas, dos mecanismosde
integração destasriltimas e,
nesta medida,do
fundamentológico
eontológico dos processos sociais.
Num
certo
sentído, aliás, a proposta de Sartre pode sertida
comoum
aprofunda-mento radical da teoria hegeliana da astúciada
razão. Ou, mais exatamente: pode sertida
comoum
esforço para compreendero
que está emjogo
na noçÍio hegeliana forado
pensamentoespecrlativo
e,
nesta medida,como
umatentativa
para estabelecer uma compreensfo materialista da astúcia da ruzão.A
base teórica da construçllo sadreana resume-se na pressuposiçao de que as açõeshumanæ são livres e constitutivamente referidas à materialidade. Livres no sentido de
que sÍo
necessa¡iamente negações de dados circunstanciais, pontos iniciais de cadeias de eventos. Constitutivamente referidas à materialidade em dois sentidos, os quais, aliás, determinam-se em funçtfodo duplo
estatuto destaúltima. Num primeiro
sentido elas sereportam
necessariamenteà
materialidadeno
sentido de que, ændo indissociáveis da individualidade orgânica dos homens, as ações são sempre, direta ou indiretamente, manipulaçõesdo
entorno material.
Mas constitutivamente referidas à materialidadeAções e
hocessos
15também
no
sentido de que onúmem,
amultiplicidade
dos organismos práticos, é um dado inelutável da materialidade.Vista
desteponto
devista, a
astrlcia da razão deverá compreender-se apartir
dass¡bversões
de
sentido
que a
materiahzaç{o das açõestoma
possfveise
inelutdveis. UmailustraçÍo introdutória
e simples deste ponto de vista, Sartre a dá com oexem-plo
do
desmatamento do campo chinês, realizado por gerações e gerações de campone-ses cujas ações não visavamoutra
coisado
que ganhar à Natureza mais uma fração deterr¿ aráræI. Ora,
diz
Sartre,o
estatuto material destas ações,o
fato
de que elas eram mrlltiplas e objetivamente aditivas,o
fato
de que apunham-se sobre um mesmo campo material, acaboupor
dar origem âs grandes inundações, flagelo e sina coletiva das gera-ç@s preæntes, pelas quais nenhum camponês individualmentefoi
responMvel e contra os quais nenhum pode coisa alguma.Neste exemplo percebe+e a perversão dos fìns e a síntese das ações múltiplas como
obra
do
entorno
material, cuja inércia é a base parao
encadeamento de eventos que acaba¡á por rebater-se contra os indivlduos que os origin aramlaÉ importante
notar, todavia, que a lógica que preside a integração das ações e seurebatimento na
forma
de inundações, resultado n6o previsto e inevitável das ações detodos,
tem
algo de insatisfatório, uma vez que a síntese das ações e a reversão de seusentido
deriva, neste caso, deum fator
puramente natural.Do
desmatamento às en-chenteshá
um
elo
puramenteffsico.
O
desequillbrio
ecológico, ainda que induzido pela prática coletiva, obedece a leis que lhe sÍo próprias enquanto fato natural.Ocorre
aqui,
aliás,a
mesma inadequaçÍo que Hegel assinala aoilustrar
a "astúcia darazfu"
como
exemplo do incendiáúo que, ao pretender vingar-se, ateia fogo à casade seu
inimigo
e acabapor produzir
mortes que não intencionara e não previra. Num carÐ comono
outro,
a inadequação estd em que o peso do acidental, da ordem ffsica,é e*cessivo.
For
isso,no
caso de Hegel, a análise prossegue com o exemplo de César que, aotor-narse senhor
tinico
de Roma agindopor
orgulho, vaidade e vontade de poder, rcalizauma determinaçfo
necessária dahistória
romana emundial, no
casoo fìm
definitivo
da República aristocrática.3 5No
caso de Sartre, a andlise se aprofunda, com os exemplos dos processos propria-mente seriais.Seja,
por
exemplo,o
caso, mencionado acima, dafìxaçÍo
deum
preço num mer-cado concoræncial. É evidenteali
queo
preço de mercado é determinado-
o
preço de mercado considerado comoo ponto
deequillbrio
ao qual este tenderá na ausênciade
constrangimentosextemos
e
definidas, bem entendido, as intenções de compra ewnda
dos agentes-
pelos deslocamentos de compradores e vendedores que acabarfopor 'tncontraÍ",
sem na verdadetê-lo
procurado,o
ponto
deequilíbrio.
O quesþi.
34 Confiru-r" o exemplo dos
camponeses chineses em Crltico dø Razõo Diolética, Gallimard, Paris,
1960, p. 133 e s.
tsVerA
16
.loíio CarlosBrum
Tonesfìca dizer que, admitida
umadefìniçÍo mriltipla
e diversa das intenções de compra ede venda, a fixagão de preços diferentes daqueles em que se igualam
oferta
e deman. da, provocæá deslocamentos de compradores e vendedores, seja no sentido deaumen-tar â
demanda, seo
preço efetivamente praticadofor
menordo
queo
deequillbrio,
æjano
de ampliar aoferta,
seo
desviofor
inverso. observese, alémdisso, queapró-pria
definiçÍo
do ponto deequillbrio
apartfu dorol
das intenções de compra e venda éinteiramente serial,
posto
que é porque a preços tais ou quais alguns compradoresreti-rar-se{o
do
mercado, que os vendedores nãopoderÍo
aumentar seus preços além deum
certolimite;inversamente,
é porque determinados compradoresestÍo
dispostos apagar o preço
'x'
que o preço não baixa desselimite,
e assim pordianteló
O
queé
fundamentalter
presente,no
entanto,
é
queo
preço se estabilizará por"açfo
da
recorrência, semter
sido queridopor
ninguém" 37,por efeito do
encadea-mento
circular
do
que cada um fará emfunçlo
do que souber ou presumir tenham os demaisfeito,
ou
estejampor
fazer, num movimento cujalógica
encontra-æ na deter-minaçãointerna
de cada ação pelæ ações dosoutros.
Assinale-se que, aodeterminar-se em fungão das expectativas
ou
constatações sobre aação alheia, cadaaçloperde-æa si
mesma,porque ao
fazêlo
induzirá
correspondentes modificaçõesou
ajustes nas ações de terceiros e assim indefinidamente, detal
sorte que nlfo só osefeitose
inten-ções de cada escolha serão modificados, adulterados pelas ações dos demais, como tam-bém cada açãoalterarsed
a si mesma, far-se-á desvio de si mesma, outra que si. É, pois,no
quadro da ação serial, que cadaum
toma-selivre
causa da necessidade a que se vê submetido, a qual só vema
aparccer em sentidopróprio,
no entanto, quando cada um apercebe-seda
inelutabilidade
da alienação"marginal"
de
suas ações, quando cada agente efetuao
quesartre
denomina de "passagem aolimite",
isto
é, quando passa atomar
o
resultado das ações dispersas comoum
dadoobjetivo
a que dimposlvel
dei-xar
&
atender. Um exemploclaro destaoperação é a "constatação", por parte daqueles que opeffrm num mercado concorrencial, de que o pfeço, ou, pelo menos, as variaçoes de preço, são um dado objetivo, incontrolado e incontrolável,correspondentemente, é
o
caÁter comum, a"identidade"
das múltiplas ações con-correntes que vem a elas "defofa",
ou como diz Sartre:Por esta oposição do
out¡o
e do mesmo no meio dooutro,
a alte¡idade torna-se esta estrutura paradoxal: a identidade de cada um a cada um como açito de inte-rioridade se¡ial db cada,um sob¡eo
Out¡o. Com isto, a identidade toina-sesinté-tica: cada um é
feito,
pelos outros,outro
que age sobre os outros; a estrutura formal e unive¡sal da Alte¡idade fará a Razão da-Série-.38Razão
comum
a
cadaum e
todos,
regra de suas ações, mas inteiramente alheia à especulação hegeliana.Para um exame mais detalh¿do deste ponto veja-se CRD, p.328 e seguintes. Id.,p.350.
Id., p. 314.
36
31 9E
Ações e Processos
17
Seja
como
for,
é evidente que a unidade dos processos se¡iais-
como a do movi-mento geral de circulação de mercadorias, paravoltar
ao exemplojá
dado acima-
não está pré-definida em parte alguma, não é dada, no caso do exemplo em questão, pela u-nicidade da sociedade concebida como um sujeito, de cuja vida os movimentos de pro-dução, circulação e distribuição, o processo de reprodução econômica, enfim, seria um momento essencial. É ela, diferentemente, äonstitulda, contínua e indefìnidamente, na série aberta das ações dos sujeitos econômicos. Neste æntido, sua unidade-
que apare-ce brutalmente,por
exemplo, num momento de crise-
está sempre alhures, na recor-rência dos movimentos concorrenciais, que acabarão por produzir seus padrões médios de funcionamento, cujo rompimento, precisamente, define a situação de crise.Percebe-se,
portanto,
que, na análise de Sartre, os processos e as ações processuais são explicadoscom
fundamentona
descobertada
alteridadecomo
forma especlfïcade
interação
humana,forma
cuja lógica intema permite
compreender, justamente,como vem
a
ser possfvelo
desenvolvimento de processos necessários eliwes,
inteli-gentes eintelþfveis,
emboranfo
intencionados por ninguém.A
serialidadecomo forma
especffica de interação humana, baseformal
de toda equalquer necessidade
no
campo das Ciências Humanas, esta, pois, adeçoberta
cate-gorial
de Sartre, sufìciente para colocáJo entre aqueles poucos pensadores que foram capazßs de revelar, em umou
outro domfnio,
qualo
verdadeiro travejamento lógico-ontológico da realidade.Seria quase desnecessário observar que