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Interações aperiódicas em modelos magnéticos: aproximação de campo médio

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Academic year: 2021

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INTERA ¸

C ˜

OES APERI ´

ODICAS EM MODELOS

MAGN´

ETICOS - APROXIMA ¸

C ˜

AO DE CAMPO

EDIO.

FLORIAN ´

OPOLIS

2010

(2)

EM F´ISICA

INTERA ¸C ˜OES APERI ´ODICAS EM MODELOS MAGN´ETICOS -APROXIMA ¸C ˜AO DE CAMPO M´EDIO.

Disserta¸c˜ao submetida `a

Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos para a obten¸c˜ao do grau de Mestre em F´ısica

THARNIER PUEL DE OLIVEIRA

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Em um primeiro momento, quero agradecer a todos que me apoiaram, incentivaram e compreenderam a importˆancia de meus estudos, durante meu mestrado. Agrade¸co em particular `a minha fam´ılia ( ´Alvaro, Thamna, Thessaly e Verlane) por toda ajuda e incentivo que me deram. Um agradecimento em especial para minha namorada Rafaela por toda sua paciˆencia, que sem ela esta disserta¸c˜ao ainda n˜ao estaria pronta. Tamb´em gostaria de agradecer aos colegas do laborat´orio de mecˆanica estat´ıstica do departamento de F´ısica da UFSC (Marcelo C., Daniel, Antˆonio, Robson, Diego, Marcelo e Ian) por todos os seus ensinamentos e discuss˜oes produtivas, sejam em F´ısica ou computa¸c˜ao. Agrade¸co aos meus amigos Emanuela, Aaron, Al´exia, Durval, Ju´ercio e Carlos pelo apoio em meus estudos. Devo agradecer ao meu orientador, Nilton, que me orienta com toda sua paciˆencia desde a inicia¸c˜ao cient´ıfica em 2005. Enfim, agrade¸co a todos que, de alguma forma, direta ou indiretamente, contribu´ıram para a realiza¸c˜ao deste trabalho.

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INTERA ¸C ˜OES APERI ´ODICAS EM MODELOS MAGN´ETICOS -APROXIMA ¸C ˜AO DE CAMPO M´EDIO.

Tharnier Puel de Oliveira Setembro / 2010 Orientador: Nilton da Silva Branco, Dr..

´

Area de Concentra¸c˜ao: Mecˆanica Estat´ıstica e Transi¸c˜oes de Fase.

Palavras-chave: Comportamento cr´ıtico, sistema desordenado, aperiodicidade, campo m´e-dio.

N´umero de P´aginas: 75

Estudamos um sistema magn´etico em camadas com intera¸c˜oes n˜ao homogˆeneas en-tre essas camadas. Nosso objetivo foi obter as propriedades cr´ıticas desse sistema, usando a aproxima¸c˜ao de campo m´edio. Tratamos o modelo de Ising de spin-1/2 com intera-¸c˜oes moduladas pela sequˆencia de Fibonacci. Dentro da aproxima¸c˜ao de campo m´edio, essa sequˆencia ´e classificada como marginal, na qual espera-se que os expoentes cr´ıticos dependam continuamente da raz˜ao entre as duas intera¸c˜oes existentes, r (r = 1 corres-ponde ao modelo uniforme). Para v´arios valores de r, obtivemos resultados num´ericos para a “temperatura cr´ıtica” de um sistema finito com comprimento linear L (Tc(L)) e extrapolamos para o limite termodinˆamico. Nossos resultados para Tc(L) tˆem mais de

14 casas decimais de precis˜ao. Isto foi necess´ario para obtermos estimativas confi´aveis para os expoentes β, γ e δ. Esses expoentes foram calculados supondo uma dependˆencia log-peri´odica das quantidades termodinˆamicas relevantes com a temperatura reduzida ou com o campo magn´etico. N´os verificamos que esses expoentes cr´ıticos s˜ao dependentes da raz˜ao entre as intera¸c˜oes e obedecem a rela¸c˜ao de escala entre os expoentes cr´ıticos, γ=β(δ− 1), para qualquer valor de r. N´os tamb´em obtivemos os expoentes cr´ıticos νk e α das rela¸c˜oes de escala entre os expoentes, na dimens˜ao cr´ıtica superior (supostamente

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degree of Master in Physics.

MEAN-FIELD APPROXIMATION FOR THE ISING MODEL WITH LAYERED APERIODIC MODULATIONS OF COUPLINGS CONSTANTS

Tharnier Puel de Oliveira September / 2010 Advisor: Nilton da Silva Branco, Dr..

Area of Concentration: Statistical Mechanics and Phase Transitions. Keywords: Critical behaviour, disordered system, aperiodicity, mean-field. Number of pages: 75

We study a layered magnetic system with inhomogeneous inter-layer couplings. Our goal is to obtain its critical properties within the framework of a mean-field theory. We consider the spin-1/2 Ising model with the interaction constants following the Fibonacci aperiodic sequence. For the mean-field approximation, this sequence is a marginal one and, therefore, we expect the critical exponents to depend on the ratio between the two different coupling constants, r (r = 1 corresponds to the homogeneous model). For various values of r, we obtain numerical results for the “critical temperature” for finite systems of linear size L (T c(L)) and extrapolate to the thermodynamic limit. Our results for T c(L) have more than 14 significant digits. This precision is necessary to obtain reliable estimates of the critical exponentsβ,γ andδ. These exponents are calculated assuming a log-periodic dependence of the relevant thermodynamic quantities on the reduced temperature or on the magnetic field. We verify that these critical exponents are coupling dependent but obey the usual scaling relationγ=β(δ− 1) for any value of r. We also obtain the critical exponents νk and α from the others exponents, using scaling relations between critical exponents at the upper critical dimension (assumed to be 4 for this model).

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1 INTRODU ¸C ˜AO. . . p. 8 1.1 Motiva¸c˜ao . . . p. 8 1.2 Comportamento cr´ıtico . . . p. 9 1.2.1 Rela¸c˜oes de escala. . . p. 14 1.3 Modelo de Ising . . . p. 17 1.4 Aproxima¸c˜ao de campo m´edio . . . p. 21 1.4.1 Solu¸c˜ao para a temperatura cr´ıtica . . . p. 22 1.4.2 Expoentes . . . p. 23 2 SEQUˆENCIAS APERI ´ODICAS. . . p. 26 2.1 Crit´erio de Harris-Luck . . . p. 26 2.2 Sequˆencia de Fibonacci . . . p. 29 2.3 Expoente de flutua¸c˜ao . . . p. 33 3 C ´ALCULO DA MAGNETIZA ¸C ˜AO. . . p. 36 3.1 Magnetiza¸c˜ao por camada . . . p. 36 3.2 Temperatura cr´ıtica . . . p. 38 3.2.1 Solu¸c˜ao do sistema de equa¸c˜oes . . . p. 40 3.2.2 Extrapola¸c˜ao BST . . . p. 42 3.3 M´etodos de solu¸c˜ao do sistema: M´etodo do ponto fixo. . . p. 44 3.3.1 Magnetiza¸c˜ao do sistema infinito . . . p. 44 4 EXPOENTES CR´ıTICOS. . . p. 49 4.1 Expoente β da magnetiza¸c˜ao . . . p. 49 4.1.1 C´alculo via derivada logar´ıtmica . . . p. 52 4.2 Expoente δ da isoterma cr´ıtica . . . p. 58 4.2.1 C´alculo via derivada logar´ıtmica . . . p. 61 4.3 Expoente γ da suscetibilidade . . . p. 64 4.3.1 C´alculo via derivada logar´ıtmica . . . p. 67

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5 CONCLUS ˜AO. . . p. 71 5.1 Perspectivas . . . p. 72

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1.1 Motiva¸c˜ao

Nosso trabalho visa a contribuir para um melhor entendimento de sistemas n˜ao homogˆeneos. Dentro desse contexto, mostraremos o crit´erio de Harris-Luck, que nos dar´a uma previs˜ao do que acontece quando se introduz modula¸c˜ao aperi´odica em um sistema. Em particular, estamos interessados em desordem aperi´odica em sistemas de spins magn´eticos localizados. Neste cap´ıtulo, faremos uma breve revis˜ao sobre transi¸c˜oes de fase e comportamento cr´ıtico, a fim de fornecer o embasamento te´orico necess´ario para uma boa compreens˜ao do nosso estudo. J´a no cap´ıtulo seguinte, discutiremos com detalhes o crit´erio de Harris-Luck e introduziremos o conceito de sequˆencias aperi´odicas, bem como suas caracter´ısticas.

Tratamos o modelo de Ising usando a aproxima¸c˜ao de campo m´edio, que nos d´a um resultado exato, para os expoentes cr´ıticos, em sistemas com dimens˜ao igual ou maior que quatro e uma boa aproxima¸c˜ao qualitativa para sistemas em trˆes dimens˜oes. Estudamos esse modelo em camadas, sendo que as intera¸c˜oes entre os spins s˜ao moduladas aperi-odicamente, na dire¸c˜ao perpendicular `as camadas. Segundo o crit´erio de Harris-Luck, quando essa sequˆencia ´e a de Fibonacci, a desordem ´e classificada como marginal, na qual espera-se que os expoentes cr´ıticos dependam continuamente da raz˜ao entre as diferentes intera¸c˜oes existentes. Procuramos ent˜ao calcular os expoentes cr´ıticos e mostrar esse tipo de comportamento.

No cap´ıtulo 3, mostramos como calculamos a magnetiza¸c˜ao por camada e a tem-peratura cr´ıtica, para nosso sistema aperi´odico. Fizemos esse c´alculo para v´arias raz˜oes diferentes entre as intera¸c˜oes. Essas grandezas foram essenciais para obtermos os ex-poentes cr´ıticos. Somente no cap´ıtulo 4 ´e que mostramos os resultados obtidos para os expoentes. Para isso, veremos que as grandezas termodinˆamicas desse sistema aperi´o-dico tˆem um comportamento log-peri´oaperi´o-dico, pr´oximas ao ponto cr´ıtico. Apenas com essa considera¸c˜ao, j´a obtivemos bons resultados para os expoentes. Por´em, evidenciamos esse comportamento log-peri´odico aplicando derivadas logar´ıtmicas nas grandezas termodinˆa-micas. Assim, pudemos calcular com maior confiabilidade os expoentes.

De fato, encontra-se na literatura o c´alculo de apenas um dos expoentes cr´ıticos, o expoente β relacionado `a magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura. Neste estudo, al´em desse expoente calculamos outros dois diretamente, δ e γ, relacionados `a magnetiza¸c˜ao, na temperatura cr´ıtica, em fun¸c˜ao do campo magn´etico e da suscetibilidade em fun¸c˜ao da temperatura, respectivamente. Al´em disso, atrav´es de rela¸c˜oes de escala entre os

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expoen-tes, calculamos os expoentesα e νk, relacionados ao calor espec´ıfico e ao comprimento de correla¸c˜ao, na dire¸c˜ao da aperiodicidade, respectivamente.

1.2 Comportamento cr´ıtico

O estudo da Mecˆanica Estat´ıstica de equil´ıbrio trouxe a liga¸c˜ao entre as leis fun-damentais da f´ısica, em escala microsc´opica, e nosso mundo macrosc´opico, regido pelas leis da termodinˆamica. Ela trata de entender quais as consequˆencias que as intera¸c˜oes intramoleculares trazem ao sistema termodinˆamico, macrosc´opico. Sendo assim, esse for-malismo nos permite fazer uma conex˜ao do sistema microsc´opico com a termodinˆamica, por meio da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao canˆonica, seja ela:

Z(T, H, N) =

{σ}

exp[−βTE(σ)], (1.1)

cujos termos T, H e N representam a temperatura, um campo magn´etico externo ao sistema e o n´umero de mol´eculas (representadas por spins em materiais magn´eticos), respectiva-mente. A soma em {σ} representa a soma sobre todos os estados microsc´opicos poss´ıveis, βT ´e definido βTkB1T, sendo kB a constante de Boltzmann e, finalmente, E (σ) ´e energia do sistema, dado um estado microsc´opico {σ}.

Um campo bastante estudado dentro desse contexto ´e o de transi¸c˜oes de fase dos materiais, ou seja, mudan¸cas bruscas nas propriedades f´ısicas do sistema com a varia¸c˜ao de algum parˆametro termodinˆamico como, por exemplo, a temperatura ou um campo magn´etico externo. Essas mudan¸cas de fase, em muitos casos, s˜ao percept´ıveis em escala macrosc´opica. No entanto, a varia¸c˜ao desse parˆametro termodinˆamico relevante torna essas fases cada vez mais parecidas, at´e que, em um ponto espec´ıfico, a diferen¸ca entre elas desaparece. Chamamos esse ponto de ponto cr´ıtico. Passado esse ponto, n˜ao h´a mais uma transi¸c˜ao percept´ıvel entre uma fase e outra, de forma que as mudan¸cas de fase s˜ao suaves. Um exemplo cl´assico de ponto cr´ıtico podemos observar no diagrama de fases da ´agua. No final da linha de transi¸c˜ao entre as fases l´ıquido e g´as caracteriza-se um ponto cr´ıtico, sendo que, al´em deste ponto, qualquer mudan¸ca de fase entre esses estados ´e suave.

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Figura 1.1: Diagrama de fases da ´agua mostrando o ponto cr´ıtico da ´agua, no final da linha de transi¸c˜ao entre as fases l´ıquida e gasosa.

Outros exemplos de transi¸c˜oes de fase, que tamb´em s˜ao caracterizadas por tais pon-tos cr´ıticos, s˜ao: cristais ferromagn´eticos que apresentam uma magnetiza¸c˜ao espontˆanea abaixo da temperatura de Curie, ou temperatura cr´ıtica [1]; materiais que apresentam ordenamento alternado de spins, i.e, antiferromagn´etico, abaixo do ponto de N´eel, ou ponto cr´ıtico [2]; ou ainda, o ponto cr´ıtico de uma mistura bin´aria, a qual apresenta uma mistura homogˆenea abaixo da temperatura cr´ıtica [3].

Formalmente, podemos dizer que essas transi¸c˜oes s˜ao caracterizadas por desconti-nuidades, em alguma derivada, de pelo menos um potencial termodinˆamico. Caso essa descontinuidade ocorra na primeira derivada do potencial, dizemos que a transi¸c˜ao ´e de primeira ordem. Caso ocorra apenas em derivadas de segunda ordem, ou ordem superior, chamamos de transi¸c˜ao cont´ınua.

Figura 1.2: Exemplo de transi¸c˜ao cont´ınua (linha vermelha) e de primeira ordem (linha azul) representadas pela magnetiza¸c˜ao, que vem de uma primeira derivada da energia livre.

A existˆencia de uma quantidade diferente de zero abaixo do ponto de transi¸c˜ao e nula acima dele, ´e uma caracter´ıstica associada a uma transi¸c˜ao de fase. A essa quantidade

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damos o nome de parˆametro de ordem.

S˜ao as transi¸c˜oes cont´ınuas que apresentam tais pontos cr´ıticos. Uma caracter´ıstica dominante dessas transi¸c˜oes s˜ao as flutua¸c˜oes microsc´opicas, por exemplo, na energia ou na magnetiza¸c˜ao, que tornam-se relevantes macroscopicamente, na vizinhan¸ca do ponto cr´ıtico. Consequentemente, grandezas termodinˆamicas como a suscetibilidade, i.e., qu˜ao suscet´ıvel ´e a magnetiza¸c˜ao de um sistema `a aplica¸c˜ao de um campo magn´etico, diver-gem no ponto cr´ıtico. Um interesse comum nessa ´area ´e justamente o comportamento assint´otico dessas grandezas, nas proximidades do ponto cr´ıtico.

Por se tratar do comportamento assint´otico, uma realiza¸c˜ao de muita importˆancia ocorreu em 1945 quando Guggenheim publicou seus resultados sobre o princ´ıpio dos esta-dos correspondentes [4]. Guggenheim mostrou a dependˆencia da densidade, ρ =ρL−ρG, de oito fluidos diferentes com a temperatura, sendo ρL a densidade do fluido na fase l´ı-quida eρG na fase gasosa. Como podemos observar na figura1.3, os fluidos se comportam

Figura 1.3: Medidas analisadas por Guggenheim (1945), mostrando a curva coexistente entre os fluidos, nas proximidades do ponto cr´ıtico. Note que os eixos s˜ao ρ/ρc e T /Tc, em que Tcc variam de fluido a fluido, sendoρc a densidade cr´ıtica e Tc a temperatura cr´ıtica.

da mesma forma pr´oximos `a criticalidade. Esse comportamento comum ratificou a ideia do que chamamos hoje de expoentes cr´ıticos universais. Em outras palavras, alguns siste-mas apresentam um mesmo comportamento assint´otico, quando pr´oximos `a criticalidade. Esse comportamento, em geral, ´e descrito matematicamente por leis de potˆencia,

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carac-das quantidades termodinˆamicas, pr´oximas a um ponto cr´ıtico, como uma fun¸c˜ao f (x) na forma:

f(x) ∼ xλ para x → 0 (1.2)

ou, sendo mais preciso, podemos definir o expoenteλ como:

λ ≡ lim x→0  ln f (x) ln x  , (1.3)

no qual x ≡ x0− xc, sendo x0 um parˆametro relevante e xc o valor desse parˆametro no ponto cr´ıtico.

Estamos aqui interessados em sistemas magn´eticos. No limite termodinˆamico —

N,V →, mantendo a raz˜ao N/V constante, sendo V o volume do sistema — a energia livre por spin ´e uma fun¸c˜ao logar´ıtmica da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao, dada por:

f(T, H) = lim N→∞  −kBT N ln[ZN(T, H)]  . (1.4)

Vamos agora mostrar quais os expoentes mais relevantes, ou melhor, os quais estamos interessados em calcular. Come¸camos por mostrar a magnetiza¸c˜ao espontˆanea por spin, uma fun¸c˜ao da primeira derivada da energia livre:

m(T ) = − lim H→0 ∂ f(T, H)H  T . (1.5)

Singularidades tamb´em podem ser encontradas na segunda derivada da energia livre, como, por exemplo, no calor espec´ıfico por spin:

c(T, H) = −T ∂2f(T, H)T2  H , (1.6) ou ainda, a suscetibilidade: χ(T, H) = − ∂2f(T, H)H2  T = ∂ mH  T . (1.7)

Na proximidade do ponto cr´ıtico, cada grandeza ´e caracterizada por seu pr´oprio expoente cr´ıtico. Esse expoente ´e determinado pela equa¸c˜ao (1.3). Sendo assim, define-se os expoentes β, α e γ relativos a magnetiza¸c˜ao, calor espec´ıfico e suscetibilidade, respectivamente, a campo zero (H = 0):

(13)

m(t) ∼ (−t)β , t→ 0− (1.8)

c(t) ∼ |t|−α , t→ 0 (1.9)

χ(t) ∼ |t|−γ , t→ 0 (1.10)

com t ≡ T−Tc

Tc , sendo Tc a temperatura cr´ıtica, e t → 0

significa que t tende a zero por

valores negativos, ou seja, T → Tc para T < Tc. Al´em desses, podemos definir o expoente δ, associado `a isoterma cr´ıtica, i.e., ao comportamento da magnetiza¸c˜ao, na temperatura cr´ıtica, sob a a¸c˜ao de um campo magn´etico externo:

m(t = 0, H) ∼ |H|sgn(H) para H → 0 (1.11)

sendo que sgn(H) significa que deve-se levar em considera¸c˜ao o sinal de H.

Em um sistema de spins interagentes, define-se uma fun¸c˜ao que mede a correla¸c˜ao entre dois spins, localizados, por exemplo, nas posi¸c˜oes i e j, na forma:

Γ(r) ≡< (Si− < Si>)(Sj− < Sj>) >, (1.12) ou

Γ(r) =< SiSj> − < Si>< Sj>, (1.13) sendo r a distˆancia entre os spins e <> significa a m´edia t´ermica. Nota-se, pela equa-¸c˜ao (1.12), que as correla¸c˜oes s˜ao medidas das flutua¸c˜oes dos spins, em torno de seus valores m´edios. E tamb´em, pela equa¸c˜ao (1.13), que a correla¸c˜ao ´e nula para spins n˜ao interagentes. Assim, a correla¸c˜ao vai a zero exponencialmente com a distˆancia entre os spins:

Γ(r) ∼ 1 rτ exp

−r/ξ(t) (1.14)

sendo τ um n´umero qualquer e ξ(t) definido como o comprimento de correla¸c˜ao, i.e., a distˆancia t´ıpica na qual dois spins est˜ao correlacionados; em outras palavras, se variarmos a orienta¸c˜ao de um spin, um outro spin, a uma distˆancia ξ daquele, “perceber´a” essa varia¸c˜ao. Perceber significa que este spin ter´a sua orienta¸c˜ao alterada, de alguma forma, por causa da varia¸c˜ao do primeiro spin. Sendo asim, define-se o expoente ν, relativo ao comprimento de correla¸c˜ao, na forma:

(14)

ξ(t) ∼ |t|−ν. (1.15) Existem v´arios livros textos mostrando, com bastante rigor e detalhe, a obten¸c˜ao dos expoentes explicitados. Alguns deles, amplamente usados, est˜ao nas referˆencias [5, 6, 7]. Uma boa revis˜ao sobre comportamento cr´ıtico tamb´em pode ser encontrada na referˆencia [8].

1.2.1 Rela¸c˜oes de escala

Na f´ısica te´orica, estuda-se o comportamento cr´ıtico magn´etico dos materiais atrav´es de modelos de spins interagentes. Como vimos, o comportamento cr´ıtico dos materiais ´e caracterizado por expoentes cr´ıticos. Esses expoentes apresentam rela¸c˜oes de igualdade entre eles. No ano de 1966, Kadanoff apresentou argumentos heur´ısticos para explicar tais rela¸c˜oes, que chamou de lei de escala [9]. Anos depois, em 1971, Wilson revolucionou a teoria de fenˆomenos cr´ıticos com um m´etodo de solu¸c˜ao de modelos magn´eticos, baseado na lei de escala, hoje conhecido como grupo de renormaliza¸c˜ao [10]. Um dos grandes m´e-ritos do grupo de renormaliza¸c˜ao, al´em de possibilitar o c´alculo dos expoentes, foi ent˜ao explicar as rela¸c˜oes de escala que existem entre os expoentes cr´ıticos. Tais rela¸c˜oes sur-gem do fato de que os potenciais termodinˆamicos s˜ao fun¸c˜oes homogˆeneas generalizadas, pr´oximos ao ponto cr´ıtico. Uma revis˜ao sobre grupo de renormaliza¸c˜ao pode ser vista na referˆencia [11].

Escrevemos a parte singular da energia livre por spin em termos dos parˆametros termodinˆamicos relevantes t e h, tendo definido h ≡HN, sendo N o n´umero de spins, e do tamanho linear do sistema, L, como:

fs(t, h, L) = b−dfs(bytt, byhh, L/b) (1.16) sendo b um fator de escala arbitr´ario e d a dimens˜ao do sistema. A partir dessa energia livre, vamos analisar como as grandezas termodinˆamicas se comportam pr´oximas ao ponto cr´ıtico.

Come¸camos pela magnetiza¸c˜ao a campo nulo, definida na equa¸c˜ao (1.5). Assim, da equa¸c˜ao (1.16) temos a magnetiza¸c˜ao homogˆenea generalizada na forma:

m(t, h, L) = byh−dm(bytt, byhh, L/b). (1.17) Procuramos mostrar o comportamento da magnetiza¸c˜ao pr´oxima a temperatura cr´ıtica,

(15)

quando h = 0. Para isso, escolhemos o parˆametro arbitr´ario b = |t|−1/yt e a equa¸c˜ao (1.17), no limite termodinˆamico L →∞, fica:

m(t) = |t|(d−yh)/ytm(±1,0), (1.18) na qual impomos que, no limite termodinˆamico e fora do ponto cr´ıtico, a parte singular da energia livre ´e limitada, ou seja, fs(L →) → constante. Observa-se que m(−1,0) ´e uma constante e v´alida para temperaturas pr´oximas, por´em abaixo, da temperatura cr´ıtica. Por outro lado, m(+1, 0) = 0 para qualquer temperatura acima da temperatura cr´ıtica. Agora, se fizermos t → 0−, podemos comparar a equa¸c˜ao acima com a equa¸c˜ao (1.8) e obtemos uma express˜ao para o expoente β:

β = d− yh

yt

. (1.19)

Iremos agora analisar a magnetiza¸c˜ao na temperatura cr´ıtica, t = 0, quando aplicado um campo magn´etico pequeno. Para isso definiremos o parˆametro b da equa¸c˜ao (1.17) como b = |h|−1/yh e aplicamos o limite L →∞. Sendo assim, a magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo fica:

m(h) = |h|(d−yh)/yhm(0, ±1). (1.20) No limite em que h → 0, podemos comparar a equa¸c˜ao acima com a equa¸c˜ao (1.11) e obter uma express˜ao para o expoente da isoterma cr´ıtica:

δ = yh

d− yh

. (1.21)

A suscetibilidade tamb´em pode ser analisada se usarmos a equa¸c˜ao (1.7), aplicada na parte singular da energia livre:

χ(t, h, L) = b2yh−dχ(bytt, byhh, L/b). (1.22) Queremos analisar o comportamento da suscetibilidade a campo nulo, h = 0, pr´oxima `a temperatura cr´ıtica, no limite termodinˆamico L →. Para isso, definimos b = |t|−1/yt e a equa¸c˜ao acima fica:

χ(t) = |t|(d−2yh)/ytχ(±1,0). (1.23) Se considerarmos t → 0, podemos comparar essa equa¸c˜ao com a equa¸c˜ao (1.8) e ent˜ao

(16)

γ = 2yh− d

yt

. (1.24)

Por fim, vamos obter o expoente do calor espec´ıfico, calculado pela equa¸c˜ao (1.6). O calor espec´ıfico a campo nulo, h = 0, calculado a partir da parte singular da energia livre, tem a forma:

c(t, h, L) = b2yt−dc(bytt, byhh, L/b). (1.25) Finalmente, definimos o parˆametro b = |t|−1/yt e aplicamos o limite L →:

c(t) = |t|(d−2yt)/ytc(±1,0). (1.26) No limite em que t → 0, comparamos a equa¸c˜ao acima com a equa¸c˜ao (1.9) e obtemos:

α= 2yt− d

yt

. (1.27)

Por fim, de forma semelhante, pode-se obter uma express˜ao para o expoente ν, do comprimento de correla¸c˜ao, a partir da parte singular da fun¸c˜ao de correla¸c˜ao entre dois spins, escrita como uma fun¸c˜ao homogˆenea generalizada:

Γs(r,t, L) = c(b)Γs(b−1r, bytt, L/b). (1.28) Se escolhermos b = |t|−1/yt, no limite L →, temos:

Γs(r,t) ∼ c(|t|−1/yts(|t|1/ytr, ±1). (1.29) Sabemos da equa¸c˜ao (1.14) que a fun¸c˜ao Γ(r) escala com a temperatura na forma r/ξ(t). Sendo assim, pr´oximo `a temperatura cr´ıtica, das equa¸c˜oes (1.15) e (1.29) obtˆem-se a seguinte rela¸c˜ao para o expoenteν:

ν= 1

yt

. (1.30)

Podemos observar que, se obtivermos os parˆametros yt e yh, todos os expoentes cr´ıticos podem ser calculados a partir deles. Tamb´em observa-se que, por essas equa¸c˜oes, podemos obter rela¸c˜oes entre os expoentes. Sendo assim, das equa¸c˜oes (1.19), (1.24) e (1.27) temos:

(17)

α+ 2β+γ = 2 (lei de Rushbrooke), (1.31) ou ainda, temos a rela¸c˜ao entre o expoenteν e α das equa¸c˜oes (1.27) e (1.30):

α = 2 −νd (lei de Josephson). (1.32)

Por fim, das equa¸c˜oes (1.19), (1.21) e (1.24) chegamos `a rela¸c˜ao:

γ = (δ− 1)β, (1.33)

que ´e uma combina¸c˜ao da lei de Rushbrooke e da lei de Griffiths (2βδγ= 2 −α). 1.3 Modelo de Ising

Como foi mencionado, um conceito fundamental em f´ısica te´orica s˜ao os modelos. Percebemos as caracter´ısticas mais relevantes de um sistema f´ısico real e criamos um modelo te´orico a partir delas, na esperan¸ca de que esse modelo descreva bem o compor-tamento do sistema. Dentre os modelos te´oricos que visam explicar o comporcompor-tamento magn´etico dos materiais, o modelo cl´assico mais simples, entretanto o mais estudado, ´e o modelo de Ising. Ele descreve os momentos magn´eticos de um s´olido isolante por spins localizados nos s´ıtios de uma rede. Esses spins podem somente assumir os valores +1 ou −1. Para uma profunda an´alise do modelo de Ising ver referˆencia [12].

Figura 1.4: Spins localizados nos s´ıtios de uma rede.

A intera¸c˜ao entre esse spins ´e dada por uma simples constante de acoplamento entre spins primeiros vizinhos, i.e., spins localizados em posi¸c˜oes adjacentes.

Figura 1.5: Intera¸c˜ao Ji j entre os s´ıtios i e j, primeiros vizinhos. O modelo de Ising pode ser definido pelo hamiltoniano:

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H = −2

<i, j> Ji jSiSj− H N

i=1 Si, (1.34)

no qual a soma em < i, j > significa soma entre pares primeiros vizinhos, Ji j ´e a intera¸c˜ao de troca entre os spins i e j, e o termo Si (Sj) refere-se ao estado em que se encontra o spin i ( j), podendo ser +1 ou −1. J´a no termo que inclui o segundo somat´orio temos H, um campo magn´etico uniforme externo aplicado, e N, o n´umero de spins existentes na rede. Podemos separar o primeiro somat´orio sobre pares primeiros vizinhos:

H = −2 N

i=1 Si 1 2

j Ji jSj ! − H N

i=1 Si, (1.35)

no qual o somat´orio em j representa a soma dos primeiros vizinhos de cada s´ıtio i e o termo 12 deve-se ao fato de estarmos somando a liga¸c˜ao entre os s´ıtio i e j duas vezes. Portanto, o hamiltoniano de Ising pode ser reescrito como:

H = − N

i=1 Si "

j Ji jSj+ H # . (1.36)

A partir desse hamiltoniano, podemos fazer uma conex˜ao com a termodinˆamica e obter as grandezas termodinˆamicas atrav´es da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao canˆonica na forma:

Z(T,V, N) =

{Si}

exp(−βTHe f), (1.37)

sendo {Si} a soma em todos os microestados poss´ıveis para o conjunto de spins {Si} e He f um campo efetivo atuando sobre o spin Si, definido como He f jJi jSj+ H.

Como exemplo, mostraremos a solu¸c˜ao do modelo de Ising em uma dimens˜ao, 1D, sem campo magn´etico externo. Ainda antes da mecˆanica quˆantica, mesmo antes do modelo de Heisemberg, o melhor modelo de magnetismo era a teoria de campo molecular de Pierre Weiss [13]. Ising queria que seu modelo mostrasse uma transi¸c˜ao de fase. Ele resolveu para uma dimens˜ao, mas a transi¸c˜ao s´o ocorria para Tc= 0, como veremos a seguir. A hamiltoniana de Ising, sem campo, para uma cadeia de N s´ıtios, 1D, pode ser escrita na forma: H = − N−1

i=1 JiSiSi+1, (1.38)

com Si podendo assumir os valores +1 ou −1. A conex˜ao com a termodinˆamica ´e feita atrav´es da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao:

(19)

ZN =

{S} exp(−βH) =

S1=+1,−1

S2=+1,−1 ···

SN=+1,−1 exp β N−1

i=1 JiSiSi+1 ! . (1.39) Podemos reescrever a equa¸c˜ao acima como:

ZN =

S1=+1,−1

S2=+1,−1 ···

SN−1=+1,−1 exp β N−2

i=1 JiSiSi+1 !

SN=+1,−1 exp(βJN−1SN−1SN) , ent˜ao, ZN =

S1=+1,−1

S2=+1,−1 ···

SN−1=+1,−1 exp β N−2

i=1 JiSiSi+1 ! 2 cosh(βJN−1SN−1). (1.40)

Repetindo esses passos recursivamente temos:

ZN = 2Ncosh(βJ1) . . . cosh(βJN−1) = 2N N−1

i=1

cosh(βJi). (1.41) Para o caso uniforme, no qual Ji≡ J, a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao fica na forma:

ZN = 2NcoshN−1(βJ). (1.42)

A fim de calcularmos a temperatura cr´ıtica, primeiro, calculamos a correla¸c˜ao entre dois spins:

Γk(r) ≡< SkSk+r>, (1.43)

sendo r a distˆancia entre os spins. Assim,

Γk(r) = 1 ZN

{S} SkSk+rexp(−βH ), (1.44) ou ent˜ao, ZNΓk(r) =

S1 ···

SN SkSk+rexp(βJ1S1S2) . . .exp(βJN−1SN−1SN). (1.45) Podemos reescrever a equa¸c˜ao acima na forma:

(20)

ZNΓk(r) =

S1 ···

SN ∂ ∂βJk . . . ∂ ∂βJk+r−1  exp(βJ1S1S2) . . .exp(βJN−1SN−1SN), (1.46) ou ent˜ao, ZNΓk(r) = ∂ ∂βJk . . . ∂ ∂βJk+r−1 [ZN]. (1.47)

Aplicando as derivadas parciais, usando a equa¸c˜ao (1.41), obtemos:

Γk(r) =

1 ZN

2Ncosh(βJ1) . . .senh(βJk) . . . senh(βJk+r−1) . . . cosh(βJN−1) (1.48)

e assim, Γk(r) = tgh(βJk) . . .tgh(βJk+r−1) = r

i=1 tgh(βJk+i−1). (1.49) Para o caso uniforme, Ji= J, temos:

Γk(r) = tghrJ). (1.50)

Procuramos uma temperatura a qual os spins tenham intera¸c˜oes de longo alcance, i.e., uma temperatura em que a correla¸c˜ao entre os spins decresce suficientemente lenta com o aumento de r, tal que o sistema se torne magnetizado. No limite em que r →∞, ou seja, `a uma distˆancia infinita, os spins est˜ao descorrelacionados e a fun¸c˜ao de correla¸c˜ao entre eles vai a zero (veja equa¸c˜ao (1.13)):

m2= lim

r→∞Γk(r) (1.51)

sendo m =< Sk>=< Sk+r>, a magnetiza¸c˜ao por spin. Das equa¸c˜oes (1.49) e (1.50) vemos

que, nesse limite de r →∞, a magnetiza¸c˜ao por spin vai a zero para qualquer valor finito de β. Entretanto, no limite em queβ , i.e., T → 0, a magnetiza¸c˜ao por spin permanece diferente de zero e igual a um. Assim, chega-se a conclus˜ao de que a magnetiza¸c˜ao do sistema ´e zero para qualquer valor de temperatura, mas “subitamente” ela assume seu valor m´aximo, para T = Tc= 0. Portanto, o modelo de Ising n˜ao apresenta transi¸c˜ao de fase em uma dimens˜ao.

Ising ficou muito desapontado por seu modelo n˜ao apresentar transi¸c˜ao de fase em uma dimens˜ao, pois ele supos que n˜ao haveria em nenhuma outra, uma vez que o modelo

(21)

de Weiss mostrava que a transi¸c˜ao independia da dimens˜ao. Pelo m´etodo de matriz de transferˆencia resolve-se esse mesmo modelo, em 1D [7], agora com campo magn´etico. O resultado ´e o mesmo encontrado, ou seja, n˜ao apresenta magnetiza¸c˜ao espontˆanea para qualquer temperatura acima de zero. Contudo, ao contr´ario do que Ising supunha, seu modelo em duas dimens˜oes tem solu¸c˜ao exata, sem campo [7], e apresenta transi¸c˜ao de fase para uma temperatura diferente de zero.

1.4 Aproxima¸c˜ao de campo m´edio

Na maioria dos modelos te´oricos, n˜ao se consegue obter uma solu¸c˜ao anal´ıtica. No entanto, usamos aproxima¸c˜oes que nos permitem chegar a resultados qualitativamente e, algumas vezes, quantitativamente corretos, mesmo que apenas para alguns limites. Uma primeira aproxima¸c˜ao proposta, em geral, ´e a aproxima¸c˜ao de campo m´edio [13]. Pela facilidade de aplica¸c˜ao, apesar de, em muitos casos, n˜ao apresentar resultados quantita-tivamente corretos, a aproxima¸c˜ao de campo m´edio ainda hoje ´e a primeira ferramenta a ser usada para encontrar resultados qualitativos. A aproxima¸c˜ao de campo m´edio pode ser tratada de diferentes formas, como verifica-se nos apˆendices A e B da referˆencia [14]. Neste estudo, tratamos essa aproxima¸c˜ao aplicada ao modelo de Ising. Nosso c´alculo parte ent˜ao do hamiltoniano de Ising, na forma da equa¸c˜ao (1.36), e supomos que os spins Sj, vizinhos a um s´ıtio i, ser˜ao substitu´ıdos por seus valores m´edios < Sj>≡ mj. Portanto, a hamiltoniana de campo m´edio fica:

HCM= −

i Si "

j Ji jmj+ H # . (1.52)

Se definirmos o termo entre colchetes como Hi≡∑jJi jmj+ H, ficamos com:

HCM= −

i SiHi, (1.53) ou ainda HCM=

i Hi. (1.54)

tendo definido Hi≡ −SiHi. E chegamos a uma hamiltoniana de s´ıtio ´unico, an´aloga ao de um paramagneto. Sendo assim, calculamos a magnetiza¸c˜ao m´edia por s´ıtio na forma:

mi=∑Si e−βTHiS iSie−βT Hi = eβTHi− e−βTHi eβTHi+ e−βTHi = tgh(βTHi), (1.55)

(22)

mi= tgh " βT

j Ji jmj+ H !# . (1.56)

No caso uniforme, no qual todas as intera¸c˜oes tˆem o mesmo valor, Ji j≡ J, a magne-tiza¸c˜ao por s´ıtio fica somente:

m= tgh[βT(zJm + H)], (1.57)

sendo z o n´umero de primeiros vizinhos, ou n´umero de coordena¸c˜ao da rede. 1.4.1 Solu¸c˜ao para a temperatura cr´ıtica

A equa¸c˜ao (1.57) ´e uma equa¸c˜ao impl´ıcita, que pode ser resolvida pelo m´etodo gr´afico. Para isso, a campo zero (H = 0), colocamos em um mesmo gr´afico as fun¸c˜oes do lado esquerdo e direito da equa¸c˜ao (1.57), conforme esquematizado na figura (1.6).

Nota-se que existem duas solu¸c˜oes diferentes de zero, enquanto a inclina¸c˜ao da curva do lado direito da equa¸c˜ao (1.57), em m = 0, for maior que a do lado esquerdo e que ter´a somente a solu¸c˜ao trivial quando essa inclina¸c˜ao for menor. Podemos escolher um valor de temperatura tal que as duas curvas tenham a mesma inclina¸c˜ao e essa temperatura ´e ent˜ao a temperatura cr´ıtica. Com isso, a fim de observar a inclina¸c˜ao da tangente hiperb´olica na origem, expandimos essa fun¸c˜ao em s´erie de Taylor, tgh(x) = x + O(x3), e tomamos

apenas o termo de primeira ordem. Assim, a equa¸c˜ao da magnetiza¸c˜ao por s´ıtio (1.57) torna-se:

mTzJm, (1.58)

ou ainda

kBTCM

J = z, (1.59)

(23)

−1 −0.5 0 0.5 1 −1 −0.5 0 0.5 1 m m tgh(2m)

Figura 1.6: Representa¸c˜ao gr´afica da magnetiza¸c˜ao e de sua tangente hiperb´olica. O argumento 2m da tangente hiperb´olica ´e apenas uma exemplifica¸c˜ao do que, na verdade, seria βTzJm.

1.4.2 Expoentes

A partir do resultado de campo m´edio, mostraremos aqui como obter alguns dos expoentes cr´ıticos. Por conveniˆencia, vamos reescrever a equa¸c˜ao (1.57) em termos da temperatura reduzida t (veja defini¸c˜ao ap´os equa¸c˜ao (1.10)), na qual a temperatura cr´ıtica,

Tc, ´e dada por (1.59):

m= tgh  1 1+ t  m+H zJ  . (1.60)

Come¸caremos com o expoenteβ da magnetiza¸c˜ao espontˆanea, sem campo. Sabemos que, pr´oximo ao ponto cr´ıtico, a magnetiza¸c˜ao ´e pr´oxima de zero; por isso, podemos expandir a tangente hiperb´olica em s´erie de Taylor

tgh(x) = x −13x3+ O(x5) (1.61)

e descartar os termos de quinta ordem em diante. Feito isso, a equa¸c˜ao (1.60) pode ser escrita como:

m2= −3t(1 + t)2, (1.62)

(24)

m∼ (−t)21, (1.63)

e obtemos o expoenteβ = 1

2 para campo m´edio.

Podemos facilmente obter o expoente γ, da suscetibilidade, por um procedimento an´alogo ao anterior, por´em, agora incluindo o campo H. Assim, descartando os termos O(x5) na equa¸c˜ao (1.60) teremos m= 1 1+ t  m+H zJ  −1 3  1 1+ t  m+ H zJ 3 . (1.64)

Podemos ent˜ao calcular a suscetibilidade conforme a equa¸c˜ao (1.7).

χ= 1 1+ t  χ+ 1 zJ  −  1 1+ t  m+H zJ 2 1 1+ t  χ+ 1 zJ  H=0 , (1.65) χ= 1 1+ t  χ+ 1 zJ " 1  m 1+ t 2# . (1.66)

Lembrando do fato de que n˜ao existe magnetiza¸c˜ao acima da temperatura cr´ıtica, ent˜ao:

χ= 1 1+ t  χ+ 1 zJ  , (1.67) ou ainda χ= 1 zJt para t→ 0 + (1.68)

Para temperaturas abaixo da temperatura cr´ıtica, pr´oximas ao ponto cr´ıtico, vimos que a magnetiza¸c˜ao ´e dada pela equa¸c˜ao (1.62). Portanto, da equa¸c˜ao (1.66) temos:

χ ≃ 1

2zJ(−t) para t → 0

(1.69)

Por fim, podemos dizer que a suscetibilidade, pr´oxima a temperatura cr´ıtica, tanto abaixo como acima dela, se comporta da forma:

χ∼ |t|−1, (1.70)

ou seja, dentro da aproxima¸c˜ao de campo m´edio, o expoente da suscetibilidade ´eγ = 1 e sua amplitude abaixo de Tc (= 2zJ1 ) ´e a metade daquela acima de Tc (= zJ1).

(25)

temos t = 0 e a equa¸c˜ao (1.60) torna-se: m= tgh  m+H zJ  (1.71) Novamente, descartando os termos O(x5) da tangente hiperb´olica, descrita em s´erie de

Taylor (1.61), chegamos `a express˜ao:

m=  m+H zJ   1mH zJ  −13 " m3+ H zJ 3# (1.72) No regime em que a magnetiza¸c˜ao e o campo s˜ao muito pequenos, o termo mH fica desprez´ıvel, mH ≪ 1, portanto, podemos reescrever a equa¸c˜ao acima na forma:

m3= 3H zJ H zJ 3 . (1.73)

Por fim, para H suficientemente pequeno

m∼ H13sgn(H). (1.74)

E assim chegamos ao expoente relativo `a isoterma cr´ıtica, δ = 3.

N˜ao demonstraremos aqui, mas encontra-se na literatura [5, 7] os expoentes relaci-onados ao calor espec´ıfico e ao comprimento de correla¸c˜ao. Dentro da aproxima¸c˜ao de campo m´edio eles tˆem os valoresα = 0 eν = 1

2, respectivamente.

´

E importante ressaltar que esses expoentes concordam com as rela¸c˜oes de escala obtida do grupo de renormaliza¸c˜ao, como podemos ver pelas equa¸c˜oes (1.33), (1.31) e (1.32). Tamb´em ´e importante mencionar que quando as rela¸c˜oes entre os expoente incluem a dimens˜ao do sistema, d, para campo m´edio, esse parˆametro assume o valor d = 4. Esta ´e a chamada dimens˜ao cr´ıtica superior: nela e acima dela o c´alculo de campo m´edio fornece o resultado correto dos expoentes cr´ıticos [15].

(26)

Desde a descoberta dos quase-cristais [16], pesquisadores vˆem estudando suas propri-edades e caracter´ısticas peculiares: baixa fric¸c˜ao e alta dureza [17,18,19], alta resistˆencia el´etrica [20], entre outras. A novidade nesses materiais s˜ao estruturas moleculares que n˜ao pertencem a nenhuma rede de Bravais, ou seja, possuem estruturas n˜ao cristalogr´aficas.

Tais estruturas podem ser modeladas por sequˆencias aperi´odicas, ou n˜ao-peri´odicas. Uma sequˆencia aperi´odica pode ser constru´ıda atrav´es de uma determinada regra de for-ma¸c˜ao, tal que nunca apresenta um per´ıodo que possa ser reproduzido de forma a gerar a sequˆencia. Esses materiais podem ser facilmente produzidos em laborat´orio por ligas que, ao passarem por um processo de aquecimento seguido de resfriamento controlados, se organizam naturalmente nessas estruturas. Al´em disso, pesquisadores est˜ao criando novos materiais com suas forma¸c˜oes regidas por sequˆencias aperi´odicas, como a deposi¸c˜ao de substˆancias em camadas organizadas aperiodicamente [21].

2.1 Crit´erio de Harris-Luck

Em nosso trabalho, temos o objetivo de estudar as consequˆencias de introduzirmos modula¸c˜oes aperi´odicas aplicadas a modelos magn´eticos, modificando de maneira deter-min´ıstica as intera¸c˜oes entre os spins. Podemos agora nos perguntar qual a consequˆencia causada pela introdu¸c˜ao das tais modula¸c˜oes aperi´odicas. Para entendermos melhor essa quest˜ao, veremos primeiro o que acontece quando introduzimos desordem no sistema [22]. Consideraremos aqui somente desordem causada por diferen¸cas nas intera¸c˜oes ferromag-n´eticas entre os spins. O caso de frustra¸c˜ao ou vidros de spin n˜ao ser´a abordado, veja referˆencia [23].

Considere agora uma regi˜ao esf´erica do sistema infinito de volume V e diˆametro L. Definimos NV como o n´umero de liga¸c˜oes,εi, j, dentro desse volume, de modo que NV ∼ Ld, sendo d a dimens˜ao do sistema. Sendo assim, a intera¸c˜ao m´edia entre os spins ´e dada por:

¯ εV =

1

NV <i, j>∈V

εi, j

. (2.1)

Supomos que a intera¸c˜ao m´edia do sistema infinito seja ε0, de modo que a intera¸c˜ao

m´edia entre os spins dentro do volume ´e bem definida e, no limite termodinˆamico, ´e igual `a intera¸c˜ao m´edia do sistema, ¯ε=ε0. A distribui¸c˜ao dessas intera¸c˜oes ´e caracterizada por

sua flutua¸c˜ao, expressa em termos do desvio em rela¸c˜ao a m´edia. Mais precisamente, o desvio da soma das liga¸c˜oes dentro do volume V , em rela¸c˜ao a m´edia do sistema, ´e definida

(27)

como: gV ≡ "

<i, j>∈V εi, j # − NVε0= NV(¯εV −ε0). (2.2)

Supomos agora que, para grandes volumes, mas ainda finitos, a flutua¸c˜ao segue uma lei de potˆencia na forma [22]:

gV ∼ (NV∼ (Ld)ω, (2.3)

sendoω chamado de expoente de flutua¸c˜ao, que supomos ser bem definido.

Como vimos na se¸c˜ao 1.4.1 para o modelo de Ising uniforme, a temperatura cr´ıtica depende da intera¸c˜ao entre os spins, Tc ∼ J ≡ε0. Intuitivamente podemos esperar que

esse tipo de dependˆencia se mantenha ap´os introduzirmos a desordem. Imaginemos ent˜ao que essa flutua¸c˜ao altere localmente, dentro do volume V , a temperatura cr´ıtica, de forma que, para uma desordem suficientemente pequena, essa nova temperatura cr´ıtica, TV

c , varie linearmente com a m´edia das intera¸c˜oes entre os spins confinados no volume, ou seja, TcV ∼ ¯εV. Nesse volume, podemos definir uma temperatura reduzida tVT−T

V c TV

c . Se a desordem for irrelevante para o comportamento cr´ıtico, ent˜ao a diferen¸ca entre a temperatura reduzida local e a do sistema, δt ≡ tV − t, tem que ir a zero mais rapi-damente que a pr´opria temperatura reduzida do sistema, t, conforme nos aproximamos da criticalidade, t → 0. Veremos ent˜ao como estipular um crit´erio para a relevˆancia da desordem no sistema.

Consideremos que, pr´oximo `a criticalidade, o comprimento de correla¸c˜ao entre dois spins dentro do volume, ´e da ordem do pr´oprio volume, i.e., ξV ∼ L, sendo ξV o com-primento de correla¸c˜ao. Assim, usando a equa¸c˜ao (2.2) e a suposi¸c˜ao de que TV

c ∼ ¯εV podemos reescrever a equa¸c˜ao (2.3) como:

gV ∼ξVd(TcV− Tc) ∼ξVdω, (2.4) ou ainda

δtξVd(ω−1). (2.5)

Sabemos, do sistema ordenado, que t ∼ξ−1/ν0

0 (ver cap´ıtulo 1.2), para t → 0. Assim,

(28)

δt t ∼ ξd(ω−1) V ξ−1/ν0 0 . (2.6)

Claramente, h´a uma competi¸c˜ao entre a correla¸c˜ao do sistema e a correla¸c˜ao do vo-lume, de modo que, pr´oximo a criticalidade, predomina aquela que tiver o maior expoente. Sendo assim, a flutua¸c˜ao devida `a desordem torna-se relevante quando

d− 1) ≥ −1 ν0

, (2.7)

ou ainda, quando

Φ≡ 1 − dν0(1 −ω) ≥ 0, (2.8)

no qual Φ ´e chamado expoente de “crossover”. De acordo com o crit´erio de Harris-Luck [24, 22], essa competi¸c˜ao classifica a desordem em trˆes situa¸c˜oes bem distintas:

• Se Φ < 0, dizemos que a desordem ´e irrelevante. Nesse caso, ela n˜ao muda o com-portamento cr´ıtico do sistema, em rela¸c˜ao ao seu an´alogo uniforme.

• SeΦ> 0, dizemos que a desordem ´e relevante. Esta muda a classe de universalidade em que o sistema se encontra, ou seja, os expoentes cr´ıticos do modelo desordenado s˜ao diferentes daqueles do modelo uniforme.

• Se Φ = 0, dizemos que ela ´e marginal, para a qual resultados anteriores sugerem que os expoentes cr´ıticos dependam continuamente da raz˜ao entre as intera¸c˜oes existentes [25, 26, 27, 28].

Esse resultado pode ser generalizado para estruturas anisotr´opicas nas quais a de-sordem ´e aplicada em dm≤ d coordenadas. Nesse caso, o crit´erio de relevˆancia ´e an´alogo ao anterior, no entanto, o expoente de “crossover” assume a forma:

Φ≡ 1 − dmν0(1 −ω). (2.9)

Para uma contextualiza¸c˜ao do crit´erio de Harris-Luck ao nosso estudo, daremos uma breve explica¸c˜ao do nosso modelo, que ser´a apresentado com detalhes no cap´ıtulo 3. Es-tudamos o modelo de Ising usando aproxima¸c˜ao de campo m´edio, ver equa¸c˜ao (1.52), modulado pela sequˆencia de Fibonacci em uma ´unica dire¸c˜ao, dm= 1, cujos s´ıtios inte-ragem igualmente com todos os seus primeiros vizinhos a menos dos vizinhos da camada anterior (veja figura (2.1) para uma vis˜ao do modelo).

(29)

Essa sequˆencia tem expoente de flutua¸c˜aoω = −1 (ver se¸c˜ao2.3) e o modelo de Ising puro, na aproxima¸c˜ao de campo m´edio, tem o expoente do comprimento de correla¸c˜ao ν= 12 (ver subse¸c˜ao 1.4.2). Portanto, usando o crit´erio acima, Φ = 0 e estamos tratando um caso marginal.

Figura 2.1: Exemplo de intera¸c˜ao aperi´odica entre camadas. Cada coluna representa, na verdade, um plano, no qual todas as intera¸c˜oes s˜ao iguais e tˆem o mesmo valor das intera¸c˜oes seguintes ao plano.

2.2 Sequˆencia de Fibonacci

As sequˆencias aperi´odicas s˜ao obtidas a partir de certas regras, chamadas regras de substitui¸c˜ao, tal que nunca apresentam um per´ıodo que possa ser reproduzido de forma a gerar tais sequˆencias. A sequˆencia de Fibonacci, em particular, ´e obtida atrav´es da seguinte regra de substitui¸c˜ao:

(

S(A) → AB S(B) → A

na qual S(A) significa que substitu´ımos a letra A pelas letras AB e S(B) significa que substitu´ımos a letra B pela letra A. Assim, a sucessiva aplica¸c˜ao dessa regra nos leva `a constru¸c˜ao da sequˆencia de Fibonacci. Come¸cando pela letra A, obtemos:

S(0)(A) = A S(1)(A) = AB S(2)(A) = ABA S(3)(A) = ABAAB S(4)(A) = ABAABABA ...

(30)

substitui¸c˜ao por uma matriz, M, definida como: M≡ 1 1 1 0 ! (2.10) tal que M A 0 ! ≡ A B ! . (2.11)

Se nossa sequˆencia come¸casse com a letra B ter´ıamos:

M 0 B ! ≡ A 0 ! . (2.12)

Note que, nas equa¸c˜oes2.11 e2.12, a aplica¸c˜ao da matriz M ´e definida, de modo que n˜ao representa uma multiplica¸c˜ao entre matrizes. Sendo assim, come¸cando novamente pela letra A, a sucessiva aplica¸c˜ao da matriz M fica:

M2 A 0 ! = M M A 0 !! = M A B ! = A+ B A ! M3 A 0 ! = M M2 A 0 !! = M A+ B A ! = 2A+ B A+ B ! M4 A 0 ! = M M3 A 0 !! = M 2A+ B A+ B ! = 3A+ 2B 2A+ B ! ...

Se levarmos em conta somente o n´umero de letras A e B, essas sucessivas aplica¸c˜oes da matriz M podem ser escritas na forma generalizada:

M(i) N (0) A NB(0) ! = N (i−1) A + N (i−1) B NA(i−2)+ NB(i−2) ! , i > 2 (2.13)

sendo NA(n) o n´umero de letras A na sequˆencia formada em S(n)(A) e NB(n) o n´umero de letras B. Se observarmos ainda que

M2 N (0) A NB(0) ! = N (1) A + N (1) B NA(0)+ NB(0) ! = 2 1 ! = N (2) A NB(2) !

(31)

M3 N (0) A NB(0) ! = N (2) A + N (2) B NA(1)+ NB(1) ! = 3 2 ! = N (3) A NB(3) ! M4 N (0) A NB(0) ! = N (3) A + N (3) B NA(2)+ NB(2) ! = 5 3 ! = N (4) A NB(4) ! ...

ent˜ao podemos reescrever as sucessivas aplica¸c˜oes da matriz M na forma:

Mk N (0) A NB(0) ! = N (k) A NB(k) ! (2.14) O vetor N (0) A NB(0) !

≡ −→v pode ser escrito em termos dos auto-vetores da matriz M, −u1 e

u2, tais que:

M−→u1=λ1−→u1 e M−→u2=λ2−→u2, (2.15)

com λ1>λ2 por hip´otese. Sendo assim, o vetor −→v escrito nessa base fica

v = c1−→u1+ c2−→u2. (2.16) Aplicando a matriz M a esse vetor temos

M−→v = c1M−→u1+ c2M−→u2 = c1λ1−→u1+ c2λ2−→u2 (2.17)

e quando aplicada k vezes teremos

Mk−→v1kc1−→u1+λ2kc2−→u2. (2.18)

Se compararmos a equa¸c˜ao acima com a equa¸c˜ao (2.14) podemos concluir que

λk 1c1−→u1+λ2kc2−→u2= NA(k) NB(k) ! . (2.19)

Podemos decompor os vetores −→u1 e −→u2 em componentes dos vetores de base da matriz

(32)

− →u1 u11 u12 ! ; −→u2≡ u21 u22 ! , (2.20)

ent˜ao a equa¸c˜ao (2.19) pode ser reescrita como:

λk 1c1 u11 u12 ! +λ2kc2 u21 u22 ! = N (k) A NB(k) ! , (2.21)

de onde conclui-se que

NA(k)=λ1kc1u11+λ2kc2u21 (2.22)

NB(k)1kc1u12+λ2kc2u22. (2.23)

A partir disso, podemos definir o n´umero total de letras depois de k substitui¸c˜oes

N(k) ≡ NA(k)+ NB(k) = λk 1c1u11+λ2kc2u21+λ1kc1u12+λ2kc2u22, (2.24) ou N(k)1kc1(u11+ u12) +λ2kc2(u21+ u22). (2.25)

Com isso, podemos obter a fra¸c˜ao de letras A depois de k substitui¸c˜oes

NA(k) N(k) = λk 1c1u11+λ2kc2u21 λk 1c1(u11+ u12) +λ2kc2(u21+ u22) , (2.26) e a fra¸c˜ao de letras B NB(k) N(k) = λk 1c1u12+λ2kc2u22 λk 1c1(u11+ u12) +λ2kc2(u21+ u22) . (2.27)

Facilmente, observa-se que, ap´os infinitas substitui¸c˜oes, apenas os termos contendo o maior dos auto-valores predominam. Nesse regime as fra¸c˜oes de letras A e B tornam-se as probabilidades pA e pB, respectivamente, dadas por

pA=

u11

(u11+ u12)

(2.28) e

(33)

pB =

u12

(u11+ u12)

, (2.29)

sendo u11 e u12 as componentes do auto-vetor associado ao maior auto-valor.

Para a sequˆencia de Fibonacci, esse auto-vetor ´e dado por:

− →u1=   2 √ 5−1 1   (2.30) de modo que pA= 2 √ 5+ 1 = 1 τ (2.31) e pB= √ 5− 1 √ 5+ 1 = 1 − 1 τ, (2.32)

sendoτ √52+1, conhecido como n´umero ´aureo. 2.3 Expoente de flutua¸c˜ao

A flutua¸c˜ao de uma sequˆencia aperi´odica traduz o comportamento da quantidade de um elemento em uma sequˆencia finita, em torno de sua fra¸c˜ao para uma sequˆencia infinita multiplicada pelo comprimento da sequˆencia finita. Podemos definir a flutua¸c˜ao de um elemento qualquer da sequˆencia, por exemplo o n´umero de letras A, passadas k aplica¸c˜oes da matriz de substitui¸c˜ao como:

gAN (k) A − pAN (k) . (2.33)

Se tratando de uma sequˆencia constitu´ıda por dois elementos, aqui definidos como A e B, podemos escrever a equa¸c˜ao acima em termos dos auto-valores e auto-vetores (2.22, 2.25, 2.28) da matriz de substitui¸c˜ao: gA = λ1kc1u112kc2u21u11 u11+u12  λk 1c1(u11+ u12) +λ2kc2(u21+ u22)  = λ k 1c1u11+λ2kc2u21−λ1kc1u11−λ2kc2u11 (u21+u22) (u11+u12) , (2.34) ou ainda

(34)

gA= λ k 2c2  u21− u11 (u21+ u22) (u11+ u12)  . (2.35)

Analogamente, ´e f´acil obter a flutua¸c˜ao de letras B:

gB= λ k 2c2  u22− u12 (u21+ u22) (u11+ u12)  . (2.36)

Podemos agora tomar o logaritmo natural da flutua¸c˜ao gA, dada pela equa¸c˜ao (2.35):

ln(gA) = k ln |λ2| + ln c2  u21− u11 (u21+ u22) (u11+ u12)  (2.37)

e ent˜ao, se formos ao limite de k →∞, a equa¸c˜ao anterior resume-se a

ln(gA) ∼ k ln|λ2|. (2.38)

Por outro lado, ´e f´acil perceber que o n´umero total de letras, no limite k →∞, torna-se (veja equa¸c˜ao (2.25)):

N(k)λ1k (2.39)

e novamente, tomando o logaritmo natural temos:

ln(N(k)) ∼ k ln(λ1). (2.40)

Podemos agora fazer a raz˜ao entre as equa¸c˜oes (2.38) e (2.40):

ln(gA) ∼ ln|λ2| ln(λ1) ln N(k), (2.41) ou ainda, se definirmos ω ≡lnln(λ2| 1) , (2.42)

finalmente temos a express˜ao para a flutua¸c˜ao, no limite de uma sequˆencia infinita

gA∼ Nω, (2.43)

na qual ω ´e o expoente de flutua¸c˜ao. Facilmente pode-se verificar, fazendo um c´alculo an´alogo a esse para a flutua¸c˜ao de letras B, gB, que esse expoente ´e ´unico, ou seja, independe da letra que estamos tratando, portanto, ele ´e caracter´ıstico de cada sequˆencia. Para a sequˆencia de Fibonacci:

(35)

λ1=τ e λ2= −

1

τ, (2.44)

com τ= √52+1. Portanto,

(36)

O primeiro passo para calcularmos os expoentes cr´ıticos foi encontrar a magnetiza-¸c˜ao do sistema, a partir do hamiltoniano de Ising, usando a aproximamagnetiza-¸c˜ao de campo m´edio. Essa aproxima¸c˜ao substitui todos os efeitos magn´eticos, que um spin sente devido `a todos os outros spins, por um campo magn´etico efetivo. Disso, decorre que a magnetiza¸c˜ao por spin ´e escrita como uma fun¸c˜ao do tipo tangente hiperb´olica (ver se¸c˜ao 1.4), com um argumento que depende das intera¸c˜oes com seus vizinhos e da pr´opria magnetiza-¸c˜ao. Neste cap´ıtulo, veremos como resolver esse sistema incluindo intera¸c˜oes moduladas aperiodicamente. Tamb´em discutiremos como obtivemos a temperatura cr´ıtica desse sis-tema aperi´odico, pois ela ser´a de suma importˆancia para obtermos os expoentes cr´ıticos com uma boa precis˜ao. Usaremos a sequˆencia de Fibonacci como modula¸c˜ao aperi´odica. Foi visto na se¸c˜ao 2.1 que essa sequˆencia, em nosso caso, ´e classificada como marginal. Portanto, espera-se que os expoentes cr´ıticos dependam continuamente da raz˜ao entre as diferentes intera¸c˜oes.

3.1 Magnetiza¸c˜ao por camada

A hamiltoniana do nosso sistema ´e dada pela equa¸c˜ao (1.52) e, portanto, a magne-tiza¸c˜ao m´edia por spin tem a forma da equa¸c˜ao (1.56), seja ela:

mi= tgh " βT

j Ji jmj+ H !# , (3.1)

Diferentemente do que se ve no modelo de Ising puro, no qual todas as intera¸c˜oes de um s´ıtio com seus vizinhos s˜ao iguais, em nosso modelo de camadas as intera¸c˜oes dependem da camada em que o s´ıtio est´a localizado. Assim, definimos que um s´ıtio pertencente `a camada i, por exemplo, tem intera¸c˜ao Ji com cada vizinho pertencente `a mesma camada que a sua, tem intera¸c˜ao Ji+1 com o vizinho da camada seguinte e tem intera¸c˜ao Ji−1 com

(37)

Figura 3.1: Modelo de Ising em camadas. As intera¸c˜oes s˜ao as mesmas entre spins per-tencentes `a mesma camada.

Definimos nosso modelo contendo apenas duas intera¸c˜oes distintas, de modo que as intera¸c˜oes existentes s˜ao Ji, Ji+1 ≡ Ji e Ji−1. Essas intera¸c˜oes est˜ao esquematizadas na

figura abaixo:

Figura 3.2: Modelo de Ising em camadas, com duas intera¸c˜oes distintas.

Por outro lado, dado um s´ıtio que pertence `a camada i, com magnetiza¸c˜ao mi, as magnetiza¸c˜oes por spin dos s´ıtios pertencentes `as camadas vizinhas assumem os valores

mi+1, para a camada seguinte, e mi−1, para a camada anterior. Com essas defini¸c˜oes,

podemos escrever a soma dos termos Ji jmj de um s´ıtio (ver equa¸c˜ao (3.1)), pertencente `a camada i, com seus primeiros vizinhos j como:

j

Ji jmi= Ji−1mi−1+ Jimi(z − 2) + Jimi+1. (3.2)

E, finalmente, a magnetiza¸c˜ao por camada do modelo de Ising, dentro da aproxima-¸c˜ao de campo m´edio, com diferentes intera¸c˜oes entre camadas ´e dada por:

(38)

mi= tgh{βT[H + Ji−1mi−1+ Jimi(z − 2) + Jimi+1]}, i= 1, ..., N (3.3)

sendo N o n´umero de camadas e z o n´umero de coordena¸c˜ao da rede. Por fim, intro-duzimos a aperiodicidade no sistema de equa¸c˜oes acima atrav´es das intera¸c˜oes; elas s˜ao ordenadas conforme a sequˆencia aperi´odica, sendo que a letra A da sequˆencia representa uma intera¸c˜ao JA e a letra B representa uma intera¸c˜ao JB (ver figura (2.1)). Na sequˆencia de Fibonacci, por exemplo, come¸cando pela letra A, as intera¸c˜oes se ordenam de forma que J1= JA J2= JB J3= JA J4= JA J5= JB ...

sendo que para as intera¸c˜oes da borda usamos condi¸c˜oes de contorno livres, ou seja,

m0= mN+1= 0. Neste ponto, ´e importante definirmos a raz˜ao entre as intera¸c˜oes:

r JB JA

. (3.4)

3.2 Temperatura cr´ıtica

Em um sistema magn´etico onde ocorre uma transi¸c˜ao de fase cont´ınua, a magneti-za¸c˜ao do sistema vai a zero na temperatura cr´ıtica e l´a se mant´em para qualquer tem-peratura maior que essa (ver cap´ıtulo 1.2). Aproveitando-se desse comportamento onde, pr´oximo `a transi¸c˜ao, a magnetiza¸c˜ao ´e pequena pode-se notar que, resolvendo o sistema (3.3), a campo nulo (H = 0), a magnetiza¸c˜ao de cada camada individualmente tamb´em ´e pequena. Por isso, para temperaturas suficientemente pr´oximas de Tc, podemos tomar apenas o termo de primeira ordem da expans˜ao da tangente hiperb´olica, em cada equa¸c˜ao do sistema. Sabendo que tgh(x) = x −13x

3+ 2

15x 5

− ... ≃ x, o sistema (3.3) fica apenas

(39)

Podemos reescrever o sistema de equa¸c˜oes acima, explicitando as magnetiza¸c˜oes, como: 0 + m1[K1(z − 2) − 1] + m2K1 = 0 m1K1 + m2[K2(z − 2) − 1] + m3K2 = 0 m2K2 + m3[K3(z − 2) − 1] + m4K3 = 0 ... mN−1KN−1 + mN[KN(z − 2) − 1] + 0 = 0 (3.6)

no qual definimos Ki≡βTJie usamos condi¸c˜oes de contorno livres. E agora, fica claro que o sistema (3.6) pode ser escrito na forma matricial:

          ˜ K1 K1 0 0 ··· 0 K1 K˜2 K2 0 ··· 0 0 K2 K˜3 K3 ··· 0 ... 0 0 0 ··· KN−1 K˜N                     m1 m2 m3 ... mN           = 0 (3.7)

sendo ˜Ki≡ Ki(z − 2) − 1. E assim chegamos a uma equa¸c˜ao do tipo:

K . −→m = 0, (3.8) com K≡           ˜ K1 K1 0 0 ··· 0 K1 K˜2 K2 0 ··· 0 0 K2 K˜3 K3 ··· 0 .. . 0 0 0 ··· KN−1 K˜N           (3.9) e − →m           m1 m2 m3 .. . mN           . (3.10)

(40)

Para chegarmos `a solu¸c˜ao do sistema ( 3.8 ) observamos que, se existir a matriz inversa de K, seja ela K−1, ent˜ao o vetor −→m ´e obrigatoriamente nulo:

K−1K . −→m = K−10

I . −→m = 0 ⇒ −→m = 0,

sendo I a matriz identidade. O fato da magnetiza¸c˜ao do sistema ser diferente de zero para temperaturas abaixo da temperatura cr´ıtica (ver fig. (1.2)), implica em uma matriz K n˜ao invert´ıvel, i.e., det(K) = 0. J´a o contr´ario, para temperaturas acima da temperatura cr´ıtica, a magnetiza¸c˜ao deve ser nula, havendo assim uma matriz inversa de K, ou seja,

det(K) 6= 0. Podemos ent˜ao obter a temperatura cr´ıtica variando a temperatura do sistema

at´e encontrarmos o ponto no qual a matriz K deixa de ser, ou passa a ser, invert´ıvel. Prontos para calcular a temperatura cr´ıtica, nosso passo seguinte foi encontrar o de-terminante de K para um valor de temperatura, onde garantimos que estamos pr´oximos, por´em acima, da temperatura cr´ıtica. Feito isso, continuamos calculando esse determi-nante para temperaturas cada vez menores, at´e encontrarmos uma temperatura na qual o determinante seja zero, ou melhor, uma temperatura na qual o determinante “cruza o zero”. Esse determinante n˜ao se torna zero para qualquer temperatura T < Tc, pois a equa¸c˜ao matricial (3.8) ´e v´alida somente para temperaturas muito pr´oximas `a tempera-tura cr´ıtica. E o que acontece ´e que, para temperatempera-turas mais afastadas, esse determinante varia em torno de zero. Por exemplo, as figuras (3.3) e (3.4) mostram esse comporta-mento para um sistema homogˆeneo, r = 1, e outro com modula¸c˜ao aperi´odica, r = 0, 5, respectivamente.

Dizemos ent˜ao, que a temperatura pseudo-cr´ıtica de um sistema de comprimento linear L, definida como Tc(L), ´e a temperatura na qual o determinante de K “cruza o zero” pela primeira vez, partindo de uma temperatura acima da temperatura cr´ıtica. Para calcular esse determinante, primeiro encontramos os auto-valores da matriz K, de modo que o determinante ´e dado pela multiplica¸c˜ao desses elementos. Para o c´alculo dos auto-valores usamos o algoritmo do livro “Numerical Recipes in C” chamado tqli() [29, 30]. Uma vez encontrada a temperatura Tc(L) usamos o m´etodo da bisse¸c˜ao para melhorar a precis˜ao dessa grandeza.

Antes de aplicarmos o m´etodo da bisse¸c˜ao, vale notar que, dado um intervalo de temperaturas em torno da temperatura pseudo-cr´ıtica, precisamos garantir que nesse in-tervalo existe apenas uma raiz. Como bem podemos perceber nas figuras (3.3) e (3.4)

(41)

existem v´arias ra´ızes. Conforme aumentamos o tamanho do sistema essa oscila¸c˜ao muda de comportamento, de forma que as ra´ızes ficam cada vez mais pr´oximas e portanto, mais dif´ıcil de encontrar a primeira raiz isoladamente. Como garantia que est´avamos tomando a raiz correta, primeiro faz´ıamos uma estimativa de onde ela estava e depois, baseado na varia¸c˜ao de temperatura at´e a pr´oxima raiz, fizemos uma varredura para um intervalo de temperaturas anteriores `a temperatura pseudo-cr´ıtica encontrada. O intervalo usado foi tipicamente trˆes vezes maior que o intervalo de temperatura entre a primeira e a se-gunda raiz encontrada e nesse intervalo fizemos o c´alculo para mil valores diferentes de temperatura.

Outra peculiaridade desse problema ´e que no c´alculo do determinante, quando mul-tiplicamos os auto-valores da matriz K, para matrizes grandes, esse valor extrapola o limite aceit´avel para a vari´avel do tipo “double” usada em linguagens de programa¸c˜ao. Para contornar o problema, notamos que estamos interessados apenas em quando o deter-minante “cruza” o eixo zero, ou seja, quando ele troca de sinal. Ent˜ao, passamos a olhar apenas para o sinal do determinante, dado pela multiplica¸c˜ao dos sinais dos auto-valores. Notamos que o c´alculo dos expoentes cr´ıticos ´e bastante sens´ıvel quanto `a incerteza na temperatura cr´ıtica e por isso, resolvemos obtˆe-las com mais de oito casas decimais. Para o c´alculo das temperaturas pseudo-cr´ıticas, decidimos usar o n´umero de coordena¸c˜ao

z= 6 (correspondente a trˆes dimens˜oes, d = 3, em uma rede hiperc´ubica, onde z = 2d) e calcular os valores de Tc(L) at´e L = 196418, onde L sempre coincide com um n´umero de Fibonacci, pois dessa forma evidenciamos o comportamento aperi´odico do sistema.

−1e−25 −5e−26 0 5e−26 1e−25 5.6 5.7 5.8 5.9 6 det(K) kT/J

Figura 3.3: Modelo de Ising puro, r = 1, 0, com o sistema de comprimento linear L = 34 eumero de coordena¸c˜ao z = 6. A temperatura pseudo-cr´ıtica obtida para esse sistema foi

(42)

−4e−26 −2e−26 0 2e−26 4e−26 5.16 5.2 5.24 5.28 5.32 det(K) kT/JA

Figura 3.4: Modelo de Ising aperi´odico, r = 0, 5, com o sistema de comprimento linear

L= 34 e n´umero de coordena¸c˜ao z = 6. A temperatura pseudo-cr´ıtica obtida para esse sistema foi Tc= 5, 291608377098458(3).

3.2.2 Extrapola¸c˜ao BST

Para calcularmos a temperatura cr´ıtica real ter´ıamos que saber a solu¸c˜ao do sis-tema infinito (3.8). Obviamente, n˜ao podemos resolvˆe-lo dessa forma; por´em, a partir das temperaturas pseudo-cr´ıticas obtidas, conseguimos obter o valor extrapolado para a tem-peratura cr´ıtica real, Tc≡ Tc(∞). Essa extrapola¸c˜ao foi feita atrav´es do m´etodo conhecido como BST (devido a Bulirsch e Stoer [31]). De um modo geral, esse m´etodo consiste na aplica¸c˜ao de um algoritmo usado para obter a convergˆencia, F, de fun¸c˜oes do tipo:

F(hN) = F + g1hNω1+ g2hωN2+ . . . , (3.11)

na qual hN deve ser uma sequˆencia qualquer que converge para zero quando N →∞ e

N pode inclusive assumir valores n˜ao-inteiros. E ainda, ω1,ω2, g1 e g2 s˜ao parˆametros a

serem ajustados por esse m´etodo.

Se identificarmos hN como 1/L, F(hN) como Tc(L) e F como Tc ent˜ao a equa¸c˜ao (3.11) torna-se

Tc(L) = Tc+ g1L−ω1+ g2L−ω2+ . . . , (3.12)

e agora L assume os valores da sequˆencia de Fibonacci, 3, 5, 8, 13, 21, 34, . . .. Sendo assim, estamos aptos a usar esse m´etodo observando que L →implica em Tc(L) → Tc. Dessa forma, obtivemos o valor real da temperatura cr´ıtica, Tc, para um valor de r previamente fixado. Al´em do caso puro, r = 1, fizemos esse c´alculo para outros quatro valores de r.

(43)

Segue abaixo uma tabela com os resultados: r kBTc/JA 0, 5 5.293976885866227(95) 0, 7 5.48015869027470(51) 1, 0 6.000000000000038(64) 1, 3 6.8300746634876(33) 1, 5 7.49926993983266(27)

Tabela 3.1: Temperatura cr´ıtica em fun¸c˜ao da raz˜ao entre as diferentes intera¸c˜oes. Podemos observar que para o caso puro, r = 1, a temperatura concorda muito bem com o resultado anal´ıtico de campo m´edio, seja ele kBTCM

JA = z, uma vez que usamos z = 6 (ver se¸c˜ao 1.4).

Esse resultado pode ser comparado com os valores obtidos por Igl´oi [27], ver a figura (3.5). Para isso, precisamos definir a temperatura cr´ıtica do caso homogˆeneo

Tc0 z ¯J kB (3.13) sendo ¯J≡ JA(pA+ rpB) e r = JJBA. 1 1.02 1.04 1.06 1.08 1.1 1.12 1.14 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 Tc /Tc 0 r = JB/JA Nossos resultados Igloi

Figura 3.5: Compara¸c˜ao da temperatura cr´ıtica obtida, com o resultado obtido por Igl´oi [27].

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