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O IMPACTO DA CIRURGIA PLÁSTICA NA AUTOESTIMA DE MULHERES DE UBERLÂNDIA, MG

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[a] Graduandos em Psicologia pelo Centro Universitário do Triângulo – UNITRI

[b] Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU, professora do Curso de Psicologia – UNITRI [c] Mestre em Educação pelo Centro Universitário do Triângulo – UNITRI, professora do Curso de Psicologia – UNITRI

O IMPACTO DA CIRURGIA PLÁSTICA NA AUTOESTIMA DE MULHERES DE UBERLÂNDIA, MG.

The IMPACT PLASTIC SURGERY IN UBERLÂNDIA WOMEN self-esteem , MG .

RESUMO

Este estudo qualitativo/quantitativo objetivou investigar o impacto da cirurgia plástica na autoestima de mulheres de Uberlândia, MG. A cirurgia plástica estética é realizada pelo paciente com o objetivo de realizar melhorias à sua aparência, com a intenção de ressaltar ou melhorar aspectos físicos que lhe causem desconforto, relacionando-se à autoestima a qual pode ser definida como o apreço e a consideração que uma pessoa sente por si própria. Participaram da pesquisa 30 pessoas do sexo feminino entre 21 e 40 anos, que foram submetidas à cirurgia. Os instrumentos utilizados na pesquisa foram Questionário e Entrevista Estruturada. Os resultados indicaram que a cirurgia plástica influencia nas relaçoes sociais, afetivas e na forma que as mulheres se posicionam no mundo. Faz-se necessário um maior estudo acerca do tema autoestima e cirurgia plástica tendo em vista a dificuldade de materiais acadêmicos disponíveis, e também a importância do acompanhamento psicológico no processo pré e pós cirurgico, já quê o mesmo irá influenciar em vários aspectos da vida do sujeito.

Palavras-Chave: Cirurgia Plástica, Autoestima, Mulheres. Abstract

This qualitative / quantitative study aimed to investigate the impact of plastic surgery in the self-esteem of women of Uberlândia, MG. The aesthetic plastic surgery is performed by the patient in order to make improvements to their appearance, with the intention to stress or improve physical aspects that will cause you discomfort, relating to self-esteem can be defined as the appreciation and consideration that a person feels itself. The participants were 30 females between 21 and 40 years, who underwent surgery. The instruments used in the research were questionnaire and Structured Interview. The results indicated that plastic surgery influence on social relations, and affective way that women position themselves in the world. It is necessary to further study of the self-esteem and plastic surgery issue in view of

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the difficulty of scholarly materials available, and also the importance of counseling before and surgical post, cited what it will influence in various aspects of life subject.

Keywords: Plastic , Self-Esteem , Women . INTRODUÇÃO

Este estudo objetivou investigar o impacto da cirurgia plástica na autoestima de mulheres. Para a pesquisa buscamos levantar três hipóteses abordando se houve uma melhora no nível da autoestima, se ocorreram melhoras na relação afetiva com seus parceiros e se ocorreram alterações no âmbito profissional, nas relações afetivas ou nas relações de amizade com uma maior disposição para conhecer novas pessoas.

Este artigo possuiu relevância, pois ao investigar o impacto da cirurgia plástica em mulheres, possibilitou compreender a importância que atualmente é atribuída à imagem corporal para a identidade pessoal e, consequentemente, para a autoestima.

Para as pesquisadoras a realização desta pesquisa propiciou a ampliação dos conhecimentos sobre a autoestima, como a aparência física interferiu nas relações sociais e como a construção social também tem seu papel nesse processo, além do desenvolvimento do espírito investigativo e de conhecer as etapas que compõem uma investigação científica.

Para entender as mudanças históricas que possam influenciar esse processo de cirurgias plásticas em mulheres, analisamos historicamente as mudanças, lutas e os objetivos da mulher desde o ano 60 marcado pelo auge da voz feminina no espaço social, pode-se observar como se construiu a mulher contemporânea (OLIVEIRA, 2010).

Através de uma linha histórica observam-se as transformações que as mulheres tiveram, iniciando pelo Renascimento, período em que a mulher era um ser inferior ao homem. Bispos e teólogos defenderam que a mulher é "naturalmente" inferior ao homem, destinada a obedecer-lhe, por isso, não podia exercer funções de poder, como o sacerdócio (BETTO, 2001).

Na Itália do século 17, três intelectuais de Veneza despontaram como precursoras do feminismo: Lucrécia Marinelli, Moderata Fonte e Arcângela Tarabotti. A primeira escreveu, em 1601, "La nobilità e l¹eccelenza delle donne" (A nobreza e a excelência da mulher), no qual defendeu a igualdade fundamental dos dois sexos, ressaltando o papel da mulher na história da civilização (BETTO,2001).

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Moderata Fonte publicou, em 1600, "Merito delle donne" (Valor da mulher), em que retratou as donas-de-casa de sua época, que viviam "como animais encurralados entre paredes", dizia uma personagem desiludida com o casamento, e a sonhada liberdade evaporara para dar lugar a "um odioso guardião" (BETTO, 2001).

Desprovida de recursos e instrução, a mulher sujeitava-se ao poder masculino. No Iluminismo havia um projeto de melhorar o ser humano através da cultura que favoreceu, no século 18, o acesso da mulher à escola. Em Pádua, na Itália, em 1723, discutia-se se as mulheres deveriam ser admitidas no estudo das ciências e das artes nobres. Aos poucos, as portas da instrução se abriram a elas (BETTO, 2001).

A Revolução Francesa é considerada, por muitos, o berço do feminismo moderno. Em 1791, Olímpia de Gouges lançou a "Declaração dos direitos da mulher e da cidadã", e neste momento proclamou que a mulher possui direitos naturais como o homem, e deve participar do poder legislativo. A obra incluía um "Contrato social" entre os sexos (BETTO, 2001).

Ao crepúsculo do século 19, o feminismo despontou na Inglaterra como movimento de emancipação, reivindicando igualdade jurídica, como direito ao voto, e acesso à instrução e às profissões liberais. A sociedade se vangloriava de ser liberal, mas a posição da mulher ainda era sem espaço independente e limitado, como o não direito ao voto, a livre escolha de querer ser mãe ou não, ou seja, privando-a dos direitos de cidadania (BETTO, 2001).

O movimento feminista evidenciou as profundas raízes da opressão feminina, analisando o desenvolvimento psicológico da mulher e as condições sociais as quais as tornaram submissa e alienadas ao homem. A partir dessas novas ideias, o movimento feminista alastrou-se pelo mundo. Sutiãs foram queimados nas ruas; a libertação sexual tornou-se um fato político; as palavras de ordem se multiplicaram: "Nosso corpo nos pertence!" "Direito ao prazer!" "O privado também é político!" "Diferentes, mas não desiguais!". O modelo tradicional do ser mulher entrou em crise e um novo perfil feminino começou a se esboçar (OLIVEIRA, 2010).

Após esse repasse histórico, e observando o espaço da mulher hoje, onde as diferenças com o sexo oposto ainda existe, porém em menor intensidade, pode-se notar o quanto a mulher conquistou seu espaço, seus direitos e sua independência. No entanto referente à questão do aumento das cirurgias plásticas onde a maioria que faz esse procedimento é do sexo feminino, deve-se refletir sobre qual é o espaço que essa “nova mulher” está inserida. A imagem do feminino passa por uma crise ou uma construção na atual sociedade? (OLIVEIRA, 2010).

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Em tempos passados havia uma dissociação entre os termos estética e beleza, a estética estava relacionada com as produções humanas como obras de arte, já o belo estava ligado à noção do bem (acerca do divino). Com o decorrer do tempo os dois termos se relacionaram e hoje conceituamos estética como o estudo da beleza ou “ciência do belo” (OLIVEIRA, 2010).

Aparentemente, hoje, o que a mulher busca não é mais o seu lugar ao mesmo nível do homem na sociedade, pode ser uma busca de uma identidade ou uma imagem que ficou no passado e que hoje não é reconhecida. Será esse o impulso para o avanço nas estatísticas de procedimentos cirúrgicos estéticos realizados em mulheres? (VIEIRA, 2005).

Júnior e Francisco (1991) destacam que a beleza está relacionada com a forma que nos relacionamos com o mundo, por isso, ao observar um objeto cada pessoa irá experienciar algo diferente, o que é belo para um pode não ser para o outro, dependendo assim do que cada indivíduo vivencia em seu âmbito cultural e social.

A procura por cirurgias plásticas tem aumentado gradativamente por vários fatores, um deles é a mídia, em que muitas vezes para se sentirem aceitas no meio social as pessoas precisam estar de acordo com os padrões de beleza ditados e exigidos pela sociedade. Esta, leva as pessoas a procurarem por cirurgias, produtos de beleza, academias, fármacos, etc. Sendo assim a população tem se submetido a inúmeras cirurgias plásticas, buscando uma saída para a insatisfação e o desequilíbrio da conexão corpo e mente. O belo é um importante elemento que contribui para melhora das relações interpessoais, maior aceitação do self e também da autoestima.

A autoestima pode ser definida como o sentimento, o apreço e a consideração que uma pessoa sente por si própria, ou seja, o quanto ela gosta de si, como ela se vê e o que pensa sobre ela mesma (CARDOSO, 2006).

A autoestima é um importante elemento que faz parte da construção do eu, da satisfação com o corpo, com a autoimagem, e a necessidade de aprovação do meio social. O meio intrínseco e extrínseco são fatores que contribuem ou não, para a autoestima dos sujeitos em geral. Enquanto o meio intrínseco está relacionado com aquilo que o indivíduo pensa sobre si e acredita em suas potencialidades, o meio extrínseco é justamente o contrário mostra pessoas que são mais direcionadas para julgamentos externos.

Algumas deformidades podem surgir de maneira súbita, como traumatismos ou de forma lenta e progressiva no desenvolvimento biológico, constituindo traços fisionômicos particulares de uma pessoa, como mamas, rugas faciais, gorduras localizadas, entre outros. Essas situações levam à busca de reparação por meio da cirurgia plástica (CARDOSO, 2006).

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O processo cirúrgico pode ser utilizado para reparar partes do corpo seja por questões de deformidades traumáticas ou meramente estéticas. A cirurgia plástica estética é aquela realizada pelo paciente com o objetivo de realizar melhorias à sua aparência, não necessariamente com a finalidade de reparar lesões, mas sim com a intenção de ressaltar ou melhorar aspectos físicos que lhe causem desconforto.

Cardoso (2006) afirma que nenhuma intervenção plástica é perfeita e não possuem resultados 100% exatos, porém seus benefícios devem ser ressaltados, sobretudo para aqueles indivíduos que tem por motivação alterarem positivamente a sua autoimagem e autoestima.

Todas as mulheres entrevistadas tinham idade variando de 21 a 40 anos, o que corresponde à fase jovem adulto. Baseando-se na cultura ocidental, é nessa etapa que a maioria das pessoas deixa a casa dos pais, assume o seu primeiro trabalho, casa-se ou estabelece outros relacionamentos importantes, tem e cria filhos. Frequentemente são decisões que vão afetar o resto de suas vidas: sua saúde, sua felicidade e seu sucesso profissional (PAPALIA, OLDS, FELDEMAN, 2006).

Segundo Papalia & Olds (2006) Todos os aspectos do desenvolvimento físico,

cognitivo e psicossocial estão interligados. Na fase adulta o desenvolvimento físico está pronto fisicamente e sexualmente, ápice da atividade reprodutiva e sexual, e o interesse sexual aumenta no homem no início dessa faixa etária e na mulher se acentua no final da mesma.

Já o desenvolvimento cognitivo nessa fase, tem estendida a habilidade em lidar com

mais e mais objetos no nível operatório formal (raciocínio lógico), a habilidade da fala e escrita fica mais aperfeiçoada e formal, os objetivos educacionais são completados (PAPALIA, OLDS, FELDEMAN, 2006).

Enfim no desenvolvimento psicossocial, ocorre à formalização dos valores pessoais do adulto, e seus objetivos, relacionados à carreira profissional, família, casamento e filhos. A busca por uma realização social e afetiva se intensifica, e o significado das relações fica cada vez mais claro e objetivo (PAPALIA, OLDS, FELDEMAN, 2006).

Vimos que na fase adulta então, todos os aspectos físicos, cognitivos e psicossociais estão desenvolvidos e interligados. Podemos pensar a cirurgia plástica como um complemento ou uma correção da imperfeição que algumas mulheres buscam que não foi concluído ou não foi satisfatório nessa fase do desenvolvimento.

Para Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a cirurgia estética é uma forma de obter saúde e bem-estar. Mas temos acompanhado pela mídia o crescente e alarmante dado do crescimento destas, não só em nosso país bem como também em nosso município de Uberlândia.

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Se conduzíssemos a teoria da castração de Sigmund Freud, para o contexto da compulsão por cirurgias plásticas, exclamaríamos que é na experiência da castração que o sujeito identifica o valor da angústia, a realidade de estar no tempo e vivenciar as perdas advindas deste fato (MAGALHÃES, CARNEIRO, 2011).

A consciência da história nos seres humanos antecede a ilusão de autoridade e soberania. Com a castração o indivíduo terá que aceitar que o universo é composto de perdas, e que o corpo tem limites (MAGALHÃES, CARNEIRO, 2011).

A busca pela perfeição é o que leva milhões de brasileiros a recorrer às cirurgias plásticas todos os dias. O número de cirurgias plásticas no Brasil teve um aumento de 120% nos anos de 2009 e 2012, e no ano de 2013 foram 1,5 milhão. Em relação aos processos cirúrgicos realizados, o país alcançou o primeiro lugar do ranking internacional. Por mais que as cirurgias estéticas ainda são as mais procuradas, as cirurgias reparadoras começaram a surgir nas estatísticas (GONÇALVES, 2013).

Foram realizadas 211.108 lipoaspirações, um crescimento de 129% no período de 2009 a 2013, foi o tipo de cirurgia plástica estética mais realizada no Brasil. Crescimento semelhante teve a blefaroplastia, cirurgia para a remoção da pele enrugada e caída das pálpebras do olho, com um crescimento de 120%, ficou com a quarta colocação do ranking brasileiro. A segunda cirurgia estética mais realizada foi o aumento de mamas (148.962) e a terceira foi à abdominoplastia (95.004). Apesar de não ter entrado no ranking das mais realizadas, a cirurgia de colocação de prótese nos glúteos, a gluteoplastia, passou de 5.591 procedimentos para 21.452 nos últimos quatro anos, um crescimento de 367%. Os dados são da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) junto a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC), e outras entidades.

MÉTODO

TIPO DE PESQUISA

O presente estudo é qualitativo/quantitativo, uma vez que, nesse estudo, segundo MINAYO & SANCHES (1993), ambas as modalidades não são consideradas como excludentes, ao contrário, apenas se distinguem por apresentarem funções específicas. É considerada qualitativa, pois, a partir da entrevista estruturada pretendeu-se trabalhar com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões e trazer à luz dados, indicadores e tendências observáveis.

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PARTICIPANTES

A amostra não probabilística por conveniência foi composta por 30 do sexo feminino entre 21 e 40 anos, que tenham se submetido a cirurgia plástica, que residem em Uberlândia-MG e consentiram em participar da pesquisa através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Cada participante foi contatado por e-mail, telefone ou pessoalmente e consentindo em participar da pesquisa foi esclarecido quanto aos objetivos da mesma e agendado dia e local para aplicação dos instrumentos. Na data marcada com o participante, realizou-se a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual precisou ser assinado em duas vias para que o participante ficasse com uma cópia e a aplicação dos instrumentos: questionário sociodemográfico e entrevista estruturada.

INSTRUMENTOS

Foram utilizados, neste estudo, dois instrumentos o questionário sociodemográfico e uma entrevista estruturada.

PROCEDIMENTOS

Para coleta de dados: de acordo com as Normas e Diretrizes Regulamentadoras de Pesquisa com Seres Humanos, Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, após aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa, foi realizado contato com os profissionais de Saúde para serem esclarecidos quanto ao projeto de pesquisa e a relevância social do mesmo, sobre o caráter voluntário de sua participação e garantia de que seus dados individuais serão mantidos em sigilo. Após os participantes realizarem a leitura e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aconteceu a aplicação individual dos instrumentos: Questionário Sociodemográfico e Entrevista Estruturada.

Para análise de dados as respostas dos participantes foram organizadas em categorias e, posteriormente, codificadas numa planilha do SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 15.0, programa por meio do qual foram submetidas a estatísticas descritivas como médias, frequências e desvio padrão.

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RESULTADO

Os resultados indicaram que a cirurgia plástica exerce uma influência na autoestima destas mulheres. A partir da entrevista das 30 participantes confirmaram as hipóteses levantadas, a primeira delas seria que há uma melhora no nível de autoestima. Nos dados levantados vimos que 26 das participantes responderam que após a cirurgia plástica sua autoestima mudou.

A segunda hipótese considerava a questão de que as mulheres que são submetidas às cirurgias plásticas obtêm melhoras nas relações afetivas com seus parceiros, 20 das participantes disseram que obtiveram alteração em suas relações e 10 mencionaram que não possuíram. Isso nos leva a considerar que este procedimento cirúrgico influenciou nas relações afetivas das participantes.

Em relação à terceira hipótese, as mulheres que se submetem às cirurgias plásticas podem apresentar alterações sociais no âmbito profissional, nas relações afetivas ou também nas relações de amizade com uma maior disposição para conhecer novas pessoas. Podemos observar através das falas dos sujeitos, que após o processo cirúrgico houve uma influência positiva em suas relações sociais, podendo ser observado na fala do sujeito seis “Quando você está bem consigo mesma, com a autoestima elevada, isso reflete em tudo na sua vida, os relacionamentos ficam bem melhor, independentemente de ser marido, filhos, amigos, etc., quando você está de bem com a vida, está de bem com todos à sua volta”.

É importante ressaltar a falta de material para pesquisa acerca do assunto cirurgia

plástica e autoestima, há materiais em sites de consultoria cirúrgica com os seus procedimentos, riscos e cirurgiões cadastrados, mas em relação a artigos científicos com pesquisas acadêmicas ainda é pouco estudado a problemática. Seria de grande valia mais estudos nesta área tendo em vista que as cirurgias plásticas têm aumentado cada vez mais na nossa sociedade sendo necessário um maior enfoque.

É importante destacar também a falta de acompanhamento psicológico tanto no pré-operatório como no pós-pré-operatório, já que a imagem corporal possui papel fundamental na vida do sujeito, influenciando nas relações sociais e na subjetividade do mesmo.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

Das participantes, 46,67% têm diferentes profissões como: 1 consultora da Mary Kay; 1 enfermeira; 3 pedagogas; 1 bombeira militar; 1 aposentada; 1 assistente comercial; 1

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nutricionista; 1 assistente administrativo; 1 diarista; 1 empresária; 1 do lar; 1 secretária, 23,33% são estudantes, 20% atuam em telemarketing, 10% na área da estética.

Com relação ao nível de escolaridade verificamos que 36,67% participantes possuem ensino médio completo, 33,33% possuem curso superior incompleto e 30% têm curso superior completo.

Referente ao estado civil, constatamos que 46,67% são mulheres solteiras, 43,33% casadas, 6,67% em união estável (companheira) e 3,33% divorciada. Em relação a questões socioeconômicas identificamos que 70% tem de 4 a 10 salários mínimos como renda familiar, 23,33% de 1 a 3 salários mínimos, 3,33% de 10 a 20 salários mínimos e 3,33% acima de 20 salários mínimos.

A entrevista estruturada foi elaborada pelas pesquisadoras a fim de investigar qual o impacto da cirurgia plástica na autoestima das participantes da pesquisa. Foram propostas 13 perguntas com intuito de abordar desde a tomada de decisão para submeter a um processo cirúrgico e como essas mudanças acompanharam suas relações sociais e o contato com si mesmo.

Na primeira pergunta da entrevista estruturada foi questionado há quanto tempo passou pelo procedimento cirúrgico, 46,67% participantes afirmaram que foi a mais de dois anos, 33,33% disseram ter sido no período de 7 meses a 2 anos e 20% entre 1 a 6 meses.

Quanto à região corporal em que foi realizado o procedimento cirúrgico, 46,67% das participantes afirmaram ter sido no abdômen, 33,33% no estômago e 20% realizaram nas mamas.

Esses resultados confirmam a pesquisa realizada pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) a respeito do número de cirurgia plástica no mundo em 2013, na qual foi constatada que ao todo foram 23 milhões de cirurgias plásticas. O Brasil foi o país que mais realizou procedimentos cirúrgicos, ficando a frente dos EUA com 1.491.721 do total. Sendo as cirurgias mais realizadas a lipoaspiração e colocação de próteses mamárias. O país também é líder quando o assunto é rinoplastia e abdominoplastia. Entre os procedimentos estéticos o destaque é a aplicação da toxina botulínica.

Em relação à preferência das cirurgias plásticas, as queixas são mais recorrentes de acordo com a faixa etária, sendo que a cirurgia no abdômen é mais comum em mulheres com família já formada (SOCIEDADE BENEFICIENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEN, 2010).

Dentre as respostas relacionadas à questão que aborda se houve alguma complicação durante o processo cirúrgico, 83,33% disseram que não houve nenhuma complicação durante

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o processo cirúrgico, e 16,67% responderam que sim, que houve alguma complicação ao longo do processo cirúrgico.

Segundo Pontelli, Scialom, Santos-Pontelli (2012) a cirurgia plástica é considerada um procedimento seguro, no entanto envolve riscos como em qualquer cirurgia. Como infecções, deiscências, seroma, hematoma, problemas cicatriciais, trombose, embolia e óbito, conforme citado pelo Sujeito 25 “O período de recuperação foi mais ou menos, pois houve complicação. Depois de 15 dias após a cirurgia tive embolia pulmonar”.

Nas cirurgias estéticas, são reportados na literatura índices de complicações gerais de até 37%, sendo a maioria de pequeno porte. Deste modo, é essencial que os pacientes sejam informados de que existe uma chance de complicações gerais de até 25%, podendo ser necessária à realização de pequenas cirurgias complementares para se atingir melhor resultado estético (PONTELLI, SCIALOM, SANTOS-PONTELLI, 2012).

Assim, o cirurgião plástico vai adotar a mesma postura recorrente em outras cirurgias,

como avaliação pré-operatória detalhada, exame físico e laboratorial, além da monitoração pós-cirúrgica com o objetivo de garantir a segurança do paciente. É importante fazer uma triagem levantando dados a respeito do uso de medicamentos, consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo, e também fornecer orientações pré-operatórias.

A avaliação pré-operatória é de extrema importância para a realização de um procedimento cirúrgico seguro, e inclui desde o conhecimento anátomo-fisiológico minucioso, bem como a decisão sobre a técnica mais adequada para aquele paciente. (FILHO, O.R.S., et al.,2014)

Em relação à questão sobre o que motivou/incentivou a realizar o procedimento cirúrgico, 73,33% disseram ser por causa da baixa autoestima, 13,33% por saúde 13,33% por outras questões variadas como: insatisfação com o volume dos seios, agradar o parceiro e ficar mais atraente.

A cirurgia plástica pode ser dividida em dois grupos: reparadora e estética. O denominador comum entre elas é a possibilidade de melhoria da qualidade de vida dos pacientes, com o fortalecimento da autoestima (SOCIEDADE BENEFICIENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN, 2010).

Para atingir o sentimento de pertencimento ao padrão social as pessoas tentam se encaixar nos padrões estabelecidos, quando não alcançado é motivo de angústia e tristeza. Assim o real e o ideal se distanciam, podendo levar o indivíduo a prejuízos emocionais, comportamentais, cognitivos e produtivos. No entanto, ter a oportunidade de aproximar o

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desejo da realidade é um dos aspectos que movimentam e impulsionam o mercado da cirurgia plástica estética (FERRAZ, SERRALTA; 2007).

A imagem que o indivíduo tem do seu corpo é extremamente importante na formação da identidade pessoal, ela desempenha papel fundamental em todas as etapas do desenvolvimento, inclusive na vida adulta. A imagem que o corpo é representado por cada sujeito é formada por três aspectos: a imagem desejada ou aquela que se deseja ter; a imagem representada pela impressão de terceiros; a imagem objetiva, ou a que a pessoa vê, sentindo seu corpo (FERRAZ, SERRALTA; 2007).

Problemas com a autoimagem e com a autoestima podem ser identificados nas seguintes falas dos participantes: Sujeito 11 “Tinha os seios muito pequenos, isto me incomodava muito. No ano anterior minha mãe passou por este processo cirúrgico, inclusive com o mesmo médico e como gostei do resultado resolvi operar também”. E de acordo com a resposta do Sujeito 25, a mesma cita: “Depois de ter dois filhos, a barriga ficou flácida surgiu muitas estrias e resolvi fazer”.

Conforme a questão sobre a participação da família durante o processo cirúrgico, 76,67% das participantes disseram que houve o apoio da família, 20% apenas parcialmente, e 3,33% não possuíram o apoio da família.

O outro é parte do desenvolvimento do próprio “eu”, e isso fica bem caracterizado nas respostas das participantes, pois a maioria tiveram o apoio e a opinião de pessoas próximas como a família assim como a influência da palavra do médico, que ajudou a identificar o “defeito” e apontar o processo de cirurgia plástica como reparo e uma melhor visão estética (FERRAZ, SERRALTA; 2007).

E de acordo com a resposta do Sujeito 02: “Minha mãe e meu companheiro me apoiaram muito e para mim fez toda a diferença”.

De acordo com a questão sobre como foi o período de recuperação, 60% responderam que foi bom o período de recuperação, 36,67% disseram que foi regular e 3,33 responderam que foi ruim.

No que se trata sobre a recuperação, abordamos como foi a reação física e emocional após o processo cirúrgico, as respostas indicaram que a maioria teve uma boa recuperação, mesmo com alguns desconfortos no início.

Como relata o Sujeito 02: “A recuperação foi bem tranquila, o único desconforto foi o fato de ter que depender de ajuda para comer, tomar banho e etc.”.

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Para a questão levantada se as participantes já haviam sido submetidas a mais de uma cirurgia plástica 90% das participantes não se submeteram a mais de uma cirurgia plástica, e 10% disseram que já passaram por mais de uma cirurgia plástica.

Quando questionado sobre o que mudou em sua vida após a cirurgia plástica 86,67% responderam que após ao procedimento sua autoestima mudou, 10% disseram que foi a saúde que mudou e 3,33% relataram que o comportamento com o parceiro mudou.

Sobre como as participantes se viam antes e após a cirurgia plástica, 100% das participantes responderam que ficaram satisfeitas após o procedimento cirúrgico.

Em relação à questão que aborda se afetou ou não as relações sociais, e especialmente com o seu parceiro 66,67% das participantes disseram que afetou e 33,33% informaram que não afetou.

As relações entre as pessoas na contemporaneidade estão cada vez mais instantâneas, sendo a aparência o ponto de partida para se relacionar, ou seja, a impressão física é um importante elemento de julgamento nas interações sociais. O comportamento vai se modelando no que é considerado mais belo ou menos belo. Contudo, a beleza passa a ser um valor social que pode garantir sucessos ou fracassos, tanto nas relações interpessoais quanto na vida profissional (FERRAZ, SERRALTA; 2007).

Como observamos nas respostas referentes às mudanças sociais após a cirurgia plástica, esse processo cirúrgico é uma ferramenta que pode reparar um “defeito”, melhorar sua imagem social e aumentar a autoestima, garantindo assim uma nova aparência e consequentemente um lugar na sociedade (FERRAZ, SERRALTA; 2007).

Questionamos as participantes sobre o que é autoestima, e 90% afirmaram que é sentir-se bem consigo mesma, 6,67% tiveram respostas como: base para felicidade e entrosamento com as outras pessoas; estar feliz como o corpo e realizada com suas conquistas e 3,33% disseram que é sentir-se bem consigo e com os outros.

Quando perguntamos se em algum momento da vida já haviam feito algum acompanhamento terapêutico 53,33% das participantes disseram que não e 46,67% disseram que sim.

Ao perguntar se as participantes passaram por alguma preparação antes da cirurgia seja ela física ou psicológica, 60% delas responderam que passaram apenas por exames obrigatórios relacionados ao procedimento cirúrgico, 26,67% responderam que sim e 13,33% não passaram por nenhuma preparação antes da cirurgia.

A cirurgia plástica é utilizada como instrumento de transformação do corpo e também da sua representação mental. O ato cirúrgico acaba trazendo alivio para o psiquismo

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inconformado com a realidade. O homem é um conjunto, no qual corpo, pensamentos, comportamentos, sentimentos e cognição atuam juntos interdependentemente. O homem criou formas de manter a harmonia desse conjunto, mesmo que para chegar a isso haja um pouco de dor, sacrifício ou incomodo (FERRAZ, SERRALTA; 2007).

Quando há uma fonte de mal-estar no corpo, a cirurgia plástica é convocada a resolver “o problema”, é rápido, em algumas vezes definitivo, e não exige muito investimento e/ou comprometimento pessoal em seu processo. No entanto pode haver alguma divergência em relação ao que a pessoa vê em seu corpo e como de fato é. A psicoterapia poderia instrumentalizar o indivíduo a viver de maneira mais saudável e equilibrada, é mais demorada, exige motivação e comprometimento pessoal em seu processo, mas transformaria o mundo interno, deixando o corpo diferente não em sua estrutura, mas na maneira como é interpretado. Deve-se ter em mente qual o real motivo para fazer a cirurgia, pois caso este não seja alcançado, a pessoa continuará procurando meios para diminuir a angustia e o incomodo. (FERRAZ, SERRALTA; 2007).

Segundo o sujeito 11 se houve preparação antes da cirurgia “Não. Mas, penso que teria sido interessante ter passado antes pois, o corpo muda e é preciso saber lidar com tais mudanças, mesmo que sejam vistos de maneira positiva”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETTO, F. A Marca Vermelha do batom: Como o Movimento Feminista Evoluiu no

Mundo. 2001. Disponível em:

<http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=1334>. Acesso em: 02 maio 2015. CARDOSO, J.B. Cirurgia plástica e autoestima. Brasília, 2006. Disponível em:<http://www.senado.gov.br/senado/portaldoservidor/jornal/jornal65/beleza_cirurgia_plasti ca.aspx>. Acesso em: 26 agosto 2013.

FERRAZ, S. B; SERRALTA, F. B. O impacto da cirurgia plástica na autoestima. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-42812007000300015&script=sci_arttext>. Acesso em: 03 maio 2015.

FILHO, O. R. S.; et al. Fatores preditivos de complicações em procedimentos da cirurgia plástica – sugestão de escore de segurança. Rev. Bras. Cir. Plást. 2014. Disponível em: <http://www.rbcp.org.br/imageBank/PDF/v29n1a18.pdf> Acesso em: 02 maio 2015.

GONÇALVES, A. P. Y. Brasil é o segundo maior realizador de cirurgias plásticas. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/494581/brasil-e-o-segundo-maior-realizador-de-cirurgias-plasticas>. Acesso em: 2 outubro 2013.

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JÚNIOR D; FRANCISCO J. O que é beleza. São Paulo: Brasiliense, 2ª reimpr. da 3. ed. de 1991.

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Referências

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