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Tecnico de ginastica artistica : uma proposta para a formação profissional

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(1)

Myrian Nunomura

TÉCNICO DE GINÁSTICA ARTÍSTICA:

uma proposta para a formação profissional

Este exemplar corresponde à redação final da Tese de Doutomdo em Educação Física defendida por Myrian Nunomum e aprovada pela Comissão Julgadom em 20 de julho de 2001

Orientador: Prof'.

Dr".

Vilma Leni Nisla Piccolo

(2)

N.' CPD

Cl"iOOi

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA-FEF-UNICAMP

"927t

Nunomura, Myrian

Técnico de ginástica artística: uma proposta

para

a formação profissional I Myrian Nunomura. --Campinas, SP: [s. n.], 2001.

Orientador: Vilma Leni Nista-Piccolo

Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Facnidade de Educação Física

1. *Ginástica artística 2. Formação profissional 3. Estudo e ensino-Atualização. I. Nista-Piccolo, Vilma l.eni. I!. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física.lll. Título.

(3)

)

Este exemplar corresponde à redação final

da tese de doutorado defendida por Myriam

Nunomura e aprovada pela comissão julgadora

em 20 de julho de 2001

(4)

AGRADECIMENTOS

Seria dificil expressar em palavras toda a minha gratidão

às

pessoas que

participaram da construção deste trabalho, um ideal que vinha alimentando há um

certo

tempo.

É

um momento muito importante, tanto em minha vida profissional como pessoal.

Aprendi muito durante a realização deste trabalho mas, talvez, a

lição

mais significativa

que tirei de tudo isso foi que

não

somos ou não construímos nada sozínhos. Sempre

houve alguém que atenuasse as dificuldades que encontrei no caminho. O trabalho está

muito longe da perfeição mas, com certeza, ele foi enriquecido com a boa vontade, a

paciência, o respeito e o carinho daqueles que participaram da aplicação do programa, das

entrevistas e dos questionamentos, fornecendo--me ínformações e materiais valiosos. Não

posso me esquecer

das

pessoas que pontuaram e conigiram os meus erros, oferecendo-me

sugestões e criticas construtivas, mostrando-me o caminho certo ... Agradeço a todas

essas pessoas, independente do seu grau de envolvimento, porque cada grão de areia me

ajudou e fizeram com que meus passos se tomassem cada vez mais determinados. Receio

que ao citar nomes, que são muitos, poderia cometer alguma injustiça, esquecendo-me de

alguém. Apenas peço permissão para que eu

manifuste

um agradecimento especial

à

minha orientadora e à minha família por terem me apoiado constantemenle, caminhando

sempre ao meu lado, dividindo comigo os momentos de

ups and downs ...

Muito obrigada a todos vocês

!

(5)

"Vemos as coisas como elas são e perguntamos:

Porquê?

Sonho com coisas que nunca existiram e pergunto:

Por que não?"

(George B. Shaw)

(6)

RESUMO

ABSTRACT

SUMÁRIO INTRODUÇÃO---···--···-·--··---·· 01

O Objetivo do estudo ... 04

O Problema ... 04

A Justificativa ... 09

A Contribuição do estudo ... 14

CAPÍTULO

I ...

15

A Ginástica Artística e a Formação Profissional no Brasil ... 15

Os Cursos de Graduação e as principais mudanças ... 17

A Comissão de Especialistas

de

Ensino em Educação Física ... 30

A Formação ua ãrea do Esporte ... 33

Clubes Esportivos, Federação e Confederação ... 45

A Formação de Técnicos em outros países ... 46

O Modelo do Canadá ... 79

CAPÍTULO ll ... 81

A Trajetória Metodológica ... 81

A Abordagem qnalitativa ... 81

Os métodos procedimentais, as técnicas e os resultados ... 88

A Pesquisa Bibliográfica ... 88

A Pesquisa de Campo ... 88

(7)

- Questionamento aos participantes do Curso

de

Especialização ...

97

- Questionamento aos alunos do Curso de Bacharelado em Esporte ... 1 03

- O

contato

e

o estudo

do

Programa

do

Canadá ...

107

- A Aplicação do Programa ...

1 07

CAPÍI'ULO

ID ... 133

A Propos1a de

um

Programa ...

133

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...

153

REFERÊNCIAS BffiLIOGRÁFICAS ...

159

BmLIOGRAFIA GERAL ...

165

ANEXOS ...

169

Anexo 1 ... 170

Anexo

2 ... 171

Anexo

3 ...

178

Anexo4 ...

179

(8)

RESUMO

O objetivo do presente estudo

é

apresentar uma proposta que visa melhorar a qualidade de ensino da Ginástica Artística (GA), partindo-se da premissa que existe a necessidade de

uma

formação específica para os professores de Educação Física que querem atuar como técnico dessa modalidade. Este fato foi confinnado por meio de investigações feitas entre os profissionais que já atuam na GA e entre aqueles que pretendem ingressar nesta carreira, somando-se a isso a minha vivência como atleta, árbitro, técnica e docente universitária nesta modalidade. Embora o problema

tenha

sido constatado,

as

instituições relacionadas

à

prática da GA ainda não se mobilizaram com a intenção de suprir

as

necessidades básicas desses profissionais. Após realizar

um

levautamento bibliográfico, deparei-me com Programas para formação de técnicos

em

outros países como o Caoadà, a Austrália, os Estados Unidos e Portugal. Depois de

estudá-los, pautei-me

nas

idéias apresentadas pelo modelo do Caoadà, criando e aplicando

um

Programa de mesma natureza no Brasil, cuja avaliação recebeu um parecer positivo, tanto dos participantes daqui como dos criadores do Programa naqoele país. Foram estes fatores que, junto aos resultados encontrados

nas

investigações,

puderam

reforçar

a

impor1ilncia de

um

Programa para formação de técnicos de GA

em

nosso país. Desta forma, apresento

a

proposta de um Programa vinculado

à

criação de uma

Associaçifu de Ginástica,

que se

responsabilizaria pela integração de diversas instituições ligadas à modalidade para desenvolver os cursos que podem formar, qualificar e

maoter

os profissionais da GA atualizados.

(9)

ABSTRACT

The purpose o f this study is to present a proposal to improve lhe quality o f teaching in Artistic Gymnastics (AG). lt started from lhe premise that there is a need for specific Coaching Education in Brazil.

This

fact

was

confirmed by an investigation made

within

AG professionals and those who intended to coach, also adding my experience as an athlete, judge, coach and professor. Although this problem had

been

recognised before, no institution related to AG expressed any support to satisfY lhe basic need of those professiouals. While I

was

searchlng for some information concenting coaching education, I found a Coaching Education Program whlch bas been implemented in Canada, Australia, lhe USA and Portugal. So, after studying carefully those programs I took lhe Canadian model as a reference and created and applied lhe same kind of Program in Brazil, which received a positivo feedhack from lhe participants and its creators in that coun!Iy. Ali these facts, added to lhe results achieved from my investigations, reinforced lhe importance of a Coaching Education Program in Brazil as well. So that, I proposed a Program linked to lhe creation of a Gymoastics Association. This Assocíation would be responsible for lhe integration of different institutions conoected to Gymoastics in order to conduct lhe courses whlch would educate lhe AG professiouals, improving their necessary professional qnalifications, and keeping !hem updated

(10)

INTRODUÇÃO

A Ginástica Artística1 (GA) é uma modalidade esportiva que encanta o público com

seus movimentos graciosos

e~

ao mesmo

tempo.

audaciosos e complexos que. aos olhos dos

leigos,

parecem

incompreensíveis

e

inacreditáveis. No Brasil, a divulgação, pela mídia, dos principais eventos vem fazendo com que o número de praticantes desta modalidade cresça, tanto em clubes como em academias, condominios e escolas (BAPTISTA et ai., 1997). Outro aspecto que, hoje, poderia estar contribuindo

para

esse interesse seria o fato de se conhecer um pouco

mais

a respeito dos beneficios proporcionados pela sua prática (MELLO, s/d). Desta forma, observa-se um

maior

número de profissionais estimulando a prática da GA, seja como recreação ou competição. Cresce, também, a demanda

por

profissionais'

cada

vez mais especializados

à

medida que o ruvel de performance

vai

aumentando.

Mas será que os nossos técrucos de GA estão sendo preparados adeqnadamente

para

exercerem

esta

função?

Fiquei intrigado com a suposta lacuna existente

entre

a Graduação (ruvel superior) e a atuaçãn prática de nossos técnicos de GA. Então, lancei-me em uma trajetória de investigação desta questão, procurando conhecer a

realidade

da formação desses profissionais e os Cursos de Graduação. Só assim foi possível traçar um perfil dos nossos técnicos, além da descobrir as falhas presentes na sua formação, que se refletem no campo de atuação (ambiente prático).

1 Tanto o termo Gi.ná&tica Artística con:IO Ginástica Olimpica referem--se à mesma modalidade da ginástica em apmellios (4 eventos femininos e 6 masculinos). No Bnlsil, ambos são utilizado~:. Emborn a versão mais pro:cima do inglês seja Ginástica Artlstica (Artistic Oymnastics), houve uma divetgência no pais, sendo aceitas as duas nomenclaturas e, dependendo do estado. cidade ou entidade, é adotada

(11)

A inexistência de uma '~Formação Específica"

para

os técnicos

de

GA tomou-se o alvo da

minha

discussão, uma vez que ainda podemos encontrar técnicos que atuam nesta modalidade valendo-se apenas de sua experiência como atleta. Atualmeníe, forçados pela

regulamen~ão3

da profissão de Educação Física, esses técnicos esllio buscando os Cursos de Graduação para não perderem sua posição no mercado de trabalho.

Apesar de acreditar que existe uma carência muito grande de profissionais com

conhecimento e experiência necessários

para

desenvolver a

GA,

não encontrei um Programa

de Formação ou de Certificação para esses profissionais no Brasil. Nem tampouoo há, até o presente momento, intenções declaradas por parte dos órgãos oficiais, relacionados diretameníe ou não à modalidade, como a Federação Paulista de Ginástica (FPG), a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), a Secretaria Municipal de Esportes (SEME) ou o Ministério da Educação e Cultura (MEC) de incentivar a formação e desenvolvimento dos

técnícos de GA. Este cenário favorece a contratação de técnicos estrangeiros e a necessidade

dos técnicos brasileiros de buscarem cursos fom do país.

Atualmeníe, existem os Cursos em nível superior que coníemplam mua formação mais direcionada ao profissional da àrea do Esporte como o da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Paulista-Campus Rio Claro (UNESP) e, mais recentemente, o da Universidade Estadual de Londrina (UEL ). A proposta desses cursos

é

a formação de profissionais capacitados para intervirem

diretamente no esporte e nos empreendimentos esportivos.

Mas será que esses cursos estão

atendendo à demanda do mercado de trabalho? No caso da GA, serà que os técnicos são

preparados adequadamente para orientarem os praticantes em diferentes níveis? Esses cursos

contemplam as expectativas e as necessidades desses profissionais?

A minha experiência como ginasta, técnica e árbitro da modalidade e, atualmente,

como docente universitária, e ainda a participação em encontros com profissionais da

área, enfim, a

minha

trajetória no ceuàrio da GA são futores imporlantes que contribuínnn de forma significativa para o delineamento da questão da formação dos técnicos de GA.

3 A lei 9696198 esúlbelece ao profissional

de Educação Fú:ica o resguardo dos direitos profismonai.s, a. delimitação das questões éticas e suficiente possibilidade de organizar-se em categoúa profissional que possa oferecer-lhe o direito de participação de atividades pura as quais somtm1e essa di:tmminada classe encontra--se formada e preparaéla.. podf:ndo ainda, apesar da existência da titul.ação necessâria. ser

(12)

Um fato que também reforçou a minha opinião com relação à necessidade de um

Programa específico

para

a formação dos nossos técnicos foi a experiência de aplicar um

programa de treinamento

em um Clube Esportivo de São Paulo, sem prévio estudo dos

componentes teórico, técnico e prático, cujo procedimento se mostrou pouco eficiente.

Uma investigação entre os profissionais qoe atuam nesta modalidade e entre aqueles

que pretendem ingressar nesta carreira também reforçaram a minha hipótese de que nossos

técnicos de GA necessitam de um

Programa de

furmação

específico.

Partindo então dessa premissa e objetivando criar uma proposta de

um

programa que

pudesse contemplar a formação desses técnicos, investiguei como isso ocorre no contexto

internacional Após

um

levantamento dos programas existentes e de

uma

análise mais

aprofundada dos dados encontrados, pude constatar que o

Programa Nacional

de

Formação

e Certificação para Técnicos Desportivos' do Canadá, que inclui

a

modalidade de GA,

mostrou~se mais adequadamente estruturado. Tomei conhecimento desse

Programa

em

1995, mas somente três anos depois (1998) é

qoe pude contatar os responsàveis pela sua

criação, já

com o intuito de toroà-1o um

parâmetro parn a minha proposta apresentada nesta

tese de doutorado.

De acordo com os responsàveis pela implaotação do Programa no Canadá, este serve

parn

orientar os profissionais a

construirem um planejamento mais adequado, da iniciação ao

alto nível, e também estabelecer níveis de qualificação

parn

a profissão (RUSSELL&

KINSMAN

5,

1986).

Os criadores deste Programa também oferecem assessona a outros países que

pretendem elaborar

um Programa de Formação e Certificação parn

seus técnicos.

Portamo, a partir dos problemas detectados e

tendo

como referência o Programa do

Canadá

parn

a formação de técnicos, elaborei e apliquei um Programa de mesma natureza

com

um

grupo de alunos da Faculdade de Edocação Física da UNICAMP

(FEF-4 O I'rogrn.o:ul Nacional de Certifieação paxa Wcnioos do Canadá (Nali<mt.d Coaching Certi.fication Program) engloba mais de 60 modalidades esportivas, desde a iniciação até a competição. No caso da GA, atualmente, estão em desenvolvimento os níveis 4 e 5, que ~aos níveis mais avançados de uma deotemllnada modalidade esportiva. Para cada nível (de I a S) existe um Curso Teórico, Téçcioo e Prático. O Canadá IXlllScguiU padrolúzar um Programa Nacional de GA e a Certificayão tomou·se quase que uma exigência nas insti~ de Esporte do pais (NCCP, 1996).

~ Rus:sell e Kinsman são os principais responsáveis pela criação e ímplantação do Programa de Certificação de Técnicos do Canadá, desde

(13)

UNICAMP), cujos resultados foram apresentados aos criadores do Programa no Canadá. A intenção aqui não

é

propor urna réplica do Programa Caoadense, mas

utilizar

a idéia central da formação específica dos técuicos, criando perspectivas

para

o desenvolvimento destes profissionais e da própria modalidade de acordo com a nossa realidade. Isto quer dizer que a proposta que foi fundamentada e que ora apresento

é

o resultado de urna reflexão sobre os aspectos relevantes levantados no contexto da ginástica. A partir de estados a respeito de Programas de Certíficação, estruturei um Programa que pudesse ampliar o conhecimento do técnico de GA, não só na questão prática como também no aprofundamento teórico dessa atuação.

O Objetivo do estudo

O objetivo deste estodo é propor um Programa para a formação de técnicos nacionais de GA que atenda tanto áqueles que já atuam 111a modalidade como áqueles qoe preteadem

ingressar nesta carreira,. com o

intuito

de aprimorar o serviço prestado por estes

profissionais.

O Problema

Todo problema nasce de questionameolos. A minha vivência na GA trouxe muitas indagações. Quem é este técuico qoe está aloando em clubes, escolas, prefeituras e outras instituições? Como é a sua formação? O que ele sabe? Está satisfeito ou não com o seu conhecitnento e a sua formação? Como

é

adquirido este conhecimeoto? O que seria importante

para

a sua atuação como técnico? Quais as suas expectativas nesta carreira? Essas e outras indagações geraram a idéia de elaborar um Programa para a formação de técnicos desta modalidade.

(14)

atuação desses profissionais, assim como o interesse deles por cursos com conteúdo mais

específico

para

a modalidade que não foi contemplado neste período de sua formação.

Outro futor que gerou o problema em questão paula-se na investigação feita entre os

alunos regulannente matriculados no

Curso

de Especialização em Ginástica desenvolvido

pela FEF-UNICAMP. Ao questionar a opinião dos alunos com relação à implantação de um

Programa para

formação de técnicos de GA, a grande maioria mostrou-se fuvoràvel,

ressaltando que a

àrea

carece de profissionais,

tanto

em quantidade como em qualidade.

Além disso, relataram que muitos tópicos importantes para a sua

atuação

não foram tratados

com especificidade no

Curso

de Graduação.

os alunos regulannente matriculados na disciplina de Treinamento em GA,

da

grade

curricular

do

Curso de Bacharelado em Esporte

da

Escola de Educação Física e Esporte

da

USP (EEFEUSP), enfatizaram em seus discursos um grande interesse por uma formação

especifica para técnicos.

O resullado das investigações e a minha vivência na GA, que descrevo a seguir,

possibilitaram visualizar o

perfil

de nossos

técnicos~

assnn como levantar

alguns

questionamentos gerados por uma formação insuficiente.

Como atleta, ginasta de uma equipe de nível estadual, não tive um posicionamento

crítico com relação

à

fonnação dos técnicos que me orientaram e nem

da

forma como

conduziam o treinamento. Lembro-me que eles não mostravam o registro do planejamento

do treinamento e nem relatavam algo a respeito de nossa evolução, apenas exigiam muita

disciplina e resultados positivos em competições.

Na Graduação, o docente respoosável pela disciplina de GA foi um dos meus

técnicos e pareceu-me que não houve muito a acrescentar ao conhecimento porque a ênfase

dade à

disciplina era o desenvolvimento técníco. Senti falta de discussões a respeito

do

conteúdo e reflexões sobre as questões pedagógicas

da

GA que não vivenciei porque fui

encaminhada diretamente ao ambiente competitivo. Naquela

época, só

via a possibilidade de

trabalho com a GA nos moldes competitivos, o que acabou sendo minha opção profissioual

durante

este

período.

(15)

Por ter concluído a Licenciatura em Educação Física, muítas disciplioas do curso pareceram irrelevantes, uma vez que o meu objetivo era orientar equipes competitivas de GA. Só após uma reflexão geral do Curso de Graduação, penso que não

fui

preparada nem para trabalhar com a GA no ambiente escolar e muíto menos no ambiente competitivo.

Comecei a atuar como técnica no primeiro ano da Graduação. Acreditava que a miuba experiência como atleta e as informações adquíridas ao longo da Graduação seriam suficientes

para

que eu me desenvolvesse nessa carreira. Entretanto, atuando no ambiente prático, foilllll surgindo dúvidas e problemas 'l'le não conseguia resolver. Não compreendia a dificuldade das ginastas em aprender as habilidades, o estresse que as competições causavam, não respeitava o período de recuperação delas e não considerava as questões pedagógicas do ensino. Nem ao menos tiuba noções de como elaborar o phmejamento do treinamento. Além disso, não sabia onde me amparar e como melhorar a minha atuação. Os outros técnicos não se mostravam

abertos

<~ nem dispostos a discutir ou estudar os problemas. Essa situação foi me frustando pois não obtiuba resultados significativos. Em alguns momentos de reflexão, ainda atuaodo como técuíca, percebi que estava reproduzindo exatamente a forma como fui orientada enquanto atleta. Nesta fuse, resolvi atuar em outro segmento acreditando que tudo poderia ser diferente. Foi assim que

parti

para o âmbito escolar, o que também não me satisfez profissionalmente. Na escola em que trabalhei, além da diseiplina de Educação Física, havia uma Escola de Esportes oode as crianças optavam em praticar a modalidade esportiva de sua preferência, em horário extracurricular. Embora essa atividade tivesse caráter participativo, em outros raros momentos de reflexão, percebi que, muítas vezes, eu exigia uma performance além dos limites dos alunos. Assim, resolvi

dar

continuidade aos meus estudos, envolvendo-me num curso de Pós Graduação, na tentativa de procurar outros caminhos que me ajudassem a solucionar os problemas do ambiente prático e melhorar a miuba atuação, além de amphar a minha visão da GA Após concluir o progmma de mestrado voltei a atuar em mn clube esportivo. agora em mn programa não mais relacionado à GA Nesta época, um dos técnicos de GA do clube trouxe um Programa de Treinamento de GA de outro pais e decidiu aplicàwlo com suas crianças. Auxilieí na tradução do material e fiz algumas sugestões para a adaptação deste Progillllla à

(16)

realidade da instituição. No entanto, os técnicos tiveram dificuldades em estabelecer o

conteúdo para os diferentes níveis das crianças, mesmo tendo em mãos um manual de apoio

para a prática, o que reforçou a importância de estudos preliminares à aplicação

do

Programa. Este fato tantbém me levou a questionar como seria uma formação

adequada

dos

técnícos de GA A partir desta experiência, percebi que se atuasse diretamente na formação

desses profissionais poderia encontrar algumas respostas para as minhas indagações. Assim,

comecei a atuar como docente uníversitária na diseiplina de GA

Como árbitro, no início, não despertei nenhum posicionamento critico com relação

ao ambiente competitivo da GA Mais tarde, como árbitro de campeonatos e

não

mais como

técnica, é que comecei a observar as atitudes dos técnicos, suas condutas em compatição e a

forma de se relacionarem com seus

atletas.

Percebi o quanto "vencer'' em importante para

os técnicos e para os atletas, principalmente nas compatições oficiais. Em vários momentos,

pode detectar a inadequação

das habilidades apresentadas em relação

às

capacidades dos

praticantes. Esse tipo de procedimento era e

ainda

continua sendo utilizado por muitos

técnicos. Estas cenas se repetem com muito mais freqüência em Jogos Regionais

(JR)

e

Jogos Abertos (JA) realizados no interior do estado de São Paulo. Anteriormente, as séries

eram de natureza obrigatória

6

Há aproximadamente cinco anos, houve uma modificação no

regulamento técnico desses torneios.

Primeiro~

passou-se a seguir o regulamento do Código

de Pontuação da Federação Internacional de Ginàstica

7

(FIG), fazendo-se

algumas

modificações, principalmente com relação

às partes

de valor dos elementos•. Mais tarde,

adotou-se o regulamento da FIG integralmente, sem adaptações. Acredito que

não

seja

apenas meu ponto de vista, mas de muitos qoe vêm acompanhando essas competições, de

que o resultado foi um "desastre'\ ou melhor~ um

festival

de quedas, acidentes e riscos em

potencial! Parece que a única preocupação

dos

técnicos

é tentar cumprir as exigências

do

novo regulamento. Estariam errados? Penso que a falba é da Cotuissão Técnica que

não

previu ou,

ainda, não

foi capaz de perceber a inadequação dessas regms. Não penso que

~A Omú.s!!lo Tilcnica da Secretaria de Esportes e Turismo do Estado de São Paulo estabelecia 1ll1'll.l série de exewicios pata cada eparelho

(sendo eliminados a:; paxalc:la:; assimétricas, ct~valo rom lltÇ6e3 c: argolas). Todos os partiçi.pantes d.evc:riam exc:ootar as tllCSUlllS stries., sendo despon1Uadoo por elementos faltantes e falhas de execllÇão e postum. O nivet de dificu1dade ara equivalente às séries obrigatórias da

categoria infunti1 da FPG.

(17)

estas cidades não tenham condições de funnar excelentes atletas em nlvel compatível ou superior ao de atletas federados. Mas, sabe-se que elas dispõem de muito pouco recurso e somente com a aproximação destes eventos é que algumas conseguem apoio financeiro da Prefeii:Ura, principalmente se forem a

sede das

competições. Algumas cidades chegam a

contratar técnicos estrangeiros pouco antes dos JR ou JA! Assim que os torneios se

encerram, geralmente, esses técnicos são del11itidos. Conversando com alguns técnicos destas cidades, pude perceber o interesse deles em melhorar a sua atuação na GA Muitos, no entanto, relatam não saber onde buscar mais conhecintento, além da não terem condições de se deslocar ou arcar com os custos de cursos no exterior. Mesmo assim. lá estão eles no ano seguinte tentando fazer seus atletas cumprirem o Código de Pontuação

à

risca ...

Mesmo nas competições oficiais, tanto da FPG como da CBG, embora com menor freqüência, também podemos constatar alguns técnicos snhmetendo seus atletas a situações de risco, exigindo que estes executem elementos para os quais

ainda

não estão preparados. Seria um reflexo da falta de preperação adequada destes profissionais para orientar a GA?

Acredito que a l11inha experiência nessa àrea, arbitomdo em diversas cidades e estados, foi o que mais despertou meu posicionamento critico com relação

à

GA e

à

atuação

dos técnicos dessa modalidade.

Ao iniciar a carreira acadêmica como docente da disciplim de GA do Curso de Bacharelado em Esporte da EEFEUSP, ficou muito clara a dificuldade em atender, simultaneamente, aos interesses daqueles que gostariam de iniciar a GA nos mais diferentes ambientes e outros que gostariam de

preparar

atletas para competições e. embora poucos~

aqueles que gostariam de furmar atletas de alto nivel. Em uma disciplim de 60 horas seria possível abordar um conteúdo satisfatório

para

um trabalho de iniciaçao da GA Entretanto,

toma-se inviável se

buscarmos~

numa mesma disciplina,. atender àqueles que desejam

orientar a GA como esporte de alto nlvel. A quem caberia, então, a Fonnação desses técuicos? Como

deveriam

ser preparados? Ficariam lintitad:os a desenvolver programas de iniciação da GA? Onde deveriam buscar tal conhecimento? Na tentativa de atender ao interesse desses futuros profissionais, o Curso de Bacharelado em Esporte da EEFEUSP

(18)

possibilitou o aprofundamento em uma modalidade esportiva, a Habilitação. Haveria, então,

uma disciplina dita GAll, com uma carga horária de 64 horas (mais 120h de estágios) e de

caráter optativo. Pelo número reduzido de participantes e por terem cursado a GAI, esta

disciplina tem a possibilidade de ir além dos fundamentos básicos

da

GA e sua abordagem

pedagógica, partindo-se diretamente para o seu caráter técnico. Creio que

não

caberia ao

curso formar técnicos para orientarem atletas de alto nfvel, mas os 4 anos de experiência

nestes moldes mostraram que a impossibilidade de dar continuidade a um aprofundamento e

atualização na área aeabatia desmotivando o futoro técnico a prosseguir nesta carreira.

Acredito que os futos aqui relatados poderam ilustJar parte

da

problemática que

norteia a GA no nosso país.

Para muitos profissionais que

atuam nesta modalidade ou não, esta interpretação da

problemática

da

GA pode ser pessoal e particular. Certamente eu não descartaria esta

possibilidade. Para quem acredita que as questões levantadas

são

infundadas, não haveria o

que mudar.

Por outro lado,

também

estou certa que existe um grupo de profissionais que

partilham

da

mesma opinião e vêem a necessidade de reformulações no processo de

formação de nossos técnicos. Esta não

é

a única solução, mas acredito que possa atenuar

alguns

problemas desta modalidade.

A

Justificativa

Embora tivéssemos obtido o melhor resultado

da

história

da

GA brasileira nos Jogos

Olímpicos em Sydoey (21' classificação individual

geral),

vale lembrar que foi um destaque

individual. Se mais pessoas tivessem acesso

à

modalidade talvez pudéssemos classificar uma

equipe

completa, tanto feminina como masculina

9.

O que parece controverso é que a disciplina de GA está presente na maioria dos

currículos de Educação Física. mesmo nos cursos de Licenciatura. Isto levaria muitos leigos

~ No Campeonato Mundial ~ antecede os Jogos Olimpioos. as 12 melhores equipes têro o direito de enviar a equipe completa. Abaixo

(19)

a pensarem que exístem muitos praticantes e muitas equipes competitivas de GA Mas, infelizmente, não

é

esta a nossa realidade. Em São Paulo, por exemplo, um estado com aproximadamente 20 otilhões de habitantes, tiolba

apenas

lO entidades filiadas oficialmente

à

FPG no ano de 2000, sendo que algmnas competições não aconteceram ou não foram oficializadas por não termos o número ntinimo de entidades participantes, principalmente nas categorias superiores (juvenil e adulta). Sobre isso, penso que outros fatores poderiam estar desmotivando a prática da GA como questões econôoticas e, talvez, culturais, uma vez

que existe uma tendência em relacionar a sua prática a crianças e adolescentes.

Entretanto.

não cabe ao âmbito desse estudo focalizar estes aspectos.

O que enfoco neste estodo

é

que estes fatores podem estar diretamente relacionados

à

qualidade da formação dos técnicos que se reflete nos serviços prestados por eles.

A questão da Certificação da Qualidade

é

discutida nos diferentes segmentos e, atualmente, começa a ganhar destaque também no âmbito da Educação Física e Esporte, como revela o discurso de LIMA (1994:42),

" ... o certificado de qualidade é uma medida que, garantindo as características de um

artigo produzido pelo setor industrial ou de um produto lançado no mercado, visa

proteger e salvaguardar o utilizador ou o comprador de um risco de segurança ou agressão

à saúde ... "

". .. os certificados emitidos por diferentes instituições. de certo modo, constituem

certificação de qualidade visto comprovarem uma garantia de que os sujeitos, a favor de quem foram passados, satisfizeram as exigências a que aqueles dizem respeito ... ""

" ... uma instituição que passa um 1:::ertificado de habilitação acadêmica deveria garantir uma certificação de qualidade ao interessado de modo a que este se sentisse seguro no exercício da atividade a que aquele se refere ... "

De acordo com o autor, uma vez que

é

a Universidade que fornece a

~·certificação", ela seria diretamente responsável pela qualidade dos serviços prestados pelo profissional que ela habilitou, a partir do momento da emissão desta comprovação (diploma). Mas a

(20)

Então, como poderíamos garantir a qualidade desses serviços? Quem seria

responsável por fiscalizar a atuação dos profissionais?

A busca de melhoria da qualidade está presente em qualquer área de trabalho.

O

desenvolvimento de um produto ou um serviço satisfatório e com

qualidade~

cria uma

credibilidade mútua, entre quem oferece e quem desfruta desse serviço. Na

área

esportiva,

mais especificamente na GA,

não

poderia ser diferente. Um Programa que corresponda

ás

expec1ativas e

atenda ás

necessidades dos participantes é o

«Produto

<:om Qualidade"

desejado. A credibilidade do profissional é adquirida por meio de

uma

forma apropriada de

trabalho, assim como pelos resultados que ele apresenta

Foi pensando na qualidade da fonnação de seus técnicos e, conseqüentemente, na

qualidade dos serviços prestados por eles é que o Canadá desenvolveu o Programa de

Formação e Certificação de técnicos de GA em parceria com órgãos do Governo e

pstrocinado pela empresa 3M. Atualmente, quase todos os técnicos

das

províncias

canadenses obtiveram algom grau de certificação (de

1

a

3).

A maioria

das

instituições

(clubes, academias, YMCA

10, etc.)

exige a certificação de seus profissionais

e

muitos

técnicos relatarsm que o estabelecimento de níveis de qualificação oferece perspectivas

nessa carreira (RUSSELL, 1994).

Minha

justificativa em criar e implantar um Programa

para

a formação de téeuicos no

Brasil, assim como o Canadá, pauta-se nos seguintes aspeetos:

J

a importância de uma

padronização

dos

Programas de

GA existentes no

país,

procurando

atender aos objetivos (educacional, competitivo, recreativo) e

ás

necessidades específicas de

cada

instituição

que as desenvolverá (tanto clube, academia, escola, condomtuio como

Universidade);

J

a fonnação de profissionais mais confiantes e capazes de conduzir a GA com segurança e

com domínio do conhecimento a ser transmitido, bem como

da metodologia

de

ensino

(21)

J

a criação de um trabalho que integre esfon;os dos órgãos vinculados diretamente

à

GA (Federações e CBG) com as Universidades <:, até mesmo, a possibilidade de criar uma Associação de Ginàstica, que seria respousàvel pela furmação e qualificação dos técnicos;

J

a possibilidade de oferecer maior respaldo para a elaboração dos Programas de GA e para

aqueles que os conduzem, procurando conquistar credibilidade perante a sociedade;

J

a busca de melhor participação do Brasil em torneios internacionais, possibilitando que um maior número de atletas consiga atingir as condições necessàrias para isso.

Graças

à

intplanração deste programa, o

Canadà,

a Austrália e a Nova Zelândia, que trabalham em parceria com o primeiro, vêm se destacando mundialmente nos torneios internacionais entre os atletas de elite (GCG1\ 1996,1997; AUSTRALIAN JNSTITUTE OF SPORT, 1998);

J

a possível alternativa de conteódo programàtico para os Cursos de Bacharelado em Educação Física e Esporte em nossas Universidades;

J

um técnico melhor preparado tem domínio do conhecimento e pode, assim, desenvolver um programa adequado que desperte mais interesse e possibilite os praticantes a desfrutarem dos inúmeros beneficios inerentes

à GA

RUSSELL (1980, 1984) e RJZZUTO (1989) relatam que os beneficios seriam o de melhorar o auto-conceito e a a.uto--confiança; auxiliar os praticantes a enfrentarem dificuldades emocionais como o medo, a ansiedade, a frustração e a derrota; desenvolver o controle do corpo em várias situações; elevar a auto-estima, além de melhorar a capacidade de conce~.

A GA, hoje,

é

uma modalidade um pouco mais "desmistificada" e vem atraindo não só criaoças, mas adolesceotes, adultos e a população especial, além de ser utilizada como atividade complementar para outras modalidades esportivas como forma de

desenvolvimento e manutenção

do

condicionamento fisico e motor. Embora ela possa

evoluir para o esporte competitivo, para aqueles com este potencial e desejo~ é na iniciação, ou em forma de recreação, que ela pode beoeficiar muitas pessoas (RUSSELL, 1980,1986). Assim, a GA poderia estar presente em escolas, clubes. academias~ centros comunitários, ACMs.

condomínios, e na

própria Universidade. No ambiente universitário temos o

11

(22)

exemplo do Projeto Crescendo com a Ginástíca12 (PCG). Este projeto foi implantado pela FEF-UNICAMP há mais de dez anos e atendia crianças em geral, entre 4 e 12 anos de idade, visando ao seu desenvolvimento integral por meio de propostas lúdicas fundamentadas na ginástica artística e rítmica. Essa proposta educacional tentava desmistificar a imagem predominante de esporte de alto rendimento destas

duas

modalidades, por meio de atividades lúdicas. Essas atividades proporcionavam prazer, despertando a esploração, o auto domínio e o controle do corpo em situações progressivamente desafiadoras. explonmdo as mais diferentes possibilidades corporais.

O trabalho desenvolvido por Nista-Piccolo no PCG poderia estar refletiodo os aspectos positivos de um aprendizado especifico

para

o futuro profissional, trazendo conceitos teóricos e aplicaJl.Clo..os em situações reais. com supervisão e orientação de um profissional mais experiente. Este trabalho poderia se

caracterizar

em um modelo de "preparação dos futuros profissionais", uma vez que se faz uma ligação entre a teoria, a prática, os estudos e as pesquisas, aspectos fundamentais na qualidade da furmação profissional.

Os resultados positivos apresentados tanto pelo Canadá como por outros países que criaram um Programa

para

formação de técnicos (SCHEMBRl, 1995) e o desconhecimento de um Programa para formação e/ou qualificação dos profissionais dessa modalidade no Brasil impulsionaram este estudo.

Senti-me extremamente motivada a iniciar e continuar este trabalho por acreditar que

o Canadá não teria dispensado anos de estudo e dedicação com a implantação deste Programa se os resultados obtidos não fossem positivos. Da mesma forma, outros países não solicitariam o apoio e a assistência do

Canadá

para a criação de seus Programas se ele não

tivesse alcançado

1al

êxito.

Por fim, os questionamentos que surgiram a partir do início de minha atuação profissional poderiam ganhar respaldo acadêmico com o seu envolvimento em um programa

17 VUwulw:lo- ao Departamento de Educação Motora, foi ~ pela Profa. Dru. Vilma Leni Nista"Piccolo e desenvolvido pela Equipe Universitárill de Estudos da Ginástica. Essa equipe nasceu da necessidade de reunir pessoas envolvidas com o projeto para o desenvolvimento de estudos e pesquisas nessa modalidade. A partir de 1993, o projeto recebeu 1llllll sistematízação em toda a sua estruturn., envolvendo 30 alunos de gtaduação e pós-graduação que atuavam como monitores, alllriliafes e ~- Assim, ele se

(23)

de doutorado, atendendo ao rigor cientifico exigido para um estudo dessa natureza

A Contribuição do estudo

Um Programa para formação de técnicos de GA pode contribuir com aqueles que desejam prosseguir nesta carreira mas não encontram apoio

para

o seu desenvolvimento. Também

é

favorável para aqueles que não possuem condições de arcar com as despesas de cursos no exterior. E, ainda, para os profissionais que pretendam se manter atualizados e primam pelo seu aperfeiçoamento nessa modalidade.

Existem poucos estudos sistematizados em GA e a possibilidade de desenvolvê-los pode estimular a criação

de

um grupo de profissionais que possua interesse comum em aprofundar o seu conhecimento a respeito desta modalidade, além de enriquecer a área com

(24)

CAPÍTUWI

1 -A Ginástica Artística e a Formação ProfiSSional no Brasil

SegundoDIANNO (1988), embora a GA tenha chegado

ao

país no início do século

XIX,

esse período não foi suficiente para que o

Brasil

acompanhasse o desenvolvimento internacional dessa modalidade. Tal si~

se

deve a muitos problemas que, para o autor, são causados pela necessidade dessa prática esportiva passar por muitas mudanças, tanto técnícas como adminístrativas, para que este pequeno grupo de pessoas envolvido na modalidade, não se tome um eterno espectador internacional. No seu ponto de vista, as principaís dificuldades que a GA, como modalidade esportiva enfrenta, estariam no âmbito das questões de infra-estrutura e do material humano (ginastas). Em nenhum momento o autor discute a questão da formação inadequada ou insuficiente dos profissionais que orientam o treinamento como um tàtor que contribui para o inexpressivo desenvolvimento da modalidade em nosso país.

Percorrendo os Cursos de Graduação em Educação Física, segundo as descrições das ementas, pode constatar que não existe uma formação específica para aqueles qne pretendem seguir a carreira de técnico de GA, embora a maioria dos Cursos ofereça a disciplina, como mostra o Quadro 1:

(25)

....

DF

.

....

SemmreiPeriodoiFue horiria Univ=idade Estadual de Campinas SP Pedagogia do Esporte • GA l" """"""' 30h

Treinamento em GA Optatiw

;:!::oh

de es · emGA Univm~idade de São Paulo SP GOl 6" semestre (Obrigatório) 60h

GOl! 7" seme::õlre (Optativo) 64h+l20hde

estãttio em 00

Univen;idade Paulista - Campus SP Fundamentos de GA I" semestre (obrigatório) 60h

Rio Claro E"""'" A =GA

..

_

60h

Uni\'l:t'Sidade São Judas Tadeu SP GOl "?GOl 36h

OOll 8°GOII 36h

UllÍversidade Paulista (UNIP) SP GAI semestre 36h

GAll 6° semestre 36h

Universidade de Guarulhoo SP GA't

,._

36h

GAII 6"semestre 72h

Universídade Ibira SP Ginástica, incl.Wndo 00

,.

72h

Univenridade Fedem! de São Carlos SP

""'

""""'

.

.

Uni~idade da Cidade de São SP GOl

,...,..

36h

'"""'

GOl!

··-

36h

Universídade do Vale do Paraíba SP 00/GRI

,..,.,...

64h

GO/GRll

··-

64h

FEflSA SP ~~ticae

,.

""'

72h

M< .. oo

Universidade do ABC SP GO 5" e 6" semestres 72h

Faculdades •Módulo SP GA w 72h

Escola Superior de Educação Física SP GA 1" ciclo 40h

da Policia Militar 2" ciclo 40h

Universidade Metropolitana

"'

SP GO 4" semestre 36h

""""'

GA

,._

36h

Faculo:lade:i Integradas de Rfbeirão SP 00 7" e 8" semestres 72h

-

Univtmildade Cruzeiro do Sul SP GO -:,• e 4" semestres 72h

Faculdades Metropolitanas Unidas SP GA

e 6" semestres 72h

de São Paulo

Uniwrsidade Bandt:irantes SP GO 7" e

smnestres 72h

'"""""'

E®w"""""

"'

SP ~=dlndividuais com l módulo de

v damez:Jto em GA l" """"""' 42h30

Universidade~ SP Teoria e Prática da 00 I 4 E..,.

'""""""

Teoria e Piátieada GO II s'EtaÕa. 3 créditos

Fundação Universidade Fedenl do AC

""' ""'=

.

.

-

Univmridade F""'""

""

s.m~ se G. Desportiva 4"Fase 54 h

Catarin.a.

--·

Optatiw. 54 h

Aro:::!

o.

Uni'IOO'lidade Fedl:nll de Uberlândia MG GA: scto

1\:riodi.J. 60h

GA:a~illws 6"Periodo 90h

Treinamenm em GA s"Período 45h

F~ Univ.:rridade Federal de MO GOl 3"Per!odo 60h

v· GOI! 4"Periodo 60h

F - Uni~dade Br.milia DF doGA 3 Período 20créditos

Uniwnidade Fedem! do Rio

"'

RJ Modalidades Desportivas

'"""""

Individuais(~ 2) 120h

GAl

Uniwnridade Federal Runú do Rio RJ GAl Oprntiws a partir do 3• 2 créditos

deJaneíro GAII

'"""""

2 créditos

Universidade Gama Filho RJ GOl 60h

oo n (el<ltiv.~) 60h

Fll!!dação Univenidade Fedem! do MA GA

,_

60h

(26)

Fundação Univemdade Federal do PI

"'"""""

-

-"""

Universidade Fcdeml de Goiás 00

"''""""'

-

-FUlldaç.ão Uaiversi.dade Federul de MS

'"'""""

-

-"""'""""'

u~ Estadual da Pamiba PB Fundamentos Básicos e

1-

66h

Técnioos da GA

Universidade Fedeml da Paraíba PB Metodologia do Ensino da 4 Pmodo 60h

00

GO

"""'"'"

60h

Fundação Univenidade Federal do Mr GO 4a Série 72h

Mato Grosso do SUl

Universidade de Passo Fundo RS

·-~~-deGA Nh<J7 4"""""

,.,._

·-1

"

""""

RS

""'""""'

- -Moria Uni:versidude Estadnal de PR GA 68h

Un.ive:rsidatk Estadual de Londrina PR

00 """"""' GO Feminina !'série f série 68h

68h

GO~i:':i

4' série l02h

ao

Feminina tiva 4' série 102h

Univel:sidade Fedewl do Paraná PR

--

60h

Quadro I- Cursos de Educação Física e a disciplina de GA

Ao observar que entre as 41 escolas consultadas, 35 oferecem a disciplina, sendo que 7

delas ainda oferecem o aprofundamento, poderia concluir que os técnicos de GA que possuem

formação superior em Educação Física provavelmente obtiveram alguma forma de

infonnação desta modalidade. Quanto ao conteúdo, segundo as ementas que consultei, a maioria das

escolas desenvolve os fundamentos básicos da GA, fornecendo subsídios para orientar

progrnmas de iniciação à modalidade. Entretanto, neubuma delas tem como objetivo formar

técnicos para orientar o alto nivel, mesmo aquelas

que

oferecem a GA

li

em caràter de

aprofundamento. Assim, posso concluir que não seria na Universidade que o técnico

encontraria subsídios para avançar nesta

carreira

2-Os Cursos de Graduação e as principais mudanças

A preparação profissional é um tema que vem sendo discutido em mnitas àreas e um

(27)

No sentido de atender às exigências da sociedade e, conseqüentemente, do mercado de

trabalho, as Universidades buscam reestruturar seus curriculos, procurando, assim, suprir as novas demandas da área de atuação do futuro profissional.

Atualmente, o Curso de Graduação em Educação Flsica vem recebendo muito

destaque em decorrência

das

inúmeras reformulações,

tanto

a divisão em Licenciatura e

Bacharelado corno as alterações em seu curriculo, sem contar a regulamentação dessa profissão.

Entretanto, talvez o maior impacto tenba sido o da criação do Curso de Bacharelado

em

Educação Física

A criação do Bacharelado em Educação Física, segundo SILVA & MACHADO (1997), nasceu da deturpação dos objetivos do Curso de Licenciatura em Educação Física. Na

tentativa de abastecer o mercado

de trabalho com professores de Educação Física, a maioria

dos cursos passou a aumentar os seus currículos com a finalidade de formar profissionais que

atuassem em

todas

as áreas da atividade fisica. No sentido de atender às demandas sociais, os

Cursos

de

Licenciatura

não

estavam mais voltando seu enfoque

para

a escola, até então seu

principal objetivo, mas para qualquer lugar onde o aluno pudesse encontrar um emprego. Esse

fato comprova

a preocupação

de muitas instituições de nível superior em abastecer o mercado

de trabalho, sem se preocupar com o que deveria ser ou

não

a Licenciatura. Segundo T ANI

(1992), esta característica eclética na fonnação do professor de Educação Física, "o faz de

tudo um pouco", injetou no mercado de trabalho um profissional indefinido e desorientado em

relação ao seu campo profissional.

Para compreender a origem destas mudanças e as suas principais repercussões~ é

necessário retomar certos fatos históricos pelos quais a Educação Física passou.

BORGES (1998) traça brevemente a origem dos Cursos Superiores de Educação Física, como descrevo a seguir.

Nas duas primeiras décadas do século passado são criadas as primeiras escolas de

Educação Física, ainda no meio militar. As primeiras escolas do meio civil (Período do Estado Novo) foram criadas em 1939, sendo a Escola de Educação Física do Estado de São Paulo e a

(28)

Escola Nacional de Educação Física da Universidade

do

Brasil (RJ). Neste período, a

administração

das

escolas de Educação Física ficava sob a responsabilidade da Divisão de

Educação Física (DEF). De acordo com FARIA JUNIOR (1987), este era um fator que

distanciava a Educação Física

das

demais licenciatoras. Nesta época, a Habilitação, segundo

BORGES ( 1998), era definida

para os seguintes ruveis: técrucos, especialistas, morutores e

professores. Essa diversidade de terminalidades aumentou o distanciamento entre os próprios

profissionais da área. Em 1945, houve uma aproximação maior da Educação Física com as

outras licenciatoras. Em I %2, dois pareceres

são

aprovados, um estabelecendo o elenco de

matérias pedagógicas e o outro fixando o currículo mínimo dos cursos superiores de Educação

Física, que receheu o seguinte comentário de FARIA JUNIOR (1987:23),

... com sete anos de atraso em relação a legislação (Parecer n°. 292/62) e com trinta anos, de fato, em relação as demais licenciaturas, matérias pedagógicas como Didática, Prática de Ensino, Psicologia, etc., foram efetivamente incluídas nos cuniculos de Educação Física, aproximando a

formação deste profissional da dos demais ...

Entretanto, estes pareceres não se efetivaram na prática. Só depois do Golpe de 1964 é

que as Universidades Brasileiras

passaram

por inómeras modificações. A partir deste periodo,

multiplicaram-se o número de escolas de Educação Física nas Universidades Brasileiras. Até

esta época. o objetivo

das

instituições superiores era

preparar

o professor

para

o sistema

escolar e treinadores e massagistas

para

o esporte (quando de seu início em 1939). Mas, com

as mudanças sociais e o crescimento econômico. as novas opções de carreiras para o professor

de Educação Física começaram a surgir e a sociedade passou a necessitar de serviços

especializados, não só no campo da Edocação Física como

também

do Esporte, da Dança e do

Lazer.

Os currículos dos Cursos de Educação Física permaneceram inalterados por quase duas

décadas (1%9-1987), iníciando-se por volta dos anos 80 urna série de discussões, cuja idéia

central era a implantação ou não do curso de Bacharelado em Educação Física e,

posteriormente, o curso de Bacharelado em Esporte e Lazer (RAMOS, 1995).

(29)

Entre 1980-90, acirraram-se as discussões a respeito da fonnação do profissional em

Educação Física. principalmente no que se

referia

ao curriculo dos cursos, como mostram os

dados a seguir.

A partir de 1978, iniciam-se vários <Oleontros para a discussão do tema (1978 na Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 1979, na Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1980, em vários estados brasileiros; 1981 oa Universidade Federal de Santa Catarina e em 1982, em Curitiba) (TOJAL, 1989).

Nestes encontros, discutiu-se, entre milltos assuntos. o seguinte:

,. a supervalorização do atleta, que levou a uma tendência na formação técnico-desportiva dos professores de Edocação Física (nas décadas de 60 e 70 o desporto de alto nível caracterizou fortemente os cuniculos de Educação Física);

,. a falta de ênfase no aspecto humanístico, visando a formação com conotação de pedagogo; ,. a possibilidade da formação no

Curso

de Li<:enciatura em três aspectos distintos;

,. o estabelecimento de uma lioba filosófica do cuniculo, entre outras.

A análise de alguns cuniculos de outros países, onde não existe um "cuniculo mínimo", e a elaboração

do

mesmo, ficando a cargo

das

necessidades de

cada

instituição, forsm dados que também contribuíram para os debates a respeito da estruturação dos nossos cuniculos (TOJAL, 1989).

De acordo com TOJAL (1989),

pelo menos duas décadas o cuniculo

do

Curso de Licenciatura em Educação Física deveria ser discutido. As propostas de mudanças vêm de todos aqueles que estão envolvidos com o estudo e a pesquisa nessa área. Entretanto, poderíamos dizer que tais mudaoças ainda estão engatiobando.

Ainda em TOJAL (1989), são apmsentados alguns itens

das

novas propostas curriculares, como:

,. fixação de uma carga horária mínima para a realização do curso; ,. fixação de limite mínimo e máximo

para

a finalização do curso;

.f

estabelecimento de matérias que ajudariam :as instituições na elaboração de seus currículos;

(30)

Em 1984, o Conselho Federal de Educação (CEF), por meio da Portaria n'. 10/84, constituiu um

Grupo de Trabalho ConsultiVo

que, com

base

nas discussões entre as Escolas de Educação Física, apresentou um anteprojeto de reformulação curricular, que foi apreciado e aprovado pelo CFE, por meio da Resolução n'. 03/8713. Assim, definia-se um mínimo de

conteúdos que formaria licenciados e bacharéis. A partir desta data, O CFEIMEC estabelecia um

prazo

de três anos (até 1990) para que

cada

instituição fizesse seus devidos ajustes curriculares para atender ao que fora definido.

De acordo com BORGES (1998), essas reformas curriculares não representaram um grande avanço para a área. O que aconteceu foi um inchaço dos curriculos, principalmente nas áreas esportiva e biomédica. Segundo TAFFAREL (1993), o curriculo se tomou compsrtimentalizado e distante da realidade.

De acordo com RAMOS (1995), a fragmentação da Licenciatura em Educação Física era emergente. Entretanto, a fragmentação das disciplinas, dos conteúdos e do ser humano deveria ser revista. Isto porque, na sua visão, todos os caminhos agora traçados, seja Licenciatura ou Bacharelado em Educação Física e Bacharelado em Esporte,

passam

pela interdisciplínaridade e por trajetos em comum. Há de se tomar o cuidado para não radicalizar e desmembrar totalmente um conteúdo do outro.

PASSOS (1988) organizou um trabalho em que foram reunidos posicionamentos

favoráveis

à

separação

do

Curso de Educação Física em Licenciatura e Bacharelado de OLIVEIRA (1988), COSTA (1988), PEl.LEGRlNE (1988) e MOREIRA (1988).

OLIVEIRA (1988) defendia a diferenciação entre Educação Física (Bacharelado e Licenciatura) e Esporte (Bacharelado), tendo em vista a ampliação do mercado de trabalho (clinicas, academias de dança e ginástica, clubes, etc.) que antes era atendido apenas pela Licenciatura

COSTA ( 1988) reforça a mesma opinião, afirmando que a restrição à Licenciatura, enquanto formação em Educação Física, limita a atuação do profissional e deixa de atender a

13' A Resolução nQ. 031S7. ~no Pareot:r n°, 215187, do n:l.ator Mmro C. Rodrigues. t.mta do "perfil profissiográfiw" do licencia.do. do bacbal\11 e do técnioo dcsportiw. e adota uma proposta de currk:ulo tninimo que busca o perfil profissional; define as áreas de abrangêocia do (.urriculo e a duração l:l'linima do cur:so (quatro anw); e indica. como deve ser a parte de Formaçãc> Geral (.Humanística e

(31)

uma sociedade que vem valorizando cada vez mais a prática da atividade física e esportiva Para PELLEGRJNE (1988), os cursos deveriam contemplar uma formação diferenciada para o especialista (técnico em desporto/bacharel) e para o licenciado em Educação Física porque a atual formação generalista não vem atendendo à necessidade de ambos. Além disso, ressalta que boa parte dos cursos de Educação Física no Brasil estão com estrutura cunicular de 10 ou 20 anos atrás.

Da mesma fonna, MOREIRA ( 1988) mostra-se a favor da difereociação da Edocação Física em Bacharelado, assumindo uma visão generalista, e Licencia~ especializando em educação furmal. Para o autor, a Licenciatura não tinha uma identidade própria, com caràter acrítico, a-histórico e ídeológico, prevalecendo a negação do pensamento criativo.

E, em defesa do Bacharelado, MOREIRA (1988:271) traça o seguinte parecer:

" ... a realidade social brasileira organizou-se muito além da estrutura de uma educação escolar formal Por esse motivo, fica difícil defender um arrso superior na área da educação física, que continue a enfocar apenas uma vertente: licenciatura ... "

" ... o bacharel talvez seja tão necessário para a educação fisica quanto a sociedade onde ele se

situa ... "

Na visão do autor, a necessidade de

wrn

profissional com formação qualificada para atender ao mercado de trabalho na àrea não-escolar é mais do que emergente, concordando com uma grande maioria da necessidade de uma formação diferenciada em outros segmentos do movimento humano.

TOJAL (1990:160) também parece favoràvel

à

criação do curso de Bacharelado em Educação Física, uma vez que a formação única, ou seja, a Licenciatura, restringia o mercado de atuação na àrea escolar, afirmando:

" ... mesmo tendo-se consciência da amplitude do mercado de trabalho existente e da diversidade de opção de atuação para o profissional de Educação Física, observa-se que a formação única, que é oferecida pelos diversos curws no país, através da Licenciatura, tem confinado esse profissional ao mercado garantido por lei junto ao ensino de 1 <> e 2" graus e

(32)

algumas incursões na área desportiva acadêmica ... "

Entretanto, segundo TOJAL (1989), de nada adiantará se tais mudanças ocorrerem apenas nos currículos, sem a diferenciação do conteúdo das disciplinas e da qualificação docente, aspecto este discutido durante as apresentaç(ies das propostas de implantação do currículo

para

a fonnação do Bacharel em Educação Física

OUVEIRA (1988) acredita que a distinção em Licenciatura e Bacharelado contribuirá na legitimação da profissão, como podemos constatar em seu discurse:

" ... o oferecimento do curso de bacharelado em educação fisica torna·se um instrumento fàcili.tador e possibilitador da regulamentação da profissão, não de professor de educação

fisica, mas de profissional de educação fisica, independentemente da preocupação com a necessidade ou não da adequação ou mesmo mudança do nome "educação física" ...

(198ll:232).

O autor, ainda, demonstra a sua preocupação em ver a "não-proteção e/ou indefinição" de qualificação profissional do mercado de trabalho relacionada com a Educação Física na área não-escolar por ela não estar regulamentada e oão possuir entidades sindicais específicas.

A questão da regulamentação é um tema que já vem sendo discutido, sendo que duas áreas de concentrações diferentes na própria Educação Física reforçam ainda mais a necessidade

de

um reconhecimento

da

profissão perante a lei, a sociedade e o mercado de trabalho.

Ainda segundo OUVEIRA ( 1988), a união da classe por meio de um sindicato e sua conseqüente regulamentação contribuiriam

para

o reconhecimento do profissional nas duas áreas

distintas:

a escolar e a não-escolar. No entanto, ele ressalta que:

" ... não seria simplesmente através de instrwnentos legais que wna classe profissional iria adquirir prestigio e confiança, mas sim em função da significância e da qualidade de sua

(33)

TOJAL, 1989; PELLEGRINE, 1988; OLIVEIRA, 1988; BARROS, 1998 vêem o Bacharelado como uma possibilidade de uma melhor atuação do profissional na área não-escolar e uma melhor especificação do seu campo de atuação.

A formação específica do profissional na área não-escolar poderia prepará-lo mais adequadamente para assumir este campo de trdbalho, possibilitando-o a desempenhar funções

mais específicas neste segmento.

"' ... o surgimento do Bacharelado c;ontribuiu ainda para valorizar a Licenciatura, pois esta passou a ter uma caracterização própria, podendo

assim.

assemelhar -se às licenciaturas dos demais cursos, e como contribuição na busca da definição de um objeto de estudo da

Educação Física .. " (BARROS, 1995:73).

A formação generalista na área da Educação Física tem se mostrado ineficiente para atender às demandas do mercado e às expectativas dos futuros profissionais. A difurenciação/especificidade na formação do futuro profissional poderia favorecer significativamente tanto a objetividade da sua formação como o seu campo de atuação.

Acredito que tanto a Licenciatura como o Bacharelado não têm a intenção de descartar o papel do "educador". Ao que me parece, após observar os conteúdos que estão sendo propostos, os dois cursos contemplam os aspectos pedagógicos e educacionais.

A abertura oferecida ao Bacharelado em Educação Física, pela nova Legislação, trouxe uma possibilidade de preparar o professor de woordo com a realidade do mercado de trabalho. A nova Legislação conferiu autonomia e flexibilidade na elaboração dos currículos, o que

pennitiu a cada instituição adequar-se

às condi~;ões

e necessidades de sua região.

RAMOS (1995:15) tambêm aponta aspectos positivos desta nova Resolução do CFE 03187, afirmando que:

"... esta nova proposta consagra uma flexibilidade runicular que permite às Instituições de

Ensino Superior atenderem aos interesses dos alunos e peculiaridades regionais do mercado de trabalho ... "

(34)

mais específica, com aprofundamento de conhecimento na área de interesse do aluno e

permitindo a necessária competência profissional ... .,

Em

sua dissertação de mestrado, o autor discute a estrutura curricular da Educação Física, da Licenciatura ao Bacharelado. Ele discrimina os aspectos positivos e negativos, favoráveis e desfavoráveis e a viabilidade e inviabilidade de cada um dos cursos.

De acordo com RAMOS (1995), seguindo a sugestão do Parecer n°. 215187, as principais Universidades Estaduais Paulistas apresentavam a seguinte estrutura curricular:

!JNlCAMP:

Lit:enciatura em Educação Fisica

Bacharektdo em Educação Física cem Habilitação em:

],)E

11acharelado em Educação Física

Bacharelado em Esporn

Licenciatura em Educação Física

!JNESP:

Licenciatura em Educação Física

Recreação e Lazer

Treinamento em Esportes

Bacharelado em Educaçlio Física rom Conce1'llraÇão em: Esportes

Atividaik Flsíca Generalizada

Pelos três exemplos citados, poderoos perceber que a preocupação pela formação específica do profissional na área do esporte também já vem sendo terna de discussão entre as principais Universidades paulistas.

De acordo com o autor. uma vez que muitas

instituições

de nível superior têm como referência uma

destas

Universidades citadas~ poderiamos esperar que outras

instituições

também criassem o Bacharelado ero Educação Física e em Esporte.

Referências

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