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DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE ATENÇÃO AO ESTUDANTE DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

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DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE ATENÇÃO AO ESTUDANTE DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

Alana Mara Santos dos Anjos Ferreira

Universidade do Estado da Bahia almferreira@uneb.br/UNEB

Carolina d’Afonseca Souza Cardoso

Universidade do Estado da Bahia cdcardoso@uneb.br/UNEB

Marileide Souza Santana Silva

Universidade do Estado da Bahia mssilva@uneb.br/UNEB

Renata Suellen Nogueira Santos

Universidade do Estado da Bahia rsnogueira@uneb.br/UNEB

RESUMO

Este artigo objetiva apresentar a experiência de trabalho da Equipe Multidisciplinar de Atenção ao Estudante, que atua na Pró- Reitoria de Assistência Estudantil, da Universidade do Estado da Bahia, presente em 24 municípios, organizada em 29 Departamentos, localizados na capital do estado e interior baiano. As autoras são profissionais das áreas de Psicologia, Pedagogia e Serviço Social e utilizam como metodologia do presente estudo o relato das suas práticas de trabalho junto à gestão universitária e a comunidade discente. Essas práticas visam assegurar as políticas de Assistência e Permanência para um novo perfil de estudantes, advindos dos segmentos historicamente alijados do ensino superior, num contexto de contingenciamento de recursos para as universidades públicas brasileiras. Como resultado dessa reflexão constatam os desafios de intervir e mediar em questões sociais, emocionais e de aprendizagem com uma equipe reduzida. Ao mesmo tempo, as pesquisadoras concluem que dentro deste cenário existem possibilidades de ações e atividades exitosas realizadas junto aos discentes da UNEB.

Palavras-chave: Multidisciplinar, Assistência Estudantil, Permanência, UNEB, Ensino

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1 INTRODUÇÃO

As universidades públicas brasileiras têm passado por uma profunda alteração do perfil de seus estudantes, com o acesso de camadas da população tradicionalmente excluídas do ensino superior, a partir de programas e ações de democratização do acesso, entre elas a políticas de reserva de vagas. Com o novo perfil de estudantes, pessoas em situação socioeconômica vulnerável, afrodescendentes, indígenas, surge também novas demandas para as instituições, em especial a oferta de condições para a permanência estudantil. Compreendendo que a permanência envolve um conjunto de ações, que vão desde a oferta de condições de moradia, alimentação, cultura, atenção à saúde e apoio pedagógico (BRASIL, 2010a), a constituição de equipes multi e interdisciplinares no contexto da assistência estudantil tem se desenhado como uma importante estratégia das universidades públicas (TEIXEIRA et al., 2019, no prelo), entre elas a Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Nesse sentido, consideramos relevante refletir sobre a atuação da Equipe Multidisciplinar de Atenção ao Estudante (EMAE) no contexto da UNEB e das políticas de Assistência Estudantil do país.

A entrada no ensino superior é um importante momento de transição na vida dos jovens, que se deparam com questões como: afastamento do círculo familiar, novos papeis do mundo adulto, novas exigências de desempenho acadêmico e novas relações sociais. Diante disso, Coulon (2008) destaca a importância do que chama de afiliação, considerado o processo de entendimento e aplicação das regras e rotinas institucionais no ofício de ser estudante. Para os jovens de origem socioeconômica vulnerável, a estes desafios, é preciso acrescentar a trajetória desigual de escolarização, que promove condições diferentes de ensino e aprendizagem, além das diferentes condições materiais de manutenção e sobrevivência, em comparação com o público que tradicionalmente compunha as universidades.

Este cenário se reproduz na UNEB, que foi uma das pioneiras na implantação do sistema de reserva de vagas direcionadas para a população afrodescendente e indígena no Brasil (FERREIRA, 2018).

A UNEB foi criada em 1983 em um contexto que buscava a expansão do ensino superior no estado da Bahia, bem como sua interiorização e democratização, direcionada para a formação de professores e qualificação de trabalhadores para os setores produtivos (BOAVENTURA, 2009). Trata-se de uma instituição multicampi, organizada em 29 Departamentos instalados em 24 campi localizados na capital do estado e mais 23 municípios. Estende-se, portanto, por todo o território baiano, com alcance a 417 municípios, por meio de programas e ações extensionistas em convênio com organizações públicas e privadas1.

Assim, desde a sua formação, concebe a ideia de democratização do ensino, levando a educação superior para cidades distantes dos grandes centros universitários. Isso, somado à política de cotas étnico raciais instituída em 2002, e mais recentemente, em 2018, de cotas referentes às sobrevagas dos cursos para indígenas, quilombolas, ciganos (as), pessoas com deficiência, transtorno do espectro autista ou altas habilidades e transexuais, travestis ou transgêneros, fazem da universidade um espaço constituído pela diversidade, pluralidade e a marca comum das trajetórias de exclusão, conforme a Resolução Nº 1.339/2018 (UNEB, 2018a).

De acordo com dados do Anuário UNEB em Dados 2018 – Base 2017, do total de estudantes matriculados nos cursos de graduação, 40,14% eram cotistas negros e 0,92% indígenas. Tais dados reforçam a alteração do perfil de estudantes da universidade e a crescente demanda por ações de assistência e permanência para que esses estudantes possam concluir sua formação (UNEB, 2018b).

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As ações de assistência estudantil na UNEB inicialmente estiveram sob responsabilidade de uma gerência vinculada à Pró-Reitoria de Extensão, até o ano de 2009, quando foi criada a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PRAES), reflexo da ampliação de demandas e mobilizações dos estudantes (MENEZES; FERREIRA; MATOS, 2017).

A PRAES é responsável pelo desenvolvimento de ações de assistência e permanência dos estudantes de graduação da universidade, entre as quais estão: a concessão de bolsas auxílio para estudantes em situação de vulnerabilidade social, apoio à participação em eventos, coordenação das Residências Universitárias, mediação do benefício de meia passagem de transporte, atenção psicossocial, entre outras.

A atenção psicossocial, por sua vez, começou a se estruturar em 2011, com a chegada das primeiras assistentes sociais e psicólogas, que passaram a compor o Setor Psicossocial (FERREIRA, 2018). Desde o início, a equipe psicossocial buscou consolidar seu espaço de trabalho, o que se fez em um cenário permeado por embates para demarcar posicionamentos e práticas pautadas nos referenciais profissionais de cada campo de formação. Por meio das reuniões de equipe, discussões de casos, construção de projetos e chegada de novas profissionais, as práticas foram se consolidando ao longo do tempo. Neste processo, destaca-se também o apoio da gestão da Pró-Reitoria, estimulando o dedestaca-senvolvimento de projetos e a qualificação das profissionais, com respeito aos posicionamentos técnicos da equipe.

Em 2014, o Setor Psicossocial passou a se chamar Equipe Multidisciplinar de Atenção ao Estudante (EMAE), período em que se constituiu a sua composição atual com três assistentes sociais, três psicólogas e uma psicopedagoga, totalizando sete profissionais2.

Quanto ao nome EMAE cabem algumas reflexões, pois, embora, comporte a expressão multidisciplinar, considera-se que a atuação adota a perspectiva da interdisciplinaridade. Para Almeida Filho (2005), o termo multidisciplinar caracteriza contextos em que diferentes disciplinas atuam sobre uma mesma temática sem que os profissionais estabeleçam relações técnicas e científicas efetivas entre si, enquanto na interdisciplinaridade há um problema comum e o compartilhamento de uma teoria e/ou política e de um trabalho conjunto.

Baseada nessa definição, Teixeira et al. (2019, no prelo) discutem que o trabalho da EMAE se caracteriza como interdisciplinar, considerando o fato

das profissionais da equipe desenvolverem atribuições específicas e compartilhadas, constituindo uma equipe multiprofissional em que os membros, apesar de sua formação específica, compartilham de referenciais comuns, como as políticas de assistência estudantil, de saúde, educação, documentos institucionais da UNEB, entre outros, partilhando relações no campo teórico e das políticas, além de responsabilidades e ações conjuntas.

Nessa atuação as profissionais estão alicerçadas, portanto, além dos referenciais de cada campo de formação, em documentos institucionais da UNEB e instrumentos normativos da área, como o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que estabelece que as ações de assistência estudantil devem contribuir para democratizar as condições de permanência, minimizar os efeitos das desigualdades sociais, reduzir a evasão e promover inclusão (BRASIL, 2010a). Ressalta-se ainda o documento “Plano de Ação da Equipe Multidisciplinar de Atenção ao Estudante (EMAE/PRAES)” construído pela equipe como referencial de sua atuação3. De acordo com este documento, o objetivo do trabalho da equipe é “contribuir para a permanência estudantil apoiando os discentes em demandas psicossociais

2 Quatro profissionais em exercício profissional no momento em que o texto foi escrito. 3 Documento interno elaborado pelas profissionais da EMAE (não publicado).

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e pedagógicas, por meio de ações preventivas e institucionais em articulação com a comunidade universitária e as políticas públicas4”.

Diante disso, a equipe adota uma concepção ampliada de assistência estudantil, que engloba questões psicossociais e pedagógicas, a afiliação institucional e as relações estabelecidas entre os membros da comunidade universitária, que influenciam em alguma medida para sua permanência ou evasão.

Isso converge com a perspectiva de Honorato (2015), que diferencia as políticas de Assistência Estudantil, direcionadas para a parcela dos estudantes que têm dificuldade de permanecer pelas condições financeiras e materiais, e as de Permanência, que englobam estudantes com dificuldades simbólicas. Estas, por sua vez, incluem desde a dificuldade de compreensão das regras institucionais até dificuldades relacionais e de comunicação com professores, colegas e outros membros da comunidade universitária.

Por outro lado, segundo Oliveira (2017), a assistência estudantil no Brasil ainda enfatiza o apoio às dificuldades socioeconômicas, com o repasse de recursos financeiros, em detrimento ao destaque dado para as ações de atenção em saúde ou psicossocial dos estudantes. Compreende-se, entretanto, que essas ações precisam caminhar conjuntamente, uma vez que as demandas de atenção psicossocial mostram-se cada vez mais presentes nas universidades e não estão dissociadas das demandas materiais.

Pesquisas do FONAPRACE (Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis) sobre o perfil dos estudantes das Instituições Federais de Ensino indicam que, enquanto em 2011, 47,7% dos estudantes referiram ter vivido uma dificuldade emocional nos últimos 12 meses à pesquisa, esse número aumentou expressivamente para 79,8% em 2014 (FONAPRACE, 2016; FONAPRACE, 2011). Outro dado destacado pela pesquisa de 2014, publicada em 2016, é que entre as dificuldades emocionais mais relatadas pelos estudantes estão: ansiedade, desânimo/falta de vontade de fazer as coisas e insônia ou alterações significativas de sono. Além disso, a pesquisa identifica os principais estressores que interferem nas atividades acadêmicas: carga excessiva de trabalhos acadêmicos, problemas financeiros, relacionamentos interpessoais ou sociais e adaptação à cidade, condições de moradia e separação da família (FONAPRACE, 2016).

Dessa forma, é fundamental fortalecer a concepção de uma assistência e permanência ampliada que considera tanto o provimento de condições materiais quanto de apoio a questões emocionais, pedagógicas e sociais como imprescindíveis para evitar a evasão, promover a inclusão e oportunizar uma formação transformadora na vida dos estudantes que vivenciam dificuldades no período da graduação.

Isso perpassa também pelo entendimento da assistência e permanência estudantil como direito e política universal aos que dela necessitam e não pela lógica assistencialista (MENEZES; FERREIRA; MATOS, 2017) ou de política de governo.

Refletir e dar visibilidade ao trabalho desenvolvido por equipes psicossociais de assistência estudantil, mostra-se, portanto, fundamental, em especial no contexto político atual de contingenciamento e cortes enfrentados pela educação superior, cujas consequências podem impactar significativamente na possibilidade dos estudantes permanecerem na universidade. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo refletir sobre a atuação da Equipe Multidisciplinar de Atenção ao Estudante no contexto das ações de assistência estudantil da UNEB, levantando possibilidades e desafios que emergem no cotidiano profissional.

2 RELATO SOBRE AS AÇÕES E ATIVIDADES DA EMAE

Conforme ressaltado, a perspectiva interdisciplinar, que caracteriza o trabalho das profissionais da EMAE, envolve o compartilhamento de responsabilidades, trabalho conjunto

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e tem o estudante como foco em comum das intervenções. Estas, por sua vez, se desenvolvem por meio de atribuições comuns, e também específicas, que serão analisadas posteriormente neste texto. Essas atribuições estão descritas no documento “Plano de Ação da Equipe Multidisciplinar de Atenção ao Estudante (EMAE/PRAES)”.

As ações desenvolvidas pela equipe se caracterizam pelo acolhimento, escuta, orientação e acompanhamento psicossocial e pedagógico dos estudantes, de forma individual ou coletiva, compreendidas dentro do contexto universitário e social e dentro das especificidades e saberes de cada profissão.

A partir da demanda apresentada pelo discente, que pode inicialmente ser avaliada como psicológica, pedagógica e/ou social, define-se quem fará o acolhimento. Muitas vezes, entretanto, há a necessidade de que os atendimentos sejam realizados conjuntamente por profissionais de diferentes áreas, ou que seja realizado o encaminhamento interno entre os membros da equipe. Assim, durante um atendimento realizado pela assistente social, caso seja identificada uma demanda relacionada a questões psicológicas ou pedagógicas, a profissional busca o apoio das psicólogas ou da psicopedagoga.

Além disso, a depender da demanda, pode ser necessário a realização de encaminhamentos para outros serviços, seja para setores da própria instituição ou para serviços externos da rede socioassistencial e de saúde.

Para o desenvolvimento das ações é fundamental a existência de mecanismos de comunicação por meio de reuniões ou diálogos cotidianos que permitem o compartilhamento de casos, elaboração de projetos e avaliação e aperfeiçoamento dos processos de trabalho.

Entre as atribuições compartilhadas pela equipe estão ainda o apoio a professores, gestores e profissionais dos departamentos e das demais estruturas da universidade em questões relacionadas à permanência estudantil. Vale ressaltar que muitas vezes esses atores mediam a relação com os estudantes, sendo fundamental o estabelecimento de comunicação e parceria com os mesmos.

As profissionais também atuam no apoio à elaboração e desenvolvimento de projetos e programas da PRAES, além de integrarem comissões de trabalho em temáticas voltadas e relacionadas às políticas de Assistência e Permanência Estudantil. Em tais ações as profissionais contribuem com conhecimentos específicos e técnicos de cada profissão.

Entre esses projetos, esta o Entrelaços, que tem o objetivo de contribuir para uma ambiência favorável à aprendizagem e desenvolvimento relacional dos estudantes das Residências Universitárias do campus de Salvador. Esse projeto de intervenção ocorre no espaço das residências, mediante consentimento dos membros, onde são desenvolvidas atividade grupais, que buscam o diálogo e troca de experiências, trabalhando temáticas escolhidas pelo próprio grupo. Alguns dos temas trabalhados até o momento são: relacionamento interpessoal e convívio na casa, problemas de infra-estrutura da moradia, questões de ensino-aprendizagem e estresse.

Outra frente de ação é a organização de eventos, como o Seminário de Assistência Estudantil e, mais recentemente, o Simpósio Diálogos sobre Suicídio no Contexto Universitário.

Sobre tais ações, Teixeira et al. (2019, no prelo) ressaltam que “são importantes para fortalecer o diálogo sobre temas centrais para a equipe da EMAE e da Pró-Reitoria, além de terem função educativa e formativa para toda a comunidade universitária”.

2.1 O Serviço Social e as atribuições profissionais na EMAE/PRAES

A universidade atualmente é um lócus onde concentram-se múltiplos segmentos da sociedade tornando-a cada vez mais plural na sua condição: social, étnica, cultural e econômica.

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No bojo dessa nova representação da comunidade universitária apresentam-se também as expressões das questões sociais que orbitam no meio educacional como: vulnerabilidade econômica e risco social dos estudantes, trabalho precário e informal, violência, questões de gênero, uso de substâncias psicoativas, preconceito e exclusão social.

Para Ferreira (2018, p. 56):

A Universidade é um espaço cuja essência deve ser a construção de saberes, a partir da interação dos segmentos pertencentes a sua comunidade com a sociedade (...) ela deixa de representar um espaço social verticalizado, conservando um Brasil elitista, para garantir a inserção de integrantes, antes excluídos: negros, indígenas, pobres, horizontalizando esse novo cenário social brasileiro.

Diante desse cenário a (o) assistente social juntamente com outros profissionais tem se inserido em espaços no âmbito educacional para: pensar, refletir e propor ações de enfrentamento a essas demandas, para com isso evitar índices elevados de: evasão, repetência e baixo desempenho acadêmico dos estudantes de graduação nas instituições de ensino superior.

Sobre essa questão Almeida (2007, p. 5) reflete que:

Pensar a educação para além da política educacional é, deste modo, uma outra exigência posta aos assistentes sociais e que requer um olhar sobre a própria dimensão educativa de sua intervenção como constitutiva desses processos mais amplos e não necessariamente vinculada a essa área de atuação do Estado via política social.

A partir dessa perspectiva é que as profissionais de Serviço Social da PRAES/UNEB têm atuado e fundamentado suas ações, buscando fazer do seu exercício profissional uma prática interventiva, no propósito educativo, alicerçada nos princípios norteadores da: liberdade, justiça social, equidade e democracia (CFESS, 1993, p. 23).

De acordo com o “Plano de Ação da Equipe Multidisciplinar de Atenção ao Estudante (EMAE-UNEB)” as atribuições do Serviço Social da PRAES tem sua atuação voltada para os discentes dos cursos de graduação presencial da UNEB visando contribuir nas ações de assistência e permanência, durante a trajetória universitária.

A perspectiva do trabalho das profissionais fundamenta-se nos princípios previstos no Código de Ética do (a) Assistente Social e na Lei de Regulamentação da Profissão de Serviço Social (Resolução CFESS Nº 272, de 13 de março de 1993). Além de se articular com as diretrizes previstas no PNAES (BRASIL, 2010a) e Programa Nacional de Assistência Estudantil para as Instituições de Educação Superior Públicas Estaduais –PNAEST (BRASIL, 2010b).

No decorrer desse período trabalhando junto aos setores responsáveis pela gestão universitária da UNEB, o Serviço Social juntamente com as profissionais de Psicologia e Psicopedagogia que compõem a EMAE tem buscado percorrer um caminho que contribua para o repensar constante sobre a política de Assistência e Permanência Estudantil institucional, e que favoreça o enfrentamento das questões sociais vivenciadas pelos diversos sujeitos que compõem essa comunidade.

Esse direcionamento concilia-se com a reflexão de Iamamoto (2012, p. 75), que diz: O desafio é re- descobrir alternativas e possibilidades para o trabalho profissional no cenário atual; traçar horizontes para formulação de propostas que façam frente à questão social e que sejam solidárias como modo de vida daqueles que a vivenciam, não só como vítimas, mas como sujeitos que lutam pela preservação e conquista da sua vida, da sua humanidade.

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Especificamente explanando as ações do Serviço Social da EMAE/PRAES, o seu objetivo precípuo é atender ao público discente que demande por medidas que viabilizem a sua assistência para garantia da permanência institucional.

Em prol disso, às profissionais têm assessorado a gestão universitária na reflexão e nos processos de decisão relativos ao Programa de Bolsa Auxílio para discentes da UNEB, que é realizado por meio eletrônico, via Sistema digital.

E procede a realização da avaliação socioeconômica de recurso financeiro destinado a estudantes em situações extemporâneas, denominado “Auxílio Emergencial”.

Conforme a Resolução CONSU Nº 1.367/2019, o Auxílio Emergencial é recurso financeiro de curta duração, destinado aos estudantes de primeira graduação, dos cursos presenciais da UNEB, que em situação de hipossuficiência financeira e na ocorrência de situações imprevistas como: perda de vínculo empregatício, falecimento de provedor, enfermidade ou acidente que impeça o estudante de realizar atividade laborativa, violação de direitos; possam solicitar o referido benefício para garantia da sua permanência acadêmica. O estudante deve dar entrada na solicitação, via processo digital, e posteriormente participar de uma entrevista com a profissional de Serviço Social, cuja avaliação baseia-se em aspectos sociais e econômicos para concessão do auxílio financeiro (UNEB, 2019).

Os estudantes estrangeiros dos cursos de graduação que ingressam na UNEB são acompanhados pela Secretaria Especial de Relações Internacionais (SERint) e na solicitação de bolsa auxílio financeiro (Bolsa PEC-G) ao Ministério de Relações Exteriores também participam de entrevista com o Serviço Social da EMAE/PRAES para realização da avaliação socioeconômica.

As profissionais realizam ainda a escuta, acolhimento, orientação social e encaminhamentos de estudantes aos recursos públicos sociais, como: Unidades Básicas de Saúde, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Defensoria Pública, visando à garantia de direitos, em casos relacionados a questões de saúde, assistência social e jurídica.

E, a fim de compreender melhor os fenômenos sociais que ocorrem na trajetória universitária da comunidade estudantil têm realizado pesquisas da realidade social, através de cursos Lato Sensu e Stricto Sensu.

Além disso, recentemente também têm integrado a Comissão Organizadora da coletânea anual intitulada: “Experiências e Reflexões Discentes”, a qual os estudantes dos cursos de graduação presencial submetem artigos inéditos relatando as suas experiências de aprendizagens durante o percurso universitário, propiciando mais uma forma de permanecer institucionalmente.

As assistentes sociais da EMAE/PRAES buscam alcançar o desafio de realizar as intervenções dentro da perspectiva social contribuindo no processo de amadurecimento e autonomia dos diversos sujeitos que compõem a comunidade discente da UNEB. Essa perspectiva de prática profissional converge com a citação de Iamamoto (2012, p. 20), que traz o seguinte pensamento:

Um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas presentes no cotidiano.

2.2 A Psicologia Escolar no ensino superior e as atribuições profissionais na EMAE/ PRAES

Tradicionalmente a psicologia adentrou os espaços educacionais reproduzindo modelos clínicos e individualizantes, buscando atender demandas de avaliação psicológica para a identificação de problemas e adaptação do sujeito ao ambiente escolar. Tal perspectiva

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também foi reproduzida no ensino superior, um dos espaços mais recentemente ocupados por psicólogos (SAMPAIO, 2010).

Nos últimos anos, críticas a esses modelos tradicionais têm gerado esforços para a construção de uma psicologia escolar que abandone as concepções e práticas dos fenômenos

educativos sob a ótica individual e dissociada do contexto histórico-social para adotar

concepções relacionais, integradoras e amplas (OLIVEIRA; ARAÚJO-MARINHO, 2009).

No espaço de atuação das psicólogas na EMAE, observa-se que as demandas que

chegam à equipe ainda centram-se na expressão de dificuldades de aprendizagem e de

sofrimento psíquico de sujeitos individuais. Entende-se, portanto, que há uma expectativa institucional de olhar para o sujeito e seu problema, que devem ser objeto de intervenção.

A equipe de psicologia, entretanto, adota o entendimento de que o psicólogo não deve reproduzir a lógica de adoecimento e tratamento e que o estudante deve ser compreendido como um sujeito com uma história de vida particular que está inserido em um determinado contexto universitário e social, em que mantém uma rede de relações.

A partir desse entendimento, as práticas das psicólogas “foram se direcionando do tradicional modelo clínico-terapêutico para uma perspectiva mais preventiva e institucional” (TEIXEIRA, 2019, no prelo).

Sobre isso, Oliveira-Marinho (2009) refere que atuar preventivamente requer promover reformulações pessoais com os sujeitos, levando-os a identificar aspectos que interferem como facilidades ou dificuldades para atingir objetivos educacionais. Enquanto, a

perspectiva institucional se caracteriza como ações voltadas para a instituição, seus atores e suas práticas (OLIVEIRA, 2011).

Um dos campos de atuação do psicólogo no ensino superior é a assistência e permanência estudantil. Como ressaltado neste artigo, diversos aspectos interferem na permanência ou evasão dos estudantes, entre eles questões de natureza emocional e psíquica. A ocorrência de diversos problemas, como financeiros, de relacionamentos, de adaptação à universidade, junto à ausência de estratégias para lidar com tais questões, pode impactar no desempenho e na condição do estudante de estar no espaço universitário. Além disso, a partir da ampliação do acesso do ensino superior para pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, cresce a importância de pensar sobre as trajetórias de exclusão percorridas por esses estudantes e como elas impactam na vida acadêmica e na possibilidade de permanecer e atingir seu objetivo de formação profissional.

Entre as principais demandas para procura pelo serviço de psicologia da EMAE estão sinais e sintomas de ansiedade, humor deprimido e dificuldades no desempenho de atividades acadêmicas. De forma semelhante, Cerchiari, Caetano e Faccenda (2005), identificaram uma maior prevalência de transtornos mentais menores (ansiedade, depressão e transtorno somatoformes) na população universitária em comparação com a população geral.

Diante disso e de outros dados, como os já citados do FONAPRACE (2016), Teixeira et al. (2019, no prelo) discutem que “é possível falar na existência de um significativo contexto de sofrimento psíquico no contexto universitário, o que torna cada vez mais importante a presença do psicólogo no ensino superior”.

Por isso, a realização de atendimentos individuais, embora, não deva ser a única via de ação, é imprescindível. Ressalta-se, entretanto, que no serviço configurado pela EMAE o formato desses atendimentos não se configura como psicoterapia.

Para Teixeira et al. (2019, no prelo) os atendimentos realizados pelas psicólogas na EMAE:

[...] se caracterizam pela realização de uma escuta clínica, que se fundamenta em um formato de escuta global e institucional para acolhimento de pedidos de ajuda, apoio breve a alterações emocionais momentâneas e promoção da ressignificação das demandas.

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Esta escuta clínica é compreendida como uma competência do psicólogo, que se distingue por sua natureza ativa e marcada pela intencionalidade da transformação, que pode ocorrer no encontro de sujeitos subjetivamente implicados e envolvidos (OLIVEIRA, 2011).

Assim, na perspectiva da EMAE não se compreende que os serviços de psicologia das universidades, em especial na assistência estudantil, devem assumir a perspectiva clínica e focada no tratamento de transtornos, se direcionando para uma psicologia escolar preventiva e institucional, cabendo à rede de saúde mental, a partir de suas políticas e serviços, a oferta de tratamento especializado.

A partir do acolhimento e da escuta realizados, as profissionais podem avaliar as possibilidades de intervenção, seja pelo encaminhamento para serviços especializados, o apoio breve com a realização de alguns atendimentos, orientações ou a realização de diálogo com a equipe acadêmica dos cursos, buscando desenvolver estratégias de mediação do processo de ensino-aprendizagem, entre outras ações. A articulação com esses atores visa levá-los a refletir sobre as singularidades vividas pelo estudante e suas necessidades de ensino-aprendizagem, além de levá-los a refletir sobre suas próprias práticas, sendo estes aspectos que podem interferir no sofrimento psíquico apresentado pelo estudante.

Além disso, sempre que necessário há o compartilhamento de casos entre as psicólogas e, com as demais profissionais da equipe multidisciplinar, com o intuito de promover um olhar mais ampliado e contextualizado sobre a demanda apresentada.

Ainda sobre os atendimentos, a procura ao serviço ocorre de forma espontânea pelos discentes ou por meio do encaminhamento de diretores, coordenadores de colegiados dos cursos e professores, sendo necessário, neste caso, a ciência do estudante para evitar a ideia de obrigatoriedade do apoio psicológico. Todos os atendimentos são registrados em uma ficha de acolhimento, que foi construída pelas psicólogas.

A equipe de psicologia entende ainda que a perspectiva que se tem buscado construir requer o desenvolvimento de intervenções grupais, o que tem se buscado realizar em conjunto com a equipe, por exemplo, na execução do projeto Entrelaços, já citado.

Para as profissionais, o serviço de Psicologia da EMAE/PRAES esta em permanente construção, pois se trata de uma área recente de inserção dos profissionais, e como lembram Matos, Santos e Dazzani (2016) não existem modelos estruturados de atuação neste nível de ensino nem produções teóricas consolidadas sobre as práticas. O formato construído por esta equipe apresenta-se como uma possibilidade de intervenção, baseado na compreensão de que mesmo ao se ocupar das individualidades dos sujeitos, não se deve desarticulá-los de sua história e das relações (MARINHO-ARAÚJO, 2009) que estabelece no contexto da universidade e fora dela.

2.3 A Psicopedagogia no ensino superior e as atribuições profissionais na EMAE/ PRAES

Ao longo da história da educação brasileira, a Pedagogia foi se firmando como correlato da educação, entendida como modo de apreender ou de instituir o processo educativo, reconhecendo a necessidade de trocas entre profissionais que trabalham em contextos semelhantes, pelo entendimento da necessidade de aprofundamento nestes processos.

A melhoria da qualidade da educação no país, como compromisso social dos cidadãos, significa que se atribui aos conceitos educacionais, o sentido diferenciado e reconhecido individualmente pelos estudantes e profissionais em sintonia com aspectos da formação pessoal, ideologias, contextos existenciais de atuação, entre outros fatores diversificados.

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A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Reconhece-se a educação como realidade irredutível nas sociedades humanas. A este respeito, compreende-se que sua origem se confunde com as origens do próprio homem, desde que este se empenhe em compreendê-la e busque intervir nos processos educativos de forma intencional (SAVIANI, 2007).

Considerando a complexidade do saber e do conhecer de modo que se possa integrar a teoria com a prática profissional, a pedagogia busca estratégias de ação renovadas com a finalidade de dialogar com outras áreas. Encontra na psicopedagogia, como área de estudo que possui como objeto a aprendizagem, a possibilidade de compreender o processo do estudante na busca do conhecimento como um ser de habilidades múltiplas e com experiências de vida significativas e consideráveis.

O psicopedagogo na EMAE é o profissional que por meio de uma atitude de interesse, recebe o estudante com suas demandas pessoais numa escuta sensível e acolhedora, levando em conta principalmente as atitudes pessoais com foco nos estudos, sem desconsiderar os múltiplos aspectos referentes à aprendizagem, quer seja a dinâmica relacional professor-educador-estudante ou as histórias de vida pessoais e familiares, incluindo a abrangência da interdisciplinaridade.

As atividades desempenhadas por este profissional são exercidas de forma a dialogar com as demais áreas do conhecimento, a exemplo da Psicologia e do Serviço Social, visando a melhor compreensão dos processos de desenvolvimento individuais e coletivos dos estudantes, com ênfase na reflexão a respeito dos fatores significativos que podem contribuir para a permanência qualitativa e bom desempenho destes.

No estabelecimento do diálogo com os Departamentos e Coordenações, enfatiza-se a comunicação entre educadores, educandos e demais órgãos em atendimento às demandas específicas apresentadas, como uma nova forma de aprender e ensinar.

As ações psicopedagógicas voltadas para a permanência do estudante no ensino superior, no seu processo de afiliação institucional, intelectual, emocional e afetiva, nas fases de vida acadêmica, possibilitam reflexões e avaliações da trajetória de acesso à universidade em busca das estratégias institucionais de enfrentamento da evasão.

O trabalho da Psicopedagogia na EMAE busca incentivar o desenvolvimento de habilidades de estudo, assimilação dos conteúdos, organização do tempo, como estratégias capazes de garantir um bom rendimento escolar a partir do suporte multidisciplinar.

Em algumas ações estabelece-se parceria com Núcleo de Educação Especial (NEDE) para acompanhamento de estudantes com necessidades educacionais, buscando apoiá-los nas dificuldades de adaptação ao ambiente universitário e em sala de aula por meio do diálogo com os educadores e departamentos dos cursos.

Em casos específicos como a integralização curricular, quando o estudante necessita de ampliação do tempo para a conclusão da graduação, apoia-se o estudante junto à Coordenação do Curso a fim de organizar o fluxograma e orientá-lo diante das suas reais possibilidades.

Percebe-se o surgimento de novos espaços de atuação, com demandas espontâneas por parte dos educadores que se apresentam com atitude acolhedora e colaborativa em busca de contribuições das abordagens multidisciplinares, considerando os aspectos múltiplos na aprendizagem. Esta iniciativa, além de apontar para uma visão diversificada da realidade, sinaliza a possibilidade de contribuição para a permanência estudantil e formação de sujeitos profissionalmente mais qualificados.

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2.4 Sobre os desafios

O relato sobre as atribuições compartilhadas e específicas da equipe psicossocial apresenta diversas possibilidades de atuação que se apresentam no contexto da assistência e permanência estudantil. O processo de constituição da EMAE, entretanto, também é permeado de muitos desafios, desde os problemas de estrutura física, a oferta de assistência a todos os campi universitários espalhados por 24 municípios da Bahia, até o contexto político atual.

No início, não havia sala individualizada de trabalho, sendo necessário dividir espaço com os demais setores da Pró-Reitoria. O primeiro espaço do setor tinha problemas de infra-estrutura, como ventilação, dimensões físicas e acessibilidade inadequadas. Segundo Matos, Santos e Dazzani (2016), a maioria das equipes de Assistência Estudantil trabalham em condições materiais precárias, o que prejudica o desenvolvimento de ações.

Tais questões sempre foram sinalizadas para a gestão universitária, e a partir de 2017, houve melhorias com a concessão de um novo espaço mais amplo e com melhor estrutura, embora persista a necessidade de remodelagem e construção de pelo menos mais uma sala de atendimento, que possa inclusive ser utilizada para atividades grupais.

Ampliar as ações de natureza coletiva é outro dos desafios da equipe, que compreende a importância da atuação preventiva, e que as atividades em grupo apresentam potencial de atingir mais estudantes, além de gerar benefícios decorrentes do compartilhamento de experiências, trocas entre pessoas que vivenciam situações semelhantes e aprendizagem com e junto ao outro. Nesse sentido, tal desafio também se apresenta como possibilidade de atuação.

Projetos como o Entrelaços reforçam para a equipe a necessidade de investir em ações preventivas e coletivas. Um dos limites a essa ampliação, entretanto, está relacionado ao quantitativo de profissionais em relação ao número de demandas individuais que chegam ao setor. Além disso, os projetos coletivos no momento só podem ser aplicados no campus de Salvador, onde a equipe exerce suas atividades. Portanto, persistem limites na realização de ações voltadas para os campi que se localizam fora da capital do estado. Por isso, a constituição de equipes psicossociais nos demais campi da UNEB é uma pauta da EMAE junto à gestão da universidade.

Para Menezes, Ferreira e Matos (2017, p. 183) “vale o registro que, num contexto multicampi, a EMAE é composta por profissionais concursadas na área de Serviço Social, Psicologia e Pedagogia, que cumprem papel estratégico para qualificação de ações de permanência dos estudantes”.

No momento, entretanto, não há previsão de realização de novos concursos públicos para a universidade. Perspectiva que se agrava ao se considerar a atual conjuntura política e econômica de tantos revezes, observados no Brasil, e que atingem a área da Educação, por meio do contingenciamento de recursos, que retraem investimentos nas instituições de ensino superior públicas. Além de afetar o provimento de pessoal, a ausência desses investimentos acarreta ainda a diminuição gradativa da realização de ações prioritárias na área de Assistência Estudantil como: concessão de bolsas para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica e risco social, construção de casas estudantis e restaurantes universitários.

3 CONCLUSÃO

Este artigo buscou refletir sobre o trabalho da Equipe Multidisciplinar de Atenção ao Estudante da PRAES/UNEB, inserida nas ações de assistência e permanência estudantil dessa

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instituição, mostrando as principais práticas que são desenvolvidas com o objetivo de apoiar o estudante em sua formação.

A assistência e permanência estudantil devem ser pensadas de forma ampliada, pois envolvem diferentes condições para sua efetivação, desde o provimento de aspectos materiais, como moradia e alimentação, até questões de natureza psicológica, pedagógica e social. No contexto estudado, observa-se a necessidade de ampliação das ações, em especial na perspectiva preventiva e coletiva. Por isso, um dos desafios projetados pela equipe está na construção de intervenções semelhantes ao projeto Entrelaços, envolvendo temáticas como: o acolhimento de estudantes no início do semestre, já que esta é uma fase importante de transição e de desenvolvimento da afiliação; ações com alunos em finalização da graduação, período de incertezas sobre o projeto de vida futuro e as vezes de dificuldades de finalização do trabalho de conclusão de curso; ações com professores; organização do tempo de estudo e estratégias de aprendizagem, entre outros.

Tais projetos, entretanto, precisam ser pensados no contexto da multicampia e do aumento das demandas psicossociais identificado nos últimos tempos, o que requer, com brevidade, a inserção de equipes psicossociais em outros campi da universidade. Sugere-se que essas equipes sejam formadas por profissionais das áreas de Serviço Social, Psicologia e Pedagogia, embora, possam incorporar outras profissões afins.

Reflete-se, entretanto, que o cenário atual revela-se incerto e preocupante, pois a nível nacional e estadual observam-se medidas de contigenciamento de recursos da educação, que podem prejudicar os avanços obtidos nos últimos anos, com o maior acesso de pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica ao ensino superior.

Nesse contexto, estudantes, gestores e profissionais de educação devem continuar assumindo o compromisso de luta pela educação superior gratuita e pela oportunidade de acesso e permanência estudantil. Luta que pode ser feita em todos os espaços, inclusive no cotidiano das ações e atividades desenvolvidas por esses sujeitos.

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