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PAINEL 1 - MONOTEÍSMOS EM TRÂNSITO. Reconhecer o Islão: Mobilidades, classe e islamofobia na sociedade portuguesa JOSÉ MAPRIL CRIA-NOVA FCSH

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Academic year: 2021

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Livro de Resumos

PAINEL 1 - MONOTEÍSMOS EM TRÂNSITO

Reconhecer o Islão:

Mobilidades, classe e islamofobia na sociedade portuguesa JOSÉ MAPRIL | CRIA-NOVA FCSH

Resumo

Partindo de uma problematização e olhar crítico sobre os retratos homogeneizadores de muçulmanos presentes em vários discursos (políticos) globais, que se constituem como uma das faces do racismo e da islamofobia contemporânea, este capítulo pretende revelar as múltiplas complexidades empíricas do caso português. Como vários autores têm enfatizado (Ramm 2010; Sayyid and Abdoolkarim 2010, Rana 2011) o termo “muçulmano” é frequentemente associado a uma figura e categoria homogéneas, figura essa representada como ameaçadora e relacionada com vários pânicos morais. Esta fantasia tem sido instrumentalizada em diversos contextos políticos e mediáticos, e constitui-se como uma forma de violência, e de estigma, sobre vastos segmentos Europeus que veem assim inscritos nos seus corpos uma alteridade / diferença irredutível, com a qual têm que lidar e que os interpela quotidianamente, com tremendas consequências para o seu direito à cidade e à cidadania. O objetivo desta apresentação é, pois, problematizar estes retratos homogeneizadores e essencialIzantes, revelando as múltiplas facetas e complexidades dos muçulmanos e Islão(s) portugueses.

O estado do Islão e o Islão do estado MARIA CARDEIRA DA SILVA | CRIA-NOVA FCSH Resumo

O Presidente da República Portuguesa condecorou a Comunidade Islâmica de Lisboa, no seu 50º aniversário, com a Ordem da Liberdade. O ato, politicamente assertivo e profusamente difundido no media, suscitou comentários islamófobos nas redes sociais. Saba Mahmood (1962 – 10 de março de 2018, in memoriam) explorou, em Politics of Piety (2004), a interseção entre género e religião nos movimentos pietistas islâmicos do Cairo

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3 por forma a obrigar-nos a desafiar o próprio caracter sacralizado do princípio da liberdade. O livro, conceptualmente provocatório, foi atacado por feministas liberais. Por outro lado, em Religious Difference in a Secular Age: A Minority Report (2015) Saba contesta as ideias convencionais de que o secularismo — vulgarmente interpretado como a separação entre a religião do estado — reduziria as tensões religiosas e políticas nos países muçulmanos, argumentando, que a condição secular implica, ao contrário, um envolvimento ativo do estado na regulação da vida e instituições religiosas. Os limites que Saba Mahmood (não) impôs à reflexão sobre religião, feminismo e secularismo são desafiadores e potencialmente perturbadores do ponto de vista político e disciplinar, mas imprescindíveis para uma reflexão apartada sobre estado, liberdade religiosa, género e, também, Antropologia. Seguirei aqui a sua pista, comentando conceptualmente medidas, vocabulários e atos simbólica e politicamente densos da realidade do Islão público em Portugal.

Etnografia dos Judeus e Marranos do Nordeste Português: uma pesquisa em curso

MARINA PIGNATELLI | CRIA/ISCSP-UL Resumo

A pesquisa que desenvolvo em Portugal, actualmente, versa sobre uma realidade que se crê desaparecida por conta das várias perseguições ocorridas no território nacional: judeus e marranos ou judaizantes, auto-identificados como judeus. Proponho-me falar do estudo que desenvolvo sobre um dos grupos religiosos minoritários historicamente mais emblemáticos em termos de alteridade para a sociedade portuguesa, em geral, e que teimam em existir, que faz parte integrante e expressiva da nossa matriz pluricultural, com os seus traços patrimoniais distintivos materiais e imateriais, e constituindo-se como uma população portadora de uma identidade confusa, escondida, híbrida, herdada ou construída, mas real, no Nordeste Transmontano, ainda hoje. Recorrendo ao método etnográfico, observação participante, entrevistas qualitativas e recolha documental, estou em trabalho de campo sedeado em Bragança, mas com um percurso delineado por forma a percorrer o triângulo que permita um levantamento de dados entre esta cidade, o Porto e as Idanhas, na Beira Baixa. A quantidade de informação já recolhida entre cidades, vilas e aldeias, não deixa o corrente projecto ter fim à vista. Serve, contudo, para poder, desde já contrariar a ideia de que, os judeus e marranos, em Portugal, são coisa do passado.

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4 PAINEL 2 – RELIGIÃO NO FEMININO

Puxar a procissão cá para cima.

Expressões religiosas e identitárias no culto à Senhora da Saúde do Subidouro PEDRO PEREIRA |IPVC/ISCSP-UL

Resumo

O culto mariano é inegavelmente uma marca indelével do património cultural português, evidente nas quase mil invocações da Virgem, traduzidas na sua expressão arquitetónica em milhares de lugares de culto, atraindo milhões de crentes e visitantes. O Subidouro (Maia) é um dos mais de trezentos lugares onde todos os anos se realiza um ritual festivo dedicado à Senhora da Saúde. Ancorando-se no trabalho de campo antropológico desenvolvido em lugares de culto à Senhora da Saúde, particularmente no Subidouro, na presente comunicação procurar-se-á apresentar o processo de construção social, cultural e material de um lugar de culto que todos os anos magnetiza crentes e não crentes, autóctones e visitantes. Ainda que o ritual de culto da Senhora da Saúde do Subidouro se revista, evidentemente, de dimensões religiosas católicas, a dinâmica performativa do ritual festivo encerra em si outras dimensões. Desde logo, os autóctones recorrem a dinâmicas sociais para preservar a identidade cultural do lugar; por seu turno, os visitantes participam numa experiência, sensorial e emotiva, multifacetada. O ritual religioso da Senhora da Saúde do Subidouro congrega em si dinâmicas cénicas e sociais que o singularizam. Todavia, há toda uma dimensão de preservação de uma identidade cultural que está presente em todos os lugares de culto da Senhora da Saúde e, certamente, na generalidade das expressões deste tipo de religiosidade popular. Nesta “cultura do encontro”, anfitriões e convidados alimentam concomitantemente as expressões religiosas e identitárias no culto à Senhora da Saúde do Subidouro.

Fátima, entre tradição e modernidade: uma revisitação historiográfica PAULO FONTES |CEHR-UCP

Resumo: O objetivo da comunicação é revisitar o tema de Fátima como tópico do discurso social, cultural e político, a propósito da celebração do centenário dos acontecimentos de Fátima (1917-2017). Essa análise parte da leitura desenvolvida pelos diversos atores, em função da sua visão da sociedade e da

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5 religião, problematizada em torno do eixo interpretativo: tradição/modernidade. A hipótese de que partimos é que, ao longo de um século, se verificou uma deslocação discursiva do primeiro para o segundo polo, em função de novas aproximações ao entendimento do lugar e do papel da religião na sociedade, assim como à evolução verificada no discurso dos principais protagonistas ligados a Fátima e, em particular, os responsáveis da Igreja Católica.

“Eu não comento... porque eu sou homem”:

Reflexões antropológicas sobre masculinidade e devoção em Fátima ANNA FEDELE |CRIA-NAR/ISCTE-IUL

Resumo

Esta comunicação analisa as vivências de homens portugueses que visitam os lugares das aparições de Nossa Senhora de Fátima através de uma pesquisa antropológica sobre as peregrinações e a devoção em Fátima no âmbito da recorrência do centenário das aparições em 2016 e 2017. Fazendo referência acima de tudo às histórias de vida dos peregrinos e usando uma perspetiva de género, nesta comunicação vou analisar como estes peregrinos confirmam, mas muitas vezes também transformam, os papéis tradicionais atribuídos aos homens e às mulheres que lhes foram ensinados nas suas famílias e no seu ambiente social. Fazendo referência a estudos anteriores sobre peregrinações e género, vou argumentar que, ainda que as mulheres continuem a ter um papel muito importante no âmbito da devoção em Fátima, as vivências religiosas dos peregrinos homens são também relevantes e até agora receberam pouca atenção por parte dos que estudam os fenómenos religiosos a partir de uma perspetiva de género. Vou mostrar que num momento histórico no qual há uma forte pressão por parte da opinião pública internacional para que o Vaticano conceda às mulheres o direito ao sacerdócio, o papel desempenhado pelas mulheres, mas também o papel dos homens, está a mudar. Estas mudanças representam elementos importantes para compreender a devoção contemporânea em Fátima, assim como noutros santuários católicos.

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6 PAINEL 3 – SECULARIZAÇÃO E RECONFIGURAÇÕES DO RELIGIOSO

Religiosidade Juvenil Portuguesa JOSÉ PEREIRA COUTINHO | Númena Resumo

Esta comunicação analisa a religiosidade juvenil portuguesa, tema que tem sido desenvolvido pelo autor, nomeadamente na sua tese de doutoramento. Assente nas bases de dados internacionais disponíveis (ESS, ISSP e sobretudo EVS), o autor analisa as várias dimensões da religiosidade juvenil em Portugal em dois tempos: estudo das tendências das dimensões religiosas e comparação da religiosidade juvenil com a religiosidade das pessoas mais velhas. Palavras-chave: Religiosidade, juventude, Portugal

“Olhos em Deus. Coração na pátria”.

O papel do escotismo nas missões católicas africanas GONÇALO BRITO GRAÇA| PIUDHist/ CEHR

Resumo

A comunicação que proponho apresentar ao Colóquio A religião nas múltiplas

modernidades percorre o estudo do papel do Corpo Nacional de Scouts nas

missões católicas portuguesas em África, um campo educacional ainda por explorar. Se na metrópole das décadas de 1910-1920, a figura de Nuno Álgares Pereira, como cristão devoto, que concentrava em si os caminhos do cidadão exemplar (aquele que luta e morre pela Pátria), simultaneamente Santo e Herói, em muito devido ao modelo francês de Joana d´Arc, Jacques Sèvin, o mesmo não se salienta como ideal moderno em Angola e Moçambique. A associação de escotismo católico em África distanciou-se das prerrogativas metropolitanas e articulou uma nova estratégia evangelizadora díspar no tempo e no espaço. Observa-se que o fenómeno “Fátima” e o progressivo crescimento do culto mariano acompanhou as estratégias de missionação, procurando enquadrar uma nova juventude patriótica e católica, que visava a construção dos futuros “Homens Novos”. Por ser um movimento educativo específico, que concorria com diversas associações escotistas de credos distintos, o Corpo Nacional de Scouts recorrei também a um modelo de devoção popular, e os respectivos órgãos oficiais de comunicação promoveram este arquétipo salvífico nas mais variadas formas. Às efemérides oficiais de 14

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7 de Agosto (celebração da Batalha de Aljubarrota) ou o primeiro de Novembro (falecimento de Nuno Álvares Pereira), somaram-se as festividades das “Nossas Senhoras” e acampamentos e rituais escotistas nas imediações dos novos territórios sagrados nas colónias. A análise dos periódicos e documentação interna revela uma geminação entre os cultos metropolitanos (Nuno Álvares Pereira, Nossa Senhora de Fátima, entre outros) e a forma idílica da aproximação entre sagrado e profano dos jovens africanos em contexto de ar livre.

Separar Deus de César: a construção do episcopado na modernidade. O retrato de um bispo monárquico no começo da república portuguesa

PEDRO SILVA REI | CEHR-UCP Resumo

Com a queda da monarquia confessional portuguesa a 5 de Outubro de 1910, e a consequente instauração do regime republicano laico, a Igreja Católica em Portugal atravessaria um período de resistências e transigências várias, que a obrigaram a múltiplas redefinições. Enquanto os governos da República legislavam a privatização do religioso e instauravam a laicidade do Estado, os bispos, por seu turno, empenhavam-se na continuidade da reconversão da pastoral e dos métodos de normativização social e política dos crentes. Contextualizada no período cronológico da transição da Monarquia para a República, no Portugal do séc. XIX e do início do séc. XX, a comunicação à qual nos propomos resulta da nossa investigação no âmbito do mestrado em história contemporânea, pretendendo problematizar o processo de redefinição dos modelos episcopais na contemporaneidade portuguesa a partir daquela que, pelo seu estatuto entre os seus pares, foi a figura mais relevante à época da Revolução de Outubro de 1910, o patriarca de Lisboa. Assim, tomando como objecto de estudo o percurso episcopal de D. António Mendes Bello – desde a sua nomeação em 1885 até ao seu desterro, em 1912 – almejamos compreender o projecto de modernização político, social e religioso decorrente do processo de reconfiguração do catolicismo romano e da transição de regime em Portugal. Aquilatando, nomeadamente, os estímulos, provocações e desafios eclesiais derivados da romanização dos episcopados, da instauração da República e da aplicação do modelo de Separação religiosa decretado a 20 de Abril de 1911.

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8 PAINEL 4 – NOVAS RELIGIOSIDADES

“Não quero vidinha, quero vida”:

as antropotécnicas xamânicas de self-fashioning LISA LAZZARINI | CRIA – NOVA FCSH

Resumo

Nesta comunicação intendo presentar o tema central da minha pesquisa de doutoramento sobre as práticas xamânicas como antropotécnicas que proporcionam instrumentos para construir uma nova identidade pessoal e encontrar significados e orientativos de vida, de acordo com as condições de possibilidade do contexto atual. Intendo focar em particular sobre os processos de incorporação dos praticantes que através de técnicas e práticas espirituais querem operar uma mudança sobre si e as suas vidas. Através de práticas como a viagem xamânica ou ayahuasca, os xamanistas procuram recuperar o “verdadeiro”, “autêntico”, só desmontando as formações recebidas passivamente para ativamente incorporar a epistemologia e a verdade xamânica e aprender a viver de forma de forma consonante. O caminho antropotécnico começa com uma separação dos praticantes dos modelos impostos que têm que ser corrigidos enquanto “ocidentais” (categorizados como modernos, racionalista, materialistas, tecnológicos, consumistas, etc). Consequentemente, as práticas xamânicas tomam sentido para os praticantes enquanto originárias de contextos que são percebidos como opostos aos ocidentais, como por exemplo os índios e os xamãs. Os praticantes avançados começam o caminho xamânico para trabalhar sobre o ativo e contínuo self-fashioning and self-caring dfe acordo com os modelos xamânicos que viajam pelo mundo através das circulações globais, mas que nasceram no próprio campo antropológico. De facto, a Antropologia teve um papel significativo na constituição do campo do xamanismo que se foi desenvolvendo precisamente no diálogo contínuo entre os estudos e as práticas, com repercussões que se ressentem também no presente e que levantam questionamentos sobre a própria posição do antropólogo.

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9 “A Belle Époque no Atlântico das Almas”:

a modernidade e o movimento espírita em Portugal e no Brasil (1860-1926) PAULO DA CONCEIÇÃO | UnB-Brasil, PIUDHist-UL, ISCTE-IUL, EU, UCP Resumo

O espiritismo é uma doutrina filosófico-religiosa que surge em 1857 na França, com a publicação do “Livro dos Espíritos” por Allan Kardec. Nossa pesquisa se propõe a mapear o percurso sócio-histórico do espiritismo no Brasil e em Portugal e o relacionamento dessa doutrina com o estabelecimento da modernidade em ambos os países. Procuraremos responder às seguintes perguntas: quais os principais fatores culturais responsáveis pela receção e posterior divulgação do espiritismo nesses países? Que diálogos essa doutrina estabeleceu com os projetos em curso dessas modernidades, em suas dinâmicas e singularidades? Nosso objetivo principal é entender os principais pontos de contacto entre o movimento espírita e o Brasil, e o movimento espírita e Portugal, e quais as semelhanças e diferenças nesse encontro entre esses movimentos e as realidades portuguesa e brasileira do período: a

Belle-Époque, onde as mudanças sociais, económicas e políticas do século XIX – a

“modernidade” – se corporificam em um projecto cultural e estético fin de

siècle que extravasa fronteiras. Para isso, pretendemos fazer uma análise do

contexto dos diálogos entre religião, sociedade e cultura nesses países nesse período de ínumeras mudanças: 1860-1926. Nossa hipótese é que as diferenças fundamentais do movimento espírita em Portugal e no Brasil, as diferenças do impacto cultural que esses movimentos tiveram em seus respectivos países, são devidas não só às escolhas dos atores e atrizes envolvidos(as), mas também às questões estruturais envolvendo a construção das suas modernidades.

A territorialidade das comunidades religiosas contemporâneas e o uso das redes sociais

MARGARIDA FRANCA, RUI MARTINS, JOÃO LUÍS FERNANDES (CEGOT, CITER | CEGOT | CEIS20, CEGOT)

Resumo

O desenvolvimento científico, tecnológico e cibernético, acentuado nos últi-mos séculos, favoreceu a desconstrução das estruturas primordiais da socie-dade, como o espaço, o tempo, a identidade e a comunidade. Permitiu uma nova abordagem sobre o território material onde as relações entre os indiví-duos e os grupos ocorrem, reformulando as sociabilidades contemporâneas. A

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10 “compressão espaço-tempo” deu origem à adaptação do espaço euclidiano e à consolidação do território flexível, sem limites estanques ou fixos.

No campo da religião, as alterações refletem a definição de identidades híbri-das, de diversas práticas religiosas, de territórios-rede de pertença e de múlti-plas comunidades de integração, sendo que um dos principais motores de mu-dança são as novas ferramentas de informação e comunicação, incluindo as redes sociais.

Em Portugal, à semelhança de outros contextos europeus, os meios de comu-nicação estão ao serviço da religião, estimulando novas formas de viver e sen-tir a fé, misturando as escalas público/privado e local/global. A rádio, a televi-são e a internet, incluindo as redes sociais (facebook, youtube, instagram e twitter), criaram novas espacialidades e temporalidades, permitindo participar em diferentes rituais (individuais ou coletivos) e tornando presente o sagrado nos mais diversos lugares da vida quotidiana.

Através da realização de um questionário exploratório, procura-se analisar a utilização das redes sociais e compreender em que circunstâncias a sua utiliza-ção sustenta a alterautiliza-ção do conceito de “comunidade religiosa”.

Palavras chave: desconstrução, multiterritorialidades, redes sociais, comuni-dades transterritoriais

PAINEL 5 - CATOLICISMO NA CONTEMPORANEIDADE

Participação em grupos de jovens católicos na modernidade: crenças, atitudes e vivências

CARLA CARDOSO Resumo

A participação de jovens, nomeadamente no que diz respeito à sua participação cívica e política, tem sido discutida substancialmente (UE, 2015), no entanto, a participação de jovens em contextos de caracter religioso tem sido menos estudada. No que se refere à realidade portuguesa, de acordo com um estudo de Ferreira (2016), 11,8% dos jovens estão envolvidos em grupos religiosos. Assim consideramos pertinente o estudo da participação nestes grupos tendo em consideração formas e motivações para a participação, processos formativos desenvolvidos, culturas juvenis produzidas e reproduzidas, as crenças e religiosidades. Nesta comunicação pretende-se apresentar e discutir os resultados preliminares de um inquérito administrado

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11 aos participantes de grupos de jovens católicos do norte de Portugal pertencentes às dioceses de Aveiro, Braga, Bragança-Miranda e Porto. Apesar de se tratar de uma pesquisa ainda em curso, uma análise preliminar do referido inquérito permite identificar algumas tendências: 1) os jovens consideram que a participação nestes grupos os diferencia de outros jovens; 2) em alguns aspetos, as suas crenças estão em consonância com a ortodoxia da Igreja Católica no entanto, existem dúvidas em aspetos centrais; 3) a experiência de participação nestes grupos é muito significativa, sendo fonte de diversas reflexões e discussões consideradas relevantes na formação destes jovens. Os resultados aqui objeto de análise enquadram-se num estudo mais vasto em curso, realizado no âmbito do projeto de doutoramento “Culturas juvenis e participação em grupos de jovens católicos: vivências, trajetórias e processos de formação” (bolsa PD/PB/114284/2016 da Fundação para a Ciência e Tecnologia).

Investigação em Arquitetura Portuguesa e História Religiosa Contemporânea - o contributo da Ordem dos Pregadores na modernidade portuguesa JOÃO ALVES DA CUNHA E JOÃO LUÍS MARQUES | CEHR-UCP | CEAU-FAUP

Resumo

No século XX, a arte e a arquitetura religiosa conheceram um percurso agitado como nenhum outro na sua já longa história. Num tempo em que a modernidade desafiou as respostas conservadoras, reivindicando o seu lugar na história e na vida da Igreja, a Ordem de São Domingos participou ativamente neste processo, tendo a sua ação dado origem a algumas das mais emblemáticas obras da história da arte religiosa moderna. Em Portugal, a afirmação da arte e arquitetura religiosa moderna é também devedora à Ordem de São Domingos, que quase 100 anos depois da expulsão das ordens religiosas de 1834, regressou ao nosso território, tendo restabelecido a Província Portuguesa da Ordem dos Pregadores em 1962. A restauração da Ordem implicou a encomenda de projetos para novas casas, conventos, colégios e seminários, que traduziram um novo entendimento sobre a sua organização e distribuição no território nacional. Deste universo de ‘casas’ no campo e na cidade, quatro foram objecto de estudo: igrejas e conventos edificados no Porto, Fátima, Ourém e Lisboa. Estas encomendas refletem caminhos de aproximação com a arte e a arquitetura moderna – conforme testemunha o material reunido proveniente de diferentes arquivos e instituições. Maquetas, desenhos, fotografias, obras de arte e textos de vários autores, constituem um espólio único que revelou o contributo de arquitetos

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12 como Eduardo Raul da Silva Martins, Manuel da Silva Passos Júnior, Fernando Peres, Fernando Távora, Luiz Cunha, Diogo Lino Pimentel, José Fernando Gonçalves, Paulo Providência e de artistas plásticos como Ricardo Leone, Mário Costa, Maria Luísa Marinho Leite, José Grade, Maria do Carmo d’Orey com Manuel Costa Cabral, José Espiga Pinto, Isolda Norton, Georges Serraz e Ferdinand Gehr.

D. Manuel Vieira Pinto: trajeto, mediações e afrontamentos de um bispo JOÃO MIGUEL ALMEIDA |IHC-NOVA FCSH, CEHR

Resumo

A comunicação aborda a ação de D. Manuel Vieira Pinto, bispo de Nampula de 1967 a 2000, com exceção do intervalo entre 10 de abril de 1974, data da sua expulsão da diocese, e janeiro de 1975, data do seu regresso a Moçambique. Partindo de um trajeto individual, visaremos compreender um contexto eclesial católico de renovação e resistências e um contexto político de bloqueios e revolução. D. Manuel Vieira Pinto é um líder dessa renovação ainda antes do início do Concílio Vaticano II como diretor nacional do Movimento Por um Mundo Melhor. A sua ação em Nampula deve ser entendida à luz de um projeto de evangelização que é partilhado por outros elementos do clero e leigos e que se depara com a necessidade de descomprometer a Igreja Católica do poder colonial português e de defesa de direitos do povo moçambicano. Um projeto animado pela ideia da História como um processo de libertação para o qual a Igreja Católica podia e devia dar um contributo próprio, partilhando valores sem deixar de se distinguir de outros projetos de modernidade. Após a declaração da independência e durante o período revolucionário os desafios são garantir a liberdade e identidade das comunidades católicas, assim como continuar a defender os mesmos direitos humanos no contexto de um Estado marxista-leninista. D. Manuel Vieira Pinto considera-se, antes de mais, um «pastor ao serviço do Povo de Deus» e, como tal, desempenhou funções de mediação, crítica e afrontamento entre o poder eclesial e político.

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13 NOTAS ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________

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14 Coordenação do RELIMM Alfredo Teixeira (CITER-UCP) Anna Fedele (CRIA-NAR ISCTE-IUL) Clara Saraiva (CEC-FLUL) Helena Vilaça (IS-UP) Paulo Fontes (CEHR-UCP) Marina Pignatelli (CRIA / ISCSP-UL) Teresa Toldy (UFP / CES-UC) Organização RELIMM 2018 Clara Saraiva (CEC-FLUL) Marina Pignatelli (CRIA-NAR / ISCSP-UL)

Secretariado Mafalda Melo Sousa (CRIA)

Referências

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