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Moda brasileira quer brilhar além das passarelas VEJA On-line - SP - NOTÍCIAS - 18/06/2011

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Moda brasileira quer brilhar além das passarelas VEJA On-line - SP - NOTÍCIAS - 18/06/2011

Grifes brasileiras voltam a ser assediadas pelos investidores; processo de profissionalização, marcado por turbulências nos últimos anos, persistirá Beatriz Ferrari

Marcas brasileiras voltaram a ser assediadas por empresas e fundos de investimento(Mauricio Lima/AFP)

Já dizia a consultora de moda Glória Kalil: “a moda brasileira brilha, mas não vende”. Por muito tempo, especialistas em gestão de moda reclamaram que o burburinho provocado pelos dois principais eventos do setor no país – o São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio – era desproporcional ao volume de negócios que geravam. Nos últimos quatro anos, contudo, o segmento começou a se mostrar como uma possibilidade interessante de investimento. O melhor retrato disso foi a grande movimentação de aquisição de grifes, sobretudo em 2008, que marcou o início do processo de formação de grupos empresariais de moda (

veja

quadro

). Essa tendência – que teve altos e baixos no período – não sofreu

reversão e deve se intensificar. Consultores com bom trânsito no setor informam que marcas como Animale e Victor Hugo têm sido assediadas por empresas e fundos de investimento nacionais e estrangeiros. Já a Malwee, grande malharia do sul do país, avalia a possibilidade de lançar ações na bolsa, relatam fontes do site de VEJA. A empresa nega.

Histórico: Os cinco anos que sacudiram o mercado de moda no Brasil

Acompanhe a cobertura do SPFW no site de VEJA

Este movimento de profissionalização tem sua lógica. O aumento das taxas de emprego e renda, associado à ascensão da classe média, torna tudo o que é ligado a consumo no Brasil naturalmente atrativo. Soma-se a isso o fato de que as pessoas querem, cada vez mais, adquirir produtos que ‘costuram’ qualidade, beleza e glamour. Pesquisa do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) aponta, por exemplo, que só o varejo de vestuário movimentará 146 bilhões de reais neste ano, um crescimento de 60% ante 2007. Do ponto de vista das grifes, a associação com uma companhia capitalizada também é uma saída natural. Essas marcas – que geralmente nascem do talento de um estilista ou de um grupo deles – começam a ter, à medida que crescem e ficam famosas, problemas de grande empresa. Como não são ‘experts’ em temas complexos, como

distribuição, política de vendas e engenharia financeira, os estilistas passam a ver com bons olhos a possibilidade de entregar essa parte do negócio a quem é

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especialista no assunto, o que lhes garante recursos para expandir lojas, exportações, etc.

Os grandes nomes da moda no país

Conheça as empresas que estão por trás de famosas marcas brasileiras (Clique nos números ou nas abas para navegar)

« 1 2 3 »InBrands

O empresário Nelson Alvarenga é fundador da Ellus e sócio da InBrands Criada em 2008, a holding InBrands é fruto da associação entre a gestora de recursos Vinci Partners, do banqueiro Gilberto Sayão, e a Ellus, do empresário Nelson Alvarenga. A expectativa na época, segundo consultores ligados à

empresa, era adquirir novas marcas e assim faturar 1 bilhão de reais neste ano. Os planos, no entanto, não se concretizaram. A InBrands faturou 530 milhões de reais no ano passado e a previsão revista para 2011 é de 800 milhões de reais. A avaliação dos especialistas é que, no início das operações, a holding comprou grifes com imagem sólida, voltadas ao público AB, mas não necessariamente com estrutura comercial organizada e volume de vendas adequado a seus objetivos. “No começo, a InBrands não comprou marcas, mas sim promessas”, afirma o consultor em gestão de moda Silvio Chadad. Além da Ellus, a Inbrands adquiriu em 2008 as grifes Isabela Capeto e Alexandre Herchcovitch, além de uma participação na Luminosidade – organizadora do São Paulo Fashion Week e do Fashion Rio.

Nos últimos anos, tornou-se evidente certo descompasso entre os objetivos do grupo e das marcas. “A InBrands precisa entender que essas marcas não são como a Hering, que tem capacidade de produção elevada”, explica o

consultor Carlos Ferreirinha , especialista em mercado de luxo. As divergências internas teriam causado a saída, em maio, da estilista Isabela Capeto.

Há sinais, entretanto, de que a holding já começou a fazer escolhas acertadas. Em 2010, a InBrands anunciou a associação com a Cia das Marcas, que é dona da Richards e da Salinas, ambas grifes muito bem estruturadas. Em fevereiro,

fechou parceria com a BR Labels e adquiriu 100% do capital da VR Menswear e Vr Kids. No mês passado, formalizou junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a intenção de abrir capital.

Portfólio de marcas Ellus

2nd Floor

Alexandre Herchcovitch

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BR Labels (dona da VR Menswear, VR Kids e Mandi) Luminosidade (organizadora do SPFW e do Rio Fashion) AMC Têxtil

Alexandre Menegotti preside a AMC Têxtil

Maior conglomerado de moda do Brasil, com faturamento de 800 milhões de reais em 2010, a AMC Têxtil nasceu em 1980 como malharia e atuou por duas décadas focada neste negócio. Dez anos atrás, a empresa passou por uma mudança radical. Inspirada por experiências de grandes grupos internacionais – como o francês LVMH, que é dono das grifes Louis Vuitton, Donna Karan e Fendi –, a malharia decidiu apostar em aquisições para se tornar a líder em gestão de marcas no país.

O primeiro alvo de compra foi a Colcci, em 2000, então atolada em dívidas. Com a reformulação da marca, o faturamento cresceu 300% após três anos. A

empresa comprou ainda o direito de produzir no Brasil roupas e acessórios com a marca Coca-Cola Clothing em 2003. No ano seguinte, adquiriu a Sommer, que pertencia ao estilista Marcelo Sommer e ao empresário João Paulo Diniz. A última grande compra foi a do grupo TF, que engloba as marcas Forum, Forum Tufi Duek, Tufi Duek e Triton, em 2008, por 200 milhões de dólares. “Os objetivos da AMC são reduzir custos, ganhar escala e explorar ao máximo o potencial de suas marcas. As grifes do grupo seguem um mesmo padrão, uma mesma modelagem, a mesma cultura de inovação. São complementares”, avalia Marcelo Prado, do Instituto de Estudos e Marketing Industrial.

O grande trunfo da AMC, segundo o especialista, é estar presente em toda cadeia: do fio ao consumidor final. “Eles pertencem a um dos maiores grupos têxteis do Brasil e têm entendimento da produção, da logística, do marketing e do consumidor”, elogia Carlos Ferreirinha , especialista em mercado de luxo. Apesar de claramente bem-sucedida em sua trajetória, a AMC também esbarrou em um problema comum dos conglomerados de moda: a convivência entre investidores e estilistas. Após desentender-se com a empresa, o estilista Marcelo Sommer foi dispensado um ano antes do fim do contrato, sem poder utilizar a marca que criou e vendeu ao grupo.

Em 2009, Tufi Duek também deixou a AMC, mas sem contratempos. Sua saída já era prevista em contrato e o estilista simplesmente optou por investir em outras áreas. Portfólio de marcas Colcci Coca-Cola Clothing Sommer Carmelitas

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Forum

Forum Tufi Duek Tufi Duek

Triton Marisol

Giuliano Donini comanda os negócios da catarinense Marisol

Fundada há 47 anos, a catarinense Marisol é uma das maiores fabricantes de roupas do Brasil, com faturamento de 406 milhões de reais no ano passado. A empresa começou como malharia e, desde 1991, passou a investir em marcas próprias, como as infantis Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre. Dez anos depois, criou um canal próprio de franquias e, em 2005, fez sua primeira aquisição. A escolhida foi a Pakalolo, marca que fez muito sucesso nos anos 80 e que foi relançada apenas 2009, depois de uma completa reformulação do público-alvo e da linha de produtos. Em 2006, a Marisol comprou 75% da prestigiada marca de moda praia Rosa Chá, do estilista Amir Slama, na época com 23 lojas no Brasil.

O reconhecimento por ter comandado a estratégia bem-sucedida de adquirir marcas reconhecidas alçou Giuliano Donini – filho do presidente e então diretor de marketing e desenvolvimento de produtos – ao comando da empresa em 2008. O cargo era disputado também por seu irmão mais velho, Giorgio, diretor industrial, e o executivo Jair Pasquali, responsável pela área de franquias.

À frente da Marisol, Giuliano recebeu a missão de transformá-la na maior gestora de marcas de moda do país. Os planos de novas aquisições, no entanto,

atrasaram em função dos problemas que surgiram durante a restruturação da empresa. Em 2009, mais uma dor de cabeça. Desandou a relação com Amir Slama, que então decidiu vender os 25% que ainda detinha do capital da Rosa Chá, desfazendo a parceira. “Apesar de ser uma sociedade anônima, a Marisol ainda era uma empresa familiar”, critica o estilista. Entre 2009 e 2010, a Rosa Chá fechou 11 lojas.

Especialistas em gestão de moda questionam a estratégia da Marisol. “A AMC e a InBrands têm foco na compra das marcas. As grifes têm modelos de negócio semelhantes, têm sinergia. A Marisol não. É uma fábrica que tem um mix de produtos muito amplo. Isso tira a identidade da empresa e dificulta os ganhos de escala”, avalia Marcelo Prado, do Instituto de Estudos e Marketing Industrial. Na visão de Carlos Ferreirinha , especialista em mercado de luxo, faltou um ajuste

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de linguagem. “A Marisol é muito boa no que faz, mas não tem depuração clara do conceito de moda dos estilistas. Eles têm uma percepção diferente do que é o volume adequado e o público-alvo do que é uma Rosa Chá, por exemplo”, avalia. Portfólio de marcas Marisol Babysol Lilica Ripilica Tigor T. Tigre Pakalolo Rosa Chá

O fato de ser uma aliança natural, no entanto, não quer dizer que seja fácil. Ao contrário, o processo de profissionalização em curso tem sido marcado por percalços. De 2008 para cá, mais estrondosos que os anúncios de acordos milionários no segmento foram os desentendimentos entre investidores e estilistas (

confira a movimentação do setor

). A I’m, por exemplo, que nasceu naquele ano como grande holding da moda e que tomou para si a condição de símbolo dos novos tempos, só durou até 2009. Segundo especialistas, o quadro turbulento é fruto da própria falta de amadurecimento do mercado. Por um lado, investidores deixaram-se levar, nos últimos anos, pela euforia e acabaram se associando com marcas com problemas sérios de gestão. Por outro, criadores assinaram os contratos sem ter muita noção do papel que deveriam desempenhar na nova fase da marca. A grande fonte de desentendimento, aliás, foi o fato de ambas as partes terem se associado sem absoluta clareza prévia de todos os detalhes do negócio.

No exterior, por outro lado, o primeiro conglomerado de moda bem-sucedido, o francês LVMH, dono da marca Louis Vuitton, formou-se ainda na década de 1980. “O setor está passando por um bom momento no Brasil, mas a maior parte das empresas, a despeito de sua visibilidade, enfrenta dificuldades de atrair capital. É que muitas delas são ainda bastante informais e não têm planos de negócios claros”, explica o consultor Carlos Ferreirinha , especialista em mercado de luxo. Isso evidencia que a tão esperada profissionalização ainda não chegou ao patamar esperado. “Os estilistas estão começando a ver só agora a importância de uma gestão comercial bem estruturada”, explica o consultor em gestão de marketing de moda Silvio Chadad. Em resumo, o Brasil ainda tem um processo de amadurecimento pela frente. Mas os especialistas são unânimes em aportar que esse processo é irreversível e deve se aprofundar. “O capital está aí. Só falta o mercado se profissionalizar”, resume o estilista Amir Slama.

Referências

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