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ANAIS GESTÃO DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

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ANAIS

GESTÃO DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

FABRICIA SILVA DA ROSA ( fabriciasrosa@hotmail.com )

UFSC

SANDRA ROLIM ENSSLIN ( sensslin@gmail.com )

UFSC

ISADORA RODRIGUES DOS SANTOS ( isan-r@gmail.com )

UFSC

RESUMO

A Evidenciação Ambiental é entendida nesta pesquisa como o conjunto de meios utilizados pela empresa para divulgar seu comprometimento com aspetos e impactos ambientais. para expandir conhecimento sobre como tema no contexto organizacional, objetiva-se construir um modelo multicritério de avaliação de desempenho da evidenciação ambiental por meio da Metodologia de Multicritério de Apoio à Decisão Construtivista (MCDA-C). Os resultados apontam que o modelo permite: (i) explicitar os 927 critérios de evidenciação ambiental; (ii) identificar o desempenho da evidenciação ambiental; (ii) mensurar; (iii) integrar; e, (iii) gerar acoes de melhoria.

Palavras-chaves: Evidenciação ambiental, Empresas de Energia Elétrica, Avaliação de Desempenho, MCDA-C

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país privilegiado pela abundância de recursos hídricos disponíveis e passíveis de gerar energia elétrica. Também é privilegiado, pois gera outras fontes de energia alternativas, tais como; eólica, biomassa, biogás, solar, entre outras. Contudo, dados da ANEEL (2009) demonstram que as diferentes fontes de energia geram impactos ambientais, tais como alterações da fauna e flora, alterações no solo, emissões de gases de efeito estufa, acidificação, degradação de áreas, ruído, interferência na vida da população, entre outras.

Dessa forma, uma das grandes preocupações é promover o desenvolvimento sustentável, o que significa para o setor a necessidade de dispor de energia elétrica para atender a um consumo em crescente expansão e ao mesmo tempo desenvolver práticas responsáveis com o meio ambiente. Isso quer dizer que alguns aspectos vitais estão atrelados a esta expansão, tais como: crescimento econômico, qualidade de vida, impactos gerados, enquanto que práticas ambientais responsáveis para o setor de energia elétrica são aquelas que possibilitem garantir a eficiência energética, e minimizar ou eliminar impactos ambientais proveniente da geração, transmissão e distribuição de energia.

Para que isso ocorra, são necessárias medidas para diversificar a matriz energética, e também a comunicação entre produtor e consumidor de energia. Quanto à diversificação o Brasil, ao longo da última década, tem dado uma atenção especial para produção de energia eólica, gás natural, biomassa, entre outras. Com relação à comunicação o setor conta com forte regulamentação e projetos que incentivam empresas e pessoas ao consumo eficiente, e ao compromisso de comunicar seu desempenho ambiental para os diversos interessados.

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No contexto da comunicação, foco de investigação neste artigo, pesquisas científicas vem sendo desenvolvidas para promover avaliação das informações ambientais, o que é denominado de Evidenciação Ambiental (EA).

Nesta pesquisa entende-se que a EA é constituída pelo conjunto de meios utilizados pela para demonstrar o que e como as organizações estão procedendo com relação ao meio ambiente e com a sociedade. Faz-se um recorte nos stakeholders e delimita sua investigação na visão da gestora do meio ambiente de uma empresa específica: a ZETA S.A. Com base nisso, emerge a pergunta de pesquisa que orienta esta investigação: Quais os critérios a serem considerados em um modelo que pretende gerir as informações ambientais da empresa ZETA S.A. para atender demandas sociais e objetivos estratégicos da organização?

Para responder à pergunta de pesquisa, o objetivo geral desta investigação é assim formulado: Construir um modelo multicritério para a gestão da evidenciação ambiental da empresa ZETA S.A., a fim de possibilitar gerenciar sistematicamente, seu desempenho nos critérios de evidenciação. Para atingir o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos deverão ser perseguidos: (i) construir um melhor entendimento da questão, por parte das pessoas envolvidas, por meio da identificação, compreensão e estruturação das informações obtidas em termos de critérios de avaliação do desempenho da evidenciação ambiental, (ii) possibilitar a identificação do diagnóstico do desempenho da evidenciação ambiental, por meio da construção das escalas ordinais (descritores) para os critérios identificados; e, (iii) possibilitar a atividade de gerenciamento por meio do oferecimento de um procedimento sistematizado. Para dar conta do objetivo estabelecido, selecionou-se como instrumento de intervenção a Metodologia de Multicritério de Apoio à Decisão Construtivista (MCDA-C), por acreditar que esta, calcada nas premissas do construtivismo e da aprendizagem dos decisores, consegue encapsular as percepções e experiência da gestora da ZETA S.A. e apoiar sua atividade de gerenciamento dos critérios de evidenciação ambiental da empresa. Este artigo está assim estruturado em cinco seções: introdução, plataforma teórica, metodologia, resultados e considerações finais.

2. PLATAFORMA TEÓRICA

Com o intuito de apoiar e ampliar a comunicação entre organizações e sociedade surgem diversas pesquisa sobre a Evidenciação Ambiental. Nesta pesquisa, entendida como constituída pelo conjunto de meios utilizados pela empresa para divulgar suas ações e reações, para demonstrar o que e como está procedendo com relação ao meio ambiente e com a sociedade. Sendo assim, seu modelo de gestão é individual voltado para atender às demandas da sociedade, de seus funcionários e de seus acionistas, a curto, médio e longo prazo, e apresentado em diversos meios de comunicação de forma voluntária ou compulsória. É, portanto, uma atividade complexa, que envolve interesses conflitantes não bem conhecidos pelas partes.

A evidenciação ambiental expõe como os direitos e obrigações da empresa estão sendo administrados para realçar o atendimento dos direitos da sociedade (CASTELO; TERESA 2008; RAHAMA; LAWRENCE; ROPER, 2004; HASSELDINE; SALAMA; et AL, 2005; CORMIER; GORDON; MAGMAN, 2004; de VILLIERS; STADEN, 2006).

O convívio entre empresa e meio ambiente é próprio de cada contexto pelo qual o tema irá variar de empresa para empresa (FREEDMAN; PATTEN, 2004; FREEDMAN; STABLIANO, 2008) em um processo educativo (GRAY; MURRAY; POWER, 2006) de forma que empresa e sociedade permanecem em constante comunicação e aprendizagem sobre suas causas, efeitos, formas de controle e comprometimento de ambos numa visão sócio-política (DEEGAN, 1997; CORMIER; GORDON; MAGNAN, 2004; HASSELDINE; SALAMA, 2005; TILT, 2001).

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A evidenciação ambiental também é vista como um fenômeno importante empregado pelas organizações (GRAY, et al 2001), com o intuito de examinar o perfil das informações evidenciadas em relatórios, sites e outros documentos (STRAY, 2008; HARTE, 1991; TILT, 2006; TILT, 1999) ao longo de períodos analisados (ROGER; BURRIT, 1997).

Utilizada como uma das estratégias das organizações para procurar a aceitação e a aprovação da sociedade (CASTELO; TERESA; et al 2008; RAHAMA, ; LAWRENCE; ROPER, 2004). É considerada como uma ferramenta importante em estratégias de legitimação coorporativa, porque pode ser usada para estabelecer ou manter a legitimidade da empresa para influenciar a opinião pública e a política de interesse público.

A avaliação da evidenciação ambiental vista na ótica de gerenciamento tem como objetivo possibilitar o exame das informações ambientais prestadas pelas empresas com o intuito de identificar a eficiência do que é informado (GRAY;2001; STRAY; 2008; BRANCO;et al., 2008; CORMIER; GORDON; MAGNAN, 2004; DE VILLIERS, C; VAN STADEN, 2006; HASSELDINE; SALAMA, et al 2005; CAMPBELL, 2004; DEEGAN, 1997; FREEDMAN; STAGLIANO, 2008; HARTE, 1991; ROGER; BURRIT, 1997; SAIDA, 2009; TILT, 2006; e TILT, et al., 1999).

Assim, informação eficiente é entendida como aquela que revela a gestão ambiental da organização, incluindo dados sobre patrimônio e resultados econômicos; consumo de recursos naturais; emissões; impactos; responsabilidade sócio-ambiental; e dados sobre questões político-institucionais.

A partir da literatura pesquisada observa-se que o tema é visto pela comunidade científica, pelo menos sob quatro perspectivas: (i) nível de sustentabilidade; (ii) elementos (critérios) normativos e científicos; (iii) tipo de evidenciação; e, (iv) qualidade da evidenciação. Onde o Nível de sustentabilidade: representa as diretrizes ou padrões de comunicação elaborados por diversas organizações e instituições de pesquisa, tais como: Global Report Initiative (GRI), Índice de Sustentabilidade Empresa (ISE), Índice Dow Jones Índex, Prêmio Nacional de Qualidade, entre outros; Elementos Normativos: engloba as normas e deliberações emitidas por diversos órgãos governamentais e de classe, bem como os critérios e subcritérios pesquisados pela comunidade científica, e decorrentes (direta e indiretamente) de documentos normativos; Tipo é definido por Guthrie e Petty (2000), e amplamente difundido no meio científico nacional. Neste conceito, a informação ambiental pode ser expressa nos relatórios de quatro formas: Descritivas (D); Quantitativas-não-monetária (Q); Quantitativas-Quantitativas-não-monetárias (M); e Quantitativa Monetária e Não-Quantitativas-não-monetária (Q/M); e Qualidade é definida por Gray (1995b), e amplamente difundida no meio científico nacional e internacional. Assim a qualidade possui três características: (N) Neutra; (B) B; (R) Ruim.

Essas classificações auxiliam a tornar as informações evidentes, ou seja, que uma determinada organização possa evidenciar seu compromisso com o meio ambiente, e demonstrar às partes interessadas informações sobre sua gestão ambiental de forma padronizada e segregada.

Contudo, acredita-se que a Evidenciação Ambiental para Gestão deva contribuir e apoiar decisões internas, neste sentido, considera-se importante identificar como o tema é tratado pela comunidade científica em termos de avaliação de desempenho.

Segundo Holz, E. (1999), o moderno processo de apoio à decisão incorpora duas convicções que até recentemente não existiam na Pesquisa Operacional. Trata-se das convicções que Bana e Costa, CA., e Pirlot, M., (1996) enunciam como: 1) a onipresença da subjetividade e interpenetrabilidade com a objetividade no processo decisório; e 2) o paradigma da aprendizagem pela participação e o construtivismo. Para Ensslin, S. Montibeller, GN., e Noronha, SM. (2001), as metodologias multicritérios consideram mais de

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um aspecto e, portanto, avaliam as ações segundo um conjunto de critérios. Dentre essas metodologias de avaliação de desempenho existentes, utiliza-se nesta pesquisa a metodologia Multicritério de Apoio a Decisão Contrutivista – MCDA-C.

A MCDA-C surge como uma ramificação da MCDA tradicional para apoiar os decisores em contextos complexos, conflituosos e incertos. A metodologia desenvolve no decisor um coerente corpo de conhecimentos capaz de lhe permitir compreensão das consequências de suas decisões nos aspectos que ele (decisor) julga importantes, sem impor os racionalismos da objetividade, tão úteis na física e na matemática, porém dissociados dos contextos decisórios específicos em que os decisores necessitam de apoio para construir conhecimento sobre o contexto (ENSSLIN, et al, 2010).

Neste sentido, esta pesquisa afilia-se aos paradigmas construtivistas de avaliação de desempenho, e traça um paralelo entre o contexto da evidenciação e os seis paradigmas construtivistas.

Considerando o paralelo entre o contexto da evidenciação ambiental (Rosa, Ensslin, Ensslin e Lunkes, 2011) e os paradigmas construtivistas (Larceda, Ensslin e Ensslin, 2011; Bortolizzi, Ensslin e Ensslin, 2010), os autores da presente pesquisa acreditam que a avaliação da evidenciação ambiental a partir de critérios e sub-critérios pré-estabelecidos se torna insuficiente para contextos singulares, já que não personaliza as necessidades específicas. Além disso, o processo de mensuração carece de escalas ordinais, não ambíguas e homogêneas. Considera-se ainda que restringir a análise da situação atual (status quo) em tabulações de dados, correlações estatísticas, e atribuição de pesos aos critérios, não explicita o diagnóstico da evidenciação ambiental, apenas quantifica as informações prestadas, surgindo aí uma oportunidade de apresentar dados qualitativos do diagnóstico, bem como, constata-se a ausência de processo para promover aperfeiçoamento. Considera-se ainda que restringir a análise do status quo em tabulações de dados, correlações estatísticas, e atribuição de pesos aos critérios, não explicita o diagnóstico da evidenciação ambiental, apenas quantifica as informações prestadas. E, por conseguinte, essa falta de conhecimento pode dificultar a criação de ações de melhoria.

Acredita-se assim, que a Avaliação da Evidenciação Ambiental para Gestão, requer um processo estruturado para construir o entendimento dos aspectos e impactos ambientais de uma organização específica, que permita o decisor conhecer as conseqüências de suas decisões.

Assim, esta pesquisa propõe construir um modelo que permita: identificar, mensurar, organizar, integrar e gerenciar os elementos (critérios) da evidenciação ambiental em um contexto único, baseado na percepção de um decisor, com a finalidade de proporcionar o gerenciamento na evidenciação ambiental e apoiar as decisões.

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Conforme Quadro 3, esta pesquisa, está focada em construir conhecimento daquele que toma decisão, desta forma explora o tema, utilizando um estudo de caso, numa abordagem quali-quantitativa e utilizando a metodologia MCDA-C.

Esta pesquisa vale-se de um Estudo de Caso em uma única empresa por compreender que para avaliar o desempenho sobre o que deve ser evidenciado sobre evidenciação ambiental requer com compreensão das conseqüências da decisão naquilo que o decisor julga ser importante.

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ANAIS

Exploratória

(RICHARDSON, 2008)

Parte do pressuposto da falta ou de pouco conhecimento existente sobre um processo que identifique, organize, mensure e integre os critérios de avaliação da evidenciação ambiental para gestão em um contexto específico.

Prático – estudo de campo (MARTINS, 2006)

Construção de um modelo Multicritério de evidenciação ambiental da empresa ZETA S.A., a fim de apoiar as decisões da gestora do meio ambiente da empresa e possibilitar que a mesma gerencie sistematicamente o desempenho dos critérios de evidenciação. O estudo de caso possibilita construir conhecimento sobre ambiental para o gestor da empresa específica, assim, os aspectos considerados no modelo são aqueles relevantes para o decisor.

Dados primários (RICHARDSON, 2008)

Entrevistas semi-estruturadas com a gestora do meio ambiente da empresa utilizada no estudo de caso, empresa ZETA S.A..

Essas entrevistas permitem a participação da gestora (aqui denominado decisor), em todo o processo de construção do modelo, seguindo as fases da metodologia MCDA-C (seção 3.2. desta pesquisa).

Dados secundários (RICHARDSON, 2008)

Diretrizes: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), Global Report Initiativa (GRI), Dow Jones Indexes (DJI), Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ), Relatório de Sustentabilidade da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e documentos da empresa. Qualitativa (SELLTIZ, WRIGHTSMAN, COOK, KIDDER, 1987) Quantitativa (Richardson, 2008)

Qualitativa: (i) obtém maior conhecimento sobre evidenciação ambiental por meio da análise bibliográfica para reflexão sobre a percepção da sociedade sobre este assunto; (ii) constrói e valida critérios da Evidenciação Ambiental, por meio de um processo estruturado para construção do modelo, e, (iii) promove a mensuração ordinal e o gerenciamento de aspetos considerados relevantes segundo a percepção da gestora de meio ambiente da empresa ZETA S.A.

Quantitativa: (i) construção de funções de valor, (ii) identificação das taxas de compensação, (iii) valoração do modelo global por meio da função matemática:

V(a) = W1*V1(A) +W2*V2(A) + W3*V3(a) + .... wn*vn(a).

MCDA-C (ENSSLIN, MONTIBELLER, NORONHA, 2001)

A metodologia Multicritério de Apoio a Decisão MCDA–C permite identificar, organizar, representar e mensurar a percepção do decisor e incorporando as informações relevantes dos documentos da empresa e com as diretrizes de evidenciação ambiental.

Quadro 3: Enquadramento metodológico da pesquisa

Adotar esta perspectiva construtivista significa acatar os seguintes entendimentos: (i) um problema é configurado como tal se for assim percebido por alguém (tem um ‘dono’); resultante de uma situação percebida como necessitando de intervenção; suficientemente relevante; passível de solução (LANDRY, 1995, p. 313); (ii) o entendimento do problema pressupõe a noção de produção de conhecimento por meio da descoberta de como o sujeito valoriza o contexto (ENSSLIN, ENSSLIN, 2009); e (iii) o reconhecimento do fato de que “não existe apenas um conjunto de ferramentas adequado para esclarecer uma decisão nem existe uma única melhor maneira de fazer uso delas” (ROY, 1993, p. 194).

4. RESULTADOS: CONSTRUÇÃO DO MODELO MULTICRITÉRIO

Segundo Gallon (2008), para cumprir sua função, a MCDA-C faz uso da atividade de apoio à decisão. Para tanto, o processo decisório está estruturado de forma sistêmica em três fases: Fase de Estruturação, onde se busca a aprendizagem sobre o contexto organizacional; Fase de Avaliação, que objetiva traduzir a percepção do(s) decisor(es) em um modelo matemático; e Fase de Elaboração de Recomendações, onde se objetiva, fundamentalmente, demonstrar o processo de geração de possibilidades potenciais que visem melhorar o desempenho em relação ao status quo. Conforme Figura 2.

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Figura 1: Fases do proceso MCDA-C Fonte: Ensslin, Montibeller, Noronha (2001) Fase Estruturação I

A Fase de estruturação está dividida em três etapas: contextualização; construção da estrutura hierárquica de valor; e construção dos descritores. Segundo Dutra (1998), tem como objetivo o estabelecimento de uma linguagem de debate e aprendizagem, visando promover o entendimento do contexto decisional onde à situação que demanda ação, está inserida. Esta fase é composta de cinco passos: (contextualização, definição de rótulo e sumário, obtenção de elementos primários de avaliação (EPAS), construção de conceitos, e agrupamento de conceitos por área de preocupação).

Passo 0 – Contextualização

Para contextualizar o problema são desenvolvidas duas ações: Descrição do ambiente e Definição dos Atores.

Descrição do ambiente: A evidenciação ambiental está inserida em um sistema complexo, o decisor entende que para sua gestão devem ser consideradas as seguintes diretrizes: 1. Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), 2. Global Report Initiative (GRI), 3. Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ), 4. Relatório exigido por Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), 5. Dow Jones Index.

Definição dos atores: esta definição é feita em conjunto com a gestora do setor de meio ambiente, e são definidos conforme o papel desenvolvido no processo decisório da organização e na construção do modelo.

Assim, decisor é o ator que sofre as conseqüências da decisão sobre evidenciação ambiental, e, portanto, é a pessoa responsável pela legitimação de todas as etapas do modelo. Interveniente são aqueles atores que direta ou indiretamente exercem influencia na decisão do “decisor”. Facilitador é quem auxilia o “decisor” a construir entendimento sobre o problema analisado. Agidos, são aqueles que são atingidos pelas decisões.

Com base nessas considerações e no conhecimento do decisor, são definidos os atores, conforme apresentado no Quadro 5.

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ANAIS

Decisor Gestora do setor de meio ambiente da empresa ZETA S.A. Intervenientes Dirigentes da ZETA, e diretrizes do ISE, GRI, PNQ, ANEEL e DJI Facilitador Autores

Agidos Stakeholders da empresa*

At or es

* São considerados stakeholders: Empregados, Governo, Agências

reguladoras, Ministérios públicos, Órgãos ambientais, Proprietários atingidos, Acionistas, Distribuidoras, Fornecedores, Instituições Financeiras,

Organizações não-governamentais, Concorrentes, Eletrobrás, Ministério do Meio Ambiente, Índios, Quilombolas, Movimento dos Sem Terra, e Prefeituras municipais.

Quadro 5: atores

Passo 1: Definição do rótulo e sumário

Neste passo é definido o rótulo, ou nome que melhor identifique o problema avaliado. É também apresentado o sumário, que explicita as características do trabalho a ser feito para avaliação do contexto.

O rótulo (nome) representa as percepções do decisor em relação ao contexto avaliado, e é assim identificado: Evidenciação ambiental para a gestão interna da empresa ZETA S.A. – EAGI-ZETA

Sumário

 A Evidenciação ambiental está inserida em um ambiente complexo, com múltiplos atores e interesses conflitantes.

 Neste contexto, a atual pesquisa é importante pois visa auxiliar a gestora do meio ambiente da empresa ZETA S.A., a ampliar seus conhecimentos sobre o tema para atender as demandas dos stakeholders e apoiar suas decisões.

 Assim, o objetivo deste trabalho é construir conhecimento sobre os aspectos considerados relevantes pelo decisor sobre o contexto.

 Para alcançar este objetivo, utiliza-se como instrumento de intervenção a metodologia MCDA-C devido a sua capacidade de identificar, organizar, mensurar, integrar e gerenciar os critérios de evidenciação ambiental em um contexto específico.

 Assim, como resultados espera-se ter um processo capaz de auxiliar a gestora a conhecer as conseqüências de suas decisões, e promover de forma fundamentada ações de melhoria.

Passos 2 e 3:

Os Elementos Primários de Avaliação (EPAs) são as preocupações elencadas pelos decisores. Que segundo Schnorrenberger (2005) com base nas informações captadas de entrevistas semi-estruturadas feitas com o decisor, são identificadas as preocupações mencionadas por ele, essas preocupações são os EPAs.

Segundo Ensslin, Montibeller e Noronha (2001), o procedimento tradicional para obter os EPAs consiste em encorajar a criatividade estabelecendo junto ao decisor: todos os EPAs que vem à mente devem ser expressos; deseja-se quantidade, portanto, quanto mais EPAS aparecem, melhor; evitam-se críticas às idéias pronunciadas; pode-se melhorar e combinar idéias já apresentadas. Em seguida esses EPAs são transformados em conceitos e sub-conceito que são organizados em um mapa de relação meios-fins.

Contudo, nesta tese esta etapa é substituída pela identificação os critérios e subcritérios da evidenciação ambiental considerados releventes pelo decisor e que atenda as diretrizes das normas de EA consideradas estratégicas pela organização, são elas: ISE, GRI, PNQ, ANEEL e DJI, para tanto, é efetuada análise de conteúdo das normas e diretrizes, para compreensão do critério, o agrupamento é feito conforme as estruturas propostas pelas mesmas, conforme apresentado no passo 4.

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O total de critérios identificados nessas 05 diretrizes foi de 928 elementos (critérios e sub-critérios) de avaliação da evidenciação ambiental, assim sendo ISE (300), GRI (287), PNQ (58), ANEEL (164) e DJ (119).

Identificou-se que aspectos gerenciais (tais como política, responsabilidade ambiental, sistemas de gestão ambiental, e outros aspectos que visam avaliar aspectos administrativos) são amplamente discutidos nas diretrizes do ISE, GRI e DJ, essas diretrizes também apresentam amplo questionamento sobre desempenho ambiental, tais como, uso e consumo de recursos naturais, impactos ambientais, resíduos, emissões, efluentes, e questões de ordem judicial e comprometimento com a comunicação as partes interessadas.

A norma da ANEEL está focada em desempenho, assim, seus questionamentos voltam-se a questões sobre recuperação de áreas degradadas, geração e tratamento de resíduos, consumo de recursos naturais, indicadores específicos do setor.

Premio Nacional de Qualidade (FNQ) tem foco no controle das ações que geram impactos, ações voluntarias e comprometimento com as partes interessadas.

Foi elaborado um modelo para cada norma ou diretriz, mas para melhor exemplificar como esses modelos foram construídos, a partir do passo 4, apresenta-se detalhadamente a construção do modelo FNQ.

Passo 4: Agrupar os conceitos

Concluído os passos 1,2 e 3, parte-se para o agrupamento dos critérios em uma estrutura hierárquica explicativa, conforme Figura 2.

Figura 2: Estrutura hierárquica da diretriz PNQ

Esta estrutura está representada por 06 critérios (Pontos de vistas fundamentais-PVF) e 57 sub-critérios (Pontos de vistas elementares-PVE) de forma ordenada, permitindo a visualização de todo os aspectos que compõe o contexto avaliado. Após a construção dos objetivos estratégicos é identificada a estrutura hierárquica de valor, se procede à construção dos descritores. Salienta-se que o Critério “5. Acessibilidade”, e o Sub-critério “6.1.5. Respeito ao direito humano” foram suprimidos no modelo pelo fato de serem questões respondidas por outras áreas da empresa analisada, e assim, o decisor compreende não fazer parte do modelo.

Fase estruturação II – Construção dos descritores

Nesta fase o modelo permite ordenar, ou seja, definir a direção de preferência das possíveis ocorrências de desempenho individual (nível de impacto de cada critério), e

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estabelecer níveis de referência (níveis Bom e Neutro de cada critério), para tanto, são construídos descritores

Segundo Ensslin, Montibeller e Noronha (2001), um descritor pode ser definido como um conjunto de níveis de impacto para descrever as performances plausíveis das ações potenciais. Assim, os níveis de impacto devem estar ordenados em termos de preferência, segundo os sistemas de valores dos decisores. O nível mais atrativo é aquele que corresponde a uma ação cuja performance seria a melhor possível. Já o menos atrativo é aquele correspondente a uma ação com a pior performance aceitável. Os demais níveis de impacto situam-se entre estes dois extremos, também ordenados entre si.

Porém, não existe descritor “ótimo”. O descritor é considerado adequado na medida em que os decisores o considerem como ferramenta apropriada à avaliação das ações potenciais (ROY, 1993).

Assim, no PVE referente ao Relato Ambiental dos Recursos Naturais Renováveis (3.2.1.1.) tem-se uma pergunta a ser respondida: Em quais meios de comunicação a empresa divulga periodicamente seu desempenho ambiental quanto a recursos naturais renováveis? Para responder esta pergunta tem-se uma direção de preferência: utilizar relatório específico, site, e atender demanda. Assim, o nível Bom é aquele possua os três meios e o nível neutro é aquele que atende demanda e publica em site, conforme Figura 2.

Figura 2: Escala ordinal

Assim, para cada um dos 57 sub-critérios e para 01 critério de evidenciação ambiental é construída uma escala ordinal que represente um conjunto de níveis de impactos ordenados por grau de preferência utilizados para descrever as performances plausíveis das ações potenciais.

Fase Avaliação I

Esta fase consiste na avaliação de todas as ações potenciais, e permite transformar as escalas ordinais (identificadas na fase de estruturação) em escalas cardinais; construir funções de valor, identificar as taxas de compensação, avaliar a situação atual (Status Quo).

É, portanto, a fase de mensuração e gerenciamento dos elementos e critérios considerados relevantes pelos decisores (HOLZ, 1999).

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Para atingir seus objetivos, esta fase é composta das seguintes ações: • 1 - Teste de independência ordinal e cardinal

• 2 - Cálculo manual da função de valor • 3 - Construção de função de valor • 4 - Taxas de substituição

• 5 – Equação geral do modelo

O teste de independência permite verificar se cada critério pode ser medido individualmente, se são exaustivos e suficientes. O calculo manual da função de valor é utilizada para comprovar os cálculos feitos em um software especifico.

Segundo Ensslin, Montibeller e Noronha (2001), uma função de valor pode ser vista como uma ferramenta aceita pelos decisores para auxiliar a articulação de suas preferências, e é usada para ordenar a intensidade de preferência (diferença de atratividade) entre ações potenciais. Assim, ela deve ser construída para um decisor, ou grupo de decisores, com o objetivo de avaliar as ações segundo um determinado ponto de vista. A construção de funções de valor pode ser feita por diversos métodos, Ensslin, Montibeller e Noronha (2001) apresentam três: pontuação direta, bissecção e julgamento semântico. O método utilizado no método MCDA-C desta pesquisa é o de julgamento semântico, denominado MACBETH (Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evalution Technique) desenvolvido por Bana e Costa e Vanisnick (1995) e implementado em software. Ele utiliza os julgamentos semânticos dos decisores para determinar a função de valor que melhor represente tais julgamentos, conforme Figura 3.

Figura 3: Transformação de um escala ordinal em escala cardinal

Conforme Figura 3, esta etapa consiste em transformar cada escala ordinal em escala cardinal, para isso utiliza-se de um software de julgamentos, como resultado tem as diferenças de atratividades entre os níveis representadas de forma quantitativa.

As funções de valor permitem a avaliação local, para conseguir uma avaliação global das ações, levando em conta todos os critérios e sub-critérios simultaneamente, é para tanto determinar mais um conjunto de parâmetros, as denominadas Taxas de Compensação.

Conforme Figura 4, as taxas de substituição permitem identificar a preferência do decisor de um critério em relação ao outro à partir de um conjunto de alternativas que representem a importância dos critérios. Isto é feito para todos os pontos de vistas elementares até chegar aos pontos de vistas fundamentais. Assim, as taxas de substituição de um modelo multicritério de avaliação expressam, segundo o julgamento dos decisores, a perda de performance que uma ação potencial deva sofrer em um critério para compensar o ganho de desempenho em outro.

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A avaliação global das alternativas é calculada por meio da equação de agregação aditiva: V(a) = W1*V1(A) +W2*V2(A) + W3*V3(a) + .... wn*vn(a). Onde: V(a) = Valor Global da Ação a; V1(a), V2(a), ... vn(a) = Valor parcial da ação a nos critérios 1, 2, 3, ..., n; W1(a), W2(a)... wn(a) = Taxas de Substituição dos critérios 1,2,3,...,n; n = numero de critérios do modelo.

Fase Avaliação II

A partir do processo de construção do modelo, foi possível identificar os 58 critérios que deveriam ser utilizados para verificar o desempenho da evidenciação ambiental segundo a Diretriz do PNQ, conforme Figura 7.

Figura 7: Status Quo

A representação gráfica do perfil de desempenho é elucidativa, no sentido de permitir a visualização daqueles PVs (critérios) responsáveis pelo comprometimento do desempenho da evidenciação ambiental da empresa segundo as diretrizes do PNQ.

Esta visualização é permitida pela Figura 2, que apresenta o modelo construído para fins desta pesquisa, onde podem ser vistos os critérios e sub-critérios, bem como o impacto global da empresa no que se refere a diretriz do PNQ, formando o perfil de seu desempenho. A partir do modelo, procede-se à avaliação global da Empresa Y, por meio do método de agregação aditiva.

O resultado obtido na avaliação do desempenho da Empresa ¨ZETA¨ foi a pontuação de -53, sendo que o nível de mercado encontra-se numa escala “0” a “100”, o que caracteriza um desempenho abaixo da expectativa do decisor, ou seja, a Empresa ¨ZETA¨ apresenta um desempenho comprometedor, mesmo que em alguns critérios esteja nível de mercado ou excelente. Entretanto, a simples identificação deste perfil de desempenho não será suficiente para subsidiar o processo de decisão quanto a gestao dos criterios e sub-criterios de evidenciacao ambiental gerenciados pela empresa. Esse conjunto de analises/avaliações se justifica, tendo em vista a conseqüência de uma escolha mal feita, que pode resultar na perda de confiabilidade da empresa quanto aos aspectos e impactos ambientais, ou sua avaliacao ruim perante os indicadores de sustentabilidade que deseja participar (FNQ, ISE, DJI, ANEEL e GRI).

Fase de Elaboração de Recomendações

Na Fase de Elaboração de Recomendações, são sugeridas as ações potenciais que visam melhorar o desempenho da Empresa ¨ZETA¨ em relação a seu status quo. O processo

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de geração de ações de recomendação é feito com base nos descritores cujo desempenho não atendeu às expectativas da gestora do meio ambiente.

No caso do modelo proposto, os critérios que apresentaram um baixo desempenho foram Conforme ilustrado na Figura 2, os critérios 1.1. Processos Administrativos, 1.2. Processos produtivos, 2.2. Incidentes ambientais, 6.1.4. Destruição de florestas naturais, 6.2. Preservação e recuperação de ecosistemas, 6.3. Consumo de recursos naturais, 6.4. Conservação de recursos não renováveis, 6.5. Reciclagem e reutilização de materias os responsáveis por comprometer o desempenho da Empresa ZETA S.A. Para tanto, sugere como açoes de aperfeicoamento a seguir apresentadas e explicitadas no quadro 7:

(i) Melhorar os controles sobre os aspectos e impactos ambientais; + (ii)Melhorar o controle sobre incidentes ambientais;+

(iii)Promover ações voluntárias para o desenvolvimento sustentável no que se refere a preservação e recuperação de ecossistemas, consumo de recursos renováveis e não-renováveis; promover reciclagem e reutilização de materiais.

Tem-se como resultado da implementação das referidas ações e melhoria, um aumento de 64 pontos na avaliação global da evidenciação ambiental, o que faz sair do nível comprometedor (-53 pontos) para o nível de mercado (11 pontos). Mesmo que 11 pontos represente um estágio inicial para o nível de mercado que varia de 0 a 100, e mais importante que a própria melhora nos resultados é a possibilidade de gerar conhecimento. Assim, o gestor pode identificar suas debilidades, conhecer as possíveis ações de aperfeiçoamento para melhorar seu nível de divulgação ambiental.

Argumenta-se, assim, a vantagem da construção deste modelo é de conhecer a priori as conseqüências da decisão, ter um instrumento para, de forma fundamenta, conhecer a situação da evidenciação ambiental, identificar ações de aperfeiçoamento e eleger as ações para resultados desejados a curto, médio e longo prazo, conforme apresentado na Figura 7 e Quadro 7.

Objetivo Ação Como implementar Estimativa de

recursos Responsáv el Previsão orçamentária e prazo Melhorar os controles sobre os aspectos e impactos ambientais Estabelecer e implementar processos para controlar impactos para pelo menos 25% das unidades situadas na área de cada uma das regionais

Estabelecer processo formal de controle dos impactos e

implementar em 25% das unidades situadas na área de cada uma das regionais e na sede

100 hs para elaboração e implementação 120 hs de treinamento 30 hs para adequações DPM R$ 5.000,00 3 meses Melhorar o controle sobre incidentes ambientais Estabelecer e implementar processos para controlar incidentes para pelo menos 25% das unidades situadas na área de cada uma das regionais

Implementar o método de controle já existente para acidentes, para também controlar incidentes. Testando primeiramente em 25% das unidades e na sede 20 hs de implementação 20hs de treinamento 10hs de adquação DPM R$ 1.000,00 20 dias Promover açoes voluntárias para o desenvolvime nto sustentável

Desenvolver pelo menos 1 ação voluntária

Determinar uma ação para cada ítem e viabilizar execução (…)

30 hs para implementação

DPM R$ 500.000,00

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo geral construir um modelo para apoiar a decisão sobre gestão interna da evidenciação ambiental da empresa aqui denominada ¨ZETA S.A, para atingir este objetivo, o construto teórico foi informado pelo tema Evidenciação ambiental. Adicionalmente, o framework adotado incluiu as premissas do instrumento teórico-metodológico de intervenção selecionado – a Metodologia MCDA-C.

Os objetivos específicos da pesquisa, transcritos abaixo, foram contemplados nas etapas de construção do modelo, por meio do uso da metodologia MCDA-C: (i) construir um melhor entendimento da questão, por parte das pessoas envolvidas, por meio da identificação, compreensão e estruturação das informações obtidas em termos de critérios de avaliação do desempenho da evidenciação ambiental, (ii) possibilitar a identificação do diagnóstico do desempenho da evidenciação ambiental, por meio da construção das escalas ordinais (descritores) para os critérios identificados; e, (iii) possibilitar a atividade de gerenciamento por meio do oferecimento de um procedimento sistematizado.

Resgatando-se a pergunta norteadora da pesquisa –– remete-se as fases 2 e 3 que apresentam que foram identificados 928 critérios de evidenciação ambiental à partir de 1 norma e 4 diretrizes. Conclui-se, assim, que o modelo construído atende aos requisitos sugeridos na pergunta de pesquisa, pois foram contempladas as preocupações principais dos envolvidos no processo.

A partir do modelo construído, foi possível avaliar o desempenho da Empresa ¨ZETA¨, avaliação que resultou em uma pontuação negativa de 53 pontos. Diante de tal avaliação, é possível afirmar que, mesmo apresentando desempenho comprometedor, a Empresa apresenta critérios com excelente desempenho.

No que diz respeito à metodologia utilizada como ferramenta de intervenção, a pesquisa demonstrou que as informações coletadas e organizadas a partir das percepções do decisor mostraram-se capazes de gerar subsídios para apoiar a decisão, pois permitiu gerar conhecimento estruturado e fundamentado sobre os critérios a serem evidenciados e aspectos gerenciados para melhorar desempenho ambiental e conseqüentemente melhorar a comunicação da empresa.

Como limitação da pesquisa, cita-se o caráter ad hoc do modelo: pelo fato de ter sido construído especificamente para a gestora da empresa estudada, tal modelo, para ser replicado necessita de ajustes que contemplem as especificidades de outras empresas do setor.

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