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PERFIL DO MERCADO DE TRABALHO DE BELO HORIZONTE

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ÍNDICE

4. PERFIL DO MERCADO DE TRABALHO DE BELO HORIZONTE... 75

4.1. DESEMPREGO... 76 4.2. EMPREGO ... 77 4.3. RENDA DO TRABALHO ... 80 4.4. INFORMALIDADE ... 81 4.5. PRECARIEDADE ... 84 4.6. SETORES DE ATIVIDADE ... 87

4.7. DEMOGRAFIA DO MERCADO DE TRABALHO DE BELO HORIZONTE ... 91

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4. PERFIL DO MERCADO DE TRABALHO DE BELO HORIZONTE

Este capítulo descreve, em várias dimensões, o mercado de trabalho do município de Belo Horizonte, a partir da concepção de que uma abordagem estreita produziria uma compreensão fragmentada da metrópole, gerando um conhecimento disperso e insuficiente. Neste sentido, a análise específica do município é feita no contexto metropolitano da região de Belo Horizonte, buscando caracterizar sua heterogeneidade sócio-espacial; e a própria análise da RMBH também busca contextualizá-la no cenário metropolitano nacional. As fontes de dados utilizadas para tais fins são o Censo Demográfico de 2000, do IBGE, e a Pesquisa de Origem e Destino de 2002, da Fundação João Pinheiro.

Os principais indicadores de desempenho do mercado de trabalho de Belo Horizonte a serem analisados são o nível e a qualidade do emprego, caracterizada pelos rendimentos médios do trabalho, pelos graus de formalização e precariedade e por sua composição setorial e ocupacional. Adicionalmente, é feita uma caracterização demográfica da força de trabalho local. A motivação é o lugar de destaque da questão do emprego na agenda de preocupações, devido à contínua elevação do nível de desemprego na última década e à deterioração das condições de trabalho. O funcionamento do mercado de trabalho é influenciado pelas transformações na esfera macroeconômica, como a própria estabilização, a política de abertura comercial e o processo de privatização, que afetam diretamente o nível de emprego na indústria, setor público e setor financeiro, vistos tradicionalmente como setores ofertantes de empregos de boa qualidade. Uma hipótese é que os empregos gerados para substituir estes seriam de qualidade inferior; tal percepção deve-se ao fato que, em grande extensão, os novos postos de trabalho têm sido criados no setor informal da economia, que, em uma concepção mais abrangente, compreende o emprego assalariado sem carteira de trabalho assinada e o trabalho por conta própria. De fato, as evidências apontam um grande crescimento da informalidade nas relações de trabalho ao longo das últimas décadas, aparentemente confirmando a hipótese de que o emprego vem se tornando mais precário em termos qualitativos. Contudo, qualificar um posto de trabalho de qualidade, controlando, por exemplo, pelo nível de remuneração, pode alterar significativamente a avaliação da tendência de evolução da precariedade do emprego.

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4.1.DESEMPREGO

Utilizando dados ajustados do Censo Demográfico de 2000 para calcular as taxas de desemprego municipais na RMBH e intramunicípio de Belo Horizonte1, verificam-se, na FIG. 4.1 e na TAB. 4.1, as maiores taxas de desemprego nos municípios do entorno de BH, principalmente no eixo Norte-Nordeste-Oeste – municípios de Santa Luzia, Vespasiano, Ribeirão das Neves, Betim, Ibirité, Juatuba e São Joaquim de Bicas – , em níveis acima de 10%. As menores taxas de desemprego foram obtidas nos municípios mais distantes de Belo Horizonte: Jaboticatubas, Taquaraçu de Minas, Rio Manso e Itaguara, em níveis em torno de 4%. Neste ponto, há que se considerar que estes municípios são os menos urbanizados na RMBH e que a declaração da condição de inatividade é maior no meio rural. Assim, uma menor procura de trabalho, que deriva taxas mais baixas de desemprego, não necessariamente resulta em maior ocupação. A taxa de desemprego do município de Belo Horizonte, 7,6%, está em um nível abaixo da média da RMBH, 8,3% (TAB. 4.1).

TABELA 4.1.

TAXA DE DESEMPREGO, RANKING DOS MUNICÍPIOS DA RMBH, 2000

Ibirité 10.5% Mateus Leme 8.3%

Betim 10.4% Confins 8.1%

São Joaquim de Bicas 10.1% Lagoa Santa 8.1% Ribeirão das Neves 10.1% São José da Lapa 8.0%

Santa Luzia 10.0% Nova União 7.7%

Vespasiano 9.8% Belo Horizonte 7.6%

Juatuba 9.6% Mário Campos 6.6%

Raposos 9.3% Capim Branco 6.1%

Sarzedo 9.0% Baldim 5.7%

Esmeraldas 8.9% Rio Acima 5.7%

Caeté 8.9% Florestal 5.6%

Pedro Leopoldo 8.9% Brumadinho 5.4%

Matozinhos 8.8% Jaboticatubas 4.2%

Igarapé 8.8% Itaguara 3.8%

Contagem 8.6% Taquaraçu de Minas 2.9%

Sabará 8.6% Rio Manso 1.5%

Nova Lima 8.4%

Média RMBH 8.3%

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Nota: Os valores foram ajustados pelo valor obtido pela Pesquisa Mensal de Emprego do mesmo período.

Dentro do município de Belo Horizonte, é verificada uma grande heterogeneidade entre as unidades de planejamento (Figura 4.1). As maiores taxas de desemprego são constatadas nas regiões mais desfavorecidas, situadas nos extremos norte e sul e nas favelas, em níveis também acima de 10%. As menores taxas de desemprego ocorrem nas regiões noroeste e centro-sul, em níveis ao redor de 4%.

1

As taxas de desemprego obtidas através do Censo Demográfico estão sobrestimadas em todo o Brasil. Um fator de correção para a RMBH foi obtido usando a taxa de desemprego pelos dados da Pesquisa Mensal de Emprego, no mês correspondente.

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FIGURA 4.1.

TAXA DE DESEMPREGO, 2000

RMBH BELO HORIZONTE

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

4.2. EMPREGO

Em contraste com os dados de desemprego, analisou-se a distribuição espacial do emprego em Belo Horizonte, utilizando informações referentes ao local de trabalho, a partir da Pesquisa de Origem e Destino de 2002. Como revela a FIG. 4.2, o emprego é absolutamente concentrado na região central e na Savassi, seguindo então, gradativamente, pelos eixos sul, oeste e norte. Neste último se destaca o aparente baixo dinamismo no eixo da Avenida Antônio Carlos (sobretudo nas UPs Concórdia e Cachoeirinha).

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FIGURA 4.2.

LOCAL DE TRABALHO, BELO HORIZONTE, 2002

Fonte: FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2002.

Complementando a análise intramunicipal de distribuição espacial do emprego, procedeu-se a uma breve descrição dos movimentos pendulares na RMBH, ou seja, dos deslocamentos dos trabalhadores entre o município de residência e o município do local de trabalho, a partir dos dados do Censo Demográfico de 2000. A percepção de que Belo Horizonte absorve um contingente enorme de trabalhadores dos outros municípios da RMBH é confirmada: o destino de 71% dos ocupados na RMBH que não trabalham em seu município de residência, que correspondem a cerca de 231 mil pessoas2, é exatamente o município de Belo Horizonte, como mostra a TAB. 4.2. Outros municípios de destino de significativo movimento pendular na RMBH são Contagem, que absorve 13% dos ocupados na RMBH que não trabalham em seu município de residência, e Betim, que absorve 7%. Juntamente com Belo Horizonte, estes municípios absorvem mais de 90% dos movimentos pendulares na RMBH.

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TABELA 4.2.

DESTINO DO MOVIMENTO PENDULAR NA RMBH- % Belo Horizonte 71,2 Contagem 13,0 Betim 7,1 Nova Lima 1,2 Vespasiano 1,1 Santa Luzia 0,9

Ribeirão das Neves 0,8 Ibirité 0,7 Pedro Leopoldo 0,5 Sabará 0,5

Lagoa Santa 0,5

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Considerando o outro lado deste fluxo – os municípios de origem do movimento pendular na RMBH –, observa-se que mais da metade dos ocupados que residem em Ribeirão das Neves, Ibirité, Santa Luzia e Sabará não trabalham nestes municípios; em Raposos, Vespasiano e Sarzedo são mais de 40%; e em São José da Lapa, Mário Campos, Contagem, Capim Branco e Esmeraldas são mais de 30% (TAB. 4.3). Além de Belo Horizonte, os municípios que mais retêm seus ocupados são: Itaguara, Rio Manso, Baldim, Taquaraçu de Minas, Florestal e Jaboticatubas. Nota-se que estes são municípios mais distantes de Belo Horizonte, aqueles inclusive nos quais verificam-se níveis mais baixos da taxa de desemprego.

TABELA 4.3.

RANKING DOS MUNICÍPIOS DE ORIGEM DO MOVIMENTO PENDULAR NA RMBH (PROPORÇÃO DE OCUPADOS NO MUNICÍPIO DE ORIGEM) - %

Ribeirão das Neves 57,9 Caeté 20,7

Ibirité 57,1 Juatuba 18,6

Santa Luzia 51,1 Igarapé 17,3

Sabará 50,7 Lagoa Santa 16,3

Raposos 48,9 Matozinhos 14,0

Vespasiano 47,4 Nova União 13,7 Sarzedo 41,1 Pedro Leopoldo 13,7 São José da Lapa 39,7 Brumadinho 13,6 Mário Campos 34,7 Mateus Leme 11,3 Contagem 32,4 Jaboticatubas 6,1 Capim Branco 31,0 Florestal 5,4 Esmeraldas 30,1 Taquaraçu de Minas 5,1

Confins 28,0 Baldim 4,8

Betim 27,5 Rio Manso 4,2

Nova Lima 25,9 Belo Horizonte 3,7

Rio Acima 22,4 Itaguara 2,1

São Joaquim de Bicas 20,7

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4.3.RENDADOTRABALHO

Como indicador geral da qualidade do emprego em Belo Horizonte, analisou-se a remuneração média do trabalho, utilizando dados do Censo Demográfico de 2000. Primeiro, situando a RMBH no contexto metropolitano brasileiro (TAB. 4.4), verifica-se um quadro desfavorável, com baixas remunerações médias (R$774), se comparadas às Regiões Metropolitanas de Curitiba e de São Paulo (acima de R$880), de Porto Alegre (R$850) e do Rio de Janeiro (R$808). O nível médio de remuneração do trabalho da RMBH é somente superior ao da Região Metropolitana de Salvador (R$663).

TABELA 4.4.

REMUNERAÇÃO MÉDIA DO TRABALHO, REGIÕES METROPOLITANAS SELECIONADAS, 2000

RM Curitiba 884,40 RM São Paulo 881,80 RM Porto Alegre 850,90 RM Rio de Janeiro 807,60 RM Belo Horizonte 773,70 RM Salvador 663,30

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Nota: Os valores foram corrigidos pela Paridade do Poder de Compra de cada região metropolitana, segundo Azzoni et al. (2000).

TABELA 4.5.

REMUNERAÇÃO MÉDIA DO TRABALHO, RANKING DOS MUNICÍPIOS DA RMBH, 2000 Belo Horizonte 953,21 Sarzedo 411,03

Nova Lima 768,16 Itaguara 403,95

Contagem 557,32 Juatuba 391,70

Brumadinho 556,28 Florestal 386,46

Lagoa Santa 551,97 São Joaquim de Bicas385,30 Pedro Leopoldo 537,59 Raposos 381,73

Caeté 515,14 Mário Campos 375,64

Matozinhos 466,04 Rio Acima 358,81

Betim 464,88 Ibirité 357,98

Vespasiano 444,61 Ribeirão das Neves 357,34

Igarapé 438,38 Nova União 351,79

Esmeraldas 435,21 Confins 350,77

Sabará 434,80 Jaboticatubas 348,32

São José da Lapa 433,93 Capim Branco 332,43

Mateus Leme 423,65 Baldim 303,62

Santa Luzia 411,63 Taquaraçu de Minas 278,00 Rio Manso 274,26

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Comparando os municípios que compõem a RMBH (ver TAB. 4.5 e FIG. 4.3), as maiores remunerações médias do trabalho são obtidas em Belo Horizonte (R$953) e Nova Lima (R$768). Em seguida, destacam-se os municípios de Contagem, Brumadinho e Lagoa

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Santa. Os municípios que apresentam as piores remunerações médias do trabalho são: Taquaraçu de Minas, Baldim e Rio Manso; municípios em que, recorrentemente, os indicadores das condições de trabalho são mais desfavoráveis.

Utilizando dados da Pesquisa de Origem e Destino de 2002 para a análise intra-urbana da qualidade do emprego no local de trabalho em Belo Horizonte, a FIG. 4.3 mostra que na região central são obtidas as maiores remunerações médias do trabalho. Esta área inclui, além das UPs Barro Preto,a qual inclui o hipercentro, e Savassi, as UPs Serra, Anchieta/Sion, Santo Antônio, Prudente de Morais e Barroca. A UP Jaraguá (que inclui a UFMG) também se destaca. Por outro lado, constituem-se em destaques negativos as favelas e as regiões extremas Norte e Sul.

FIGURA 4.3.

REMUNERAÇÃO MÉDIA, 2002

RMBH BELO HORIZONTE

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000; FJP, Pesquisa de Origem e Destino, 2002.

4.4. INFORMALIDADE

Análises tradicionais do mercado de trabalho concentram-se na discussão do emprego informal como indicador da qualidade dos postos de trabalho e do bem-estar dos trabalhadores. O segmento formal da economia sempre foi associado à oferta de bons postos de trabalho e, por outro lado, o setor informal associado a empregos de baixa qualidade. Uma

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qualificação deve ser feita em relação à conotação negativa atribuída ao setor informal derivada de uma classificação simplista. A concentração no emprego informal pode levar a inferências equivocadas, ignorando outros problemas graves, porque não está claro quem são os trabalhadores informais e se estão sendo mais prejudicados do que os do setor formal. Uma definição ampla de trabalho informal seria o que não cumpre as normas oficiais (empregados sem carteira de trabalho assinada), somado ao trabalho por conta-própria e ao trabalho sem remuneração. Entretanto, o mercado de trabalho vem passando por alterações estruturais que implicam mudanças no perfil de trabalhadores e nas características dos postos de trabalho no setor informal, sobretudo no que se refere aos trabalhadores por conta própria.

No segmento de trabalhadores por conta própria, o perfil dos trabalhadores do setor informal tem se alterado continuamente, tendo em vista o processo de reorganização da estrutura produtiva do setor industrial, em grande medida através da terceirização de atividades antes realizadas dentro das empresas. Neste sentido, sugere-se um deslocamento de trabalhadores mais qualificados para o setor informal, na condição de trabalhadores por conta própria com níveis elevados de remuneração. Sendo assim, a utilização direta do tamanho do setor informal como sinônimo de precariedade do emprego é questionável. No sentido de caracterizar melhor o setor informal, constrói-se um indicador de precariedade que leva em consideração os rendimentos destes trabalhadores3.

Conceituando, então, o setor informal de forma abrangente, como constituído pelos empregados sem carteira de trabalho assinada e pelos trabalhadores por conta-própria, constata-se que a RMBH não se distingue das demais regiões metropolitanas brasileiras pelo seu grau de informalidade, como mostra o GRAF. 4.1. Todas as regiões metropolitanas apresentam níveis em torno de 40 a 45% do total de ocupados no setor informal. O que diferencia as regiões metropolitanas é a o rendimento médio obtido neste setor: neste caso, Belo Horizonte se aproxima bastante das regiões metropolitanas que melhor remuneram – São Paulo, Porto Alegre e Curitiba (ver GRAF. 4.1). Esta informação sugere composições diferentes do setor informal em cada região metropolitana.

3

Ramos (2002) sugere que o perfil de qualificação dos trabalhadores por conta própria vem mudando nos últimos anos, e que esta maior qualificação vem acompanhada de rendimentos mais elevados em um ambiente de estabilização de preços na economia.

(11)

GRÁFICO 4.1

ÍNDCE DE INFOMALIDADE E RENDIMENTO MÉDIO DO SETOR INFORMAL, REGIÕES METROPOLITANAS, 2000 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% RJ SAL CRT BH SP POA 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Índ.Inform. Rend.Médio

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Nota: Os valores foram corrigidos pela Paridade do Poder de Compra de cada região metropolitana, segundo AZZONI et al. (2000).

No contexto da RMBH, o grau de informalidade no município de Belo Horizonte se situa em um nível abaixo da média de 47,5%, assim como Betim, Vespasiano, Santa Luzia, Raposos, Ibirité, Sabará e Nova Lima, como mostra a FIG. 4.4. Novamente, os municípios com os indicadores mais desfavoráveis são: Rio Manso, Taquaraçu de Minas, Nova União, Baldim e Jaboticatubas, com mais de 60% do total de ocupados no setor informal.

FIGURA 4.4.

GRAU DE INFORMALIDADE, 2000

RMBH BELO HORIZONTE

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A FIG. 4.4 mostra também a distribuição espacial do setor informal em Belo Horizonte, e novamente verificamos que elevados graus de informalidade são localizados nas regiões extremas. Contudo, outras regiões periféricas também apresentam elevados graus de informalidade. A heterogeneidade deste indicador é mais difusa dentro do município, não podendo ser identificado um padrão muito claro.

Independente das razões que levaram ao crescimento do trabalho por conta própria, como resultado de processos voluntários ou involuntários, é importante salientar sua característica de transversalidade ocupacional. Isto significa que não foram somente os menos qualificados que ingressaram neste trabalho; o trabalho por conta própria pode constituir uma opção mais vantajosa do que o emprego remunerado formal para uma parcela significativa de trabalhadores. Neste sentido, o GRAF. 4.2 evidencia inclusive que os trabalhadores em ocupações de nível médio e de nível superior são os que apresentaram as mais altas taxas de crescimento do grau de informalização na última década na RMBH.

GRÁFICO 4.2

GRAU DE INFORMALIZAÇÃO SEGUNDO AS CATEGORIAS SÓCIO-OCUPACIONAIS, RMBH, 1992-2002 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Superior Médio Manual

1992 1997 2002

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1992-2002.

4.5. PRECARIEDADE

Evidências contestam a noção de que os trabalhadores encontram-se no setor informal como resultado de processos involuntários e gostariam, se houvesse oportunidade, de se transferir para o setor formal. Grande parte dos trabalhadores que trabalham por conta própria aufere remunerações mais altas e tem maior autonomia do que no setor formal. Esta observação também contesta a noção de que os mercados de trabalho são anormalmente segmentados. Ao contrário, se verifica uma grande mobilidade entre os setores do mercado de trabalho tradicionalmente considerados formais e informais. A noção de que a qualidade do

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emprego vem piorando continuamente nas regiões metropolitanas é sensível à sua definição de mensuração.

O ponto então a ser discutido é a própria heterogeneidade do setor informal. Para tanto, é gerado um indicador de precariedade no emprego que visa diferenciar os trabalhadores informais em situação mais desfavorável daqueles em situação mais favorável, os quais, como pode se notar a seguir, estão em uma posição melhor (em termos de remuneração) do que os próprios trabalhadores do setor formal (empregados com carteira e empregadores). A qualidade dos empregos analisada por meio de indicadores diretos dos salários e benefícios recebidos pelos trabalhadores define mais claramente o fenômeno estudado, evitando julgar os segmentos do mercado de trabalho com base em critérios predeterminados de bem-estar. Essa medida qualifica de precário o trabalho sem carteira assinada e o trabalho por conta-própria que remunera menos de dois salários mínimos mensais. Há alguns aspectos a serem considerados a este respeito. A construção do indicador de precariedade incorpora todo o conjunto de empregados sem carteira de trabalho, dado que esta forma de inserção é ilegal, sendo prejudicial ao trabalhador e à sociedade como um todo, ao privar direitos e sonegar tributos e encargos sociais. O indicador de precariedade qualifica apenas a inclusão de parte dos trabalhadores por conta própria na condição de detentores de empregos precários. Embora limitado para captar completamente todas as dimensões associadas à caracterização da qualidade dos postos de trabalho, este indicador de precarização representa um progresso em relação à mera consideração da forma de inserção no mercado de trabalho. A tendência de precarização expressa no crescimento do número de trabalhadores com baixos níveis de rendimentos e cobertura social, observada nos anos 80, intensifica-se nos anos 90. Vale mencionar que o trabalho no setor formal não garante uma melhor qualidade em termos de remunerações, mas tão somente em termos do amparo pela legislação trabalhista.

Refinando, portanto, o conceito de setor informal em situação precária, constata-se que a RMBH apresenta um dos piores indicadores de precariedade, como mostra o GRAF. 4.3: cerca de 33% de seus ocupados. A respeito deste indicador, as regiões metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre e Curitiba se destacam com índices abaixo de 30%, o que confirma a hipótese de diferenciais composicionais. Por outro lado, o rendimento médio obtido diferencia menos as regiões metropolitanas: Belo Horizonte volta a se aproximar das regiões metropolitanas que melhor remuneram. Vale mencionar que, enquanto os trabalhadores em situação precária tendem a apresentar uma média de remuneração mais de 50% abaixo da média dos trabalhadores no setor informal como um todo, os trabalhadores no setor informal não precário tendem a receber uma remuneração 50% maior do que os trabalhadores no setor formal (ver TAB. 4.6).

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GRÁFICO 4.3

ÍNDICE DE PRECARIZAÇÃO E ENDIMENTO MÉDIO DO SETOR PRECÁRIO, REGIÕES METROPOLITANA, 2000 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% SAL BH RJ CRT POA SP 0 50 100 150 200 250 300 350 Índ.Precar. Rend.Médio

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Nota: Os valores foram corrigidos pela Paridade do Poder de Compra de cada região metropolitana, segundo AZZONI et al. (2000)

TABELA 4.6.

GRAUS DE INFORMALIDADE E PRECARIEDADE E REMUNERAÇÃO MÉDIA DOS SETORES FORMAL E INFORMAL, PRECÁRIO E NÃO PRECÁRIO, REGIÕES METROPOLITANAS

SELECIONADAS, 2000

Índices Remuneração Média

Informal. Precaried. Formal Informal Precário Não Precário

Salvador 46,5% 36,7% 831,72 468,40 214,30 1835,39 Rio de Janeiro 46,9% 31,3% 962,31 644,67 269,79 1594,87 São Paulo 44,1% 26,4% 1025,99 757,88 280,24 1630,12 Curitiba 44,9% 28,3% 1034,87 702,44 299,53 1837,66 Porto Alegre 42,9% 26,9% 912,48 696,98 282,95 1693,19 Belo Horizonte 44,2% 31,3% 876,13 644,53 251,18 1733,79

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Nota: Os valores foram corrigidos pela Paridade do Poder de Compra de cada região metropolitana, segundo AZZONI et al.(2000)

No contexto da RMBH, como podemos visualizar na FIG. 4.5, somente Belo Horizonte e Nova Lima os graus de precariedade se situam em níveis abaixo da média de 31%. Repetindo o comportamento dos outros indicadores, os mesmo municípios apresentam os piores níveis, com mais 60% de ocupados em situação precária. O que diferencia este indicador do anterior é que a maioria dos municípios da RMBH apresenta um setor informal notadamente precário, em contraposição aos municípios de Belo Horizonte e Nova Lima, cujo setor informal é predominantemente não precário. Um quadro diferente é visto através da análise intra-urbana do município de Belo Horizonte, onde o padrão de localização dos ocupados em situação precária parece estar associado ao padrão de localização dos ocupados no setor informal (FIG. 4.5).

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FIGURA 4.5.

ÍNDICE DE PRECARIEDADE NO EMPREGO, 2000 RMBH Belo Horizonte

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

4.6. SETORESDEATIVIDADE

Um importante indicador de caracterização do mercado de trabalho é a sua composição setorial. Situando a RMBH no contexto metropolitano brasileiro, pode-se destacar os seguintes aspectos dos GRAF. 4.4 e 4.5. No que se refere ao emprego, na RMBH são verificadas as maiores proporções nos serviços pessoais e na construção civil, e as menores proporções nos setores de governo e nas indústrias moderna e tradicional. Os setores de serviços sociais, distributivos e produtivos se situam na média das regiões metropolitanas selecionadas. Vale mencionar que, como mostrado no capítulo 2, o setor da construção civil vem decrescendo na RMBH e os setores de serviços distributivos e pessoais cresceram na década de 90.

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GRÁFICO 4.4

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS SEGUNDO OS SETORES DE ATIVIDADE, REGIÕES METROPOLITANAS, 2000 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% Serv.Pess. Serv.Distr. Se rv .So c . S e rv.P rod. Constr.Civ. In d. Trad. In d. Mod. Governo SAL RJ SP CRT POA BH

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

GRÁFICO 4.5

RENDIMENTO MÉDIO SEGUNDO O SETOR E ATIVIDADE, REGIOES METROPOLITANA, 2000

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

Serv.Prod. Governo Serv.Soc. Ind.Mod. Serv.Distr. Ind.Trad. Constr.Civ. Serv.Pess.

SP CRT RJ POA BH SAL

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Quanto à remuneração média por setor de atividade, o setor de governo é o que melhor remunera na RMBH, assim como na região metropolitana de Porto Alegre. Os serviços produtivos são os que melhor remuneram nas regiões metropolitanas de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, e estão em segundo lugar na RMBH. Os setores que oferecem as piores condições de remuneração em todas as regiões metropolitanas são os serviços pessoais e a construção civil, setores estes que se destacam na RMBH.

Procedendo a uma análise dos graus de informalização e precariedade segundo os setores de atividade em Belo Horizonte, o GRAF. 4.6. mostra que o setor da construção civil é o mais informal e também o mais precário, seguido pelo setor de serviços pessoais. Por outro

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lado, os setores de serviços sociais e produtivos apresentam baixos índices de precarização, embora os serviços sociais sejam significativamente informais. Os serviços distributivos e a indústria tradicional apresentam níveis intermediários de informalização e precarização; e a indústria moderna apresenta baixos níveis de informalização e precarização. Contudo, vale ressaltar que o setor informal dentro de todos os ramos industriais é constituído, em sua maioria, por trabalhadores em situação precária.

GRÁFICO 4.6

GRAU DE INFORMALIZAÇÃO E PRECARIEDDE, SEGUNDO OS RAMOS DE ATIVIDADE, BELO HORIZONTE, 2000 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Construção

Civil Serviços Pessoais Serviços Sociais

Serviços

Distributivos

Indústria

Tradicional Serviços Produtivos Indústria Moderna

% Informal % Precário

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Refinando a análise do grau de informalização segundo os setores detalhados de atividade em Belo Horizonte, na TAB. 4.7, destacam-se com níveis acima de 50%: serviços pessoais, de reparação de veículos, de entretenimento, de publicidade e propaganda, e domésticos, e as indústrias da construção civil, do vestuário, do mobiliário e da madeira (tradicionais). Com altos níveis de informalidade, mas de maneira não precária, destacam-se os serviços jurídicos, os serviços prestados às empresas, e os serviços de saúde e de ensino. Por outro lado, os setores com menores graus de informalização (menos de 10%) são: indústria química, serviços de alojamento, supermercados e lojas de departamento e indústria de material de transportes.

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TABELA 4.7.

GRAU DE INFORMALIZAÇÃO E TAMANHO DOS SETORES DE ATIVIDADE, BELO HORIZONTE, 2000 - %

Índ.Informal Tamanho

OUTROS SERVIÇOS PESSOAIS 72.8 3.0

INDUSTRIA DO VESTUARIO 62.6 2.4

SERVICOS DE REPARACAO DE VEICULOS 59.8 2.4

INDUSTRIA DA CONSTRUCAO CIVIL 57.4 7.6

INDUSTRIA DO MOBILIARIO 56.1 0.7

INDUSTRIA DE MADEIRA 51.8 0.1

ORGANIZAÇOES E ATIVIDADES DE ENTRETENIMENTO 50.9 1.8

SERVICOS DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA 50.7 0.4

SERVIÇOS DOMESTICOS REMUNERADOS 48.4 9.0

SERVICOS JURIDICOS 46.3 3.7

TRANSPORTES TERRESTRES 45.6 4.8

OUTROS SERVIÇOS PRESTADOS AS EMPRESAS 45.1 2.7

COMERCIO EM GERAL 44.4 21.2

ENSINO PARTICULAR* 42.5 4.2

IND. DE EQUIP. ELETRONICOS, MEDICO-HOSPITALARES E DIVERSOS 41.9 0.6

SERVIÇOS DE SAUDE 40.3 5.8

INDUSTRIA TEXTIL 35.1 0.3

SEGUROS PRIVADOS 34.4 0.9

INDUSTRIA DE COUROS E CALÇADOS 33.3 0.4

INDUSTRIA EDITORIAL E GRAFICA 28.8 0.7

ASSISTENCIA E BENEFICIENCIA 27.6 0.6

INDUSTRIA METALURGICA 26.7 1.6

INDUSTRIA DE MATERIAL ELETRICO E DE COMUNICAÇOES 26.5 0.4

SERVICOS DE CORREIOS, TELECOM E AUX. DE TRANSPORTES 25.6 2.6

SERVICOS DE RADIODIFUSAO E TELEVISAO 25.5 0.2

ADMINISTRAÇAO, COMERCIO E INCORPORAÇAO DE IMOVEIS 24.7 2.7

INDUSTRIA DE PRODUTOS ALIMENTARES, BEBIDAS E FUMO 24.0 1.6

INDUSTRIA MECANICA 21.8 0.5

INDUSTRIA DO PAPEL E PAPELAO 21.1 0.1

INDUSTRIA DE PERFUMARIA, SABOES E VELAS 19.3 0.1

INDUSTRIA DE MINERAIS NAO-METALICOS 17.3 0.4

INDÚSTRIA EXTRATIVA MINERAL 16.7 0.3

INDUSTRIA DA BORRACHA E DO PLASTICO 14.7 0.2

TRANSPORTES AEREOS 14.4 0.2

SERVICOS DE VIGILANCIA E SEGURANÇA 12.9 0.9

PRODUÇAO E DISTRIBUICAO DE ENERGIA ELETRICA E GAS 12.8 0.5

INDUSTRIA DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E VETERINARIOS 12.3 0.2

BANCOS, FINANCEIRAS E CAPITALIZACAO 11.3 1.9

ABASTECIMENTO DE ÁGUA 11.1 0.4

INDUSTRIA QUIMICA (INCLUSIVE PRODUCAO DE ALCOOL) 11.1 0.3

SERVICOS DE ALOJAMENTO 10.2 0.4

SUPERMERCADOS E LOJAS DE DEPARTAMENTO 10.1 0.7

LIMPEZA PUBLICA E REMOÇAO DE LIXO 7.0 0.3

INDUSTRIA DE MATERIAL DE TRANSPORTES 5.3 1.0

(19)

4.7. DEMOGRAFIADOMERCADODETRABALHODEBELOHORIZONTE

Concluindo a descrição do perfil do mercado de trabalho de Belo Horizonte, as TAB. 4.8 e 4.9 sintetizam alguns dos principais indicadores segundo segmentos demográficos específicos, com o objetivo de destacar os aspectos composicionais mais relevantes. A análise da composição da força de trabalho segundo estes segmentos pretende sugerir os diferenciais entre os grupos que são mais preponderantes na determinação da ampla heterogeneidade do mercado de trabalho.

TABELA 4.8.

PROPORÇÃO DO SEGMENTO DEMOGRÁFICO EM RELAÇÃO AO TOTAL DE OCUPADOS, BELO HORIZONTE, 2000 - %

Mulheres 45,2% Negros 44,8% Jovens 3,0% Idosos 3,9% Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

TABELA 4.9.

TAXA DE DESEMPREGO, GRAUS DE INFORMALIDADE E PRECARIEDADE,

e Remuneração Média segundo os Segmentos Demográficos, Belo Horizonte, 2000

Taxa de Desemprego (%) Grau de Informalidade (%) Grau de Precariedade (%) Remuneração Média (R$) Mulheres 8,6 44,6 31,3 679,60 Homens 6,7 42,1 24,9 1179,00 Negros 8,8 43,6 33,2 530,48 Brancos 6,5 43,0 22,5 1302,58 Jovens 22,3 70,0 69,5 147,26 Adultos 6,9 41,5 25,5 954,67 Idosos 4,0 64,8 39,6 1530,78

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Em uma análise dos diferenciais de gênero no mercado de trabalho de Belo Horizonte, podemos destacar que as mulheres constituem 45% do total de ocupados (TAB. 4.8), apresentam taxas de desemprego, informalidade e precariedade mais elevadas que os homens, e remuneração média 40% mais baixa que os homens (TAB. 4.9). O GRAF. 4.7 mostra que elas se concentram nos serviços sociais e pessoais e os homens estão em maiores proporções na indústria moderna e de construção civil e nos serviços distributivos. O GRAF. 4.8 revela que as ocupações manuais são as que mais absorvem as mulheres, bem como os homens, mas as ocupações de nível médio têm maior peso entre as mulheres do que entre os homens.

(20)

GRÁFICO 4.7

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS SEGUNDO O SEXO E OS RAMOS DE ATIVIDADE, BELO HORIZONTE, 2000 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% In d ú s tria Moderna Indústria Tradicional Const rução Civil Se rv iço s Distributivos Se rv iço s P rodut ivos Se rv iço s Sociais Serv iço s P e ssoais Governo Homens Mulheres

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

GRÁFICO 4.8

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS SEGUNDO O SEXO E AS CATEGORIAS SÓCIO-OCUPACIONAIS, BELO HORIZONTE, 2000

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Superior Média Manual

Homens Mulheres

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Quanto à análise de diferenciais por raça no mercado de trabalho de Belo Horizonte, parte-se da constatação de que os negros constituem 45% do total de ocupados, apresentam taxas de desemprego e precariedade mais elevadas que os brancos, e taxas de informalidade similares, e remuneração média 60% mais baixa que os brancos. Os negros estão inseridos em muito maior medida nas ocupações manuais do que os brancos, os quais se distribuem mais uniformemente entre as categorias, como mostra o GRAF. 4.9. Estes indicadores sugerem que os diferenciais raciais são os mais preponderantes na desigualdade de inserção ocupacional em Belo Horizonte.

(21)

GRÁFICO 4.9

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPAOS SEGUNDO A RAÇA E AS CATEGORIAS SÓCIO-OCUPACIONAIS, BELO HORIZONTE, 2000

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Superior Média Manual

Brancos Negros

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Analisando a inserção dos grupos que compõem os extremos etários no mercado de trabalho de Belo Horizonte, podemos destacar que os jovens constituem apenas 3% dos ocupados, mas com taxas de desemprego, informalidade e precariedade substancialmente maiores do que os outros grupos etários, e remuneração média em torno de 80% menor. Por outro lado, os idosos constituem somente 4% dos ocupados, apresentam menor taxa de desemprego do que os outros grupos etários, mas taxas de informalidade e precariedade maiores do que os outros grupos etários adultos, e remuneração média em torno de 50% maior (ver tabelas 4.8 e 4.9).

Buscando verificar a composição da força de trabalho de Belo Horizonte segundo seus níveis de escolaridade, o gráfico 4.10 mostra que mais de 40% dos ocupados têm nível médio completo (acima de 11 anos de estudo), enquanto outros 35% dos ocupados não têm nem 8 anos de estudo completo. Esta composição educacional desigual se reflete em uma desigualdade das remunerações. Como pode-se visualizar no GRAF. 4.10, os rendimentos médios do trabalho aumentam gradativamente com o nível de escolaridade até os 14 anos de estudo. A conclusão do nível superior de educação (15 anos ou mais de estudo) significa uma elevação exponencial dos correspondentes rendimentos do trabalho. Como a parcela que constitui este segmento mais escolarizado é pequena em relação ao total de ocupados, parte da explicação sobre a desigualdade de renda em Belo Horizonte daí decorre.

(22)

GRÁFICO 4.10

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS SEGUNDO O NÍVEL DE ESCOLARIDADE E RENDIMENTO MÉDIO, BELO HORIZONTE, 2000

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 0-3 4-7 8-10 11-14 15-+ 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 % Rend.Médio

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Completando o quadro demográfico do mercado de trabalho de Belo Horizonte, sua composição ocupacional é analisada. Em um ranking das ocupações mais empregadoras, a TAB. 4.10 aponta ocupações nos serviços pessoais como concentradoras da força de trabalho: empregados domésticos não especializados, motoristas, alfaiates e costureiros, cozinheiros, faxineiras e mecânicos.

TABELA 4.10.

RANKING DAS OCUPAÇÕES MAIS EMPREGADORAS, BELO HORIZONTE, 2000 - %

EMPREGADOS DOMESTICOS NÃO ESPECIALIZADOS 6.2

VENDEDORES 5.7

AUXILIARES ADMINISTRATIVOS E DE ESCRITORIO 3.9

MOTORISTAS 3.6 PEDREIROS 2.5

ADMINISTRADORES E GERENTES NÃO ESPECIFICADOS 1.9

COMERCIANTES POR CONTA PROPRIA 1.9

OCUPACOES NO COMERCIO AMBULANTE NÃO ESPECIFICADAS 1.9

SECRETÁRIAS 1.8 SERVENTES 1.7

ALFAIATES E COSTUREIROS 1.5

COZINHEIROS (EXCLUSIVE NO SERVICO DOMESTICO) 1.4

HOTELEIROS E DONOS DE PENSAO 1.2

RECEPCIONISTAS 1.2 FAXINEIRAS 1.2

PROFESSORES DE ENSINO DO 2 GRAU 1.2

ADMINISTRADORES E GERENTES NO COMERCIO DE MERCADORIAS 1.1

SERVENTES DE PEDREIRO 1.1

REPRESENTANTES COMERCIAIS 1.1

MECANICOS DE VEICULOS AUTOMOTORES 1.0

ADVOGADOS E DEFENSORES PUBLICOS 1.0

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

Também na construção civil, poucas ocupações concentram muitos trabalhadores: pedreiros e serventes de pedreiros. Ocupações no comércio, também, são concentradoras de mão de obra: vendedores, comerciantes por conta própria, ocupações no comércio ambulante,

(23)

administradores e gerentes no comércio e representantes comerciais. Outras ocupações administrativas de nível médio também se destacam: auxiliares administrativos, administradores e gerentes, secretárias, recepcionistas. Podemos inferir que as ocupações no setor público, na indústria de transformação em geral e no setor moderno de serviços são mais dispersas ou menos concentradoras. Vale mencionar que a única ocupação de nível superior que se destaca em termos de absorção da força de trabalho em Belo Horizonte é a de advogados e defensores públicos (ver TAB. 4.10).

TABELA 4.11.

RANKING DAS OCUPAÇÕES MELHOR E PIOR REMUNERADAS, BELO HORIZONTE, 2000

MAGISTRADOS 7648.2

PROCURADORES, PROMOTORES E CURADORES PUBLICOS 6569.4

COMERCIANTES 4682.2 MEDICOS 4437.6

EMPRESARIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 3915.2

OUTROS EMPRESARIOS 3789.6

ADMINISTRADORES E GERENTES INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO

CIVIL 3644.3

TECNICOS E FISCAIS DE TRIBUTAÇÃO E ARRECADAÇÃO 3514.5

HOTELEIROS E DONOS DE PENSAO 3383.2

PROFESSORES DE ENSINO SUPERIOR 3370.4

ENGENHEIROS 3180.2 ADMINISTR GER EMPRESAS FINANCEIRAS,IMOBILIARIAS

SECURITARIAS 2991.8

DELEGADOS E COMISSARIOS DE POLICIA 2837.0

ADMINISTRADORES E GERENTES NA INDÚSTRIA DE

TRANSFORMAÇÃO 2781.7 DENTISTAS 2744.5

ADVOGADOS E DEFENSORES PUBLICOS 2730.8

OFICIAIS DE JUSTICA 2700.0

OUTRAS OCUPACOES AUXILIARES DA JUSTICA 2597.2

TECNICOS DE ADMINISTRAÇÃO 2591.8 VENDEDORES AMBULANTES 2539.2 ANALISTAS DE SISTEMAS 2513.9 COZINHEIRAS 290.8 ASCENSORISTAS 288.7 OPERADORES DE CAIXA 278.7

CAMAREIROS (EXCLUSIVE NO SERVICO DOMESTICO) 273.3

BORDADEIRAS E CERZIDEIRAS 272.7

MANICUROS E PEDICUROS 269.3

REPOSITORES DE MERCADORIAS 258.5

JARDINEIROS (EXCLUSIVE NA LAVOURA) 251.0

ATENDENTES DE BAR E LANCHONETE 249.7

OUTRAS OCUPACOES DO SERVICO DOMESTICO 249.4

SERVENTES 241.1 LIXEIROS 232.4

BABAS (EXCLUSIVE NO SERVICO DOMESTICO) 231.8

ARRUMADEIRAS 224.7 EMBALADORES DE MERCADORIAS 221.2 CONTINUOS 220.6 LAVADEIRAS E PASSADEIRAS 216.3 SERVENTES DE PEDREIRO 215.0 FAXINEIRAS 210.6

EMPREGADOS DOMESTICOS NÃO ESPECIALIZADOS 210.4

BABAS 202.2

AUXILIARES DE COSTURAS 191.9

LAVADEIRAS 179.1 Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000.

(24)

Dada a concentração dos ocupados de Belo Horizonte em poucas ocupações, é importante analisar seu perfil de remuneração correspondente. A TAB. 4.11 mostra o ranking das ocupações melhor e pior remuneradas; resumidamente pode-se inferir que as ocupações que mais absorvem a força de trabalho estão também dentre as que pior remuneram.

No topo da TAB. 4.11, verifica-se que, dentre as ocupações que melhor remuneram, somente os hoteleiros e donos de pensão, e os advogados e defensores públicos constam no ranking das ocupações mais empregadoras. Vale salientar que, além dos técnicos profissionais de nível superior, ocupações no comércio e no serviço público constam entre as melhor remuneradas. No extremo inferior da TAB.4.11, basicamente todas as ocupações que pior remuneram compõem o setor de serviços pessoais.

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