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Resposta: letra D, mas a questão é passível de anulação, conforme os apontamentos a seguir.

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Academic year: 2021

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PROVA DE DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL DE SÃO PAULO (PC SP) Fundação Vunesp

Direito Processual Penal: Gustavo Souza

Questão 22

Resposta: letra D, mas a questão é passível de anulação, conforme os apontamentos a seguir. Justificativa:

Letra A: errada. O art. 1.013, § 3º, do Código de Processo Civil, utilizado por analogia no processo penal, admite o exame direto da matéria pelo tribunal em recurso de apelação. Entretanto, pode-se questionar que, mesmo sendo uma providência legalmente admitida, ainda assim constitui ela uma exceção ao princípio do duplo grau de jurisdição, dado que o tribunal pode examinar questões não apreciadas pelo juízo recorrido, como no caso da reforma de sentença de primeiro grau, sem resolução do mérito.

Letra B: errada. O duplo grau de jurisdição, muito embora esteja declarado na Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 8º, § 2º, h), não está previsto expressamente na CF/1988, apenas implicitamente decorrendo dela.

Letra C: errada, a rigor. Conforme o art. 577, parágrafo único, do CPP, “não se admitirá [...] recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão”. Assim, não se pode afirmar, categoricamente, que “a garantia do duplo grau de jurisdição vale tanto para o acusado como para o acusador”, pois há hipóteses em que a falta do interesse recursal de algum daqueles sujeitos impossibilita o manejo de apelo em sua defesa (quando já houver sido totalmente contemplado com a decisão judicial anterior, p.ex.). Em todo caso, a assertiva desta alternativa também é questionável, eis que, genericamente, sim, a garantia do duplo grau de jurisdição visa a tutelar os interesses de ambas as partes litigantes no processo penal, exigindo-se, somente, por ocasião da interposição de suas peças reclamatórias, que demonstrem os respectivos interesses recursais.

Letra D: correta. Os recursos extraordinário e especial não são manifestação do duplo grau de jurisdição. Eles não se prestam a reexaminar matéria de fato ou de prova decidida por juízos de instâncias inferiores, como ocorre com o recurso de apelação. A tutela de ambos está voltada para a preservação da Constituição Federal e da legislação federal infraconstitucional, respectivamente, e não propriamente do interesse das partes.

Letra E: errada. A garantia do duplo grau de jurisdição, em síntese, consiste na possibilidade de se obter o reexame integral de uma decisão judicial anterior, realizado por um órgão jurisdicional distinto do originário. Realizado tal reexame somente após o esgotamento da jurisdição de cada órgão judiciário, ainda assim se estará observando o duplo grau, mesmo que não haja previsão de recorribilidade das decisões interlocutórias.

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Questão 23 Resposta: letra A. Justificativa:

Letra A: correta. A falta de citação do réu gera nulidade do processo (CPP, art. 564, III, e), podendo, todavia, ser sanada “desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argüi-la” (CPP, art. 570).

Letra B: errada. No processo penal, não há previsão citação do réu por seu procurador (CPP, arts. 351 a 369).

Letra C: errada. Na verdade, verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa (CPP, art. 362).

Letra D: errada. Tratando-se da citação de militar, exige-se, unicamente, que seja realizada por intermédio do chefe do respectivo serviço (CPP, art. 358), dispensando-se o mandado de citação pessoal, cumprido por oficial de justiça.

Letra E: errada. No processo penal, a citação pode ser de duas espécies: real ou pessoal (CPP, arts. 351 a 360, e arts. 367 a 368) e ficta ou presumida (CPP, arts. 361 a 366). A citação por edital, assim como a citação por hora certa, encontra-se na categoria da citação ficta. Questão 24

Resposta: letra C. Justificativa:

Letra A: errada. Conforme Guilherme de Souza Nucci (2018, p. 907), “os meios de prova podem ser lícitos – que são admitidos pelo ordenamento jurídico – ou ilícitos – contrários ao ordenamento. Somente os primeiros devem ser levados em conta pelo juiz”.

Letra B: errada. No processo penal, vigora o princípio da liberdade probatória, e não da taxatividade. Aquele confere às partes liberdade para decidir quanto ao momento, quanto ao tema e quanto aos meios de prova de que pretende se valer para demonstrar suas alegações em juízo, vedando, porém, as provas ilícitas e as provas derivadas das ilícitas, com algumas ressalvas.

Letra C: correta. Segundo Renato Brasileiro de Lima (2016, p. 577), “elemento de prova é representado por aquilo que, introduzido no processo, pode ser utilizado pelo juiz como fundamento da sua atividade julgadora”. Uma vez valorado, submetido à atividade intelectual do magistrado, chega-se ao “resultado de prova”.

Letra D: errada. “A expressão fonte de prova é utilizada para designar as pessoas ou as coisas das quais se consegue a prova, daí resultando a classificação em fontes pessoais (ofendido, peritos, acusado, testemunhas) e fontes reais (documentos, em sentido amplo” (LIMA, 2016, p. 578).

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Letra E: errada. A disciplina da prova emprestada encontra-se no Código de Processo Civil, art. 372, e não no Código de Processo Penal, que se serve supletivamente daquele diploma, na hipótese. Desse modo, “o juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório”. Questão 25

Resposta: letra B. Justificativa:

Letra A: errada, a rigor. Súmula nº 721/STF: “A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.”

Letra B: correta. Súmula nº 62/STJ: “Compete a Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído a empresa privada.” Letra C: errada. Súmula nº 75/STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal.” Letra D: errada. Súmula nº 521/STF: “O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.”

Letra E: errada. Súmula nº 140/STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima.”

Questão 26 Resposta: letra E. Justificativa:

Letra A: errada. As hipóteses dos incisos I (quem está cometendo a infração penal) e II (quem acaba de cometer a infração penal), do art. 302, do CPP, formam o chamado flagrante próprio ou perfeito. O flagrante impróprio ou imperfeito reside no inciso III daquele artigo (quem é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração), enquanto que o flagrante presumido está no seu inciso IV (quem é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração).

Letra B: errada. Tanto o art. 290, caput e § 1º, quanto o art. 302, inciso III, do CPP não delimitam o tempo de perseguição do flagrante impróprio ou imperfeito. Para sua lavratura, portanto, basta que o executor da prisão esteja em perseguição do réu.

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Letra C: errada. Segundo o art. 322 do CPP, “a autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos”.

Letra D: errada. O delito putativo, ou seja, aquele que só existe por obra imaginária do agente, não constitui fato típico. Assim, não enseja a prisão em flagrante do suposto autor, sob nenhuma de suas formas.

Letra E: correta. É o que se infere do art. 290 do CPP: “Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso”.

Questão 27 Resposta: letra A. Justificativa:

Letra A: correta. Somente as sentenças que julgam o mérito da pretensão punitiva produzem coisa julgada material, inclusive com efeitos para fora do processo, erga omnes.

Letra B: errada. Conforme Renato Brasileiro de Lima (2016, p. 1472), sentenças definitivas (CPP, art. 593, I) “são aquelas que põem fim ao processo após o esgotamento do procedimento na 1ª instancia com julgamento do mérito, para fins de absolver ou condenar acusado”. A sentença que extingue o processo sem julgamento do mérito, para o autor, enquadra-se entre as como “decisões com força de definitivas (ou interlocutórias mistas)”. Letra C: errada. Sentenças ou decisões subjetivamente plúrimas “são aquelas proferidas por órgão colegiado homogêneo, como câmaras, turmas ou seções dos Tribunais”, enquanto que decisões subjetivamente complexas “são aquelas proferidas por órgão colegiado heterogêneo, a exemplo do Tribunal do Júri” (LIMA, 2016, p. 1473).

Letra D: errada. Segundo o art. 383 do CPP, o juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. Não há necessidade, portanto, de requerimento do titular da ação penal para a emendatio libelli.

Letra E: errado. No caso da mutatio libelli (CPP, art. 384), o aditamento da denúncia ou da queixa pelo Ministério Público, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, delimita, no campo dos fatos, o julgamento. Assim, embora possa, inclusive, dar nova definição jurídica ao conteúdo da incriminação contida nos autos (caso de emendatio libelli, do art. 383 do CPP), não pode, o juiz, inovar quanto aos fatos (princípio da correlação entre acusação e sentença).

Questão 28 Resposta: letra D.

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Justificativa:

Letra A: errada. Embora constitua causa de nulidade, a hipótese do art. 564, III, d, do CPP pode ser convalidada, conforme o art. 572 do mesmo diploma, do que se concluir sua relatividade.

Letra B: errada. “Em se tratando de nulidade absoluta, geralmente violadora de norma protetiva de interesse público com status constitucional (v.g., devido processo legal, ampla defesa, contraditório), grande parte da doutrina entende que o prejuízo é presumido” (LIMA, 2016, p. 1554). Assim, não se pode afirmar que o princípio do interesse aplica-se tanto às nulidades absolutas como às relativas.

Letra C: errada. Segundo o art. 571, inciso VII, do CPP, as nulidades verificadas após a decisão da primeira instância deverão ser arguidas nas razões de recurso ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes.

Letra D: correta. Nos próprios termos do CPP, “nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa” (art. 563).

Letra E: errada. O art. 571 do CPP traz hipóteses claras de preclusão das nulidades, que devem ser arguidas no tempo e na forma ali previstos.

Gustavo Souza

Mestre em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Graduado em Direito e Especialista em Direito Processual Civil pelo Centro Universitário de João Pessoa (Unipê). Membro do Núcleo de Estudos de Direitos Humanos (NEDH, 2012-2014), vinculado ao Departamento de Direito e ao Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UFMA. Professor de Direito Penal, Processual Penal e Legislação Penal Especial em cursos de graduação, pós-graduação e preparatórios para concursos na Faculdade de Ensino Superior da Paraíba (FESP), na Fundação Escola Superior do Ministério Público do Estado da Paraíba (FESMIP), no Centro Universitário de João Pessoa (Unipê) e na Escola Nacional dos Delegados de Polícia Federal (EADelta). Professor de cursos de formação, pós-graduação e extensão profissional na Academia Nacional de Polícia e na Escola Superior de Polícia, da Polícia Federal. Ex-Advogado, Agente de Polícia Federal e Delegado de Polícia Civil na Paraíba. Delegado de Polícia Federal, Classe Especial.

Referências

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