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FATORES PROMOTORES E INIBIDORES NA ADAPTAÇÃO À UNIVERSIDADE(2010) 1

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FATORES PROMOTORES E INIBIDORES NA ADAPTAÇÃO À

UNIVERSIDADE(2010)

1

WILES, Jamille Mateus

2

; CHECHI, Pascale

3 ;

DIAS, Ana Cristina Garcia

4 1Trabalho de Pesquisa - Apoio FIPE– Senior _UFSM

2Acadêmica do Curso de Psicologia da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil 3Mestranda do PPGP da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil

4Professora do Curso de Psicologia da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil

E-mail: milla221@hotmail.com; paca_psi@yahoo.com.br; cristcris@hotmail.com

RESUMO

Este estudo busca apresentar resultados finais do Projeto de Pesquisa “Adaptação à Universidade em Jovens ingressantes no ensino superior”. O objetivo é entender como alunos do primeiro e último anos do curso de Psicologia e Economia da UFSM percebem suas experiências de transição para o Ensino Superior, buscando identificar fatores promotores e inibidores nesse processo. Participaram de uma entrevista semi-estruturada 28 estudantes de ambos os sexos. As entrevistas foram transcritas e submetidas a análise de conteúdo. Encontraram-se seis áreas relacionadas à adaptação e desadaptação à universidade: Relação com os professores; Relação com os colegas; Relação com a família; Mudança de cidade; Curso escolhido; Fatores Institucionais da Universidade. A adaptação a Universidade está permeada de fatores que envolvem desde o desenvolvimento emocional do sujeito até questões institucionais. Observa-se que não há diferenças significativas entre as opiniões sobre o tema nos alunos do primeiro e último ano, bem como nos diferentes cursos.

Palavras-chave: Adaptação; Universidade; Fatores Promotores; Fatores Inibidores 1. INTRODUÇÃO

O ingresso na universidade é uma tarefa do desenvolvimento emocional do ser humano que faz parte da transição para a vida adulta (TEIXEIRA et al, 2008). Segundo Diniz e Almeida (2006), os anos vivenciados na Universidade são fundamentais na aquisição e desenvolvimento de habilidades no enfrentamento do mundo e na criação da identidade.

Nesse sentido, é necessário estudar e refletir sobre como os jovens têm vivenciado esse momento, bem como quais as dificuldades enfrentadas por eles e as conseqüências que as mesmas apresentam em seu desenvolvimento psicológico (TEIXEIRAet al, 2008). O presente estudo busca discutir como alunos do primeiro e último anos dos cursos de Psicologia e Economia do Centro de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Federal de Santa Maria percebem suas experiências de transição para o Ensino Superior, buscando identificar fatores promotores e inibidores da adaptação à universidade e ao curso universitário.

2. REVISÃO DE LITERATURA

A transição para a universidade é uma fase complexa e envolve uma série de fatores de natureza interna e também contextual (ALMEIDA e SOARES, 2003). Nesta etapa de

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transição os jovens enfrentam diversos problemas inerentes a este processo, sendo que sua adaptação ou desadaptação no contexto acadêmico pode estar relacionada com a sua estrutura de personalidade e com outros fatores como a estrutura da instituição, as características do curso, o grupo de amigos, o apoio familiar, etc. (FERRAZ e PEREIRA, 2002).

Polydoro (2000) observa que o ingresso na universidade é um período de alegria e idealização para o estudante, no qual se apresenta uma expectativa de que esse novo ambiente atenda suas necessidades, promovendo modificações pessoais, bem como capacitando-o profissionalmente. Segundo Ferraz e Pereira (2002), muitas vezes o jovem descobre que as expectativas criadas não correspondem à realidade vivida na universidade. Essas expectativas apesar de positivas, quando não satisfeitas, prejudicam o desempenho acadêmico e deixam os estudantes desmotivados.

Na maioria das vezes, antes do ingresso na universidade, grande parte da vida dos jovens gira em torno da escola, sendo esse o local no qual os adolescentes passam grande parte do seu tempo e onde encontram a maioria dos seus amigos. Além das questões sócio afetivas, a escola representa para o jovem um mundo no qual existe uma cobrança de desempenho e responsabilidade. O meio universitário também irá assumir essas funções, contudo esse ambiente é bem menos estruturado do que o contexto escolar (DINIZ e ALMEIDA, 2006). Assim, é natural que o jovem deva passar por um processo de adaptação, pois na universidade se faz necessário um envolvimento muito maior do estudante com sua formação (COSTA e LEAL 2008).

Na universidade, os estudantes deverão recompor sua rede social, ou seja, deverão conviver com outros colegas e formar novas amizades, sendo que inicialmente poderão contar com seus recursos psicológicos e com o apoio e vínculos já formados anteriormente. Tanto a nova como as antigas redes de apoio podem auxiliar os estudantes em eventuais dificuldades que possam surgir pela frente nesse processo de adaptação à universidade (DINIZ e ALMEIDA, 2006).

Assim, fatores como gostar do curso escolhido e participar de projetos de trabalho resultantes dessa escolha, além de visualizar boas perspectivas profissionais, podem auxiliar na adaptação a universidade (COSTA e LEAL 2008). Além disso, a qualidade da relação com os pais também contribui para essa adaptação, na medida em o jovem pode receber apoio emocional e compartilhar com a família sobre sua nova vida na universidade (MOUNTS, 2004). Os relacionamentos interpessoais com os amigos também são importantes, tanto as amizades realizadas anteriormente ao ingresso à universidade, como aquelas desenvolvidas durante esse ingresso. Observa-se que os estudantes que se

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integram acadêmica e socialmente desde o início de sua trajetória dentro da universidade apresentam maiores probabilidades de crescimento intelectual e pessoal do que aqueles que enfrentam maiores dificuldades na transição à universidade (TEIXEIRAet al,2008).

Nesse sentido, considera-se que a forma como os estudantes se integram ao contexto da universidade contribui ou dificulta a sua adaptação a essa instituição (TEIXEIRA et al, 2008). O desenvolvimento de relações interpessoais e participação em atividades sociais contribui para o ajuste e integração dos jovens à universidade (DINIZ e ALMEIDA, 2006), sendo que algumas características do ambiente universitário, facilitam essa integração, como a relação estabelecida com os professores e a participação do estudantes em atividades extra-curriculares (CAPOVILLA e SANTOS, 2001).

Alguns autores apontam que a transição para o Ensino Superior é uma fase estressante para os alunos. Ferraz e Pereira (2002) salientam que nesse momento de sua vida, o jovem enfrenta novas experiências, como ter de conviver com outras pessoas, adquirir autonomia em relação à família e administrar sozinho o seu tempo e dinheiro. Essas experiências constituem-se como verdadeiros desafios na vida do estudante universitário, exigindo muitas vezes que este mude algumas características a fim de se adaptar à universidade (ALMEIDA e SOARES, 2003).

Dessa forma, percebe-se que é fundamental que a universidade pense sobre estratégias de adaptação, para poder auxiliar o aluno. Ações como repensar o quadro curricular de forma a possibilitar uma maior aproximação entre a realidade e as expectativas dos jovens e apostar nas relações interpessoais, especialmente na relação professor-aluno pode auxiliar no processo de adaptação (FERRAZ e PEREIRA, 2002). Além disso, para facilitar esse processo, a universidade deve estudar e refletir sobre os fatores que promovem e inibem a adaptação (FERREIRA, ALMEIDA e SOARES, 2001), produzindo estratégias que auxiliem aos alunos não somente na aprendizagem de conteúdos, como também na aprendizagem de enfrentamento de situações novas e desenvolvimento de habilidades interpessoais (COSTA e LEAL 2008). Considera-se que a universidade não pode ficar alheia das dificuldades enfrentadas pelos jovens em sua transição (SANTOS e ALMEIDA, 2001).

3. METODOLOGIA

O presente trabalho tem origem no Projeto de Pesquisa “Adaptação à Universidade em Jovens ingressantes no ensino superior: Um estudo sobre fatores que facilitam e dificultam a adaptação”, que tem como objetivo descrever e investigar a experiência de ingresso e adaptação ao curso superior entre jovens ingressantes no meio universitário.

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Buscou-se compreender os fatores promotores e inibidores de adaptação à universidade em diferentes cursos universitários. Para tanto, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 28 estudantes de ambos os sexos do primeiro e quinto ano dos cursos de Psicologia e Economia da UFSM.

Após a transcrição das entrevistas, foi feita uma análise de conteúdo. Nessa técnica descrita por BARDIN (1994), realizam-se leituras e releituras sucessivas do material produzido, procurando identificar conteúdos emergentes nos relatos dos entrevistados, organizando-os de um modo coerente com os objetivos da pesquisa. .

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

À partir de leituras sucessivas das entrevistas transcritas, encontraram-se seis grandes áreas relacionadas à adaptação e desadaptação à universidade, a saber, Relação

com os professores; Relação com os colegas; Relação com a família; Mudança de cidade; Curso escolhido; e Fatores Institucionais da Universidade.

4.1 Relação com os professores

No que se refere à relação com os professores, o principal aspecto descrito como inibidor na adaptação à universidade foi a falta de aproximação e abertura com os alunos de alguns professores. Tal sentimento pode ser percebido na fala do estudante: “eu acho que

um pouco o professor não dá abertura, se mostra assim sempre muito sério, sempre muito me respeitem assim sabe, muito durão, (...) então daí também tu fica com medo né, tu ta iniciando e o professor já é assim todo fechado, não dá abertura”.

Alguns alunos ainda descrevem os professores como muito rígidos e com uma postura intimidadora, o que é visto pelos estudantes como prejudicial a sua adaptação à universidade. Além disso, foi apontado como um dos principais fatores que dificultam a adaptação à universidade o fato de, diferentemente da escola, onde os alunos recebiam “tudo mastigado” dos professores, na universidade, os alunos precisam “correr mais atrás” para aprender. Outros fatores citados nessa categoria foram: falta de informações dos professores referentes aos seus projetos de pesquisa e extensão, falta de didática ou de qualificação para dar aulas e também a existência de brigas e “rixas” entre os professores.

Já em relação aos aspectos que facilitam na adaptação, percebeu-se que a maioria dos alunos considera positivo quando os professores explicam e orientam os estudantes sobre o curso e a profissão. Veja o depoimento: “nessa questão de dar mais informações

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dos alunos demonstram que os professores contribuem em sua adaptação quando possuem conhecimento e apresentam bons métodos de ensino, quando são acessíveis, receptivos e quando incentivam e se preocupam com os alunos. A partir desses dados percebemos que a relação professor-aluno é importante para adaptação do jovem à universidade, como proposto por Ferreira e Almeida (2002).

4.2 Relação com os colegas

Sobre a relação com os colegas, os estudantes apontaram como fatores inibidores de sua adaptação a existência de grupinhos em sala de aula, além da existência de competitividade e concorrência entre os mesmos. Observe as falas: “a questão da

competição, bem diferente, isso não existia em termos de 2° Grau, aqui existe, se um aluno se sobressair mais tu sente um olhar assim do outro sabe.”; “houve uma competição que não era saudável sabe (...) podem ser bons amigos, mas também tem o fato de poderem ser competidores em potencial”.

No entanto, os jovens consideram a relação com os colegas como facilitadora na transição para a universidade, na medida em que se estabelecem relações e vínculos de amizade, sendo que muitas vezes os colegas exercem papel de família e prestam apoio nos momentos de dificuldades: “o relacionamento de amizade que eu considero mais importante

pra mim é de colega da universidade, (...) é pra mim é como se fosse família sabe”.

Percebe-se também que a relação com os colegas promove a adaptação quando acontecem grupos de estudos e quando uns podem auxiliar os outros em atividades curriculares.

Outro fator considerado positivo pelos alunos é o trote aplicado pelos veteranos, o qual é considerado como uma experiência que possibilita o conhecimento entre os colegas e estudantes de outros semestres: “Ah, eu acho uma experiência assim incrível, é, eu adorei,

acho que é uma das melhores coisas, acho que quem não participa se arrepende, porque, é, tá com todo mundo ali, conhece também todo mundo já”; “Ah, eu acho que foi bom pra enturmar né (...) agora é bom porque cria um bom relacionamento”. “Ajudou também porque, como a gente não tem muito contato assim né, os veteranos no trote tu consegue conversar também, fazer alguma amizade assim, acho que ajuda também a integrar mais o curso”.

Esses dados apoiam os achados encontrados por Diniz e Almeida (2006), que enfatizam a importância das relações interpessoais como facilitadores da adaptação à Universidade.

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4.3 Relação com a família

A família foi citada como inibidora da adaptação à universidade, quando os jovens se sentem distantes da mesma, pois, muitas vezes, o ingresso no Ensino Superior demanda que o estudante saia da casa dos pais, inclusive realizando uma mudança de cidade. Pode-se perceber a dificuldade desPode-se afastamento nas falas a Pode-seguir: “A saída de casa pra mim

foi uma coisa muito difícil (...) porque eu fui, sempre assim, fui muito ligada ao meu pai, minha mãe e minhas irmãs assim”; “É ruim que não tem mais tanto mimo”; “tu te sente bastante sozinho porque tu ta sem a família né”; “eu comecei a sentir saudade, muita saudade deles ham, por exemplo, chega, tem aquela coisa de nostalgia assim, de todo domingo lembrar daquela situação família sabe, e dar mais valor pra isso”.

Por outro lado, grande parte dos estudantes demonstrou que os pais auxiliaram em sua adaptação, na medida em que demonstraram-se compreensivos e incentivaram e incentivam a trajetória acadêmica. Além disso, a família promove a adaptação quando presta apoio aos jovens nas mais diversas dificuldades que este encontra na vida acadêmica e nesse processo de troca de cidade e casa. Observa-se esse apoio nos depoimentos: “Ah, tanto em questão de força, de liga lá ‘oh mãe, to mal’ e tal”; “Tão sempre

me apoiando, sempre me ajudando quando eu preciso, se preocupando comigo assim”; “qualquer coisa que eu precisá, eu tenho que contá com eles. Eu tenho e posso contá com eles”. Outra forma de apoio citada foi o auxílio financeiro que recebem dos pais: “A minha família me apóia bastante, sempre me, se é o que eu quero fazer, financeiramente, dando apoio pra, um empurrão assim”. Nossos dados são similares aos encontrados por Mounts

(2004), que demonstra que a família é muito importante na adaptação à universidade.

4.4 Mudança de cidade

Como indicado anteriormente, para muitos dos jovens entrevistados a entrada na universidade vem associada de mudança de cidade. São fatores inibidores da adaptação à universidade o fato de os jovens terem de assumir novas responsabilidades decorrentes dessa mudança. Para muitos deles, fazem parte de suas novas responsabilidades terem de aprender a realizar tarefas domésticas e gerenciar as finanças. Observe as falas: “É difícil

de aprendê a dá conta de uma casa, das contas e da vida e das descobertas e ao mesmo tempo duma faculdade né”; “tem coisas bem práticas, tipo, eu não sabia direito lavar roupa, a louça e as coisas que geralmente não deveriam tomar muito tempo tomam”; “tinha que me virar sozinha, chegar em casa, fazer almoço ham, de tuas roupas acumular”; “e ter que

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começar a pagar conta, e tem responsabilidade, ah, e estragou tal coisa no apartamento tem que chamar eletricista, então eu acho que isso tudo mexe muito com a gente assim”;

“foi difícil às vezes, você se deparava com alguma coisa que não sabia fazer, ah, desde em

casa assim, eu não era muito boa em cozinha, essas coisas, aí eu tive que aprender, aí tive que, que dar um jeito”; “além das tarefas do curso tem as tarefas domésticas, comprá coisas, limpeza”; “tu tá numa cidade sozinha, sem a tua família, morando sozinha, com as responsabilidades da casa”;.

Outros fatores inibidores citados foram ter que conhecer diversos ambientes novos, que levam a diferentes desafios, como ir para uma cidade nova, morar e conviver com outras pessoas. Contudo, embora a mudança de cidade represente para os jovens um aumento em suas responsabilidades, para a maioria deles a saída de casa e mudança de cidade é percebida como uma possibilidade de amadurecimento, sendo que muitos já almejavam sair de casa. Vejamos os depoimentos: “Pra mim foi muito bom, porque eu

sempre quis morar sozinho, era uma coisa que eu queria muito, então, daí eu gostei”. “Foi bem tranqüila, não teve maiores problemas, eu acho que eu me adaptei bem, assim, não, claro, eu sinto saudade e tudo, mas nunca pensei em voltar, nunca pensei em desistir” ; “Saudade normal né ter, mas é bom vim e é bom voltar também, mas acho que, ah, é uma experiência muito boa tá morando mais sozinho assim”; “É, no começo, o começo é mais difícil né, natural, mas depois, naturalmente vai se acostumando” e “Foi quando eu acabei o Ensino Médio, (...), eu tava bem perdida, mas uma coisa que eu sabia era que eu queria ir embora de casa, não por problema com as relações, mas por eu querer assim, já tinha uma necessidade muito grande de, de ser independente e foi bem tranqüilo, a questão de mudar de casa foi bem tranqüilo”.

4.5 Curso escolhido

Em relação ao curso escolhido, os alunos consideram como aspectos que dificultam sua adaptação principalmente algumas disciplinas consideradas difíceis. Além disso, o aumento de exigências expresso por necessidade de maior estudo e leituras são fatores inicialmente estressantes. Muitas vezes devido a essas dificuldades com as disciplinas os jovens precisam buscar auxílio fora do curso. Observe os depoimentos: “Aqui eu vejo que tem

bastante leitura, daí é uma coisa que tu tem que fazê mais extra né, mais em casa. O professor passa, explica, mas aí tu que tem que te virá, lê os textos, tirá tuas dúvidas, questionamentos”; “as disciplinas assim são meio né, difíceis”; “Acho que o curso ele é muito, tipo ele é um curso bem difícil sabe. Ele é um curso bastante puxado, bastante. Se tu não entra fixo naquele ali, eu acho que é muito relevante a tua chance de terminá sabe”.

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Além desses fatores, os alunos ainda consideram como um aspecto inibidor a grade curricular do curso, que pode ser percebida como insuficiente ou desestruturada. Esse descontentamento é percebido nos depoimentos: “eu acho que a grade curricular é toda

errada, eu acho que tinha que melhorar”; “O currículo era meio desorganizado (...) umas coisas meio quebradas, assim, que tiram o sentido do curso. Uma má posição do currículo que acaba tirando o sentido do que tu ta estudando”. A má infra-estrutura do curso e do

prédio também foram apontados como aspectos que dificultam a adaptação.

Como aspecto facilitador da adaptação à universidade relacionado ao curso escolhido, os alunos indicam que receber informações claras e em quantidade suficiente sobre o curso lhes auxilia na adaptação. Outro fator importante destacado pelos jovens foi que o curso lhe trouxe mudanças significativas na forma de pensar, ampliando sua visão, tornando-a mais questionadora; isso geralmente acontece quando percebem o curso como um espaço acolhedor, no qual o aluno tem liberdade de falar e expressar suas opiniões.

4.6 Fatores Institucionais da Universidade

No que se refere aos fatores institucionais da Universidade, foram percebidos nas entrevistas dos estudantes como situações que dificultam adaptação a falta de informações sobre a universidade, principalmente no início da graduação. Informações simples como sobre como fazer as carteirinhas estudantis, como utilizar as bibliotecas, como participar de projetos e atividades extracurriculares, não são apresentadas, em geral. Além disso, os estudantes percebem como negativo o fato de o prédio do curso seja situado fora do campus universitário, a localização geográfica do mesmo faz com que esses jovens percebam que possuem menor convivência com outros estudantes e cursos.

Como aspectos institucionais que podem facilitar a adaptação ao Ensino Superior os estudantes apontaram a assistência aos estudantes prestada pela universidade. Essa assistência pode ser financeira ou psicológica. Observe o depoimento: “se a universidade

tivesse assim algum, a psicologia mesmo, alguma coisa de ajuda assim pra estudantes, daí seria uma boa também”. Outros fatores considerados positivos pelos alunos foram em

relação à estrutura oferecida pela universidade foram: o Restaurante universitário (que possibilita uma integração entre os colegas além de facilitar a organização de quem mora sozinho), as bibliotecas, os cursos de línguas e informática oferecidos pela instituição e a casa do estudante.

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5. CONCLUSÃO

Muito ainda tem-se para entender sobre a adaptação do aluno ao nível Superior. Esse trabalho trás resultados finais do projeto, porém não absolutos. A boa adaptação à Universidade está permeada de vários fatores que envolvem desde o desenvolvimento emocional do sujeito até ações institucionais. A passagem para o mundo acadêmico é extremamente complexa, pois implica sair de um ambiente controlado e aparentemente seguro da escola, para um mundo de desafios, liberdade e crescimento, no qual o indivíduo deve apresentar maior autonomia.

Observou-se que o grupo social do jovem tem muita influência no sucesso desta adaptação. Os pais contribuem com apoio financeiro e afetivo, possibilitando uma saída tranqüila de casa. Os professores podem auxiliar facilitando a aproximação com o aluno, não se mostrando distantes e evasivos. Os docentes também podem auxiliar oferecendo informações sobre o curso e a profissão, possibilitando o conhecimento do aluno sobre a carreira que optou em seguir. A formação de vínculos com os colegas é vista de maneira positiva, porém que também trás dificuldades devido à competição existente. Assim, é importante que os cursos incentivem a integração e convívio dos alunos.

A universidade também tem um papel fundamental nesta adaptação. Ela deve investir não só em áreas de convívio como o restaurante universitário, pátios, bibliotecas, entre outros, como também investindo em serviços de apoio e em pesquisas para se compreender as dificuldades enfrentadas pelo jovem no ingresso ao ensino superior.

Por fim, destaca-se que não há diferenças significativas entre as opiniões dos alunos de primeiro e último anos, bem como os estudantes dos diferentes cursos. O olhar dado aos fatores que interferem na adaptação se mostrou o mesmo ao longo do curso. Isso tende a facilitar as ações da Universidade, já que os fatores parecem não variar significativamente na visão dos acadêmicos. Isso possibilita que ações efetivas e objetivas possam ser desenvolvidas nas dimensões acima apontadas.

REFERÊNCIAS

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