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CPC: Movimentos Sociais, Políticas Públicas e Educação do Campo

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CPC: Movimentos Sociais, Políticas Públicas e Educação do Campo

POLITICAS DE ENSINO SUPERIOR PARA OS POVOS DO CAMPO: O CURSO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PRONERA/UFPB.

Iranete de Araujo Meira, Graduanda em Pedagogia UFPB - iranetemeira@hotmail.com

Maria de Socorro Xavier Batista, professora Dra da UFPB socorroxbatista@gmail.com

Introdução

Este texto apresenta os resultados parciais de pesquisa vinculada ao Projeto de Pesquisa Edital 01/2008 CAPES/INEP/SECAD, Observatório da Educação “A educação superior no Brasil (2000-2008): uma análise interdisciplinar das políticas para o desenvolvimento do campo brasileiro”, intitulado “As políticas para o desenvolvimento do campo e a educação superior: Análise dos cursos superiores da Universidade Federal da Paraíba – Campus III Bananeiras - voltados para os sujeitos do campo (2000-2008)”, o qual tem como objetivo geral realizar estudos e pesquisas sobre os programas e as políticas públicas direcionadas aos grupos sociais rurais, na perspectiva de consolidar a pesquisa em educação do campo a partir da base de dados do INEP e dos programas de pós graduação proponentes, contribuindo para a formulação de políticas públicas voltadas para a promoção do desenvolvimento sustentável do campo.

Os resultados apresentados correspondem ao período de julho 2008 a março de 2010, durante essa etapa foi realizado um levantamento bibliográfico, a partir do qual foram selecionados vários textos e livros, além de artigos científicos referentes à temática das políticas de educação do campo. Todas as leituras buscavam identificar os fundamentos da educação do campo, os princípios que devem orientar os cursos de graduação para os movimentos sociais do campo.

Foram analisados documentos que definem as políticas de educação tais como a Resolução CNE/CEB 1, DE 3 de abril de 2002, que institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, o documento do MEC/SECAD, Referências para uma política de Educação do Campo, Manual de Operações do PRONERA e a análise do projeto político pedagógico do Curso de Graduação em Ciências Agrárias

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com Licenciatura Plena (Turma Especial para Assentamentos Rurais) do Centro de Formação de Tecnólogos, do Campus de Bananeiras. Foram também analisados documentos dos movimentos sociais que apresentam as idéias que eles defendem para as políticas de educação para os povos do campo tais como: os documentos da I e da II Conferência Nacional de Educação do Campo, Cadernos de Educação do Campo, que foram produzidos pelos movimentos sociais e que contêm suas propostas. Eles também discutem as temáticas como o desenvolvimento sustentável do campo pautado na agricultura familiar de subsistência, as experiências de educação desenvolvidas pelos movimentos, os princípios teóricos e filosóficos que fundamentam suas propostas de educação, a trajetória de luta dos movimentos sociais por educação do Campo.

OBJETIVOS

A pesquisa buscou atender aos seguintes objetivos específicos do projeto:

1. Analisar a oferta dos cursos superiores pela universidade federal da Paraíba a partir da base de dados do Inep;

2. Identificar nos projetos dos programas e das políticas públicas mapeados, as concepções técnicas- científicas e estratégias pedagógicas;

3. Analisar nos projetos mapeados a partir de uma perspectiva multidisciplinar e as contribuições destas concepções técnicas- científicos e estratégias pedagógicas que possibilitem a promoção do desenvolvimento sustentável do campo e do país;

4. Analisar as ações educativas desenvolvidas pelos educandos em formação nos diferentes projetos;

5. Identificar os impactos e os processos de mudanças desencadeadas nas comunidades rurais a partir das ações educativas promovidas pelos programas e políticas públicas analisados;

6. Analisar as mudanças/contradições no modo de produção do conhecimento acadêmico e científico, na relação dialógica presentes nos programas e políticas analisados.

7. Propor e disseminar referenciais teóricos e metodológicos para a consolidação de linhas de pesquisa e criação de programas de pós- graduação de educação do campo;

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8. Fortalecer o intercâmbio entre as instituições/pesquisadores envolvidos no projeto e entre estes e outras instituições de pesquisa

Fundamentação Teórica

As atividades desenvolvidas no processo de pesquisa envolveram reflexões sobre a educação e a formação de educadores para os sujeitos sociais do campo que envolve conceitos e categorias analíticas do paradigma da educação do campo, entendida pelos movimentos sociais como instrumento de mudança para os camponeses bem como a importância da ação e atuação desses sujeitos.

Todas as reflexões levantadas nesse estudo enfatizam a educação do campo e sua importância na promoção de mudanças nas áreas rurais e destacam a valorização pela educação dos conhecimentos e saberes produzidos pelos diferentes povos que vivem e trabalham no campo, promovendo um intercâmbio de saberes e experiências populares com os conhecimentos na formação dos alunos desde a educação fundamental até nos cursos superiores destinados à às populações do campo por entender que a educação é um importante elemento propulsor do desenvolvimento sustentável dessas populações. Significa, portanto que a educação deve ser centrada na realidade dos seus sujeitos fortalecendo a produção agrícola, as diferentes formas nas quais a cultura se apresenta.

Nesta concepção de educação é indispensável o diálogo com a realidade do educando, realizando uma relação entre o saber popular e científico, sem desconsiderar um ou outro. Corroborando com Freire (1996, p. 33) quando coloca que “O professor e a escola devem não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os das classes populares, chegam a ela, saberes socialmente construídos na prática comunitária, mas também discutir com eles a razão de ser desse saberes em relação com o ensino de conteúdos”. Assim, do ponto de vista dos movimentos sociais a educação deve respeitar uma convivência da diversidade cultural, étnica racial, gênero, econômica e social que compõe a pluralidade dos diferentes povos do campo respeitando e incorporando as diferentes culturas no processo educacional, garantindo a alteridade. Analisando as expectativas e perspectiva de educação do campo, como referência do nosso projeto buscamos entender essa visão paradigmática e contra hegemônica que vem buscando

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promover um processo de socialização e elaborando novos mecanismos para a produção do conhecimento.

A proposta da educação do Campo parte do princípio de que os educadores em sua formação precisam conhecer e compreender a realidade dos sujeitos do campo. A proposta pedagógica visa compreender o “chão” dos agricultores familiares, quilombolas, ribeirinhos, enfim, atender a diversidade do dos camponeses, voltada e elaborada para e pelos sujeitos do campo.

Esta proposta engloba não apenas o espaço da sala de aula, mas toda a totalidade que esteja envolvida direta ou indiretamente no processo educacional como a comunidade e suas formas de produção econômica, social, ambiental, política e cultural. Nesse sentido, os movimentos sociais vêm lutando por políticas públicas que contemplem as populações do campo, na percepção de reparar essa histórica de exclusão. O PRONERA resulta dessa luta dos movimentos que vai nessa direção, como salienta Jesus (2008, P. 11)

O PRONERA tem como programa uma política pública de educação dirigida a trabalhadores e trabalhadoras das áreas de reforma agrária, que se realiza por meio de parcerias com diferentes esferas governamentais, instituições de ensino médio e superior de caráter público ou civil sem fins lucrativos, movimentos sociais e sindicais de trabalhadores e trabalhadoras rurais para a qualificação Com base nas propostas de políticas públicas voltadas para a educação educacional dos assentados e assentados. Seu principal objetivo é o fortalecimento da educação dos beneficiários do programa nacional de reforma agrária, estimulando, propondo, criando, desenvolvendo e coordenando projetos, utilizando, para isso, metodologias voltadas à especificidades do campo.

Percebemos que Santos (2008, p.47) apresenta um novo modelo de educação do campo, enfatizando as formas de organização da produção e do trabalho de maneira que possibilite a produtividade da terra e do trabalho, com o eixo para as políticas de reforma agrária. Por todas essas inquietações diante os programas de educação destinados aos sujeitos que moram e que lutam por uma educação como princípio da contextualização e da realidade camponesa.

A reforma agrária não é mais entendida apenas desconcentração da terra, mas um conjunto de políticas, dentre elas a de fundamental importância é a educação, que visem o desenvolvimento do campo na perspectiva da agricultura camponesa.

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METODOLOGIA

A pesquisa de campo envolveu a aplicação de um questionário e de entrevistas com os alunos do curso de Ciências Agrárias. O questionário foi aplicado pelo professor Marcos Barros, coordenador do Curso e membro da equipe de pesquisadores do projeto A Educação Superior No Brasil (2000-2008): Uma Análise Interdisciplinar das Políticas Para o Desenvolvimento do Campo Brasileiro, vinculado Edital no 001/2008 – CAPES/INEP/SECAD, do qual esta pesquisa faz parte. O questionário foi distribuído com todos os alunos presentes no último período do Tempo Escola, no entanto apenas vinte alunos responderam o questionário. A partir desse questionário elaboramos as questões da entrevista com o objetivo de aprofundar as questões destacadas como principais.

A entrevista foi realizada com oito alunos escolhidos por serem de outras regiões do país, pois como o curso estava no seu último período à presença deles no Campus universitário seria uma oportunidade de ter acesso a esses alunos que depois se dispersariam em seus assentamentos. Para tanto, foi feita uma visita ao Campus de Bananeiras da Universidade Federal da Paraíba, onde está situado o curso de Ciências Agrárias com o objetivo de fazer entrevistas com os alunos, os quais se encontravam na fase de conclusão do curso com apresentação de seus trabalhos de conclusão de curso. Da entrevista participaram a professora Dra. Maria do Socorro Xavier Batista, o professor Dr. Severino Bezerra da Silva e as alunas bolsistas do projeto Ladjane Fidelis Felinto a autora deste texto. O curso de Ciências Agrárias do Programa Estudante Convênio Movimentos sociais do campo da UFPB (PEC /MSC /PRONERA), do Campus de Bananeiras- PB, busca formar profissionais para as áreas de reforma agrária em atendimento às propostas de Educação do Campo.

O questionário em seu primeiro tópico buscava captar alguns elementos de identificação do aluno além endereço e contatos, sendo apresentadas informações como nome, idade, sexo, estado civil, local onde nasceu local de moradia: Assentamento/Município, telefone e e-mail, logo após foram registradas informações como renda familiar; locais das escolas onde os alunos cursaram o ensino fundamental; participação em algum grupo como; associação, movimento, sindicato, cooperativa; foi solicitado que eles apresentassem sua opinião sobre a importância de se participar de organizações coletivas e ou movimentos sociais; informação sobre a família com a terra; quais atividades produtivas desenvolvem; quais os benefícios econômicos, sociais, culturais e outros, que o curso tenha propiciado para os assentamentos.

Ainda no questionário constavam questões em que era solicitado aos alunos que apresentassem as atividades por eles desenvolvidas por no Tempo Comunidade e as dificuldades encontradas; como eles avaliavam as atividades desenvolvidas por eles no tempo comunidade; sendo pedido também que descrevessem os serviços ou projetos

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que eles vinham desenvolvendo na comunidade, baseados nos conhecimentos que eles adquiriram durante o período do curso, como eles desenvolveram seus projetos durante a vivência na comunidade, tendo em vista um modelo de educação que satisfaça a necessidade da produção e do consumo voltada para a agricultura familiar como a matriz do curso de ciências agrárias Convênio Movimentos sociais do campo da UFPB (PEC /MSC), do Campus de Bananeiras- PB

A entrevista também buscou identificar o entendimento dos alunos sobre o que é desenvolvimento sustentável, e em que o curso contribuiu para que eles desenvolvessem ações que promovam o desenvolvimento sustentável do seu assentamento.

Por último, foram realizadas questões sobre conhecimento e prática, se perguntou quais as ações educativas desenvolvidas por eles no seu assentamento; que descrevesse os serviços ou projetos que eles estão desenvolvendo na comunidade, baseados nos conhecimentos adquiridos no curso; também foi perguntado se durante o curso houve uma troca de conhecimentos entre os conteúdos científicos e os saberes da realidade dos alunos e que apresentassem algumas mudanças desencadeadas na comunidade a partir de sua atuação, e em que momento eles percebem esta mudança.

O questionário e a entrevista foram aplicados na perspectiva de captar as visões dos alunos a respeito da participação de cada um deles nos cursos. Na análise do projeto do curso de ciências agrárias, nas entrevistas e nos questionários aplicados a pesquisa identificou e destacou cinco categorias de análise: o conhecimento organizado e produzido; a temporalidade (metodologia da alternância, entre outro reconhecimento mútuo das diferenças (currículo, sujeitos, espaço e tempo onde os cursos se realizam), além de aspectos referentes à produção da agricultura familiar. As categorias destacadas foram desenvolvimento sustentável, identidade, território.

RESULTADOS ALCANÇADOS

Apresentamos a seguir a análise das oito entrevistas realizadas com os alunos do Curso de Ciências Agrárias MSC/PRONERA/UFPB, e dessas oito entrevistas escolhemos cinco falas das questões dentre elas estão situadas a concepção deles em relação ao curso de ciências agrárias, a metodologia, ensino e a didática, e das atividades no tempo/comunidade e o desenvolvimento sustentável do campo buscando compreender os princípios dessa educação no que se baseia a realidade e as especificidades dos camponeses, trazendo a tona uma reflexão correlata aos estudiosos

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que buscam embasamento teórico a respeito do contexto de vida desses camponeses, como também os princípios que os levaram a entender a dura realidade e as reivindicações dos povos do campo.

Observamos no depoimento do aluno Eleandro Reis Konoski do Curso de Ciências Agrárias no campus IV da UFPB, em Bananeiras, a respeito do que eles acha do curso de ciências agrárias.

Porque, ele é um curso que vem a sanar uma deficiência nossa, no campo, por exemplo, de angariar conhecimento científico para trabalhar a produção que é um grande desafio, apesar da agricultura camponesa produzir cinqüenta por cento de toda alimentação do Brasil, numa área de oitenta por cento de território nacional, representando os grandes proprietários, mas é um grande desafio, nós pequenos agricultores temos esta característica porque nós já lidamos com terra, você imagina uma família acampada que ficou oito anos. Um colega meu acho que o curso de ciências agrárias para os movimentos sociais do campo ontem falou que ficou nove anos debaixo da lona e é totalmente descapitalizado né, então o curso de ciências agrárias ele dá a formação, por exemplo, a formação mais pedagógica, a didática de lidar com o povo, esse campo de conhecer um pouco a antropologia, e nessa linha do embasamento nas áreas técnica

Na fala do aluno percebemos que ele destaca a importância do curso de possibilitar o acesso ao conhecimento cientifico, técnico e pedagógico para lidar com a realidade da agricultura familiar camponesa. O que se coaduna com o modelo de educação que os movimentos sociais defendem que têm como base, o contexto da realidade, os conteúdos e a metodologia que atenda as especificidades e os interesses dos sujeitos que lutam pelo desenvolvimento sustentável com base na agricultura familiar para desenvolver a sustentabilidade. Nessa fala também se destaca a relevância da produção da agricultura familiar, produzida em pequenas propriedades e a importância de se promover conhecimentos que melhorem a produção dos camponeses.

A concepção de desenvolvimento sustentável, como nos afirma Reis (2004 p. 73), representa “um projeto de desenvolvimento, nesse caso deve ser pautado na valorização das atividades rurais locais e que essas possam garantir a possibilidade de melhores condições de vida para as populações envolvidas”.

Nesse sentido podemos situar a luta pelo reconhecimento do campo como lugar de vida e de produção como que alicerça a construção de um saber que está aliado o saber da sala de aula ao conhecimento da comunidade. Essa perspectiva é proposta pela pedagogia da alternância No entanto, a pedagogia da alternância é um principio

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pedagógico que visa aliar conhecimento teórico e a prática, busca fazer com que os temas trabalhados em sala de aula sejam voltados para os problemas da comunidade que são refletidos em sala de aula e são trabalhados na comunidade no Tempo Comunidade, em forma de projetos, de discussões, de experiências vivenciadas na comunidade de origem dos alunos. Essa metodologia permite fazer a união entre teoria e prática, em torno de questões significativas para as populações das áreas de origem dos alunos. Como ilustram Teixeira; Bernartt; Trindade (2008, p. 4).

A Pedagogia da Alternância atribui grande importância à articulação entre momentos de atividade no meio sócio profissional do jovem e momentos de atividade escolar propriamente dita, nos quais se focaliza o conhecimento acumulado, considerando sempre as experiências concretas dos educandos.

Outro aspecto que buscamos identificar na entrevista foi entender como ocorrem as atividades do tempo escola, que é o tempo em que os alunos assistem aulas na universidade.

O tempo escola e agente vê e trabalha a questão da alternância, que nesse período agente fica na Universidade, e aquele período que agente vai para nossa comunidade, nos assentamentos. Acho que contribui muito, agente vai cada vez mais aumentando nossos conhecimentos, possibilitando conhecimentos. E como nós somos inseridos lá na comunidade, aí aumenta mais nossas possibilidades, tanto quanto militante quanto como pessoa que vem para adquiri conhecimento e responder lá na comunidade. (Jerry dos Santos).

Um dos aspectos que se tinha como objetivo identificar era em relação às atividades desenvolvidas pelos alunos no Tempo Comunidade, para pontuar as repercussões dos conhecimentos que o curso proporcionou na comunidade. Algumas falas dos alunos apresentaram várias as atividades desenvolvidas pelos alunos:

Um exemplo é com relação a agroecologia, fizemos uma horta orgânica, como preparar uma horta orgânica. Em relação a educação agente tivemos uma intervenção, inclusive é de um colega de Sergipe também que ele defendeu a monografia nessa área que foi do estágio II que fizemos junto, então agente pegou um colégio agrícola e nas aulas práticas agente inseriu dentro de uma comunidade no assentamento, então a escola ajudou a comunidade e a comunidade ajudou a escola em relação a aula prática. Então é um trabalhado que agente aprendeu a partir daqui de ensinar a partir dos debates (Odair José Oliveira de Amaral).

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Pelos depoimentos dos alunos pode-se verificar uma série de atividades que são desenvolvidas na comunidade, desde reuniões que discutem os problemas da comunidade; questões atinentes à produção agroecológica, viagens de estudo, oficinas, cursos, enfocando vários temas de interesse da comunidade, destaca-se também a preocupação com a agroecologia e o desenvolvimento sustentável. A atuação política dos jovens também é percebida, o engajamento deles em várias atividades políticas, o papel enquanto lideranças na comunidade. Destaca-se a preocupação com a agroecologia que é um dos pontos do projeto político pedagógico do Curso.

Em relação aos temas tratados no curso que resultaram em atividades desenvolvidas pelos alunos em suas comunidades, tais como a agroecologia, o estudo do solo, as questões do Projeto Político Pedagógico chamaram-nos a atenção.

Por exemplo, essa questão da própria agroecologia já era uma coisa que agente já fazia, então o curso veio ajudar ainda mais, essa questão de começar a buscar alternativas né, um exemplo, claro que foi mérito do curso, mérito da gente também (Eleandro Reis Konoski).

Outra questão levantada na entrevista foi em relação a avaliação que eles faziam do Curso de Ciências Agrárias, destacando alguns aspectos tais como o ensino, os professores, a metodologia utilizada.

Foi bom os professores, claro que tem aqueles professores que são simpatizantes dessa didática e quer que ela engaje, com esses ai por exemplo, fluiu assim e foi muito bom, teve outros que não eram simpatizantes dos movimentos sociais, mas que acabaram quebrando um monte de preconceito, e engraçado que todos eles, com relação a turma falaram assim que aprenderam mais do que até ensinaram, mas cada um deles tem um método especial (Eleandro Reis Konoski).

Os depoimentos dos alunos demonstram que o curso apresenta uma ampla variedade de conhecimentos que são úteis para a vida no assentamento, que tem um modelo de educação que condiz com a realidade do projeto pedagógico da educação do campo. Destaca que ele contribui com uma formação técnica agrícola, mas que a formação pedagógica contribui para a formação deles enquanto educadores. Ressalta-se que esse processo não se dá sem conflitos e contradições, pois a universidade reflete as contradições das diferentes concepções teóricas e metodológicas do corpo docente.

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Destaca também sua concepção em relação ao modelo de modelo de desenvolvimento sustentável rural, nesse sentido vale salientar a inquietação de Reis (2004, p. 69)

Ao pensar desenvolvimento sustentável com base na sustentabilidade, é importante compreendermos, até que ponto a educação pode contribuir com a formação de uma nova mentalidade no que diz respeito a mudança de atitude frente ao uso racional e responsável dos recursos naturais disponíveis.

O processo que gera a inserção da educação do campo tem como principio atender as necessidades das pessoas que vivem e dependem do campo, atentando um olhar no que concerne à preservação dos seus recursos naturais alimentando a persistência do que chamamos desenvolvimento sustentável do campo, levando em consideração à produtividade e a consciência coletiva, com base nas propostas de educação do campo do projeto político pedagógico do curso de ciências agrárias, buscando nessa proposta de educação a importância de conduzir o ensino.

A compreensão dos alunos sobre desenvolvimento sustentável revelou aspectos diferenciados:

(...) desenvolvimento sustentável ele é aquele aonde há um desenvolvimento social, urbano, econômico, mas respeitando a questão do equilíbrio, do equilíbrio da vida tanto na hora de adquirir, colher os frutos que a mãe terra nos dá através da nossa intervenção do nosso trabalho, como também nas relações. O que adianta, por exemplo, um camarada ter um discurso fantástico, revolucionário e chega em casa por exemplo e trata a esposa, e reproduz a dominação do sistema com a esposa, então a minha visão de desenvolvimento é esse. (Eleandro Reis Konoski

Essa concepção de desenvolvimento como parte da educação do campo deve estar presente na formação dos educandos desde sua fase inicial até o nível superior, para garantir uma formação que promova outra forma de sociedade. Também ressalta a necessidade de se garantir o direito à educação aos povos do campo, num modelo de educação sem exclusão de classe e contemplando a todos, valorizando assim os sujeitos.

Vista como condição para desenvolver o país, na contramão que da ênfase ao latifúndio e ao agro negócio que sempre foi priorizado no país. Para os movimentos o que resta é lutar por um modelo que possa alcançar o país no desenvolvimento sustentável que considere os camponeses como protagonistas. Pois o modelo adotado até então tem causado diversos problemas para o campo como salienta Caldart (2004, p.68)

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“O agravamento da situação sócio-econômica das famílias, ocasionando a degradação da qualidade de vida e o aumento da exclusão social e da desigualdade; a implantação violenta da agricultura capitalista; a restrição do acesso à escola; a falta de perspectivas de permanência na escola; e, felizmente, o surgimento de lutas sociais organizadas por movimentos contra estes problemas e em prol da reforma agrária”.

atureza tratando de preservar, reafirmando uma idéia de desenvolvimento sustentável .

Por isso que a educação campésina questiona o resgate da identidade camponesa, como bem afirma o documento oficial Diretrizes Operacional para as escolas do campo no seu parágrafo único onde destaca a identidade da escola do campo.

“A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação ás questões inerente à sua realidade, ancorando- se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida no País”

A partir daí podemos perceber á definição da identidade camponesa posta nas diretrizes como uma forma de valorização dos saberes dos sujeitos que tem uma história que merece ser associada ao eu tempo e espaço de vida na comunidade como reivindica os movimentos sociais por uma educação do campo. Ressalta Batista, P.186)

A educação do campo cuja identidade é a cultura camponesa, a

valorização da terra como elemento de vida, cultura e identidade o respeito ás experiências como princípios epistemológicos, pedagógicos e filosóficos. As proposições, concepções da educação originada nos sujeitos, nos movimentos são os traços distintivos desse novo paradigma educativo que surge dos setores populares, corroborando uma educação popular voltada para os sujeitos do campo.

CONCLUSÕES

Com base nos conhecimentos adquiridos nos estudos dos textos, dos documentos, com as discussões, a prática da coleta, de sistematização e de análise dos dados durante todo o período de julho 2008 a março de 2010, todas as atividades desencadeadas nessa etapa tiveram resultados de bastante relevância contribuindo com a

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minha formação acadêmica, desde a base inicial para o desenvolvimento das atividades de pesquisa; tanto para a pesquisa teórica como para a pesquisa de campo, principalmente no conhecimento científico que veio enriquecer cada vez mais o nosso projeto inclusive, com a publicação de um artigo científico para apresentação em um evento que foi realizado no Centro de Educação, em outubro de 2008, VI Seminário de Educação Popular e movimentos sociais e outro para a publicação de um livro sobre movimentos sócias do campo do Grupo de Estudos de Educação popular e movimentos sociais, do programa de pós-graduação da UFPB, que se encontra em fase de conclusão. O levantamento bibliográfico, a discussão teórica e o estudo de documentais instigou a capacidade de leitura, de análise de textos e documentos, possibilitando a construção de fichamentos, resumos, de síntese e de escrita de textos. Esse exercício possibilitou avanços em relação ao conhecimento a respeito do tema: políticas de educação superior destinados aos sujeitos do campo, como elemento essencial na compreensão da educação popular gerando questionamentos e inquietações para buscar cada vez mais as leituras e interpretações inerentes ao desenvolvimento da analise interpretativa dessa teoria, no qual desencadeou a capacidade de desenvolver a pesquisa científica como foi proposto no projeto e disseminado nas reuniões semanais com a professora orientadora desse projeto.

Já na pesquisa de campo foi realizada uma entrevista oral e um questionário no campus da IV UFPB e Bananeiras com os alunos do curso de ciências agrárias, a fim de conhecer a realidade dos sujeitos envolvidos nessa pesquisa, bem como a atuação das atividades desenvolvidas por eles no decorrer do curso em suas comunidades durante o período tempo/escola, questionamos os a respeito do curso, da metodologia, do ensino, da didática e do tempo/comunidade

Eles nos demonstraram serem investigativos e pertinentes com relação às questões citadas, talvez por ter uma ideologia política, formada e atenuada pela militância, desenvolvida dentro do movimento, satisfazendo assim, os seus anseios. O curso por não pertencer aos regimes convencionais como a maioria dos cursos que são ofertados pelas universidades públicas brasileiras, atenta uma visão para o projeto de luta dos movimentos sociais do campo, como é o caso dos cursos ofertados pelo PRONERA que atende aos filhos e filhas de assentadas além das pessoas que pertence aos movimentos sociais que moram e dependem do campo.

A metodologia dos conteúdos a serem trabalhados dá sentido e significados aos sujeitos como objeto para a formulação desse conhecimento.

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Pode também contribuir com o enriquecimento da analise teórico, e com a pesquisa analítica do projeto e também com o enriquecimento da aluna bolsista.

Percebemos os entrevistados tem raízes fincadas no campo bem como suas necessidades estão sempre voltadas para promoção do desenvolvimento sustentável do campo em suas comunidades, no entanto essaa visão mais global já é base da formação que os eles estão obtiveram a partir do curso de ciências agrárias.

De todos os entrevistados às questões que lhe foram solicitadas, nos permitiu também identificar as necessidades que eles tinham para representar as experiências vivenciadas na universidade confrontando se com as raízes culturais em que eles apontam os costumes e as resistências dos sujeitos que vivem e moram no campo.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da educação; Conselho Nacional de Educação. Parecer 36/2001, aprovado em 04 de dezembro de 200, institui as Diretrizes Operacionais para a educação Básica nas Escolas do Campo.

CALDART, Roseli s. Elementos para a construção de um projeto político pedagógico da educação do campo, In: Molina, Mônica Castagna; JESUS, Sônia Meire Santos de Azevedo de (orgs). Contribuições para a construção de um projeto de educação do campo. Brasília: Articulação Nacional por uma educação do campo, 2004.

CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do movimento Sem Terra. 3. Ed. São Paulo: Expressão Popular.

BRASIL, Ministério da educação; Conselho Nacional de Educação. Parecer 36/2001, aprovado em 04 de dezembro de 200, institui as Diretrizes Operacionais para a educação Básica nas Escolas do Campo

Reis, Edmerson dos Santos, Educação do Campo e desenvolvimento sustentável: avaliação de uma prática educativa. 1 Ed, Juazeiro/Bahia, Franciscana

TEIXEIRA, Edival Sebastião; BERNARTT, Maria de Lourdes; TRINDADE, Glademir Alves. Estudos sobre Pedagogia da Alternância no Brasil: revisão de literatura e perspectivas para a pesquisa. Educ. Pesqui. [online]. 2008, vol. 34, no. 22008-10-07], pp. 227-242. < http://www.scielo.br/scielo.php?

BATISTA, Maria do Socorro Xavier. Movimentos sociais educação do campo conquistando a cidadania campesina. In: LINS, Lucicléa Teixeira; OLIVEIRA,

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Verônica de Lourdes B. de. Educação Popular e movimentos sociais. Aspectos multidimensionais na construção do saber. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2008.

RESUMO

Este estudo apresenta os resultados da pesquisa: Políticas de Educação Superior no Brasil (2000-2008) para o desenvolvimento do campo brasileiro: as políticas para o desenvolvimento do campo: análise dos cursos superiores da Universidade Federal da Paraíba - Campus I V Bananeiras, voltados para os sujeitos do campo. O texto apresenta os resultados da pesquisa de campo constituída de um questionário e de uma entrevista com os alunos do Curso de Licenciatura em Ciências Agrárias da parceria entre UFPB, o INCRA/PRONERA- Programa Nacional de Reforma Agrária. Os resultados focalizam a visão dos alunos com relação aos princípios da educação do campo fazendo uma reflexão sobre a educação como instrumento de mudança, bem como sua importância sobre a ação e atuação frente à organização dos movimentos sociais do campo, envolvidos na luta e na conquista de políticas de educação para os sujeitos do campo.

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