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FONTES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL: A REVISTA UNITAS (1930/1945)

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FONTES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL: A REVISTA UNITAS (1930/1945)

Berenice Corsetti/Unisinos INTRODUÇÃO

Este trabalho integra uma investigação mais ampla que estamos realizando, em termos da História da Educação Brasileira, cujo recorte do objeto delimita-o ao campo da política educacional adotada no Rio Grande do Sul no período de 1930 a 1964. É, portanto, um aspecto mais restrito da pesquisa desenvolvida, a qual dá continuidade a estudos anteriores que trataram da política educacional rio-grandense, a partir do corte cronológico situado entre 1889 e 1930.

O estudo em questão está sendo realizado a partir de fontes históricas de caráter primário, trabalhadas com o apoio da leitura hermenêutica, privilegiando, enquanto abordagem epistemológica, a metodologia de caráter dialético. Nesse sentido, a questão educacional é entendida como parte de um contexto social, político e econômico mais amplo, que é considerado na abordagem da educação no Rio Grande do Sul, no recorte que indicamos.

Entre 1930 e 1964, afirmou-se o projeto nacional encabeçado inicialmente por Vargas na direção do país, constituindo-se o modelo nacional-desenvolvimentista, que apresentou, no plano das políticas públicas, inúmeras iniciativas e realizações. Em termos educacionais, diversos estudos apontam para o delineamento de uma política educacional condizente com a proposta modernizadora e de afirmação do Estado-Nação no Brasil.

No período que apontamos, a Igreja Católica passou por reformulações internas, utilizando diferentes táticas para garantir a sua posição no cenário político e social. A mobilização dos fiéis, através da Ação Católica, das Ligas Eleitorais Católicas, dos Círculos Operários, da imprensa católica e das atividades religiosas como missas e procissões, serviu às finalidades políticas da Instituição. No Rio Grande do Sul, sua ação foi investigada, utilizando, entre outras fontes, a Revista UNITAS, publicada pela Arquidiocese de Porto Alegre a partir de 1913. Pela importância dessa fonte para a História da Educação Rio-Grandense, apresentamos os aspectos mais relevantes que percebemos através dela, no que tange ao período de 1930/1945, situando a posição da Igreja Católica do Rio Grande do Sul, no âmbito da política educacional do período.

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1 A IGREJA NO RIO GRANDE DO SUL

A problemática que estamos analisando inclui em seu conjunto o papel da Igreja Católica no Rio Grande do Sul. Presente na história da região desde seu início, essa instituição teve participação efetiva na construção dos diferentes momentos do processo histórico regional, particularmente no período de nossa investigação.

No Rio Grande do Sul, a Igreja teve um papel insubstituível junto às comunidades imigrantes no Estado. Foi nesse ambiente, marcado pela fé simples dos colonos e pela alegria com que recebiam o padre, que o catolicismo rural do clero europeu se entendeu perfeitamente. Nesse clima de cristandade, a participação maciça dos fiéis nas cerimônias da vida religiosa, a freqüência aos sacramentos e a internalização de um código de ética católica lembravam a época áurea da Igreja Medieval. Nesse meio, os valores sociais passaram a legitimarem-se através dos valores e normas sagradas. Para a consolidação e manutenção dessas estruturas, todo um esquema foi montado, o qual ia da capela e da paróquia até as escolas religiosas, o jornal católico, as missões populares, as aulas de catecismo e a severa vigilância exercida pelo confessionário. (DE BONI, 1980).

Além do trabalho na região colonial, a Igreja Católica desenvolveu uma ação sistemática e eficiente liderada pelos dirigentes eclesiásticos. A observação das iniciativas empreendidas por D. João Becker, arcebispo de Porto Alegre, possibilitou visualizar características importantes da ação da Igreja no período analisado, em especial a concepção que norteou sua atuação em nível regional. Para tanto, algumas fontes históricas do período foram úteis, como veremos a seguir.i

Em setembro de 1913, teve início a publicação de UNITAS - Revista Eclesiástica da Arquidiocese de Porto Alegre. Constituiu-se num órgão oficial da Igreja gaúcha que, sob a direção de D. João Becker, arcebispo metropolitano, buscou uma articulação entre o Clero, para o qual a revista se propõe a levar os fatos principais da vida da Arquidiocese, os atos da administração episcopal do Rio Grande, bem como os atos mais importantes do Romano Pontífice e das Sagradas Congregações Romanas. Como disse o arcebispo:

[...] como os Nossos sacerdotes, além de oriundos de várias nacionalidades, moram disseminados pela vasta superfície desta

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Arquidiocese, a UNITAS visitá-los-á, como um anjo de paz, pregando-lhes a união fraterna, a concórdia, a harmonia, mostrando-lhes o fim comum para o qual todos devem trabalhar, a saber: a santificação pessoal, a salvação das almas e a glória de Deus, e lhes conservará a lembrança da hierarquia eclesiástica e o espírito de disciplina. (UNITAS, 1913, p. 03).

Portanto, é nítido o papel articulador para o qual se destinava a revista. O caráter doutrinário está presente de forma consistente, através de “artigos sólidos sobre teologia, filosofia, direito canônico, liturgia, ascética e outras ciências”. (Idem, ibidem, p.04).

Assim, no contexto de um momento histórico de reorganização da Igreja no Rio Grande do Sul, a gestão de D. João Becker e sua revista UNITAS destacaram-se pelo caráter de difusão de idéias e orientação doutrinária. A análise dessa publicação permitiu- nos perceber a visão da Igreja rio-grandense em diversos aspectos. Neste trabalho, interessa-nos destacar os aspectos mais característicos desse tipo de fonte, no que importa à História da Educação no Rio Grande do Sul no período de 1930/1945.

2 A POSIÇÃO DA IGREJA CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL NO PERÍODO 1930/1945

No período que estamos analisando, uma série de modificações foram implementadas no país, as quais foram expressas através das políticas públicas. A preocupação com a educação é expressiva, constituindo-se, na visão dos dirigentes que assumiram a direção política do país, no instrumento para garantir a valorização do homem, além de ser um meio para melhorar as condições de vida da população brasileira, no que diz respeito aos planos moral, econômico e intelectual. A educação tinha dentro deste projeto um papel muito importante na nacionalização das populações estrangeiras, na integração das populações das zonas rurais e na especialização da mão-de-obra necessária para o processo industrial. A educação foi considerada um campo privilegiado para formar cidadãos e prepará-los de maneira eficaz para o trabalho.

A preocupação com o campo da educação, no citado período, também esteve presente no centro das discussões da Igreja. O Papa Pio XI, na Carta Encíclica sobre a Educação Cristã e a Juventude, alerta para a problemática enfrentada pela educação em diversos países, destacando a importância e a excelência da educação cristã.

Conforme afirmou o Papa Pio XI, o papel reservado para a Igreja era de supervisionar e vigiar a educação dos fiéis em qualquer instituição de ensino, fosse ela

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pública ou privada, no que estivesse relacionado com a moral e com a religião. Apesar de reconhecer o direito do Estado de oferecer instrução gratuita, a Igreja continuava orientando os seus fiéis para que matriculassem os filhos nas escolas católicas, assim justificando sua posição:

[...] procurando para seus filhos a escola católica (proclame-se bem alto e seja bem compreendido por todos) os católicos de qualquer nação do mundo não exercem uma ação política de partido, mas sim uma ação religiosa indispensável à sua consciência; e não entendem já separar os seus filhos do corpo e do espírito nacional, mas antes educá-los dum modo mais perfeito e mais conducente à prosperidade da nação, pois o bom católico, precisamente em virtude da doutrina católica, é por isso mesmo o melhor cidadão, amante da sua pátria e lealmente submisso à autoridade civil constituída em qualquer legitima forma de governo. (PIO XI, 1930, p. 97).

Além da preocupação da formação moral e de caráter na juventude, a Igreja contestava o ensino leigo instituído no Brasil, desde a República Velha. Ainda no ano de 1931, a Igreja Católica obteve a sua primeira vitória através da reforma Francisco Campos, que no seu texto determinou a introdução do ensino religioso, de caráter facultativo, nas escolas públicas. Restava à essa Instituição continuar sua mobilização para manter seus interesses presentes na Constituição.

O conteúdo da reforma promoveu longas e acirradas discussões entre os educadores da Escola Nova, não havendo um acordo entre estes e a Igreja. Em 1932, educadores escolanovistas apresentaram o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, no qual defenderam a laicidade do ensino, a responsabilidade do governo pela educação, a gratuidade, a fiscalização das instituições particulares de ensino e a co-educação, entre outros.

A Igreja contestou as proposições expostas no Manifesto, acusando e associando o conteúdo do mesmo ao socialismo e ao comunismo e comparando-o com o sistema de ensino russo. Esse embate foi bem registrado por Célio da Cunha:

Na realidade, enquanto os católicos para atacar os pioneiros valiam-se de uma Encíclica feita para a Itália, os pioneiros, para atacar os católicos, valiam-se de argumentos tomados aos escritos dos teóricos estrangeiros da escola Nova. Nesta polêmica, a verdadeira realidade nacional parece ter ficado de lado. Os pontos que mais aguçaram o debate giraram em torno do ensino leigo ou ensino religioso, papel do Estado na educação, direitos da Igreja e

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da família, co-educação, educação sexual [...] (CUNHA, 1989, p. 90).

Os cléricos não apoiavam o ensino público laico que para eles desrespeitava o direito assegurado da família de escolher a educação desejada para seus filhos, direito este “recebido de Deus” e que cabia ao Estado garantir. O desrespeito do direito da família se assemelhava ao comunismo russo, onde: “A criança pertence ao Estado e não à família. A mãe não tem direito de educar os seus filhos nem de consagrar-lhes a sua afeição materna.” (BECKER, 1930, p. 283).

Os interesses da Igreja Católica confrontavam-se com a existência da escola pública e com a maneira que esta era conduzida, pois, no entendimento da Instituição, sua educação leiga e anti-religiosa terminaria gerando o caos social, como na Rússia.A questão da co-educação mereceu atenção da Igreja, que defendeu a existência de escolas separadas para meninos e meninas. Ela entendia como perigosa para a moral a adesão das escolas ao sistema co-educativo, pois nele não se conservava:

[...] a inocência nem se respeita o pudor da criança. Na escola são os alunos iniciados nos arcanos da sexualidade e incitados aos prazeres lascivos. O professor apenas lhe aconselha prudência e medidas higiênicas. Nas escolas do sistema co-educativo de ambos os sexos para rapazes e meninas o amor já não tem mais nem segredos nem mistérios. É a perversão diabólica da juventude, a pedagogia do mal! Quem poderá, pois, entranhar as conseqüências fatais desse pernicioso sistema de educação? Esquecem-se os educadores bolchevistas da fraqueza moral do homem, conseqüência do pecado original, e em vez de formarem o coração do adolescente na virtude, nele excitam e acariciam paixões desregradas. (BECKER, 1930, p. 284).

Dom João Becker foi incisivo ao declarar, sobre a questão da educação de meninos e meninas que:

Da mesma maneira condena o Sumo Pontífice como errôneo e pernicioso à educação cristã, o método da co-educação baseado, para muitos, no naturalismo negador do pecado original, e ainda, para todos os defensores desse sistema, sobre uma deplorável confusão de idéias que não distingue a legitima convivência humana da promiscuidade e igualdade niveladora. (Idem, ibidem, p. 285).

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A introdução da educação sexual nas escolas públicas foi outro aspecto atacado pela Igreja Católica, pois isso iria chamar a atenção das crianças para algo inadequado para sua formação. A Igreja contrapunha-se à educação sexual nas escolas, proposta que retomava histórica posição da Instituição a respeito do tema, ou seja:

[...] empregar, na educação da juventude, o método até agora seguido pela Igreja e por varões santos, recomendado pelo Santo padre nas letras encíclicas “Da educação cristã da juventude”, em 31 de dezembro de 1929. É necessário que, em primeiro lugar, se cuide da perfeita, firme e nunca interrompida instrução religiosa de ambos os sexos; que é preciso excitar na juventude a estima, o desejo e amor da virtude da castidade; que é necessário, sobremaneira, recomendar-lhe que persevere na oração, que seja assídua na recepção dos sacramentos da penitência e da Sagrada Eucaristia; que continue na devoção filial à Beatíssima Virgem, Mãe da santa pureza, entregando-se à sua proteção; que evite, cuidadosamente, leituras perigosas, espetáculos obscenos, a companhia dos maus e qualquer ocasião de pecar. (BECKER, 1933, p. 430).

Em 1932 a Igreja Católica iniciou mobilização para garantir que seus interesses fossem levados em conta na Constituição. Para tanto, organizou seus fiéis através da Liga Eleitoral Católica, para pressionar os candidatos à Assembléia Constituinte (1933) e ao Congresso Nacional (1934), para que apoiassem o programa mínimo elaborado pela Igreja. A Constituição assegurou o caráter facultativo do ensino religioso, que teve do dirigente religioso do Rio Grande do Sul a seguinte manifestação:

O ensino religioso facultativo nas escolas elementares, normais e secundárias, reconquistou para Deus o lugar que o laicismo lhe havia negado. Assim também está garantida, com certas restrições, a assistência religiosa às classes militares e a representação diplomática junto à Santa Sé. Embora o estado brasileiro não tenha relação de aliança ou dependência com qualquer culto ou Igreja, permite a colaboração recíproca em prol do coletivo. Esses dispositivos, que são de real importância, provam, claramente, que Deus não foi esquecido no atual regime republicano. (BECKER, 1935, p. 369).

A Constituição de 1934 aponta um dos aspectos da política educacional do governo Vargas, ou seja, a acomodação de interesses, expressa no fato de que ambos os grupos, católicos e escolanovistas, tiveram parcialmente os seus interesses atendidos.

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Entretanto, mesmo que o texto constitucional garantisse a implantação do ensino religioso nas escolas públicas, ainda que de maneira facultativa, ele deixava brechas que permitiam aos governos estaduais não o estabelecerem em suas constituições. O embate entre católicos e liberais continuou em nível estadual. A criação da Confederação Católica Brasileira de Educação, em outubro de 1933, com sede no Rio de Janeiro, fez parte desse contexto. Diante da possibilidade de não ser garantido o ensino religioso no texto da constituição estadual, o Arcebispo Dom João Becker considerou adequada a fundação da Confederação Católica Brasileira de Educação no Rio Grande do Sul em meados de agosto de 1935.

A mobilização da Igreja gaúcha surtiu efeito, tendo a Constituição do Estado mantido o ensino religioso conforme definido no texto constitucional federal. A aprovação da Instituição deveu-se à preservação dos seus interesses, conforme expressou D. João Becker:

A Constituição Estadual defende os bens supremos do povo rio-grandense. Pois ele crê em Deus, ama a Pátria, quer a conservação da legitima propriedade particular, exige a unidade e a inviolabilidade da família e proclama, solenemente, pela voz autorizada dos seus representantes, o regime republicano. (BECKER, 1935, p. 155).

No período de nossa investigação preocupação da Igreja gaúcha esteve direcionada, de maneira intensa, para a organização de trabalhos de catequese nas escolas públicas, a discussão da educação física e sexual nas escolas, a necessidade de suprir a falta de sacerdotes no Estado e o combate ao comunismo.

A escola sem Deus, a educação sexual e descristianizada dos filhos, a exagerada cultura física, numa verdadeira obsessão pelos desportos, seguem, imediatamente, em pelotões escalonados, em disputa, da posse da criança, porque sabem tal seja ela hoje, na escola, tal será também o cidadão, amanhã na sociedade. (BECKER, 1936, p. 498-499).

A educação da criança estava intimamente vinculada aos princípios da Igreja Católica, conforme as afirmações de D. João:

[...] temente a Deus e respeitadora de suas leis no dia em que se tornar homem, com a vontade rigidamente temperada na escola da obediência e da renuncia, temos disso a certeza, nela terá a pátria o

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guia seguro de seus gloriosos destinos e o fator precípuo de sua imperecível grandeza. (Idem, ibidem, p. 498).

Com o advento do Estado Novo, em 1937, foi outorgada uma nova constituição para o Brasil que, basicamente, reafirmou a política educacional da Constituição de 1934, trazendo alguns aspectos novos, como a obrigatoriedade do ensino cívico e de aulas voltadas para os trabalhos manuais. Sobre o ensino religioso, o texto constitucional manteve seu caráter facultativo. A formação de mão-de-obra para o mercado de trabalho aparece ao lado da exaltação da nacionalidade através do ensino cívico, como aspectos contemplados na constituição.

A questão da nacionalização foi elemento da maior relevância, no que tange à ação do Estado brasileiro no período, tendo sido motivo para intensa repressão às populações das regiões coloniais do Rio Grande do Sul, onde movimentos políticos, sobretudo no período da Segunda Guerra Mundial, foram alvo da preocupação do governo nacional.

A imposição lingüística foi traço da ação do Estado no período, aliado ao ensino cívico nas escolas, cuja importância levou o arcebispo metropolitano a reforçar que o poder espiritual estava acima do poder temporal, ao declarar: “Outro motivo de júbilo para nós: O trono do Papa não pertence a um povo ou a uma só nação. Ele se eleva acima do racismo hodierno, acima de todos os nacionalismos, porque o Papa representa a universalidade da Igreja.” (BECKER, 1939, p. 29).

Na questão específica do ensino cívico, a Igreja buscava demonstrar que era uma das mais poderosas contribuintes para a formação da nacionalidade brasileira, sendo que os seus ensinamentos formavam as vigas mestras da estrutura social da Nação e o afastamento da mesma representava um grande perigo.

A preocupação com a educação moral e cívica foi registrada no “Resumo das normas oficiais a serem observadas pelas escolas católicas da Arquidiocese de Porto Alegre”, onde ficou estabelecido que toda a escola deveria ter uma bandeira nacional e um mapa do Brasil expostos; em cada sala também deveria haver uma bandeira nacional, além de um quadro que contivesse o verso “Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste”. Eram proibidos a utilização de língua estrangeira, mesmo que fosse como língua auxiliar, inscrições em línguas estrangeiras, homenagens a nações estrangeiras e a utilização de saudações de partidos estrangeiros nas escolas. Ficava, igualmente, estipulado que haveria cerimônias cívicas no início de cada ano letivo, aos

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sábados pela manhã, nos feriados nacionais e na festa da bandeira, sendo que as datas comemorativas nacionais deveriam ser celebradas no próprio dia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os elementos que apresentamos permitem perceber a importância da Revista UNITAS como fonte primária para o estudo da História da Educação no Rio Grande do Sul, particularmente no que tange ao papel da Igreja Católica no âmbito da política educacional do período. As evidências empíricas apresentadas deixam claras as idéias e a ação dessa Instituição no período que estudamos.

O projeto de modernização implementado pelo governo Vargas na condução política do país teve ingredientes de avanço e conservação, sobretudo, no campo educacional. Nesse contexto, a articulação com a Igreja Católica foi uma marca desse processo político, com mediações que permitiram garantir tanto interesses do Estado como da instituição religiosa.

No Rio Grande do Sul, a ação da Igreja Católica chegava, através da UNITAS, a todas as paróquias do Estado. As mensagens da Igreja nela contidas eram lidas nos sermões e, portanto, levadas ao conjunto dos fiéis, sendo por eles defendidas nas diversas mobilizações que a Instituição promoveu no período.

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Nota:

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Mesmo reconhecendo que a tipologia das fontes primárias relacionadas com a trajetória da Igreja no Rio Grande do Sul é de largo espectro, nesta parte do trabalho, sob o ponto de vista técnico-metodológico, estaremos privilegiando um tipo de fonte, que é a Revista UNITAS, por ter se constituído num órgão oficial da Igreja do Rio Grande do Sul. Agregue-se a isso o fato de que ela teve um papel extremamente orgânico, no âmbito da estratégia da Instituição, tendo inclusive sido pioneira em termos nacionais, como instrumento eficaz da Igreja gaúcha na busca de recuperação de sua influência na região. Vale lembrar que, apenas em 1922, foi criada a revista A ORDEM, que passou a veicular as idéias e posições defendidas pela Igreja do Brasil. Assim, a representatividade desse tipo de fonte justifica a opção que fizemos pelo destaque que estamos dando às suas informações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECKER, Dom João. Discurso Congrulatório. UNITAS, Porto Alegre, n. 4 e 5, p. 29, abr.-maio. 1939.

______. Discurso proferido por S.Excia. O arcebispo Metropolitano na inauguração do novo edifício do orfanotropio Santo Antonio do Pão dos Pobres, em 13 de junho de 1930. UNITAS, Porto Alegre, n. 7-8, p. 283-285, jul.-ago. 1930.

______. Normas de Renovação Social. UNITAS, Porto Alegre, n. 9-10, p. 369, set.-out. 1935.

______. O clero católico. UNITAS, Porto Alegre, n. 9 e 10, p. 498-499, set.-out. 1936. ______. Promulgação da Constituição Rio-grandense. UNITAS, Porto Alegre, n. 6, 7 e 8, p. 155, jun.-ago. 1935.

______. Sobre o novo Estado brasileiro. UNITAS, Porto Alegre, n. 11, p. 430, nov. 1933.

CUNHA, Célio da. Educação e Autoritarismo no Estado Novo. 2. ed. São Paulo : Cortez: Autores Associados, 1989.

DE BONI, Luis Alberto. O catolicismo da imigração: do triunfo à crise. In: LANDO, Aldair Marli (Org.) et al. RS: Imigração e colonização. Porto Alegre : Mercado Aberto, 1980.

PIO XI, PAPA. Carta Encíclica sobre a Educação Cristã da Juventude. UNITAS, Porto Alegre, n. 3-4, p. 97, mar.-abr. 1930.

UNITAS: Revista Eclesiástica da Arquidiocese de Porto Alegre. Porto Alegre : Typografia do Centro, ano 1, n. 1, p. 03-04, set.-out. 1913.

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