• Nenhum resultado encontrado

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA CONSULTORIA GERAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA CONSULTORIA GERAL"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

PROCESSO Nº: REC-10/00083214

UNIDADE GESTORA: Companhia Águas de Joinville INTERESSADO: Henrique Chiste Neto

ASSUNTO: Recurso de Reconsideração Art. 77 da Lei Complementar nº 202/2000 da decisão exarada processo de Prestação de Contas de Administrador - Exercício de 2005

PARECER Nº: COG - 612/2012

Recurso de Reconsideração. Calendário. Confecção. Não demonstrado violação ao § 1º do art. 37 da CF/88. Não é vedada às Companhias de Água e Abastecimento

realizarem propaganda institucional.

Pagamento de multa e juros moratórios. Ausência de justificativa para a omissão verificada no recolhimento dos tributos na

oportunidade de seus respectivos

vencimentos. Procedência parcial.

Sr. Consultor,

1. INTRODUÇÃO

Trata-se os autos de Recurso de Reconsideração de referente ao Acórdão n. 1573/2009 exarado nos autos do PCA 06/00255735 interposto pelo Sr. Henrique Chiste Neto, ex-Diretor Presidente da Companhia Águas de Joinville, em face da imputação de débito contida nos itens 6.1.1.1 e 6.1.1.2 do acórdão recorrido, conforme consta abaixo:

Acórdão n. 1573/2009

1. Processo n. PCA - 06/00255735

2. Assunto: Grupo 3 – Prestação de Contas de Administrador – Exercício de 2005

3. Responsáveis: Roberto Winter (1º/01 a 29/06/2005) e Henrique Chiste Neto (30/06 a 31/12/2005) - Diretores-Presidente no exercício

4. Entidade: Companhia Águas de Joinville 5. Unidade Técnica: DMU

(2)

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, relativos à Prestação de Contas do Exercício de 2005 da Companhia Águas de Joinville.

Considerando que os Responsáveis foram devidamente citados, conforme consta nas fs. 83 e 84 dos presentes autos;

Considerando que as alegações de defesa e documentos apresentados são insuficientes para elidir irregularidades apontadas pelo Órgão Instrutivo, constantes do Relatório de Reinstrução DCE/Insp.3/Div.09 n. 140/08;

Considerando que o exame das contas de Administrador em questão foi procedido mediante auditoria pelo sistema de amostragem, não sendo considerado o resultado de eventuais auditorias ou inspeções realizadas;

ACORDAM os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões apresentadas pelo Relator e com fulcro no art. 59 c/c o art. 113 da Constituição Estadual e no art. 1º da Lei Complementar n. 202/2000, em:

6.1. Julgar irregulares, com imputação de débito, com fundamento no art. 18, inciso III, alínea "c", c/c o art. 21, caput, da Lei Complementar n. 202/2000, as contas as contas anuais de 2005 referentes a atos de gestão da Companhia Águas de Joinville, e condenar os Responsáveis a seguir discriminados ao pagamento de débitos de sua responsabilidade, fixando-lhes o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação deste Acórdão no Diário Oficial Eletrônico desta Corte de Contas, para comprovarem, perante este Tribunal, o recolhimento dos valores dos débitos aos cofres da Companhia Águas de Joinville, atualizados monetariamente e acrescidos dos juros legais (arts. 40 e 44 da Lei Complementar n. 202/2000), calculados a partir das datas de ocorrência dos fatos geradores dos débitos, sem o que, fica desde logo autorizado o encaminhamento da dívida para cobrança judicial (art. 43, II, da Lei Complementar n. 202/2000):

6.1.1. De responsabilidade do Sr. HENRIQUE CHISTE NETO - Diretor-Presidente da Companhia Águas de Joinville no

(3)

período de 30/06 a 31/12/2005, CPF n. 541.663.308-53, as seguintes quantias:

6.1.1.1. R$ 5.124,00 (cinco mil, cento e vinte e quatro reais), referente a despesas com pagamento de calendários, por constituir ato de liberalidade do administrador, defeso pelo § 2º, "a", do art. 154 da Lei (federal) n. 6.404/76, em afronta aos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade, preconizados pelo art. 37, caput, da Constituição Federal (item 2.1 do Relatório DMU);

6.1.1.2. R$ 34.412,77 (trinta e quatro mil, quatrocentos e doze reais e setenta e sete centavos), pertinente a despesas com pagamento de juros e multas decorrentes do atraso no cumprimento de exigibilidades - tributos (DARF, DAM (ISS), GFIP-FGTS), por caracterizar ato de liberalidade do administrador, defeso pelo art. 154, § 2º, "a", da Lei (federal) n. 6.404/76, e contrariar os princípios da economicidade, preconizado no art. 58, caput, da Constituição Estadual e da legalidade, insculpido no art. 37, caput, da Constituição Federal (item 2.4.3 do Relatório DMU).

6.1.2. De responsabilidade do Sr. ROBERTO WINTER - Diretor-Presidente da Companhia Águas de Joinville no período de 1º/01 a 29/06/2005, CPF n. 646.047.139-87, o montante de R$ 75,61 (setenta e cinco reais e sessenta e um centavo), concernente a despesas como pagamento de juros e multas decorrentes do atraso no cumprimento de exigibilidades - tributos (DARF, DAM (ISS), GFIP-FGTS), por caracterizar ato de liberalidade do administrador, defeso pelo art. 154, § 2º, "a", da Lei (federal) n. 6.404/76, e contrariar os princípios da economicidade, preconizado no art. 58, caput, da Constituição Estadual e da legalidade, insculpido no art. 37, caput, da Constituição Federal (item 2.4.3 do Relatório DMU).

(4)

6.2.1. adote as medidas administrativas e judiciais previstas na Resolução n. 04/2005 do Conselho Municipal de Serviços de Água e Esgoto no sentido de cobrar os usuários inadimplentes, sob pena de responsabilização do administrador, na forma do disposto no inciso I e no § 2º do art. 158 da Lei (federal) 6.404/76 c/c o caput do art. 37 da Constituição Federal;

6.2.2. providencie a normatização e padronização de roteiros de viagem e prestações de contas, na forma do art. 62 da Resolução n. TC-16/94.

6.3. Dar ciência deste Acórdão, do Relatório e Voto do Relator que o fundamentam, bem como do Relatório de Reinstrução DCE/Insp.3/Div.09 n. 140/08, à Companhia Águas de Joinville, aos Responsáveis nominados no item 3 desta deliberação, e ao responsável pelo controle interno de Joinville.

7. Ata n. 81/09.

8. Data da Sessão: 14/12/2009 - Ordinária. É o breve relato. Passa-se a análise.

2. ANÁLISE

2.1. R$ 5.124,00 (cinco mil, cento e vinte e quatro reais), referente a despesas com pagamento de calendários, por constituir ato de liberalidade do administrador, defeso pelo § 2º, "a", do art. 154 da Lei (federal) n. 6.404/76, em afronta aos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade, preconizados pelo art. 37, caput, da Constituição Federal.

Inicialmente destaca o Recorrente que o ato de confeccionar calendários tiveram por escopo divulgar o nome da Companhia até então recém-criada, a exemplo de atividades semelhantes executadas ao longo dos anos pela Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Petrobrás, SABESP, dentre outros, e que, portanto, tal ato não se relevou mera liberalidade, pois trouxe benefícios à Companhia, ainda que não materializados em um resultado comprovado, de forma que não há razão para se considerar a prática de ato que tenha importado

(5)

em diminuição do patrimônio da Companhia.

O simples fato de se tratar de aquisição de 100 calendários especialmente preparados para divulgar o nome da Companhia não significa, de per si, que o objeto seja ilegal, pois a Constituição Federal permite aos gestores realizarem atos que visem a publicidade institucional, desde que reste caracterizado a função informativa e educativa, prestigiados pelo art. 37, § 1º da CRFB/88 que impedem que haja qualquer tipo de identificação entre a publicidade e os titulares dos cargos alcançando os partidos políticos a que pertençam, sob pena de violação aos princípios de moralidade e impessoalidade, haja vista que toda publicidade institucional deverá possuir liame estreito com o caráter educativo, informativo ou de orientação social. Não havendo a menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos slogans, que caracterizem promoção pessoal ou de servidores públicos, partidos políticos, não há ofensa aos mencionados princípios alegados pela Diretoria Técnica.

Verifica-se nos autos não foi apontado nenhum indício sério e comprometedor que apontasse para a violação ao § 1º do art. 37 da Constituição Federal de 1988. Apenas, fundou a restrição a Diretoria Técnica sobre o argumento de que se tratava de mera liberalidade do Diretor Presidente, e mais, que a restrição se apresentou por “que para atingir seus objetivos institucionais e societários, que consiste na exploração dos serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário do Município, não há necessidade de investir em propaganda” (fl. 72 do PCA 06/00255735). Veja que a razão para a imputação de débito é a ideia equivocada de que companhia de água e abastecimento não precisa fazer propaganda da instituição. O que é isso se não o Tribunal de Contas tomar assento à cadeira do gestor e definir o que ele deve ou não fazer no exercício do seu poder discricionário?

Quem decide se deve ou não realizar propaganda institucional é o gestor competente e não o Tribunal de Contas. A esta Corte de Contas cabe dizer se a despesa foi ou não realizada de acordo com as regras jurídicas vigentes, a saber, é verificar se o ato maculou o § 1º do art. 37 da Constituição Federal de 1988, ou não; verificar se o preço pago está de acordo com praticado no mercado (hipótese que sequer foi aventada durante a instrução).

Assim, não há que se falar em liberalidade nos atos em que o gestor decide realizar propaganda institucional, ainda que de forma extremamente

(6)

reduzida e de pouca penetração social, tal como a representada pelos 100 calendários, de modo que, considerando que não restou comprovada a violação ao texto constitucional; considerando que a divulgação da Companhia no âmbito municipal é juridicamente possível; considerando que a divulgação do nome da Companhia acarreta benefícios indiretos junto à sociedade de forma que não se possa falar em mero ato de liberalidade, opina-se pelo cancelamento do débito imputado no item 6.1.1.1 do acórdão n. 1573/2009.

2.2. R$ 34.412,77 (trinta e quatro mil, quatrocentos e doze reais e setenta e sete centavos), pertinente a despesas com pagamento de juros e multas decorrentes do atraso no cumprimento de exigibilidades - tributos (DARF, DAM (ISS), GFIP-FGTS), por caracterizar ato de liberalidade do administrador, defeso pelo art. 154, § 2º, "a", da Lei (federal) n. 6.404/76, e contrariar os princípios da economicidade, preconizado no art. 58, caput, da Constituição Estadual e da legalidade, insculpido no art. 37, caput, da Constituição Federal (item 2.4.3 do Relatório DMU).

O Recorrente aduziu que os pagamentos ocorreram com atraso devido ao verdadeiro cipoal de normas vigentes no país, fator que dificultou a realização dos atos a tempo e modo definidos na legislação tributária.

No que tange a alegação formulada, tem-se que nos contratos formulados pela Companhia de Águas de Joinville, há alguns tributos que devem ser retidos no ato do pagamento, constituindo responsabilidade solidária pelo recolhimento é da entidade pagadora, conforme previsto na legislação tributária pertinente a cada espécie de tributo (INSS, ICMS, PIS, COFINS, IRRF sobre salários e sobre serviços de terceiros, ISS etc), só para se ater aos principais.

Portanto, não demonstrando pelo Recorrente ter havido justificativa para a omissão verificada no recolhimento dos tributos na oportunidade de seus respectivos vencimentos, a irregularidade observada no item 6.1.1.2 do Acórdão recorrido deve ser mantida, pois não se afigura possível admitir como razoável a alegação de que a existência de muitas leis no sistema tributário teria impedido a efetiva quitação dos tributos a tempo e modo devidos.

(7)

3. CONCLUSÃO

Diante do exposto, a Consultoria Geral emite o presente Parecer no sentido de que o Auditor Cleber Muniz Gavi proponha ao Egrégio Tribunal Pleno decidir por:

3.1. Conhecer do Recurso de Reconsideração interposto nos termos do art. 77 da Lei Complementar nº 202, de 15 de dezembro de 2000, contra o Acórdão nº 1.573/2009, exarada na Sessão Ordinária de 14/12/2009, nos autos do Processo nº PCA 06/00255735, e no mérito dar provimento parcial para:

3.1.1. Cancelar a responsabilização relativa ao débito de R$ 5.124,00 (cinco mil, cento e vinte e quatro reais), imputado ao Responsável Sr. Henrique Chiste Neto, constante do item 6.1.1.1 da Deliberação Recorrida.

3.1.2. Ratificar os demais termos da Deliberação Recorrida.

3.2. Dar ciência da Decisão, do Relatório e Voto do Relator e do Parecer da Consultoria Geral ao Sr. Henrique Chiste Neto e à Companhia Águas de Joinville.

Consultoria Geral, em 21 de março de 2012.

SANDRO LUIZ NUNES

AUDITOR FISCAL DE CONTROLE EXTERNO

De acordo:

JULIANA FRITZEN COORDENADORA

Encaminhem-se os Autos à elevada consideração do Exmo. Sr. Relator Cleber Muniz Gavi, ouvido preliminarmente o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas.

HAMILTON HOBUS HOEMKE CONSULTOR GERAL

Referências

Documentos relacionados

ao setor de Fisiologia Vegetal do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Minas Gerais, com clones pertencentes ao Instituto Agronômico de Campinas

Neste tipo de situações, os valores da propriedade cuisine da classe Restaurant deixam de ser apenas “valores” sem semântica a apresentar (possivelmente) numa caixa

No entanto, para aperfeiçoar uma equipe de trabalho comprometida com a qualidade e produtividade é necessário motivação, e, satisfação, através de incentivos e política de

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

A versão reduzida do Questionário de Conhecimentos da Diabetes (Sousa, McIntyre, Martins & Silva. 2015), foi desenvolvido com o objectivo de avaliar o

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

Os dados referentes aos sentimentos dos acadêmicos de enfermagem durante a realização do banho de leito, a preparação destes para a realização, a atribuição

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no