• Nenhum resultado encontrado

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A CUMULAÇÃO DE PEDIDOS NA AÇÃO DE RESCISÃO DA LOCAÇÃO COM COBRANÇA DOS ALUGUÉIS E ACESSÓRIOS. *

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A CUMULAÇÃO DE PEDIDOS NA AÇÃO DE RESCISÃO DA LOCAÇÃO COM COBRANÇA DOS ALUGUÉIS E ACESSÓRIOS. *"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

145

JOSÉ HORÁCIO CINTRA GONÇALVES PEREIRA

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A CUMULAÇÃO

DE PEDIDOS NA AÇÃO DE RESCISÃO DA LOCAÇÃO

COM COBRANÇA DOS ALUGUÉIS E ACESSÓRIOS.

*

(LEI N°

8.245,

DE

18

DE OUTUBRO DE

1991)

José Horácio Cintra Gonçalves Pereira

Juiz do Sendo Tribunal de Alçada Civil. Professor Doutor de Direito Processual Civil na Universidade Mackenzie e no CPC - Curso Preparatório para Concursos - SP. Professor Doutor convidado para os Cursos de graduação e pós­

graduação, lato sensu, da Faculdade de Direito de Bauru.

A atual lei que dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos (Lei n° 8.245, de 18 de outubro de 1991) permite que, nas ações de despejo por falta de pagamento, possam ser cumulados pedidos de rescisão da locação com o de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação (art. 62, I).

Essa cumulação não prevista em legislações anteriores e, muitas das vezes, não admitida quer pela doutrina, quer pela jurisprudência, está a exigir, pela sua novidade, algumas breves considerações sem, todavia, a pretensão de soluções definitivas.

*

Colaboração especial do Professor José Horácio Cintra Gonçalves Pereira, por sua nímia gentileza, homenageando e incentivando a continuidade da publicação da Revista Jurídica.

(2)

146 REVISTA JURÍDICA - INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO JOSÉ HORÁCIO CINTRA GONÇALVE

o

primeiro questionamento, para possibilitar a aludida cumulação, diz respeito à forma do contrato de locação, isto é, se a locação foi ajustada verbalmente ou celebrada por escrito.

Nesse último caso, ou seja, tratando-se de contrato escrito não se poderia falar em cumulação porque ao locador faltaria interesse processual (utilidade e adequação), uma vez que a avença locatícia, desde que comprovada por contrato escrito, é título executivo extrajudicial base da execução para recebimento dos aluguéis e encargos de condomínio· (art. 585, IV, do CPC). É o entendimento firmado pelo douto Celso Anicet Lisboa, ao destacar que "o dispositivo em exame (art. 62, I) não tem aplicação aos contratos escritos, devendo o juiz, tão logo tome conhecimento do fato (art. 301, X, § 4° do CPC), declarar o autor carecedor de ação e extinguir o processo com base no art. 267, VI do CPC" (A nova lei de locações sob o enfoque processual - Forense - 1992, pág.40).

Por sua vez, o ilustre Sylvio Capanema de Sousa observa que "alguns comentaristas manifestam a opinião de que, em havendo contrato escrito, não se deve admitir a cumulação dos pedidos, sendo o autor carecedor da ação, por falta de interesse, já que dispõe ele de título executivo, para cobrar os aluguéis e encargos, não se justificando que ele abra mão da via de execução, trocando-a por um demorado e complexo processo de conhecimento, incluindo-se aí a fase de liquidação de sentença, para obter, ao final, o que a lei já lhe concedia" (A Nova Lei do Inquilinato Comentada - Forense - 1993 - pág. 238). A propósito impõe­ se conferir a doutrina de E. D. Moniz de Aragão (Comentário Forense ­ VoI. II, pág. 532) e Cândido Rangel Dinamarco (Manual de Direito Processual Civil, de Enrico Tulio Liebman, voI. I, pág. 182, nota n° 117), diante de hipótese semelhante.

Dessa forma, dever-se-ia permitir a cumulação dos pedidos ­ despejo por falta de pagamento e cobrança de aluguéis e encargos ­ apenas na hipótese de contrato verbal de locação.

Nesse ponto é que reside a primeira controvérsia, pois o autor

estaria optando - mesmo diante da cumulação de pedidos, pelo p seguro entendimento doutrináric do processo.

Sucede, porém, que váril inclusive na hipótese de contra eminente Desembargador Gildl porém, certamente inspirada no não multiplicação dos processo: nos mesmos autos, após o de cobrança da dívida de aluguéis essa última pretensão tenha sidc dos Tribunais - 1994 - pág. 232; nobre Professora Maria Helena locação de imóvel urbano possÍ\ da relação ex locato com a coe petição inicial contenha cálct locatícia" (Lei de Locação de 1992 - pág. 250).

o

insigne Professor V necessidade do mencionado incompatibilidade de proced cumulação e porque o contrato I

título executivo extrajudicial, eJ do pedido condenatório - dest, economia processual" (Come: Urbanos - Editora Saraiva - 19Ç Com igual preocupação e ilustre Sylvio Capanema de Sou radical da carência acionária, pc para cobrar os aluguéis nos mf executivo extrajudicial, não se d

(3)

l-INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO

sibilitar a aludida cumulação, ção, isto é, se a locação foi ito.

-se de contrato escrito não se o locador faltaria interesse

~ que a avença locatícia, desde lo executivo extrajudicial base :is e encargos de condomínio' mado pelo douto Celso Anicet n exame (art. 62, I) não tem ndo o juiz, tão logo tome o do CPC), declarar o autor com base no art. 267, VI do te processual - Forense - 1992,

mema de Sousa observa que o de que, em havendo contrato J dos pedidos, sendo o autor :, já que dispõe ele de título

~os, não se justificando que ele por um demorado e complexo aí a fase de liquidação de lhe concedia" (A Nova Lei do pág. 238). A propósito impõe­ 1\ragão (Comentário Forense ­ lnamarco (Manual de Direito , voI. I, pág. 182, nota n° 117),

a cumulação dos pedidos ­ nça de aluguéis e encargos ­ Jcação.

ira controvérsia, pois o autor

JOSÉ HORÁCIO CINTRA GONÇALVES PEREIRA

estaria optando - mesmo diante de contrato escrito de locação -, em face da cumulação de pedidos, pelo processo de conhecimento, o que contraria seguro entendimento doutrinário que inadmite a possibilidade de escolha do processo.

Sucede, porém, que vanos doutrinadores admitem a cumulação, inclusive na hipótese de contrato escrito de locação, tanto assim que o eminente Desembargador Gildo dos Santos observa que "a nova lei, porém, certamente inspirada nos princípios da economia processual e de não multiplicação dos processos, felizmente instituiu a possibilidade de, nos mesmos autos, após o despejo por inadimplência, proceder-se à cobrança da dívida de aluguéis e encargos locatícios, desde que também essa última pretensão tenha sido acolhida" (Locação e Despejo - Revista dos Tribunais - 1994 - pág. 232). Também, sem qualquer diferenciação, a nobre Professora Maria Helena Diniz preleciona que "com a novel lei de locação de imóvel urbano possível será a cumulação de pedido de rescisão da relação ex locato com a cobrança do quantum debeatur, desde que a petição inicial contenha cálculo discriminatório do valor da dívida locatícia" (Lei de Locação de Imóveis Urbanos Comentada - Saraiva ­

1992 - pág. 250).

o

insigne Professor Vicente Greco Filho, após sustentar a necessidade do mencionado dispositivo (art. 62, I) - "porque a incompatibilidade de procedimento levava à impossibilidade da cumulação e porque o contrato de locação, quanto a aluguel e encargos, é título executivo extrajudicial, ensejador de execução, ocorrendo carência do pedido condenatório - destaca que a norma é salutar em termos de economia processual" (Comentários à Lei de Locação de Imóveis Urbanos - Editora Saraiva - 1992 - pág. 372).

Com igual preocupação e contornando as exigências processuais, o ilustre Sylvio Capanema de Sousa não compartilha da posição extremada e radical da carência acionária, pois se o locador preferir fazer a cumulação, para cobrar os aluguéis nos mesmos autos, apesar de já dispor de título executivo extrajudicial, não se deve impedi-lo (ob - cit. pág. 238).

(4)

148 REVISTA JURÍDICA - INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO

Para finalizar, Francisco Carlos Rocha de Barros destaca que: "É de se considerar superada essa barreira doutrinária pela dicção do texto legal, que permite a cumulação de pedidos sem distinguir a locação escrita da verbal. Qualquer cientista processual torcerá o nariz, mas acabará se rendendo: além do texto legal, a praticidade da solução, em termos de economia processual, acabará impondo a aceitação da cumulação de pedidos também quando a locação tiver sido ajustada por escrito" (Comentários à Lei do Inquilinato, Editora Saraiva, 1995, pág. 352).

Dessa orientação não vem discrepando a jurisprudência do Segundo Tribunal de Alçada Civil (v.g. Apelações ns. 369.075, 407.826, 411.470, 417.627,418.483,436.826, entre outras).

A segunda controvérsia, admitida a cumulação inclusive em face de contrato escrito, diz respeito a legitimidade passiva. A ação deve ser aforada apenas em face do locatário ou deve incluir também os fiadores (não se podendo olvidar o art. 292 do CPC).

No primeiro caso, a sentença condenatória - cobrança de aluguéis e encargos - não poderia ensejar execução contra o fiador (ante o teor do art. 568, I do CPC). Na segunda hipótese, ou seja, na mencionada cumulação de pedidos figurariam no polo passivo e locatário e os fiadores para possibilitar a execução, com base em título judicial, dos fiadores.

Com alguma insegurança, Carlos Celso Orcesi Costa, admite a cientificação dos fiadores (Locação do Imóvel Urbano - Saraiva - 1992­ pág. 334). Com melhor precisão, Dilvanir José da Costa afirmar que "se cumular os pedidos, o autor poderá incluir o fiador no segundo pedido, citando-o para a ação" (A Locação no Direito Brasileiro - Del Rey - 1993 - pág. 274).

o

ilustre Francisco Barros não admite essa possibilidade de cumulação subjetiva, inclusive destaca o Enunciado n° 13 do Centro de Estudos do 2° Tribunal de Alçada Civil de São Paulo (somente contra o locatário é admissível a cumulação do pedido de rescisão da locação com o de cobrança de aluguéis e acessórios), todavia ressalta que: "Não faltará, sem dúvida, quem defenda a inclusão do fiador na ação em que se cumula

JOSÉ HORÁCIO CINTRA GONÇALVE.

pedido de despejo com cobrança litisconsorte apenas em relação econoITÚa processual e a cumul acabarão vencendo, é quase cert< cit., pág. 353).

Diante de todas estas c concluir que a Lei 8.245/91 processuais, autorizou a cumule com o de cobrança dos aluguf ajustada verbalmente ou por ( também a inclusão dos fiadores I

processual e da desburocratizaçã mais freqüentes pleitos judiciai~

norma salutar em termos de ( Vicente Greco Filho.

Não fosse este o entendim< aplicação reduzidíssima ante o c, ajustes locatícios verbais. Não fo passivo (locatário e fiadores) na a ia, por via oblíqua, impedindo-se título judicial não poderia recair S(

processo de conhecimento -, a não constitucional (art. 5°, incisos LIV Em suma, a cumulação retn que seja a forma de avença loca queira o locador promover a exect citação deste último no processo ( cobrança.

(5)

IICA -INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSINO

,cha de Barros destaca que: "É de rinária pela dicção do texto legal, m distinguir a locação escrita da orcerá o nariz, mas acabará se idade da solução, em termos de ) a aceitação da cumulação de ,ver sido ajustada por escrito" )ra Saraiva, 1995, pág. 352). mdo a jurisprudênci a do Segundo s ns. 369.075, 407.826, 411.470,

I.

1 cumulação inclusive em face de

idade passiva. A ação deve ser deve incluir também os fiadores PC).

enatória - cobrança de aluguéis e contra o fiador (ante o teor do art.

I seja, na mencionada cumulação

) e locatário e os fiadores para Lllo judicial, dos fiadores.

i Celso Orcesi Costa, admite a

móvel Urbano - Sarai va - 1992 ­ lÍr José da Costa afirmar que "se luir o fiador no segundo pedido, ireito Brasileiro - Del Rey - 1993

I admite essa possibilidade de

o Enunciado n° 13 do Centro de de São Paulo (somente contra o

~dido de rescisão da locação com

:odavia ressalta que: "Não faltará, fiador na ação em que se cumula

JOSÉ HORÁCIO CINTRA GONÇALVES PEREIRA

pedido de despejo com cobrança de aluguel. Ele seria considerado réu ­ litisconsorte apenas em relação ao pedido de cobrança. O princípio da economia processual e a cumulação inventada pela norma sob exame acabarão vencendo, é quase certo, as resistências de ordem técnica" (ob. cit., pág. 353).

Diante de todas estas considerações doutrinárias é possível concluir que a Lei 8.245/91, afastando-se de certos princípios processuais, autorizou a cumulação de pedido de rescisão de locação com o de cobrança dos aluguéis e encargos decorrente de locação ajustada verbalmente ou por escrito, bem como estaria admitindo também a inclusão dos fiadores no polo passivo, em favor da economia processual e da desburocratização, unificando e simplificando dois dos mais freqüentes pleitos judiciais (Dilvanir José da Costa); trata-se de norma salutar em termos de economia processual, na opinião de Vicente Greco Filho.

Não fosse este o entendimento, o art. 62, I da Lei 8.245/91, teria aplicação reduzidíssima ante o caráter, nos dias atuais, excepcional dos ajustes locatícios verbais. Não fosse também permitido o litisconsórcio passivo (locatário e fiadores) na aludida cumulação de pedidos, estar-se­ ia, por via oblíqua, impedindo-se a cumulação, posto que a execução do título judicial não poderia recair sobre o fiador - porque não fora parte no processo de conhecimento -, a não ser que se admita violação de princípio constitucional (art. SO, incisos LIV e LV).

Em suma, a cumulação retratada é perfeitamente possível qualquer que seja a forma de avença locatícia; sendo admissível também, caso queira o locador promover a execução do título judicial contra o fiador, a citação deste último no processo de conhecimento em face do pedido de cobrança.

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

autor, as manifestações populares carnavalescas como os cordões, ranchos e blocos eram estratégias e artimanhas utilizadas pelos populares como meio de resistência,

Os dados referentes aos sentimentos dos acadêmicos de enfermagem durante a realização do banho de leito, a preparação destes para a realização, a atribuição

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

Vigilância Ambiental.. Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção e a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde

O modelo de projeto sociotécnico pode ser caracterizado pelos princípios de CHERNS (1987), que se referem a: compatibilidade do processo de projeto com o objeto do projeto;

As hipóteses postuladas em Quadrio (2016) se verificaram: tanto alunos típi- cos quanto atípicos realizam algumas ocorrências de HIPO em sua escrita no que concerne ao emprego