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MARCHA DE ABSORCÃO DE MACRO E MICRONUTRIENTES DO MAMOEIRO SUNRISE SOLO

Maurício Antonio Coelho Filho, Eugênio Ferreira Coelho, Jailson Lopes Cruz, Luiz Francisco da Silva Souza, Arlene Maria Gomes de Oliveira, Tiberio Santos Martins da Silva

Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cx.Postal 07,CEP: 44380-000, Cruz das Almas-BA. macoelho@cnpmf.embrapa. br; ecoelho@cnpmf.embrapa.br; arlene@cnpmf.embrapa.br; jailson@cnpmf.embrapa.br; lfranc@cnpmf.embrapa.br;

tibério@cnpmf.embrapa.br

O mamoeiro é cultivado em quase todos os estados brasileiros, com concentração da produção na Bahia (40,92%), Espírito Santo (28,8%), Rio Grande do Norte (5,5%) e Ceará (4,1%) que respondem por cerca de 79,0% da produção nacional (IBGE, 2007). A prática da irrigação é muito importante para manutenção de elevadas produtividades nas principais regiões produtoras, minimizando os riscos de perdas relacionadas aos períodos secos ou com ocorrência prolongada de veranicos. A irrigação localizada, que vem sendo usada em ritmo crescente pelos fruticultores, por proporcionar maior economia de água e energia, incrementando o uso da fertirrigação por ser mais apropriada a esses sistemas.

Como a taxa de absorção e acúmulo de nutrientes nos tecidos das plantas depende da disponibilização dos mesmos na solução do solo, espera-se que haja aumento da efi ciência de absorção pelas plantas quando se pratica corretamente a fertirrigação. Isso em função da alta freqüência de aplicação de água e nutriente na zona radicular da planta e da elevada uniformidade de distribuição de água, principalmente para a irrigação por gotejamento.

Um dos principais pontos para o manejo correto da fertirrigação se refere ao adequado parcelamento dos nutrientes durante o ciclo da cultura, que deve considerar as quantidades exigidas pelas plantas e a marcha de absorção dos mesmos ao longo do ciclo. Estudos básicos desta natureza são importantes, principalmente porque as quantidades absorvidas de nutrientes e, por conseqüência, as suas concentrações em folhas, fru-tos, caules e pecíolos são dependentes de inúmeras variáveis que difi cultam as extrapolações de dados, tais como: fertilidade do solo e níveis de adubação (AWADA; IKEDA, 1957); fontes de nutrientes (MARINHO et al., 2002); manejo de água no pomar (ALMEIDA et al, 2002; AWADA; IKEDA, 1957); estádio fenológico da cultura e épocas do ano (ALMEIDA et al., 2002; COSTA, 1995; MARINHO et al., 2002). Com relação à cultura do mamoeiro, a literatura não apresenta informações de marcha de absorção em condições fertirrigadas, o que tem difi cultado o parcelamento correto dos fertilizantes pelos produtores, ao longo do cultivo. As aplicações fi cam distribuídas sem critérios técnicos bem defi nidos e têm se baseado muitas vezes em recomendações advindas de pesquisas realizadas com a adubação convencional, via sólida.

Os trabalhos de pesquisa com fertirrigação em mamoeiro concentram-se na determinação das doses de N e K mais adequadas à cultura, de fontes de fertilizantes nitrogenados e de freqüência de aplicações de nutrientes. Na primeira linha de pesquisa, Coelho et al. (2004a) avaliando doses crescentes de nitrogênio e potássio aplicados via fertirrigação e lâminas de irrigação para mamoeiro Tainung 01 nas condições dos Ta-buleiros Costeiros, verifi caram que os efeitos do aumento das doses de nitrogênio e potássio foi superior aos promovidos pelas variações de lâminas de água aplicadas. Observaram também que o nitrogênio foi mais limitante para a produtividade que o potássio. Nesse trabalho, as melhores produtividades do mamoeiro cor-responderam à aplicação de 490 kg ha-1 (250 g por planta) de nitrogênio e de potássio, dados também obtidos

por Coelho et al (2001), quantidades são superiores às recomendadas para aplicação via solo (OLIVEIRA et al., 2004).

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Nesse sentido, Almeida et al. (2002) comentam que a absorção de nutrientes está ligada à disponibili-dade destes na solução do solo para pronta absorção pelas plantas. Desta forma, uma adequada aplicação de água para uma mesma adubação pode levar a maior absorção de nutrientes pelas plantas, resultando em maiores teores nos seus tecidos, como observado para N, K e P por Awada e Ikeda (1957). Complementam ainda que a aplicação de água pode levar a redução nas concentrações de nutrientes nas plantas, em função do maior crescimento e/ou produção provocando o efeito de diluição dos nutrientes nos seus tecidos. Esses autores verifi caram que os teores de N, P, K, Ca, Mg, B, Na, Fe e Cu, no limbo, e os teores de N, P, Ca, Mg, S, B, Na e Fe, no pecíolo, variaram signifi cativamente no tempo com a lâmina de água aplicada, explicada, na maioria dos casos, por regressões lineares, decrescentes para N, K e Fe, e crescente para os demais nutrientes.

Por outro lado, se o manejo de água e de nutrientes não forem adequados, podem ocorrer perdas por lixiviação para camadas inferiores às exploradas pelo sistema radicular da cultura, resultando em menores teores de nutrientes nos tecidos e mascarando as respostas das plantas quanto às doses necessárias para maximização das produtividades.

As alterações de freqüências de fertirrigação e fontes de nutrientes infl uem na dinâmica de nutrientes e consequentemente nas variações químicas da solução do solo, havendo necessidade, na prática da fertirriga-ção, da realização de acompanhamentos dessas variações a fi m de se manter o pH e a salinidade em níveis ideais para as plantas. Nas condições dos tabuleiros costeiros de Cruz das Almas, em Latossolo Vermelho Amarelo típico, estudo conduzido com o mamoeiro ‘Tainung 01’, avaliando três freqüências de fertirrigação (1, 3 e 7 dias) e três fontes de nitrogênio (sulfato de amônio, nitrato de cálcio e uréia), não evidenciou diferenças signifi cativas quanto à produtividade das plantas em resposta aos tratamentos aplicados. Entretanto, as mí-nimas absolutas foram observadas, considerando as fontes estudadas, para freqüência diária de aplicação de nutrientes (COELHO et al, 2004b). Outros dois trabalhos com ‘Tainung 01’, avaliando três fontes (sulfato de amônio, nitrato de cálcio e ureia) e três freqüências de fertirrigacão (um, três e sete dias) resultaram em pequenas variações entre os tratamentos aplicados quanto ao crescimento de plantas (área foliar e diâmetro de caule), refl etindo as pequenas variações observadas também nos dados de produtividades (SANTOS et al., 2004). Neste trabalho, as produtividades médias inferiores observadas para a fonte sulfato de amônio refl etiram, possivelmente, as observações de redução no pH e saturação de bases no solo associadas ao uso desta fonte.

Os estudos de adubação e irrigação realizados com a cultura apontam que o mamoeiro extrai grandes quantidades de nutrientes e apresenta exigências contínuas durante o primeiro ano, sendo o nitrogênio, o potássio e o cálcio os elementos mais requeridos pela cultura (OLIVEIRA et al, 2004). O nitrogênio é o nu-triente requerido em maior quantidade, seguido pelo K e Ca (CUNHA, 1979). O fósforo é o macro-nunu-triente requerido em menor quantidade (OLIVEIRA, 2002). O nitrogênio, por fomentar o crescimento vegetativo, quando adicionado em excesso, é responsável por um crescimento excessivo da planta em detrimento da produção. Acredita-se que uma proporção K/N baixa ocasiona a formação de frutos com a polpa menos consistente, com menor resistência ao transporte. Segundo Medina et al. (1989) a proporção dos nutrientes (nitrogênio e potássio), quando aplicados conjuntamente, deve fi car entre 1:1 e 1:5. O aumento dessa relação pode provocar o excesso no crescimento vegetativo e conseqüentemente menor produção de frutos, os quais apresentarão características de qualidade inferior, tais como sabor aguado, casca fi na, polpa mole e aspecto aquoso (COELHO et al., 2001). Considerando padrões para diagnose foliar, Costa e Costa (2003) indicam a proporção 1,15:1 como a adequada para elevadas produções de mamoeiro no Estado do Espirito Santo.

O presente capítulo aborda resultados de pesquisa realizada na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tro-pical, nos anos de 2005/2006, em Latossolo de Tabuleiro Costeiro, quantifi cando a marcha de absorção de nutrientes pelo mamoeiro Sunrise Solo em condições fertirrigadas, buscando agregar conhecimentos na área

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de nutrição do mamoeiro, fundamental para o sistema de produção da cultura e para o manejo adequado de fertilizantes visando a otimização do uso de nutrientes em fertirrigacão.

METODOLOGIA DO TRABALHO

O experimento foi conduzido no campo experimental da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, no município de Cruz das Almas, Bahia, que apresenta um clima do tipo subúmido. Para avaliar o efeito de di-ferentes fontes de N, parte do pomar (450 plantas) foi adubado com uréia como única fonte nitrogenada, en-quanto 125 plantas receberam o nitrogênio sob a forma nítrica (N-NO3-) durante todo o período experimental. Este tratamento recebeu a mesma dose de potássio que o anterior, sendo que o nitrogênio foi aplicado via nitrato de cálcio (Ca(NO3)2) e via nitrato de potássio (KNO3).

Antes da instalação do experimento, foi realizada análise do solo da área para avaliação da fertilidade e efetivação de calagem/adubações, segundo Oliveira (2002). O plantio foi em sulcos com plantas Sunrise solo, espaçadas em 1,8 x 3,6 m, totalizando 1.543 plantas por hectare. O sistema de irrigação foi por gotejamento com três gotejadores de 4L/hora por planta. O manejo da irrigação utilizado no pomar foi com base em meto-dologia combinada, sendo a lâmina quantifi cada a partir da evapotranspiração de referência determinada com uso do Tanque Classe A e conhecimento da área foliar das plantas, segundo metodologia de Coelho Filho et al. (2006) e níveis de umidade do solo acompanhados com o uso de tensiômetros. Após algum período de chuva as irrigações eram retomadas quando o potencial da água no solo atingia, em média, 20 KPa.

As doses totais de N e K2O foram parceladas ao longo do primeiro e segundo ano de maneira crescente a taxas iguais a 8,88%, de forma que o pomar recebesse as seguintes percentagens das doses totais anuais a cada mês: 1º mês 5%; 2º mês 5,44%; 3º mês 5,93%; 4º mês 6,46%; 5º mês 7,03%; 6º mês 7,65%; 7º mês 8,29%; 8º mês 9,08%; 9º mês 9,88%; 10º mês 10,76%; 11º mês 11,72% e 12º mês 12,76%.

As amostragens das plantas adubadas com uréia foram mensais, enquanto que para as plantas aduba-das com nitrato as amostragens foram a cada quatro meses. Por ocasião aduba-das amostragens, as plantas foram cortadas rente ao solo, tomando-se, de cada uma, a matéria fresca do caule, pecíolo, limbo foliar, fl ores e fru-tos. Para cada planta amostrada foram separadas massa seca de amostras compostas das partes avaliadas (caule, pecíolo, frutos e folhas) para determinação dos teores de macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S) e de micronutrientes (Fe, B, Cu, Mn, M e Zn) conforme Embrapa (1997).

MARCHA DE ABSORÇÃO EM MAMOEIRO ‘SUNRISE SOLO’

Dividindo-se o ciclo do mamoeiro em três fases: vegetativa, fl oração/frutifi cação e de produção, pode ser observado pelas Figuras 1a e 1b que as plantas de mamoeiro acumulam massa seca (MS) de forma crescen-te até 360 dias após o plantio (DAP), sendo observados aumentos nas taxas de acúmulos de MS nos inícios das fases de fl oração/frutifi cação e produção, respectivamente iniciadas aos 120 DAP e 210 DAP. Também pode ser notada, na fase de produção, ligeira redução na taxa de acumulo de matéria seca aos 270 DAP. Com relação aos totais acumulados, pode ser observado maior acúmulo de MS para formação de caule, seguido de frutos, folhas e pecíolos. Quando comparados os dois tratamentos avaliados (nitrogênio aplicado na forma amídica - uréia e na forma nítrica - nitrato de cálcio e de potássio), foi verifi cado maior acúmulo de MS quando se usou a fonte nítrica (Figura 1b). Resultado corroborado com os dados de área foliar (Figura 1c) ao longo do período do estudo e de produtividades aos 360 DAP, respectivamente 30 e 36 kg planta-1 para as fontes

amídica e nítricas (médias obtidas em 20 plantas de cada tratamento, selecionadas para o acompanhamento de área foliar e produção).

Conforme já mencionado, o mamoeiro é uma planta que extrai quantidades relativamente altas de nu-trientes e apresenta exigências contínuas durante o primeiro ano, atingindo o máximo aos doze meses de

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idade, conforme pode ser observado nas fi guras 2a e 2b, adaptadas por Oliveira et al.(2004), a partir de dados de Cunha (1979), e nas fi guras 2c e 2d, elaboradas a partir de dados obtidos no presente trabalho, que ilus-tram as marchas de absorção de macro e micronutrientes no pomar fertirrigado com uréia. Comparando-se os dois resultados verifi ca-se, entretanto, que a tendência de acumulo dos elementos (g/planta), no tempo, apresentados e modelados com equações quadráticas e lineares crescentes não foram observadas no pomar fertirrigado. Na verdade, é verifi cada nas Figuras 2c e 2d uma tendência de decréscimo na taxa de crescimen-to, assim como nas curvas de MS (Figura 1a), a partir dos 240 DAP, o que sugere para todas as curvas com-portamento sigmoidal. No caso do pomar fertirrigado com nitrato, observa-se picos aos 300 DAP, seguidos de redução nos totais de nutrientes até 375 DAP (Figuras 2e e 2f), refl etindo o acúmulo de MS, com tendência de redução das taxas entre 300 e 375 DAP (Figura 1b). Comparando os dois tratamentos testados (fonte amídica e fonte nítrica), verifi ca-se que o acumulo de nutrientes foi mais acelerado para fonte nítrica, em relação aos nutrientes Mg, Ca, N e K aos 240 DAP, com tendência de se aproximarem aos valores observados nas plantas fertirrigadas com uréia ao fi nal do período avaliado.

(a)

FIGURA 1. Massas secas de caule (kg), folhas (kg), pecíolos (kg) e frutos (kg) de plantas do mamoeiro Sunrise Solo, relacionadas à fertirrigação nitrogenada com fonte amídica (a) e nítrica (b); e área foliar (m2) (c).

Analisando a Figura 3, que ilustra a extração de macro e micronutrientes ao longo do tempo para o po-mar fertirrigado com uréia, verifi ca-se, no caso dos macronutrientes, que aos 60 DAP as taxas de extração foram de 0,09 g/dia para N e K e de 0,01 g/dia para Ca, Mg, S, P. Houve signifi cativo acréscimo nas taxas a partir de 120 DAP até 240 DAP, quando se atingiu níveis máximos (1,14 g/dia para K; 1,15 g/dia para N; 0,38

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g/dia para Ca; 0,3 g/dia para Mg; 0,23 g/dia para S; e 0,13 g/dia para P). Os resultados indicam este período como o mais exigente nutricionalmente pela cultura. Após 240 DAP houve decréscimo das taxas de extração de todos os macronutrientes. Nesta fase ocorre um decréscimo abrupto das taxas de extração, fi cando em média 0,38 g/dia para K, 0,32 g/dia para N, 0,05 g/dia para P, 0,11 g/dia para Mg e 0,08 g/dia S.

(a)

(b)

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(e)

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FIGURA 2. Marcha de absorção de nutrientes pelo mamoeiro, adaptado do trabalho de Cunha (1979) por Oliveira et al. (2004) (a) e (b); Marcha de absorção de nutrientes pelo mamoeiro no CNPMF anos 2005/2006 fertirrigado com fonte amídica (c) e (d) e nítrica (e) e (f).

Ao se comparar as taxas de extração de N e K, verifi ca-se que no início da frutifi cação, aos 120 DAP, há maior demanda por K; para o N, o aumento da extração ocorre a partir de 150 DAP (Figura 3a). Para o P é ve-rifi cado um aumento da taxa de extração (0,02 para 0,11 g/dia) no início da fase de produção, com tendência de estabilizar as taxas em valores superiores aos observados na fase vegetativa e de fl oração/frutifi cação.

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A extração dos micronutrientes, também começou a se elevar aos 120 DAP, crescendo lentamente até o fi nal da análise (exceção para o Fe que experimentou crescimento abrupto na taxa de absorção a partir dos 180 DAP), sendo verifi cados picos para Zn (6,4 g/dia), Fe (32 g/dia), B (6,1 g/dia) e Mn (3,22 g/dia) respecti-vamente aos 300, 300, 330 e 270 DAP.

FIGURA 3. Extração de macronutrientes (g planta-1 dia-1) e micronutrientes (mg planta-1 dia-1) por plantas de mamoeiro

Sunrise solo fertirrigadas com fonte amidica (a e b).

(a)

(b)

Pode ser verifi cado que para todos os nutrientes estudados e para os dois tratamentos nitrogenados, os totais extraídos no fi nal de 360 dias após plantio foram superiores aos observados por Cunha (1979), re-fl etindo a maior produção de MS também observada no presente estudo, aproximadamente 2:1 (Tabela 1). Considerando o pomar fertirrigado com uréia, os resultados de Cunha (1979) mostram que P, Mg e S foram os elementos com menor absorção em relação aos totais observados no presente trabalho, respectivamente 43, 31 e 25%, fi cando o N em 57% e o K em 47%. A absorção de macronutrientes seguiu a mesma tendência do acúmulo de matéria seca com a seguinte ordem de extração pelas plantas: K>N>Ca>Mg>S>P. Com rela-ção ao trabalho de Cunha (1979), houve inversão da ordem de acumularela-ção de N e K, sendo que a absorrela-ção do K fi cou ligeiramente superior à de N (proporção 1,15:1). O P, embora absorvido em menor quantidade, novamente foi o macronutriente mais exportado para os frutos, aproximadamente 32% (Tabela 1), sendo que as exportações dos demais elementos fi caram próximas a esse valor, entre 28 e 31%. Houve diferenças em relação à Cunha (1979) quando os valores exportados, ligeiramente inferiores para N (-17%), P (- 6%) e S (-19%) e marcadamente diferentes para Ca (-50%) e Mg (- 42%).

Em relação ao pomar fertirrigado com fonte amídica, foi observada a seguinte ordem de extração dos mi-cronutrientes pelas plantas: Fe > Zn > Mn = B > Cu (Figura 2 c; Tabela 1). Observou-se inversão de seqüência de extração entre Zn e Mn, comparado ao trabalho de Cunha (1979). Ainda comparando os dois trabalhos, as extrações de micronutrientes foram proporcionalmente maiores no presente. Com exceção ao Mn, com extração de aproximadamente 33% da observada no presente estudo, os resultados de Cunha (1979) indi-caram para os demais elementos extrações menores (8% para Fe; 11% para Zn; 16% para B; 12% para Cu). Tendência esta também verifi cada para os valores exportados para fl ores e frutos, como observado na Tabela 1, fi cando entre 37 e 49%, bem superiores aos observados por Cunha (1979), entre 14 e 21%. Os micronu-trientes mais exportados para fl ores e frutos foram o Cu e o Zn, aproximadamente metade do total extraído pela planta (50%), seguidos do Fe, Mn e B com exportações respectivas de 38, 42 e 37%.

Comparando-se na Tabela 1 os valores extraídos nos dois tratamentos de nitrogênio (fonte amídica e fonte nítrica), verifi ca-se que houve extração similar para os macronutrientes S, P e Mg. Houve acumulação superior de N e Ca e inferior do K no tratamento suprido com a fonte nítrica. Com relação aos micronutrien-tes, todos foram mais extraídos no pomar recebendo fonte amidíca. De maneira geral houve a tendência de

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maior absorção de macronutrientes quando a fonte foi nítrica e de maior absorção de micronutrientes quando a fonte foi amídica. Estes resultados podem ter sido infl uenciados pelo pH da solução do solo, que infl uencia diretamente a disponibilidade de macro e micronutrientes para as plantas (MALAVOLTA et al., 1997). No ge-ral, há aumento da disponibilidade com os valores crescentes de pH, salvo para a maioria dos micronutrientes que apresentam comportamento inverso. Como pode ser verifi cado na Figura 4, o pH da solução do solo foi menor, a partir dos 110 DAP, quando usada a fonte amídica. Esse resultado era esperado, pois no caso do uso da uréia e de fontes amoniacais, no processo de nitrifi cação, ocorre a liberação de H+ no solo, o que resulta em redução de pH, sendo esta redução mais acentuada para os fertilizantes amoniacais (COELHO et al, 2004).

Quando se usou o N-nítrico, o P foi também o elemento mais exportado para os frutos (aproximadamen-te 40% do total absorvido). O percentual foi superior aos 32% observados quando a fon(aproximadamen-te foi a amídica. Para o S a exportação para frutos (18%) foi bem inferior à observada quando a fonte foi amídica (31%). Conside-rando os valores absolutos (g/planta), a exportação de macronutrientes para os frutos obedeceu a seguinte seqüência considerando a fonte amídica: N > K > Ca > Mg > S > P. Para fonte nítrica, os totais de N foram mais exportados que o K, e a seguinte sequência foi observada: N > K > Ca > Mg > S > P.

No caso de micronutrientes, refl etindo a maior absorção quando a fonte foi amídica, as exportações foram sempre inferiores para o caso da fonte nítrica, próximas às observadas por Cunha (1979) com relação ao B, ao Cu e ao Mn, fi cando acima dos observados por esse autor para Zn e Fe. A sequência de exportação de nutrientes para frutos, quando a fonte foi amídica é: Fe > Zn > Mn > B > Cu. Para a fonte nítrica houve inversão entre B e Mn.

TABELA 1. Totais de macronutrientes (g planta-1) e micronutrientes (mg planta-1) extraídos e acumulados nos diferentes

tecidos das plantas fertirrigadas com fonte amídica e nítrica

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Considerando que houve maior aporte de Ca no pomar suprido com as fontes nítricas (dentre as quais o nitrato de cálcio), pode ter havido inibição competitiva entre Ca e K justifi cando a menor absorção de K nesse pomar; mesmo fator que pode também ter reduzido a absorção de Zn. Com relação ao Cu, o antagonismo com Ca pode também ter infl uenciado na sua absorção. Verifi car, considerando os valores de micronutrintes dos tratamentos, que Zn e Cu foram proporcionalmente menos absorvidos quando comparados os tratamen-tos nitrogenados.

Referente à fonte amídica, a Figura 5 apresenta o acompanhamento das concentrações de macro e micronutrientes avaliados para cada parte da planta (médias dos valores observados nas fases vegetativa, fl oração/frutifi cação e produção do mamoeiro). Apesar dos resultados apresentados nesta fi gura englobarem todas as folhas das plantas avaliadas, desde as mais jovens até as em processo de senescência, o que jus-tifi caria a redução nas concentrações em relação às folhas padrão de diagnose foliar (folhas recém-maduras, apresentando na axila fl or recém-aberta), verifi cou-se que as concentrações médias no limbo foliar em cada fase avaliada fi caram próximas das consideradas adequadas na diagnose nutricional das plantas.

Tomando como base os valores médios observados em cada fase, para alguns nutrientes se observou valores pouco inferiores aos indicados como ideais: P, nas fases de fl oração e produção (CUNHA, 1979; CI-BES; GAZTAMBIDE, 1978; PREZOTTI, 1992); para K (CUNHA, 1979; COSTA, 1995; PREZOTTI, 1992); Ca (COSTA, 1995; CIBES; GAZTAMBIDE, 1978; PREZOTTI, 1992) e Mn (CUNHA, 1979; CIBES; GAZTAMBIDE, 1978; PREZOTTI, 1992), porém acima dos limites considerados de defi ciência.

Fazendo a mesma análise para amostras de pecíolo, verifi ca-se que para o N as concentrações estão um pouco abaixo das adequadas nas fases de fl oração e produção (COSTA, 1995; AWADA; LONG, 1971); para o K os valores também situam-se um pouco abaixo na fase de colheita (COSTA, 1995); e Ca pouco abai-xo do valores apresentados por Costa (1995). Comparando as concentrações observadas no presente estudo com os valores referentes ao tratamento de máxima produção de Almeida et al (2002) (53 t/ha), observa-se que os mesmos foram similares ou superiores aos observados por esses autores, salvo para concentração de Mn no limbo foliar e pecíolo.

Com relação à concentração dos nutrientes ao longo do estudo, destaca-se o comportamento verifi cado para o K, nutriente que sofreu maior variação quando analisado no caule e pecíolo, reduzindo com o tempo até atingir níveis inferiores na fase de produção, possivelmente em função da translocação do mesmo para

FIGURA 4. Média dos valores de pH da solução do solo observados até a profundidade de 1,10 m (0.2, 0,5, 0,8 e 1,1 m) ao longo do período estudado.

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os frutos. As variações observadas nas concentrações desse elemento no pecíolo, não foram observadas quando a análise foi realizada no limbo foliar. As mesmas são mais um difi cultador para o estabelecimento de níveis padrões para diagnose foliar, como observado por Costa (1995) ao verifi car variações grandes nas concentrações comparando valores observados em épocas úmidas e secas do ano.

(a)

(c)

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FIGURA 5. Concentrações médias de macronutrientes (g/kg) e micronutrientes (mg/kg) nas folhas (a e b), pecíolos (c e d), caule (e e f) e frutos (g e h) nas três fases avaliadas (vegetativa, fl oração/frutifi cação e produção).

Com relação aos outros nutrientes, as variações nas concentrações médias nas distintas fases não foi tão pronunciada, existindo a tendência de decréscimo na concentração, com o tempo, para N e P e ligeira tendência de crescimento para o Mg, considerando amostras retiradas de folhas e pecíolos.

Comparando as concentrações dos nutrientes nos dois tratamentos testados, foi verifi cada similaridade nos valores (Figura 6). Com relação aos valores para macronutrientes na fase vegetativa, foi observada ten-dência das concentrações no limbo serem superiores no tratamento suprido com a fonte nítrica (Figura 6a), tendência esta que se mantém até a fase de produção com algumas inversões, como as observadas para Mg e S na fase de produção. Esses resultados corroboram os dados de extração total de nutrientes (Tabe-la1). Considerando o limbo foliar, não foi evidenciada tendência clara nos resultados, mesmo comportamento constatado para o caso de micronutrientes, estes apresentando maior variação entre os tratamentos.

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REFERÊNCIAS

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AWADA, M.; LONG, C. Relation of petiole levels to nitrogen fertilization and yield of papaya. Journal of the American Society for Horticultural Science, v.96, n.6, p.745-749, 1971.

FIGURA 6. Concentrações médias de macronutrientes (g/kg) e de micronutrientes (mg/Kg) em folhas de mamoeiro Sunrise solo submetido a dois tratamentos (fonte amídica e nítrica), nas fases vegetativa, de fl oração/frutifi cação e de produção.

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Referências

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