ATA DA REUNIÃO DO COMITÊ COMITÊ GESTOR DO PROJETO “ALIMENTO SEGURO – RASTREABILIDADE DE AGROTÓXICOS – PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL”
Aos quatorze dias do mês de março de dois mil e dezesseis, às 14 horas, no auditório da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, Sr Paulo Santana, Chefe do Centro Estadual de Vigilância Sanitária (CEVS/SESA), iniciou a reunião agradecendo pela presença de todos e convidou o Procurador Ciro, Coordenador do CAOPCON, para iniciar os trabalhos. Dr Ciro agradeceu pela oportunidade da reunião ocorrer na Sede da SESA, relembrou os tópicos da ata da última reunião e informou que a pauta iniciaria com a apresentação da SESA sobre a segunda fase da Resolução 748/2014, seguida da apresentação dos resultados das reuniões descentralizadas da CEASA e, por último, da explanação da Adapar sobre relatório de fiscalizações de agrotóxicos em propriedades rurais e estabelecimentos no ano de 2015. Sr Marcos, Engenheiro Agrônomo da SESA, iniciou a apresentação falando sobre o Plano Amostral 2016 do PARA Nacional e do PARA Estadual. Expôs que em 03 de março houve treinamento aos representantes das vigilâncias municipais sobre os Programas de Acompanhamento de Rastreabilidade de Agrotóxicos. Abordou conceitos teóricos tais como “Vigilância em Saúde”, “Evento Sanitário”, “Monitoramento em Saúde Pública”, “Análise de Orientação” e “Análise Fiscal”. Esclareceu que, diferentemente do MAPA, que tem laboratórios credenciados, no âmbito da Secretaria de Saúde os únicos que podem fazer análise fiscal são os laboratórios licitados. Sr Ednei, Engenheiro Agrônomo do CAOPMA, questionou se a análise fiscal é consequência da análise de orientação, ao que Marcos respondeu que é na maioria dos casos, mas não sempre. Sr Marcelo, Fiscal Agropecuário do MAPA, mencionou que considera a Análise de Orientação dispensável devido à limitação de fiscais para irem a campo e ao desperdício de verba pública gasto com algo não tão eficaz. Dando prosseguimento à apresentação, Sr Marcos disse que para o ano de 2016 o PARA Estadual terá 700 amostras e o PARA Nacional 231 amostras disponíveis para análise. Destacou que o embasamento jurídico foi a Resolução CIB 66/2015, que traz pacto dos municípios no monitoramento de alimentos com a possibilidade de uso de recursos do Vigia SUS. Trouxe dados populacionais do Estado do Paraná e destacou que 38,26% da população será diretamente contemplada com as análises das amostras. Esclareceu que cerca de 68% de cereais, 70% de frutas, 85% de hortaliças e 12% de farinhas e féculas que os paranaenses consomem serão analisados, conforme a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do censo IBGE 2002. As análises do PARA Nacional serão subdivididas em 3 rodadas e em cada uma serão contemplados 4 diferentes alimentos nas coletas. O número de amostras será feito conforme a população do município, quais sejam Curitiba, Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais. Elucidou que as vigilâncias municipais coletarão e encaminharão as amostras ao laboratório, que dará o resultado, e, se insatisfatório, este será encaminhado ao CEASA, a outros Estados e até ao Ministério Público para providências cabíveis. Quanto ao PARA Estadual, mencionou que as análises abrangerão os 20 alimentos (exceto melancia, portanto 19) da Resolução nº 748/2014 que já exigem a rotulagem e que as fiscalizações ocorrerão nos municípios de Curitiba, Cascavel, Foz do Iguaçu, Maringá e Londrina. Esclareceu que em 07/03 foram coletadas 10 amostras e enviadas ao laboratório, que expedirá o laudo em até 30 dias. Semanalmente haverá coletas, conforme as 12 rodadas, perfazendo as 360 amostras anuais. Disse que o PARA Estadual não funcionará apenas para análise de resíduo de agrotóxicos, mas para verificação do cumprimento da Resolução nº 748/2014. Diante do recebimento do laudo, a SESA encaminhará à Regional de
Saúde correspondente, que encaminhará à Secretaria Municipal de Saúde e esta repassará ao produtor ou distribuidor. Se o laudo for insatisfatório, será realizada análise fiscal. O PARA Estadual também contemplará Alimentação Escolar nos municípios de Colombo, Pinhais, Araucária, São José dos Pinhais, Cascavel, Curitiba, Maringá e Pato Branco, cuja peculiaridade é a contratação da Secretaria de Estado da Educação (SEED) por grupos de alimentos; os alimentos mais comprados em 2015 e entregues em maior quantidade foram selecionados para construção do plano de amostras. A representante da FAEP e Engenheira Agrônoma, Sra Elisangeles, questionou onde serão coletadas essas amostras e Sr Marcos esclareceu que alguns municípios têm centros de distribuição, onde poderão acontecer as coletas, ou não têm área de produção rural, por isso recebem fornecimento de municípios próximos, e a verificação dos produtos acontecerá na própria escola. O atestado de qualidade dos produtos será a aferição de resíduos de agrotóxicos, por isso a SESA e a SEED estabeleceram contratualmente que as escolas não poderão misturar produtos até o momento da coleta e fizeram constar no edital de licitação que se houver resíduo de agrotóxicos, haverá punição e até desfazimento do contrato com a cooperativa/associação de produtores. Acrescentou que os trâmites de encaminhamento dos laudos é semelhante ao da CEASA, sendo a diferença o envio à SEED dos laudos insatisfatórios. Sr Marcelo perguntou se haverá coleta de orgânicos e Sr Marcos respondeu que sim, pois há porcentagem de alimentos orgânicos prevista para a merenda escolar. Sr Marcos finalizou reforçando que há 231 análises para o PARA Nacional, 360 para o PARA Estadual CEASA e 331 para o PARA Estadual Alimentação Escolar, que somam 922 análise, sobrando 9 para eventualidades. Paulo Santana complementou que para as Análises Fiscais o Laboratório responsável será o Lacen e mencionou que as Análises Fiscais requerem triplicata em 3 envelopes diferentes e que se o Lacen trouxer resultado insatisfatório, conforme a Lei nº 6437/1977, o produtor terá o direito à terceira amostra, que é a contraprova. Neste caso, o laboratório deverá parar suas atividades para realizar apenas aquela análise, na presença de testemunha, e, confirmada a desconformidade, será feita nova análise com outra amostra, em outro dia, ponderando que isto torna o processo pouco célere e muto custoso. Dr Maximiliano, Promotor de Justiça da Promotoria do Consumidor de Curitiba, questionou se os produtos permanecem à venda enquanto o produto é submetido à análise e Sr Paulo respondeu que sim. Sr Paulo mencionou que o PARA Nacional existe há 15 anos e não trouxe resultados eficazes por uma série de dificuldades e custos, visto que o problema está na produção e não no comércio, e que a competência para fiscalização da produção é da Secretaria de Agricultura, não da SESA. Frisou que a análise de orientação possibilita ao produtor melhorar seu produto e a análise fiscal poderá trazer resultado do problema sistêmico de determinado produtor, que são as boas práticas de produção agrícola, e que o programa adotado poderá verificar a qualidade deste produtor independentemente do produto comercializado. Sr Alfredo Benatto, Médico Veterinário da SESA, explicou que as análises serão realizadas em 80% dos alimentos que a população consome e comparou o programa com o monitoramento de outros países. Ressaltou que tanto a análise de orientação quanto a análise fiscal possibilitam que a população consuma alimento contaminado – alface, por exemplo, não aguenta 90 dias de espera da análise fiscal, a não ser que se faça medida cautelar de comercialização. Dr Ciro questionou se a análise de orientação possibilita medida cautelar e foi esclarecido que não. Sra Sabrina, Nutricionista da VISA Curitiba, acrescentou que não há base legal para a Vigilância Sanitária interditar cautelarmente um produto que se encontra em análise fiscal. Sr Marcelo ressaltou que esta conduta fere a Lei Federal
7.802/1989, que a população não espera essas medidas advindas da SESA e que a prática requer orientar e punir e não a prevenção e orientação pura e simples, por isso sugeriu que as 922 análises deveriam ser feitas pela Adapar, que faz apenas análise fiscal. Sr Paulo ressaltou que a Adapar não teria estrutura para coordenar esta operação, dando ênfase à existência de um problema sistêmico e não de um único lote de um único produtor. Sra Elis questionou, sobre a Alimentação Escolar, se não seria mais viável fazer análise diretamente no produtor ao invés de coletar as amostras na escola, visto que às vezes é a cooperativa que entrega o produto consolidado. Expôs que teoricamente o produtor não terá a obrigação de rotular o produto que foi consolidado no momento que virar a caixa na escola, momento em que a responsabilidade passa a ser de quem recebeu o produto – ou seja, a escola. Sr Benatto esclareceu que foi acordado com a SEED que será responsabilidade da escola estadual a rastreabilidade do produto adquirido e que a SESA não tem condições de realizar análise fiscal repetitiva, mas que o ideal seria, como o Dr Maximiliano mencionou anteriormente, interditar o produto e o Estado indenizar se fosse comprovado que o produto era próprio ao consumo. Sra Sabrina mencionou não fazer diferença se a análise é de orientação ou fiscal, mas que a VISA Curitiba constatou, com dados desde 2009, que a incidência e reincidência acontece sempre com os mesmos produtores. Mencionou considerar ótima a postura do MAPA de tomar para si a responsabilidade de punir o produtor, visto que quem está na ponta da cadeia (consumidor) tem visto o acontecimento se repetir ano após ano. Sr Tosato, Engenheiro Agrônomo e Fiscal da Adapar, mencionou que há 3 anos a SESA fazia coleta e encaminhava à Adapar e que recentemente o MAPA orientou que fosse coletado trigo, por exemplo, em triplicata. Propôs que a SESA, em vez de parar o trabalho do Lacen na análise fiscal para contraprova, sugira ao produtor que pague outro laboratório para fazer sua análise. Sr Paulo mencionou que levará ao jurídico da SESA para verificar essa possibilidade. Sr Marcos esclareceu que a análise de orientação não resolve o problema, que é de prevenção e não reincidência do produtor, visto que se observou que na maioria das vezes o caso é de má orientação dos produtores e que a má conduta proposital deverá ser legalmente punida. Sr Benatto citou que a SESA já fez trabalho conjunto com a Anvisa e outros trabalhos de normatizações para prevenção de problemas. Dr Maximiliano destacou que todos são representantes do Estado, que as boas experiências devem ser mantidas e que devem ser modificados os trabalhos que precisam de melhorias, disse que os inquéritos civis da Promotoria do Consumidor de Curitiba traduzem a efetividade do trabalho do Comitê e não dos resultados do PARA. Mencionou que a RDC nº 24/2015, que trata do recall de alimentos, inclusive in natura, é aplicável a todos os estabelecimentos que realizam atividade desde produção até a comercialização, incluindo o trabalho de rastreabilidade que abrange toda a cadeia e não trata de análise de amostragem, e destaca que produtos de determinado lote que tragam prejuízo à saúde da população devem ser imediatamente suspensos da comercialização. Sr Daniel, Diretor da Divisão dos Laboratórios de Vigilância Sanitária e Ambiental do Lacen, esclareceu que a morosidade das análises limita o resultado e a efetividade do recall. Dr Maximiliano questionou quanto se gasta em análises no Lacen e sugeriu o direcionamento dos recursos do Fundo do Consumidor (FECON) para esta finalidade, caso seja viável. Quanto ao recall, Sra Sabrina esclareceu que a Anvisa é que deve se responsabilizar pela efetividade e mencionou que a Visa Curitiba está organizando Audiência Pública para orientação dos fornecedores; em caso de reincidência de produto impróprio para consumo, o estabelecimento será multado. Dr Ciro mencionou que no início das atividades do
Comitê, todos os órgãos estavam comprometidos, mas hoje não se vê atuação da Adapar conjunta com a SESA, por exemplo, por isso solicitou maiores esforços para tomada de ações em conjunto. Sr Eder, Diretor Técnico da CEASA, mencionou que, em sua experiência, os produtores são bem assistidos pela Emater e querem produzir alimentos bonitos devido à exigência do consumidor. Após isto, iniciou sua apresentação expondo a avaliação e planejamento regional da CEASA, pois na última reunião do Comitê foi estabelecido que a CEASA realizaria reuniões nos municípios onde há unidades da CEASA. Apontou que foram discutidas a efetividade da fiscalização da Resolução nº 748/2014, as adaptações para torná-‐la prática, a elaboração de Memória das reuniões regionais, que serão encaminhadas ao Comitê, e, ainda, problemas locais e suas soluções. Destacou a participação da Sra Elis que colaborou sensivelmente com a efetividade das reuniões, exceto em Curitiba, e do Sr Marcos, que não participou apenas em Londrina. Elencou assuntos levantados nas reuniões, os esclarecimentos e soluções apontados para tais dificuldades, e especialmente informações levadas aos Promotores de Justiça que desconheciam tais fatos. Orientações e esclarecimentos de dúvidas sobre a Resolução ficaram sob responsabilidade da SESA e da FAEP, enquanto informações sobre rotulagem e cartazes em supermercados, a cargo da APRAS Regional. Sra Virginia, Médica Veterinária e coordenadora da Gerência Técnica de Controle de Qualidade da Secretaria do Abastecimento, questionou sobre a responsabilidade da fiscalização em feiras e mercados a cargo da APRAS, apontando que todos os órgãos devem ser responsáveis pela orientação e fiscalização de comerciantes. Sr Eder, dando prosseguimento à sua exposição, destacou algumas alternativas para combate do mercado irregular (pedra), a parceria com o Dr Maximiliano e o apoio do vice-‐reitor da Universidade Estadual de Maringá. Sra Elis ressaltou que os produtores têm relatado que em feiras, mercados e quitandas os comerciantes desconsideram a rotulagem e/ou o cartaz dos produtores e que o produtor se sente inseguro quanto à possibilidade de o comerciante não trocar o rótulo quando muda o produto na gôndola. Dr Maximiliano ressaltou que seria interessante fazer constar na rotulagem o número da nota fiscal do produtor, como comprovação da compra. Sr Iniberto, Engenheiro Agrônomo e Coordenador Estadual de Olericultura da Emater, indagou como está o controle de produtores na entrada da CEASA, ao que Sr Eder respondeu ser falha, alegando que o rigor dificultaria até mesmo o trânsito da Linha Verde. Sr Benatto mencionou ter participado de reunião em Santa Catarina em que se relataram questões positivas da rotulagem do Paraná e questionou ao Sr Eder sobre como vê a efetividade da Resolução na CEASA. Sr Eder respondeu que a rotulagem é uma ferramenta fundamental na coordenação da CEASA principalmente para gestão e para o produtor/comerciante, uma vez que é a consolidação da marca de maneira barata. Dr Ciro mencionou sua palestra na Escola Nacional do Ministério Público em que enalteceu o mecanismo de rotulagem do Estado e disse que vários participantes se mostraram interessados em conhecer mais detalhes para levar o projeto aos seus estados. Por último, Sr Tosato iniciou sua apresentação com informações sobre a livre comercialização de agrotóxicos e outras práticas irregulares do ramo no Paraná. Mencionou que a Adapar firmará convênio com o Tecpar para análise de amostras coletadas nas propriedades. Trouxe resultados das análises de 2015 para culturas convencionais e orgânicas. Sr Marcelo pediu aos presentes se atentarem quanto a diferença entre resíduos proibidos para cultura e resíduos acima do limite permitido. Sra Sabrina alertou que a somatória de agrotóxicos num mesmo produto não entra na análise da ANVISA quanto à regulamentação de proibidos para a cultura ou acima do limite, pois não há estudos que tratem do assunto. Sr Marcos mencionou
considerar válida a atitude da Adapar de apreender a nota fiscal de venda como se o produto fosse de produção própria quando não o é. Dr Ciro questionou como funciona a destruição de produto comprovadamente impróprio ao consumo e Sr Tosato esclareceu que a Lei nº 7.802/1989 obriga que o próprio produtor o destrua. Sr Paulo e Dr Maximiliano mencionaram o funcionamento das análises de repetição de produtores e a possibilidade de recall de produtos conforme determinações do TAC celebrado com a CEASA. Sr Benatto frisou a importância da APRAS de orientar os supermercados no sentido de retirar da lista de fornecedores aqueles que descumprirem as normas, momento em que Dr Maximiliano relatou que em Inquéritos Civis da PRODEC já há relatos de supermercados que fazem isto. Sr Benatto ressaltou a necessidade de criação de protocolo único de ação entre SESA e Adapar, ao que Sr Tosato e Sr Marcílio, Engenheiro Agrônomo e Gerente de Sanidade Vegetal da Adapar, se comprometeram a agendar uma reunião o quanto antes. Ao final da reunião, Dr Ciro questionou qual será a pauta da próxima reunião e quanto tempo será necessário para a apresentação de resultados do PARA CEASA e dos procedimentos da PRODEC. Deliberou-‐se que a próxima reunião deverá ocorrer entre o final de abril e o início de maio, a depender dos resultados do PARA Estadual. Eu, Marina de Oliveira Salvalaggio, secretariei o presente.
Subscreveram a lista de presença:
Sabrina Vianna Mendes VISA/SMS Curitiba João Miguel Toledo Tosato Adapar
Marcílio Martins Araújo Adapar
Ednei Bueno do Nascimento CAOPMA/MPPR Tiago de S. Godoi Junior CREA-‐PR Marcos Junior Brambilla FETAEP Andrea Luy APRAS Elisangeles B. de Souza FAEP Valmir Teixeira CEASA-‐PR Iniberto Hammerschmidt EMATER-‐PR Karina Ruaro De Paula SESA André D. B. Parra MAPA Marcelo Bressan MAPA
Virginia Gasparini SMAB Curitiba João Carlos Zandoná CPRA
Daniel Altino LACEN Eder Eduardo Bublitz CEASA-‐PR
Participaram da reunião e não subscreveram a lista de presença: Paulo Costa Santana SESA
Marcos Valério de Freitas Andersen SESA Alfredo Benato SESA
Ciro Expedito Scheraiber CAOPCON/MPPR Maximiliano Ribeiro Deliberador PRODEC/MPPR Giovanna De Marchi Capeletto CAOPCON/MPPR Marina de Oliveira Salvalaggio CAOPCON/MPPR