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XIX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HIDRÍCOS

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XIX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HIDRÍCOS

REDUÇÃO DA POLUIÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS EM ÁREA DE

PROTEÇÃO AMBIENTAL: uma análise energética da pecuária leiteira

Marísia Cristina da Silva 1; Osmar de Carvalho Bueno 2 ; Luiz César Ribas 3

RESUMO – O desenvolvimento rural concebido como sinônimo de modernização é caracterizado pela alta utilização de agrotóxicos e mecanização. Esse sistema, contudo, não considera os efeitos sob o meio ambiente, tais como a contaminação e degradação de solos e reservatórios de águas. Sendo assim, é necessário, que haja a elaboração e aplicação de uma Gestão Ambiental Integrada em Agroecossistemas para a utilização eficiente dos recursos naturais com mínimo impacto ambiental, visando solucionar o problema energético do meio ambiente e preservar os recursos hídricos. O objetivo desse trabalho é demonstrar a importância de análises energéticas dos sistemas de produção de bovinos de leite como forma de contribuição para a formulação e implantação de uma Gestão Ambiental Integrada da APA de Botucatu, notadamente no que se refere às áreas de recarga do Aquífero Guarani.

ABSTRACT – The rural development is often a synonym of modernization that is characterized by the high quantity of agrochemicals and mechanization. However, this system does not consider the effects on the environment such as the contamination and deterioration of soil and water reservoir. This way, is necessary the creation and application of Environmental management in Agroecosystem for the efficient use of natural resources with a minimal impact in the environment targeting the energetic problem of the environment and the preservation of hydric resources. The objective of this study is to demonstrate the importance of energy analysis in the dairy cattle production as a way to contribute to the formulation and implementation of na Environmental management Integrated of the APA of Botucatu, in particular in what refers to the areas of reload of the Aquífero Guarani.

Palavras-Chave – Aquífero Guarani, gestão ambiental integrada, balanço energético.

1 Engenheira Agrônoma. Doutoranda do Programa de Pós-graduação Energia na Agricultura da UNESP-FCA. Fazenda Experimental Lageado, Rua

José Barbosa de Barros, 1780, C.P. 237, CEP 18610-307, Botucatu – SP. E-mail: mcsilva@fca.unesp.br

2 Professor Adjunto da UNESP-FCA. Fazenda Experimental Lageado, Rua José Barbosa de Barros, 1780, C.P. 237, CEP 18610-307, Botucatu – SP.

E-mail: osmar@fca.unesp.br

3 Professor Assistente Doutor da UNESP-FCA. Fazenda Experimental Lageado, Rua José Barbosa de Barros, 1780, C.P. 237, CEP 18610-307,

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1 INTRODUÇÃO

A atividade agropecuária é considerada uma das principais fontes de fornecimento de alimentos para os seres humanos. Além disso, contribuir para o desenvolvimento local, regional, e até mesmo nacional. Porém, quando não desenvolvida em bases social, econômica e ambientalmente sustentáveis, acarreta significativos impactos adversos ao meio ambiente.

Assim, de modo geral na produção agropecuária4, o desenvolvimento rural concebido como sinônimo de modernização acarretou graves problemas no contexto da sustentabilidade, uma vez que os agroecossistemas carregam um elevado grau de ineficiência energética e causam impactos ambientais como a erosão dos solos, a poluição das águas e dos solos por nitratos, fosfatos e agrotóxicos, a contaminação dos agricultores e dos alimentos, a destruição das florestas, a diminuição da biodiversidade e dos recursos genéticos e a destruição dos recursos não renováveis [MENEGETTI, 199-].

Coutinho (2002) afirma que esse modelo de desenvolvimento rural, caracterizado pela elevada utilização de agrotóxicos, não considerou os efeitos sob o meio ambiente e sobre as populações, provocando a contaminação e a degradação de solos e, por consequência, dos reservatórios de águas, a salinização, os desequilíbrios ecológicos e promovendo a perda da biodiversidade.

Uma das alternativas propostas para o equacionamento da problemática da sustentabilidade da produção agropecuária é a formulação e implantação de uma Gestão Ambiental Integrada em agroecossistemas.

Desta maneira, seria possível não somente uma utilização mais eficiente dos recursos naturais com mínimo impacto ambiental como, também, a mitigação do problema energético do meio ambiente.

A Gestão Ambiental Integrada aplicada em agroecossistemas tem como principal objetivo promover a organização, em bases sustentáveis, de todas as atividades desenvolvidas em propriedades rurais.

De acordo com Giordano (2000), a Gestão Ambiental é considerada um conjunto de definição de medidas e procedimentos que serão aplicados posteriormente, visando à redução e o controle dos impactos causados por atividades sobre o meio ambiente.

Sendo assim, para a realização da gestão de um agroecossistema é preciso elaborar um levantamento de todos os componentes presentes no espaço territorial, como por exemplo, os sistemas de produção agropecuários, fauna, flora, biodiversidade e principalmente os recursos hídricos (águas subterrâneas e superficiais) pertencentes ao local.

4 Entende-se por “Agropecuária” a área do setor primário responsável pela produção de bens de consumo, mediante o cultivo de plantas e da criação

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3 Assim, com a implantação desta forma de gestão da produção agropecuária pode-se integrar os distintos sistemas produtivos de acordo com a capacidade que cada agroecossistema apresenta com respeito aos recursos naturais ali presentes, promovendo assim a minimização dos impactos adversos ao meio ambiente, contribuindo assim com o desenvolvimento local sustentável.

Em termos da região de abrangência da atividade agropecuária desenvolvida no Brasil deve-se destacar a área onde deve-se localiza um dos maiores redeve-servatórios de água doce do planeta denominado Sistema Aquífero Guarani (SAG). Este aquífero abrange os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo (SOARES, 2008).

Além do Brasil, o Aquífero Guarani abrange os países da Argentina, Uruguai e Paraguai. Com respeito ao Estado de São Paulo, em especial, observa-se que muitos dos municípios paulistas estão sobre áreas de afloramento do Sistema Aquífero Guarani. Ademais, alguns desses municípios compõem a Área de Proteção Ambiental (APA) Corumbataí/Botucatu/Tejupá.

No perímetro Botucatu (APA de Botucatu), em particular, diversas atividades agropecuárias são desenvolvidas, com destaque à pecuária leiteira.

A finalidade desse trabalho é a de demonstrar a importância da realização de análises energéticas de sistemas de produção de bovinos de leite como forma de contribuição para a formulação e implantação de uma Gestão Ambiental Integrada da APA de Botucatu, notadamente no que se refere às áreas de recarga do Aquífero Guarani.

2 SISTEMA AQUÍFERO GUARANI

O Sistema Aquífero Guarani, é o maior manancial de água doce do planeta. Este se encontra distribuído por uma área de aproximadamente 1.196.500 km² (RIBEIRO, 2008).

Esse aquífero é constituído por várias rochas sedimentares pertencentes à Bacia Sedimentar do Paraná e resulta de diversas formações geológicas originadas no período Triássico e no período Jurássico (há 190 milhões de anos atrás).

No período Triássico originaram-se as Formações Pirambóia e Rosário do Sul, no Brasil, e a Formação Buena Vista, no Uruguai. Remontam ao período Jurássico, por seu turno, as Formações Botucatu, no Brasil, Misiones, no Paraguai, e Tacuarembó, que ocorre na Argentina e no Uruguai (ROCHA, 1997).

De acordo com Ribeiro (2008), o Sistema Aquífero Guarani está geograficamente distribuído ao longo da porção Centro-Leste do continente sul-americano na seguinte proporção: Argentina (225.500 km²); Paraguai (71.700 km²); Uruguai (58.500 km²); e Brasil (840.800 km²).

O Brasil, além de conter a maior parte das reservas subterrâneas, também conta com muitas áreas de recarga, o que lhe confere uma posição estratégica.

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Ainda no Brasil, o Aquífero se dispersa geograficamente ao longo de oito Estados da Federação da seguinte maneira: Mato Grosso do Sul (213.200 km2); Rio Grande do Sul (157.600 km2); São Paulo (155.800 km2); Paraná (131.300 km2); Goiás (55.000 km2); Minas Gerais (52.300 km2); Santa Catarina (49.200 km2); e Mato Grosso (26.400 km2), afirma Ribeiro (2008).

Na figura 1 apresenta-se a distribuição espacial do Sistema Aquífero Guarani.

Estima-se que o volume de água do Sistema Aquífero Guarani seria capaz de abastecer o dobro da população brasileira atual, cerca de 360 milhões de pessoas e, segundo Borghetti et al. (2004), a quantidade de água do Aquífero está em torno de 46.000 km3.

Vale ressaltar que as áreas de recarga do Sistema Aquífero Guarani, podem captar cerca de 170 km³/ano ou 5 mil m³/s de águas de chuva.

Segundo o Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo, considerando-se perdas, com respeito ao Aquífero Guarani há um potencial de volume da ordem de 40 km³/ano como água utilizável (ARAÚJO et al., 1995).

Figura1 – Mapa esquemático do Sistema Aquífero Guarani. Fonte: Adaptado de CAS/SRH/MMA (2001) por Borghetti et al. (2004)

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5 3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL CORUMBATAÍ-BOTUCATU-TEJUPÁ

A Área de Proteção Ambiental (APA) Corumbataí/Botucatu/Tejupá foi criada durante a gestão 1983-1987 de Franco Montoro no governo do estado de São Paulo pelo Decreto Estadual nº 20.960, de 8 de junho de 1983, Deliberação CONSEMA nº 142 de 12/12/1986, Lei Estadual n. 7.438 de 06/07/1991 e Resolução SMA s/n de 11 de março de 19875 e apresenta uma área total de 6.492 km2.

A Figura 2 a seguir, apresenta o Perímetro Botucatu da APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá. No que se refere especificamente ao perímetro “Botucatu” da referida APA sua criação teve como objetivo proteger os cenários paisagísticos, representados pelas Cuestas Basálticas e os Morros Testemunhos, os recursos hídricos superficiais, o Sistema Aquífero Guarani e o patrimônio arqueológico e os remanescentes de vegetação nativa, especialmente o cerrado.

A APA de Botucatu apresenta uma área de 218.306 hectares, resguardando a Serra de Botucatu e a formação denominada Cuestas Basálticas, entre os rios Tietê e Paranapanema, resultante do trabalho contínuo de erosão, que formou grandes plataformas rochosas que se destacam nos vales suaves ao seu redor.

O território da APA de Botucatu se estende por aproximadamente 70% da área total dos municípios de Angatuba, Avaré, Bofete, Botucatu, Guareí, Itatinga, Pardinho, São Manuel e Torre de Pedra.

Em virtude do afloramento do Aquífero Guarani na região, a área da APA é uma das zonas de recarga desse importante e estratégico manancial subterrâneo e, em razão disso, o coloca em situação de grande vulnerabilidade6.

Este manancial subterrâneo, em particular no que concerne à região da APA de Botucatu, vem sendo utilizado para diversos fins, principalmente para a produção agropecuária e o abastecimento público, muito embora sem contar com uma estrutura organizada para a gestão dos recursos hídricos do Sistema Aquífero Guarani (RIBEIRO, 2008).

O autor defende, ainda, que o uso desequilibrado destes recursos hídricos subterrâneos pode prejudicar a dinâmica da oferta da água.

5 Fonte: http://www.fflorestal.sp.gov.br/apasEstaduais.php 6 Fonte: http://www.fflorestal.sp.gov.br/hotsites/hotsite/sobre.php

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Figura 2 - Perímetro Botucatu da APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá

Fonte: APAS – Áreas de Proteção Ambiental: Território de Planejamento e Gestão Participativa (2011)

4 A IMPORTÂNCIA DA PECUÁRIA DE LEITE NA GESTÃO AMBIENTAL DA APA CORUMBATAÍ-BOTUCATU-TEJUPÁ (PERÍMETRO BOTUCATU)

O leite é tradicionalmente considerado como um produto de origem animal de amplo consumo mundial. A principal característica do leite, enquanto alimento humano é seu alto valor nutritivo. Além do mais, a produção leiteira é historicamente considerada uma das principais atividades econômicas da produção agropecuária.

Tanto quanto em qualquer outra atividade econômica, quer agrícola ou não, um fator que tem se revestido de extrema importância para a sobrevivência da atividade leiteira é a questão ambiental.

De modo particular observa-se que na produção de leite, como em muitas das atividades agropecuárias, tem sido frequentemente utilizadas fontes energéticas de origem não renovável como fertilizantes, agrotóxicos e óleo diesel.

Essa utilização tem por objetivo alcançar produção de leite em quantidade, bem como qualidade suficiente para manter altos índices de produtividades em seus rebanhos, assim gerando renda ao setor em âmbito nacional e regional.

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7 Por outro lado, tem gerado problemas complexos relacionados não somente às questões ambientais como, também, sociais e econômicas.

Problemas ambientais, sociais e econômicos da atividade de produção leiteira ensejam a preocupação, consequentemente, com a questão da sustentabilidade da cadeia produtiva do setor leiteiro.

Neste sentido, a preocupação em desenvolver e implantar sistemas de produção sustentáveis, buscando o equilíbrio entre os pilares econômico, social, cultural e ambiental, vem ganhando importância nos cenários estadual, nacional e internacional.

No ano de 2002 mais de 1,1 milhões propriedades realizavam a atividade leiteira no Brasil, ocupando diretamente 3,6 milhões de pessoas, sendo também responsável por 40% dos postos de trabalho no meio rural (CARVALHO et al., 2002, citado por CREVELIN et al., 2007).

Assim, é evidente a importância da pecuária de leite como atividade econômica, pois atingiu, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo Agropecuário 2006, a produção anual de aproximadamente 21,4 bilhões de litros de leite.

Vale ressaltar que a pecuária leiteira está presente em todo território brasileiro. Zoccal et al. (2007) apontam a presença da produção de leite em 554 microrregiões das 558 consideradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Porém, não há um padrão de produção de leite no Brasil, uma vez que há desde propriedades de subsistência, sem técnica de manejo e com produção diária inferior a 10 litros, até propriedades com técnicas avançadas de manejo e produção diária superior a 60.000 litros de leite.

Ao se comparar com a produção de leite nacional, verifica-se que o estado de São Paulo é um dos principais produtores, possuindo o quarto maior rebanho de pecuária leiteira do Brasil e situando-se dentre os quatro principais estados produtores de leite.

Todavia esse cenário, de acordo com Silva et al. (2003), vem sofrendo expressivas modificações, com a transformação de sua estrutura, bem como dos métodos operacionais, desde o final da década de 90 não somente no país como, em especial, no estado paulista. Assim, ocorreu o desenvolvimento de um ambiente competitivo no mercado de leite.

A produção leiteira estadual ultrapassou em 2004 a marca de 2 bilhões de litros, propiciando um crescimento de 4,8% em relação ao ano anterior. Este índice foi o maior registrado desde o início do século e representou aproximadamente 8% do volume de produção do leite produzido no Brasil (IEA, 2005).

De acordo com o IEA (2009), no ano de 2008 o Estado de São Paulo produziu 2.031.641 (1000 litros/ano) de leite.

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Com respeito a esta produção, devem ser destacados os EDRs7 de Botucatu8, Itapetininga9 e

Avaré10. Esses EDRs são compostos por onze, quatorze e 12 municípios respectivamente e

contribuíram para a produção de leite no estado de São Paulo com 41487 milhões de litros/ano, 44018 milhões de litros/ano e 29578 milhões de litros/ano, de acordo com IBGE (2008).

Dos nove municípios que integram a APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá, três compõem o EDR Botucatu, cinco o EDR de Itapetininga e um compõe o EDR de Avaré.

Dessa forma, dados os aspectos ambientais, sociais e ambientais apontados, percebe-se a importância da Gestão Ambiental Integrada para que os impactos adversos provindos da atividade leiteira sejam reduzidos com o objetivo de preservar os recursos naturais inseridos em um agroecossistema.

5 ENERGIA, AGROECOSSISTEMAS E ANÁLISE ENERGÉTICA

Segundo Beber (1989), baseando-se na primeira lei da termodinâmica, a energia pode passar de uma forma para outra, porém não pode ser criada nem destruída.

Analisando essa primeira lei isoladamente, segundo o autor, os seres humanos não se preocupariam em descobrir novas fontes energéticas, pois os processos de reciclagem facilitariam o uso da energia indefinidamente.

Porém, defende ainda o referido autor, com a lei da entropia essa afirmação não se consolida, tornando-se limitada, pois nenhum processo que implique em transformação de energia ocorrerá espontaneamente, a menos que ocorra uma degradação da energia de uma forma concentrada para uma forma dispersa, ou seja, a passagem da energia de uma forma para outra implica em perdas, pois parte sempre se transforma em energia térmica não disponível.

De acordo com Basso (2007), o termo energia pode nomear as reações de determinada condição de trabalho, que pode ser: o calor, a luz, o trabalho mecânico, o trabalho dos músculos, que utilizam as mais variadas formas de energia para realizarem trabalho.

Dessa forma, para compreender a classificação e o conceito de energia em um agroecossistema, é necessário conceituar ecossistema.

Segundo Gliessman (2005), ecossistema é um sistema funcional de relações que se complementam, entre organismos vivos e o seu ambiente, com fronteiras de delimitação escolhida arbitrariamente, no espaço e no tempo, as quais parecem manter um equilíbrio dinâmico e estável. Já um agroecossistema é definido como uma área de produção agrícola, ou seja, uma propriedade e

7 A estrutura da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral está apoiada 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR´s) distribuídos por todo

o estado de São Paulo (fonte: http://www.cati.sp.gov.br/new/enderecos.php)

8 EDR de Botucatu: Anhembi - Areiópolis - Bofete - Botucatu - Conchas - Itatinga - Laranjal Paulista - Pardinho - Pereiras - Pratânia - São Manuel. 9

EDR de Itapetininga: Alambari - Angatuba - Campina do Monte Alegre - Capão Bonito - Cesário Lange - Guareí - Itapetininga - Porangaba - Quadra - Ribeirão Grande - São Miguel Arcanjo - Sarapuí - Tatuí - Torre de Pedra.

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9 que é entendida como um ecossistema. O conceito então de agroecossistema para o autor baseia-se em princípios ecológicos e no entendimento dos ecossistemas naturais, além de propiciar estrutura, com a qual posteriormente, podem-se analisar os sistemas de produção de alimentos como um todo, incluindo os seus conjuntos complexos de insumos e produção e as interconexões entre as partes que o compõem.

Para Silveira (2009), no contexto da pecuária leiteira, um agroecossistema pode ser considerado uma criação de animais dentro de uma unidade de produção de leite. Pode ser ainda a unidade de produção em si. Pode ser um conjunto de unidades de produção de um estado, de um país, ou até do mundo.

Do ponto de vista da sustentabilidade, nos agroecossistemas, as fontes energéticas usadas podem ser limitantes. Podem ser renováveis ou não renováveis e podem ser poluidoras ou não poluidoras ao meio ambiente (BASSO, 2007).

Diante disso, percebe-se a necessidade de promover a análise energética em agroecossistemas de produção leiteira para identificação das fontes energéticas e assim dimensionar o impacto ambiental que essas fontes causam em um agroecossistema.

De acordo com Bueno (2002), a análise energética pode ser entendida como um processo de avaliação das “entradas” (inputs) e das “saídas” (outputs) de energia dos agroecossistemas.

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De modo particular observa-se que na produção de leite, como em muitas das atividades agropecuárias, fontes energéticas de origem não renovável tem sido frequentemente utilizadas tais como, por exemplo, fertilizantes, agrotóxicos e óleo diesel.

A utilização dessas fontes tem por objetivo alcançar produção de leite em quantidade e qualidade suficiente para manter altos índices de produtividade em seus rebanhos, gerando assim renda ao setor em âmbito nacional e regional.

Por outro lado, essa utilização tem gerado problemas complexos relacionados não somente às questões ambientais como, também, sociais e econômicas que ensejam preocupação, com a sustentabilidade da cadeia produtiva do setor leiteiro.

Neste sentido, a preocupação em desenvolver e implantar sistemas de produção sustentáveis, buscando o equilíbrio entre os pilares econômico, social, cultural e ambiental, vem ganhando importância em escala nacional e internacional.

Os nove municípios que integram a APA Botucatu-Corumbataí-Tejupá, perímetro Botucatu (quais sejam; Angatuba, Avaré, Bofete, Botucatu, Guareí, Itatinga, Pardinho, São Manuel e Torre de Pedra), apresentam forte presença da atividade leiteira.

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Tais municípios prescindem da implantação de mecanismos que proporcionam a Gestão Ambiental Integrada de maneira sustentável de seu território, para que os recursos naturais inseridos nessa área sejam preservados e sofram menos impacto ambiental, destacando as áreas de recarga do Sistema Aquífero Guarani.

Assim, no que se refere aos municípios que compõem o EDR Botucatu, os municípios que integram a APA de Botucatu e possuem pecuária leiteira seriam: Bofete, Botucatu, Itatinga e Pardinho e São Manoel.

Com respeito, por seu turno, ao EDR Itapetininga, os municípios da APA de Botucatu que possuem pecuária leiteira seriam: Angatuba, Guareí e Torre de Pedra.

Por fim, no que se refere aos municípios que compõem o EDR Avaré, apenas o município de Avaré compõe a APA de Botucatu.

Uma das propostas para a formulação e implantação de uma Gestão Ambiental Integrada da atividade de produção de leite na APA de Botucatu, por conta de diversos aspectos, tais como, a utilização de insumos de origem fóssil, por exemplo, é a realização de estudos e análises energéticas.

A análise energética relativamente à atividade leiteira serve de suporte para a avaliação das formas de produção.

Além disso, fornece subsídios para avaliar, de forma mais aprofundada, o atual patamar de utilização, das entradas e saídas energéticas; inputs e outputs respectivamente; e o nível de dependência energética do agroecossistema leiteiro (SILVEIRA, 2010).

Até porque, estudando a produção de leite bovino na região de Botucatu/SP, Basso (2007) concluiu que o agroecossistema leiteiro é altamente dependente da energia de origem industrial, devido à utilização de energia elétrica e fertilizantes e que essa produção, do ponto de vista energético é dependente em 18,22% das fontes não renováveis de energia.

A autora afirma, ainda, que há necessidade de buscar alternativas produtivas mais sustentáveis do ponto de vista energético e que possibilitem utilização mais racional de recursos.

Finalmente, Silveira (2010) desenvolveu um estudo da produção de leite bovino em Montes Claros/MG e concluiu que seria necessário produzir quatro vezes mais leite sem nenhum gasto adicional de energia para que o agroecossistema estudado fosse sustentável do ponto de vista energético e que é necessário buscar formas de produção mais sustentáveis do ponto de vista energético e que possibilitem o uso racional dos recursos produtivos.

7 CONCLUSÃO

Diante do exposto, fica evidente a importância da realização de análise energética de sistemas de produção de bovinos de leite para fins da formulação e implantação de um Sistema Ambiental

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11 Integrado da APA de Botucatu, principalmente sob o prisma da gestão sustentável do Sistema Aquífero Guarani e, em especial, das áreas de recarga do mesmo.

Com essas análises será possível identificar a dependência de fontes energéticas que estes sistemas apresentam e assim buscar alternativas produtivas que se baseiam nos conceitos de sustentabilidade e que possibilitem a utilização de forma racional de recursos.

AGRADECIMENTOS

À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pelo financiamento do estudo; a Faculdade de Ciências Agronômicas e ao Programa de Pós-graduação em Agronomia - Energia na Agricultura, ambos da UNESP.

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(13)

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