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QUESTÕES DA METACOGNIÇÃO NO ENSINO SUPERIOR

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Academic year: 2021

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QUESTÕES DA METACOGNIÇÃO NO ENSINO SUPERIOR

Joana Paulin Romanowski PUCPR Regiane Zzatto Bergamo PUCPR Flamínia Carcereri Facinter Vera Maria P. Brito Malucelli PUCPR Luciana dos Santos Facinter

Palavras-chave: ensino superior, metacognição

Uma análise preliminar realizada junto às turmas dos cursos de Pedagogia, Educação Física e Letras da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com o objetivo de desenvolver um estudo sobre as novas perspectivas no campo de formação de professores quanto ao desenvolvimento de estratégias de aprendizagem. A ênfase do estudo direciona-se para um exame das estratégias empregadas pelos alunos do ensino superior para promover sua aprendizagem.

A questão das estratégias de aprendizagem coloca-se, atualmente, na maioria dos debates da área educacional como um conjunto de condições para a realização de uma aprendizagem significativa e autônoma. As estratégias de aprendizagem, segundo Monereo (1994, p.6), têm por objetivos ajudar o aluno a aprender de forma significativa e autônoma os diferentes conteúdos curriculares, isto porque, o estudante, ao compreender o processo que empregou no decorrer de sua aprendizagem, toma consciência de suas estratégias, e conseqüentemente poderá controlar, diagnosticar e avaliar esse processo.

Essa forma de aprender, por meio da tomada consciente de decisões, facilita a aprendizagem significativa, os alunos estabelecem relações entre o que sabem e a nova informação, decidindo de forma menos aleatória quais os procedimentos mais adequados para realizar determinada atividade de aprendizagem.

Quesada Castillo (199...) indica que as investigações têm demonstrado que o processo de aprendizagem segue certos caminhos e que cada aluno desenvolve formas próprias para aprender, receber nova informação, processar a informação na

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memória ativa, responder, e assim por diante. Essas diferenças individuais modelam o que se chama de estratégias de aprendizagem.

As estratégias de aprendizagem, portanto, consistem num conjunto de procedimentos que objetivam facilitar a aprendizagem, condizem com as seqüências direcionadas de ações que representam mais especificamente o que nós fazemos para aprender. E, as estratégias metacognitivas, referem-se aos procedimentos orientados para o planejamento e controle das atividades cognitivas, destinadas à promoção do aprender a aprender. Pois, como assegura Boruchovitch (2001, p. 50), é este “conhecimento que a pessoa tem do próprio processo cognitivo que a permite planejar, monitorar e controlar as atividades cognitivas, bem como lhe possibilita avaliar as chances de sucesso e modificar as estratégias sempre que necessário”.

A pesquisa realizada junto aos alunos da PUCPR, empregou um questionário que foi respondido por turmas dos cursos acima citados. As questões do instrumento de pesquisa tomaram por base as classificações de estratégias de aprendizagem apresentadas por Valdés (2002, p.145-147) incluindo as categorias: tempo necessário para a aprendizagem, tipo de atenção do aluno nas aulas, estratégias e procedimentos, dificuldades de aprendizagem.

PRIMEIRAS ANÁLISES

Os primeiros resultados indicam que o tempo de estudo empregado pelos alunos, além das aulas, gira em torno de três horas semanais. Destaca-se que no curso de Pedagogia a maioria dos alunos indicou um tempo variado entre três a cinco horas; no curso de Educação Física e de Letras há vários alunos que estudam além de cinco horas semanais.

A indicação da diversidade no modo de direcionamento da atenção permanente dos alunos durante as aulas é significativa. Alguns manifestaram ter atenção permanente centrada na explicação do professor, outros selecionam o que deve ser observado e, ainda, alguns mantém atenção em tudo o que acontece na aula. Percebe-se, de modo geral, que a atenção dos alunos caracteriza-se como mais global e menos seletiva.

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Quanto ao tipo de aprendizagem ficou evidenciado que os alunos procuram compreender os conceitos. Verifica-se que a memorização é utilizada, mas por um número menor de alunos. Os processos de criar, transformar, estabelecer relações críticas começam a integrar-se nos procedimentos empregados pelos alunos na constituição da aprendizagem. Para a efetivação da compreensão dos conteúdos os alunos utilizam diferentes procedimentos e técnicas como: ouvir a explicação dos conceitos; organização de esquemas com palavras chaves, leitura e releitura do texto; sublinhar no texto as idéias básicas e anotações de conceitos significativos.

Os procedimentos menos indicados são a reescrita de texto, o emprego de analogias e a organização de redes de conceitos. Essa indicação poder ser interpretada que a compreensão é situada em torno do próprio conceito e menos articulação sistêmica. Outros estudos precisam ser realizados para explicitar esses fatos.

Depreende-se que a elaboração realizada pelos alunos é mais de caráter associativo, e quando expressam estratégias de reconstrução elas apresentam–se como elaborações de natureza simples, conforme a classificação de Pozo in Valdés (2002, p. 145).

As respostas dos alunos quanto à dificuldade de compreensão do texto reforçam o caráter associativo da aprendizagem, pois a busca de significado do conceito é restrita a consultas ao dicionário ou pergunta para o professor, ou seja, a compreensão dos conceitos em seu contexto é menos usual.

Nestas considerações preliminares ficou evidenciado que há uma variação nos tipos e nos procedimentos de aprendizagem dos alunos nos diferentes cursos, no entanto ocorre uma proximidade de estratégias empregadas pelos alunos do mesmo curso. Por exemplo: os alunos do curso de Letras empregam estratégias de leituras com muito mais intensidades que dos demais cursos, as palavras desconhecidas são sublinhadas no texto e em seguida é realizada a consulta ao dicionário. Neste curso os alunos preferem a leitura individual. Os alunos de Pedagogia preferem consultar os colegas para compreender o texto.

Destaca-se que uma das maiores preocupações dos alunos é a compreensão do conteúdo, e para tal empregam procedimentos desde os mais simples como anotar as explicações do professor até a reestruturação do texto estabelecendo interconexões como o conhecimento anterior e a própria superação do existente para uma nova reinterpretação. As estratégias de aprendizagem indicadas são:

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repetição, associação, analogia, categorização, constituição de redes conceituais e a produção do conhecimento novo, em escala ascendente.

Esse quadro inicial aponta para um conjunto de questionamentos quanto às condições da realização da aprendizagem. A investigação realizada permitiu indicar alguns dos processos no modo como são percebidos pelos alunos dos cursos de formação de professores, ou seja, que estratégias são empregadas na elaboração do conhecimento. A investigação dos aspectos culturais, sociais, experenciais, afetivos, que são imbricados na composição da aprendizagem necessitam ser explicitados, para que o aluno compreenda seu próprio processo de aprendizagem. Possivelmente, o processo de aprender vai além de procedimentos individualizados; a metacognicção carece ser analisada considerando como um processo sócio-cultural.

CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Cabe ressaltar que os resultados que estão sendo obtidos nesse estudo preliminar reafirmam a importância das estratégias nos cursos de formação de professores. Para Quesada Castillo (199...) na formação dos professores é importante que sejam trabalhados conhecimentos das estratégias de aprendizagem constituindo o efeito de simetria invertida. Ou seja, a vivência no curso de formação favorece a incorporação de atitudes e conhecimentos que serão empregados pelo professor quando estiver na prática pedagógica com seus alunos e, desenvolveendo com eles habilidades necessárias para aprender a aprender. Se o futuro professor não utiliza a estratégia certa ele fracassará em sua aprendizagem por mais empenho que possa ter para que obter sucesso para aprender.

A insistência nas estratégias de aprender a aprender é motivada por diversas razões, a mais óbvia está na possibilidade de introduzi-la, sistematicamente, nos programas de estudos por constituírem parte dos processos de auto-formação e de formação continuada.

Além disso, os professores necessitam conhecer e empregar as estratégias de aprendizagem para a atualização nos campos de conhecimento. Antes bastava dominar alguma área especifica do conhecimento, mas com as novas exigências impõe-se procedimentos conscientes e autônomos, para articular, avaliar e

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transformar informações em aprendizagem.A tarefa docente não se restringe na repetição de informações, mas fundamentalmente, solucionar problemas, analisar, criar e questionar, em situações imprevistas, superando o ensino enciclopédico de outros tempos.

Para os docentes é importante compreender o processo de obtenção do conhecimento. O professor precisa indagar como fazer para que seus alunos aprendam de maneira significativa por meio das estratégias de aprendizagem, pois não basta aos professores serem simples transmissores de conhecimentos, mas é sua tarefa desenvolver as habilidades intelectuais de seus alunos, propiciando a eles a capacidade de buscar informações, avaliar o que fazer com elas gerando novas proposições e respostas às questões que se apresentam no cotidiano e no contexto social. Silva e Sá (1997) enfatizam que quando o aluno tem acesso às estratégias de aprendizagem o seu potencial é maximizado, reduzindo assim, as dificuldades que interferem em seu desempenho escolar, uma vez que lhe possibilita aprender a controlar melhor os diferentes fatores que intervem em sua aprendizagem.

É conveniente preparar os atuais e futuros docentes com estas capacidades de estudar e trabalhar que lhes permitam ajudar seus alunos a desenvolver tais habilidades, mas para que isso aconteça, o professor deverá, inicialmente, conhecer suas próprias habilidades metacognitivas, como também suas limitações. A percepção da realidade, a análise crítica e avaliação pertinente poderão ganhar maior densidade se estratégias de aprendizagem estiverem presentes nos processos de formação docente. Para Pozo (2002, p. 244) “não haverá aprendizes estratégicos sem mestres estratégicos”, ou seja, as estratégias de aprendizagem são consideradas elementos relevantes para que se insira este conhecimento nos cursos de formação de professores.

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BORUCHOVITCH, E. Dificuldades de aprendizagem, problemas motivacionais e estratégias de aprendizagem. In.: SISTO, F.F.; BORUCHOVICH, E. e FINI, L.D.T. (orgs). Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

MONEREO,C.;CASTELLÓ,M.;CLARIANA, M; PALMA,M. E PÉREZ CABANÍ, M.L.:Estratégias de ensenãnza y aprendizaje. Formación del professorado y aplicación el aula. Barcelona: Grao.1994.

QUESADA CASTILLO, R. Por que formar profesores em estratégias de aprendizaje? . UNAM, 199...Documento inédito.

POZO, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas.2002.

SILVA, A. L e SÁ, L. Saber estudar e estudar para saber. Porto: Porto Editora, 1997.

VALDÉS, M.T.M.Estratégias de Aprendizaje: punto de encuentro entre la Psicología de la Educacion y la Didactica. In: Rosa, D.E. Didática e práticas de ensino: interfaces com diferentes saberes e lugares formativos. Rio de Janeiro, 2002, p.139-153.

Referências

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