• Nenhum resultado encontrado

TEORIA DO SOCIALISMO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "TEORIA DO SOCIALISMO"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

Apostilas do Cipes

7

TEORIA DO SOCIALISMO

Texto 7

CATEGORIAS DE “O CAPITAL” - II

CIPES

(2)

Esta apostila foi elaborada pela Equipe de Estudos Teóricos do CIPES, responsável pelo Curso “Teoria do Socialismo”.

A edição é do Grupo de Publicações do CIPES.

Os interessados em adquirir as apostilas e demais publicações devem escrever para:

CIPES- Grupo de Publicações

Rua Mário Amaral, 320- CEP: 04002 São Paulo- São Paulo

(3)

NOTA PRELIMINAR

A presente apostila é a sétima de um conjunto de 13 textos que compõe o material de consulta do Curso Teoria do Socialismo.

Neste texto aborda-se de modo mais abrangente algumas das categorias introduzidas no texto 6- processo de trabalho, objeto de trabalho, meios de trabalho- para tratar de modo mais particularizado os conceitos de valor de uso, mercadoria e valor de troca. Ou seja, para tratar a célula econômica da sociedade burguesa.

(4)

ÍNDICE

I. PROCESSO DE TRABALHO ... 5

II. OBJETO DE TRABALHO E MATÉRIA PRIMA ... 6

III. MEIOS DE TRABALHO... 8

IV. VALOR DE USO ... 10

V. MERCADORIA ... 12

VI. VALOR DE TROCA ... 14

(5)

CATEGORIAS DE “O CAPITAL” – II

I

PROCESSO DE TRABALHO

“Debulhar o trigo Recolher cada bago do trigo Forjar do trigo o milagre do pão...” O que aqui foi descrito em três versos é um processo de trabalho; o processo de trabalho transforma o trigo em pão. E apesar de que a forma como esse processo é levado a cabo mudou muito com o passar dos séculos, a descrição serve para qualquer época, e continuará servindo enquanto não for inventado o pão sintético.

O que importa realmente, é que o Homem sempre retirou da natureza os produtos necessários para a sua sobrevivência, e para fazer isso sempre recorreu a uma série de atividades adequadas à finalidade a que se propunha. A vida dos homens portanto, depende de como ele se relaciona com a natureza, de como ele a transforma colocando-a a seu serviço. A essa atividade transformadora, chamamos processo de trabalho.

“No processo de trabalho, a atividade do homem opera uma transformação, subordinada a um determinado fim, no objeto sobre o qual atua por meio do instrumental de trabalho.” (O Capital, Livro I, cap. V, p. 205)

Tomemos como exemplo o processo de trabalho necessário à fabricação de uma mesa. Antes de mais nada, precisamos de madeira. Vamos então à floresta mais próxima e achamos um formidável pinheiro. Ao cabo de algumas tentativas, descobrimos que somos incapazes de arrancá-lo do solo com as mãos. Engenhosos que somos, lançamos mão de um machado e num piscar de olhos abatemos o gigante.

(6)

CATEGORIAS DE “O CAPITAL” – II

II

OBJETO DE TRABALHO E MATÉRIA PRIMA

“Todas as coisas que o trabalho apenas separa de sua conexão imediata com seu meio natural constituem objetos de trabalho, fornecidos pela natureza.” (Ibidem, p. 203)

Nosso objeto de trabalho foi portanto a árvore, o pinheiro formidável e o objetivo do trabalho foi arrancá-lo do solo. Para conseguir nosso objetivo dispendemos nossa energia usando cérebro e músculos, consumimos nossa força de trabalho ou seja, trabalhamos.

Temos agora a primeira etapa de nosso processo de trabalho realizada. O pinheiro, nosso objeto de trabalho, já sofreu sua primeira transformação. Foi arrancado do solo, de seu estado natural e sofrerá outras transformações. Mas, já agora, apesar de continuar sendo nosso objeto de trabalho, é também nossa matéria prima.

“Se o objeto de trabalho é, por assim dizer, filtrando através de trabalho anterior chamamo-lo de matéria prima.” (Ibidem, p. 203)

Encontramos nosso pinheiro formidável em uma floresta, em estado natural, e por isso ele se tornou objeto de trabalho. Mas, uma vez derrubado, o pinheiro já encarna algum trabalho, o trabalho de derrubá-lo, e portanto, ao nos lançarmos à tarefa de transformar o pinheiro em tábuas, sarrafos, pranchas etc., estaremos operando sobre um objeto de trabalho já transformado pelo trabalho, sendo portanto objeto de trabalho e matéria prima ao mesmo tempo.

Fique portanto claro, que:

“Toda matéria prima é objeto de trabalho, mas nem todo objeto de trabalho é matéria prima” (Ibidem, p. 203)

É claro que se nosso formidável pinheiro não tivesse sido encontrado numa floresta, em estado natural, e em vez disso fosse fruto de uma dessa áreas reflorestadas que costuma se incendiar no inverno, a situação seria diferente. Isto porque para reflorestar uma área é necessário trabalho de vários tipos. Tem-se que delimitar a área, limpar

(7)

o terreno, preparar o solo, semear... Neste caso, então, o pinheiro seria antes de ser arrancado do solo, produto de trabalho anterior e portanto, derrubá-lo seria operar sobre um objeto de trabalho que é ao mesmo tempo, matéria prima. Mas não, nosso pinheiro é, além de formidável, natural.

“O objeto de trabalho só é matéria prima depois de ter experimentado uma modificação efetuada pelo trabalho.” (Ibidem)

Já cumprimos até agora, duas etapas do processo de trabalho de construção de uma mesa. Primeiro transformamos uma árvore, o pinheiro, em uma tora de madeira em tábuas, sarrafos, pranchas etc. No entanto, ainda não temos nossa mesa.

Persistentes e incansáveis, nos lançamos à árdua tarefa e sentamos em uma mesa (imaginária, é claro) para projetar a mesa real. Munidos de serrote, plaina, pregos, martelos, parafusos, chaves de fenda, esquadro, fita métrica, lixas, verniz e boa vontade, iniciamos mais um ato transformador. Vamos transformar as tábuas, pranchas e sarrafos que conseguimos abatendo e retalhando o formidável pinheiro em uma mesa.

Pomo-nos então a serrar, parafusar, pregar, lixar, envernizar e após algumas horas de trabalho, temos materializado diante de nós, algo que já existia antes idealmente, na nossa imaginação.

“Pressupomos o trabalho sob forma exclusivamente humana. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colmeia. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade. No fim do processo do trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apena o material sobre o qual opera; ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo de operar e ao qual tem de subordinar sua vontade.” (Ibidem, p. 202)

Encerrado o processo de trabalho, só nos resta agora aguardar todas as ferramentas que usamos.

(8)

CATEGORIAS DE “O CAPITAL” – II

III

MEIOS DE TRABALHO

“O meio de trabalho é uma coisa, ou um complexo de coisa, que o trabalhador insere entre si mesmo e o objeto de trabalho e lhe serve para dirigir sua atividade sobre esse objeto.” (Ibidem, p. 203)

São portanto considerados meios de trabalho no nosso processo de construir uma mesa, todas as ferramentas usadas. O machado que nos serviu para derrubar o pinheiro, a serra que nos ajudou a transformar a tora de madeira em tábuas, pranchas etc., o martelo, a plaina, enfim, todos os objetos que usamos para operar sobre o objeto de trabalho. Mas não apenas as ferramentas, que são “Os meios mecânicos que em seu conjunto podem ser chamados de sistema ósseo e muscular da produção.” (Ibidem, p. 204) mas também as caixas em que guardamos a madeira, os vidros e altas em que guardamos os pregos e parafusos, ou seja, “(...) os meios que apenas servem de recipientes da matéria Objeto de trabalho e que, em seu conjunto, podem ser denominados de sistema vascular da produção...” (Ibidem)

Assim, consideram-se meios de trabalho, todos os instrumentos de trabalho que usamos direta ou indiretamente para transformar nosso pinheiro em uma mesa. No entanto, para produzir a mesa, os instrumentos de trabalho como definidos acima seriam insuficientes. Além deles, necessitamos também de algumas condições materiais para utilizar os instrumentos de trabalho. Assim, “(...) consideramos meios de trabalho em sentido lado todas as condições materiais seja como for necessário à realização do processo de trabalho.” (Ibidem, p. 205)

Portanto, além de instrumentos de trabalho propriamente ditos, consideram-se meios de trabalho a casa onde montamos a marcenaria, a eletricidade que movimentou a serra e iluminou o quarto etc.

“Nesse sentido, a Terra é ainda um meio universal de trabalho, pois fornece o local ao trabalhador e proporciona ao processo que ele desenvolve, o campo de operação.” (Ibidem) Sintetizando: o ato de construir uma mesa é um ato de transformação da natureza a que chamamos processo de trabalho. Para efetuá-lo, vários elementos são

(9)

necessários: a madeira, nosso objeto de tralho/matéria prima, as ferramentas, recipientes, o local de trabalho, nossos meios de trabalho, que conjugados e utilizados resultam num produto, a mesa. Portanto, “(...) meio e objeto de trabalho são meios de produção...” (Ibidem).

Para que os meios de produção pudessem efetivamente produzir, tivemos ainda que agregar ao processo de trabalho um elemento, o próprio trabalho, tivemos que consumira a energia de nossos cérebros e músculos, trabalhando para criar um produto, e portanto, “(...) trabalho é trabalho produtivo.” (Ibidem).

(10)

CATEGORIAS DE “O CAPITAL” – II

IV

VALOR DE USO

É claro que passamos tanto tempo nos dedicando a fabricar uma mesa, é porque precisamos dela. Ou seja, esse produto, a mesa, nos é útil, logo é um valor de uso.

“A utilidade de uma coisa faz dela um valor de uso” (Ibidem, p. 42) E se a mesa é útil, ela será usada. Pode ser usada para muitas finalidades; para comer, para descansar os pés, ou ainda como bancada de marcenaria para fabricar outras mesas. Neste caso, o valor de uso “mesa” se transforma em meio de produção de outro valor de uso. Podemos ainda transformá-la em um móvel maior como uma estante ou uma escrivaninha, agregando a ela gavetas e prateleiras, e neste caso, o valor de uso, “mesa” se transforma em matéria prima.

“Como se vê, um valor de uso pode ser considerado matéria prima, meio de trabalho ou produto dependendo inteiramente de sua função no processo de trabalho, da posição que nele ocupa, variando com essa posição a natureza do valor de uso” (Ibidem, p. 207).

Em qualquer instância, nossa mesa é um valor de uso, e para poder se realizar como tal tem que ser usada, consumida. Vamos usá-la então como meio de produção, como bancada de marcenaria para fabricar outras mesas.

Repetido todo o processo de trabalho, temos como resultado mais uma mesa. Esta segunda mesa, para nós já não tem utilidade como meio de produção, como bancada de marcenaria pois já temos uma. Não temos intenção de usá-la como matéria prima e também não precisamos dela para comer ou qualquer outra atividade que signifique consumir o produto que acabamos de materializar. Entretanto, apesar de esta segunda mesa não ter para nós nenhuma utilidade direta, ela continua sendo um valor de uso para aquelas pessoas que não possuem mesa. Para nós, proprietários da mesa, ela agora se tornou um não valor de uso, mas para os não-proprietários de mesas, ela continua sendo um valor de uso, uma coisa que tem para eles uma utilidade direta. Para que

(11)

a mesa possa realizar seu valor de uso, possa ser consumida, ela tem portanto que mudar de dono. Precisa ser transferida como propriedade para alguma pessoa que encontre nela utilidade direta. Essa transferência de propriedade é efetuada pela troca. Vamos ao mercado e quando lá chegamos, descobrimos que nossa mesa, apesar de não ter para nós utilidade direta tem uma utilidade indireta, a utilidade de poder ser trocada por outros produtos que tenham para nós utilidade direta, que sejam para nós valores de uso. Ao ser confrontada no mercado com outros produtos, outros valores de uso, nossa mesa se transforma em mercadoria.

(12)

CATEGORIAS DE “O CAPITAL” – II

V

MERCADORIA

“A mercadoria antes de mais nada é um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estomago ou da fantasia.” (Ibidem, p. 41)

Enquanto nossa mesa era para nós um valor de uso, enquanto usamos consumindo suas qualidades úteis, nós não produzíamos mercadorias. Um valor de uso, para se transformar em mercadoria precisa se realizar como tal, ou seja, precisa ser consumida, como mercadoria, pelo processo de troca. Uma mesa que está encostada num canto, sem ser usada, é apenas valor de uso possível. Só se transforma em valor de uso efetivo, quando suas qualidades úteis são consumidas e o consumo das qualidades úteis de um valor de uso só ocorre com sua utilização. Da mesma forma, uma mesa que foi feita para ser trocada ou vendida, não se realiza como mercadoria enquanto a troca ou venda não se realizar efetivamente. Nossa segunda mesa não tem para nós nenhuma utilidade direta, é para nós um não valor de uso, possui para nós unicamente a utilidade indireta de ser “veículo material de valor de troca”, de poder ser trocada por outros produtos que sejam para nós valores de uso mas enquanto não a confrontamos com outras mercadorias para a troca, ela é apenas mercadoria possível, potencial, só se transformando em mercadoria efetiva quando trocada ou vendida. Uma mercadoria é portanto, em primeiro lugar uma coisa útil, um valor de uso, mas não apenas isso, é um valor de uso que foi feito para ser trocado antes de ser usado. Pouco importa ao vendedor de mercadorias o que os compradores fazem com as mercadorias que compram. Se o comprador de nossa mesa resolve atirá-lo do Viaduto do Chá para pôr à prova a lei da gravidade, ou usá-la como lenha, tudo bem. Pode parecer uma forma um pouco exótica de usar uma mesa mas ele não estará fazendo outra coisa que não consumir qualidades úteis da mercadoria que comprou, nominalmente, as qualidades de peso e combustividade. O que importa ao produtor/ vendedor de mercadorias é que a mercadoria que possui seja vendida. Segundo Marx, “Os valores

(13)

de uso constituem o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a forma social dela” (Ibidem, p. 42) mas “A riqueza das sociedades onde rege a produção capitalista configura-se em “imensa acumulação de mercadorias” ... (Ibidem, p. 41)

Isto significa que o objetivo da produção capitalista não é a produção de valores de uso, mas sim a produção de mercadorias. Apesar de serem vulgarmente conhecidas como sociedades de consumo, às sociedades capitalistas importa fundamentalmente a troca de mercadorias e não a produção de objetos úteis para o consumo e satisfação de necessidades humanas.

Nessa segunda mesa, ao se transformar em não valor de uso, se transformou ao mesmo tempo e por isso, em mercadoria possível e ao vendê-la ou trocá-la realizamos, consumidos a utilidade indireta que ela possuía; a utilidade de poder ser trocada por outras mercadorias.

Não é preciso ser comerciante para saber que as mercadorias possuem um valor determinado. Quando queremos vender ou comprar um produto qualquer, nos informamos do valor da mercadoria com vários comerciantes e apesar de constatar uma certa variação nos preços, podemos estabelecer o valor de mercador do produto em questão. Passeando pelo mercado nossa mesa nas costas, entramos em contato com as primeiras manifestações do valor de troca de nosso produto. Nossa fantástica mesinha pode ser trocada por 20 dúzias de laranjas, 20 feijoadas, 1 pneu de fusca, 2 bíblias, 100 manuais de escoteiro ou Cr$ 10.000,00

(14)

CATEGORIAS DE “O CAPITAL” - II

VI

VALOR DE TROCA

“O valor de troca revela-se de início na relação quantitativa entre valores de uso de espécies diferentes na proporção em que se trocam” (Ibidem, p. 43)

Vejamos mais de perto esta situação que encontramos no mercado: temos uma mesa que serve para comer, descansar os pés etc., feita de madeira, e esta mesa pode ser trocada por duas Bíblias que servem para mitigar nossas ansiedades, elevar nosso espírito, auxiliar as mocinhas a aprender a andar elegantemente etc., feitas de papel. Se podemos trocar uma mesa por duas Bíblias, é porque existe uma identidade, uma igualdade entre estes dois valores de uso tão diferentes. O ato da troca pressupõe que as coisas que se trocam sejam equivalentes, mas com utilidade diversa. É comum trocarmos uma nota de Cr$ 500,00 por cinco notas de Cr$ 100,00 ou por dez notas de Cr$ 50,00, principalmente quando vamos tomar um ônibus às seis horas da tarde. Mas a ninguém ocorre trocar uma nota de Cr$ 500,00 por outra de Cr$ 500,00. Assim o fato de podermos trocar uma mesa por duas Bíblias significa que apesar de terem utilidades diferentes, estas duas mercadorias nesta proporção de 1 para 2, são iguais.

1 mesa = 2 Bíblias

E o que pode haver de comum entre coisas tão diferentes como uma mesa e duas Bíblias, para que se possa estabelecer esta relação de igualdade? Nada há de comum nas qualidades destas duas mercadorias; elas têm utilidades muito diferentes uma da outra. Também não há nada de comum em suas formas ou no material de que são feitas. O elemento comum às mercadorias não pode ser encontrado portanto de considerarmos apenas o aspecto material dos valores de uso. Materialmente, os valores de uso só podem se confrontar como mercadorias exatamente por sua diversidade. Temos portanto que desconsiderar a materialidade dos valores de uso para buscar esse elemento comum que lhes permite o confronto como mercadorias, o elemento comum que lhes confere valor de troca.

(15)

“Se prescindimos do valor de uso da mercadoria só lhe resta uma propriedade, a se der produto do trabalho” (Ibidem, p. 44)

Já vimos que para construir uma mesa foram necessários vários elementos e que um deles foi o trabalho. Não importa se esse trabalho foi feito por nós ou por outro marceneiro qualquer. Para que um pinheiro seja transformando em uma mesa é necessário que alguém gaste durante determinado tempo a energia de seu cérebro e músculos trabalhando. Sabemos também que Bíblias não brotam de árvores e mesmo que assim fosse, para que as encontrássemos no mercado alguém teria que colhê-las e isto significaria igualmente dispêndio de energia de cérebro e músculos, numa palavra, trabalho. É claro que o trabalho de fazer uma mesa é diferente do trabalho de fazer duas Bíblias no aspecto qualitativo, ou seja, no tipo de trabalho útil requerido para a produção de cada um destes valores de uso. Mas ambos os trabalhos têm uma coisa em comum; ambos significam dispêndio de energia, consumo de força de trabalho, ambos encarnam uma certa quantidade de “trabalho humano abstrato”. E assim, quando se confrontam como mercadorias, no ato da troca, “(...) esses produtos passam a representar apenas a força de trabalho gasta na sua produção, o trabalho humano que neles se armazenou. Como configuração dessa substância social que lhes é comum, são valores, valores-mercadorias”. (Ibidem, p. 45)

Até aqui descobrimos, portanto, que ao consumir nossa força de trabalho, criamos um produto, um produto útil, a mesa, que ao ser confrontada com outros valores de uso se transformou em valor-mercadoria. E descobrimos ainda que esta confrontação só é possível porque os valores-mercadoria, todos eles, encarnam uma certa quantidade de “substância criadora e valor”, ou seja, “trabalho humano abstrato”.

Não basta, no entanto, saber o que cria o valor das mercadorias. Precisamos então quantificar, medir o “trabalho humano abstrato”.

Não nos basta, no entanto, saber o que cria o valor das mercadorias. Precisamos quantificar este valor para que possamos confrontar as mercadorias nas proporções adequadas. Precisamos então quantificar, medir o “trabalho humano abstrato”.

“O que determina a grande do valor...é a quantidade de trabalho socialmente necessário para a produção de um valor de uso” (Ibidem, p. 46)

(16)

Suponhamos que para fazer nossa mesa tenhamos gasto 5 horas de trabalho. Esta quantidade, 5 horas, é portanto a quantidade de trabalho necessário para fabricação de uma mesa. Outros marceneiros mais ou menos hábeis podem levar 4 ou 6 horas para fabricar uma mesa com as mesmas características, qualidades, que a nossa; no entanto, pode-se dizer que o tempo médio necessário à fabricação de uma mesa dado o grau de destreza médio dos marceneiros seja de 5 horas.

“A grandeza do valor de uma mercadoria permaneceria portanto, invariável, se fosse constante o tempo requerido para sua produção”. (Ibidem).

No entanto, depois de fazer algumas mesas, depois de nos familiarizarmos com as operações necessárias à fabricação desse produto, nossa destreza aumenta, assim como a dos outros marceneiros, diminuindo portanto, o tempo necessário para a fabricação do produto. Se antes levávamos 5 horas em média para fazer uma mesa, agora levamos apenas 4. Nossa produtividade portanto aumentou.

A produtividade do trabalho está em constante desenvolvimento. Cada mova ferramenta que se inventa diminui ainda mais o tempo de trabalho necessário à fabricação das mercadorias, diminuindo portanto, a quantidade de “substância criadora de valor” contida no produto e portanto, seu valor.

“A produtividade do trabalho é determinada pelas mais diversas circunstâncias, entre elas, a destreza média dos trabalhadores, o grau de desenvolvimento da ciência e sua aplicação tecnológica, a organização social do processo de produção, volume e a eficácia dos meios de produção, e as condições naturais” (Ibidem, p. 46-7)

Temos portanto, que a cada aumento da produtividade do trabalho corresponde uma diminuição do valor das mercadorias produzidas.

“Generalizando: quanto maior a produtividade do trabalho, tanto menor o tempo de trabalho requerido para produzir mercadorias e quanto menor a quantidade de trabalho que nela se cristaliza, tanto menor seu valor. Inversamente, quanto menor a produtividade do trabalho, tanto maior o tempo de trabalho necessário para produzir um artigo e tanto maior o seu valor. A grandeza do valor de uma mercadoria varia na razão direta da quantidade e na inversa da produtividade, do trabalho que nela se aplica. (Ibidem, p. 47)

(17)

CATEGORIAS DE “O CAPITAL” - II

VII

INDICAÇÕES DE LEITURA

1. Marx, K.: O Capita, Livro I, Cap. V 2. Marx, K.: O Capital, Livro I, Cap. I

3. Engels, F.: Artigos sobre o Livro I de “O Capital” 4. Engels, F.: “O Capital”, de K. Marx

Referências

Documentos relacionados

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas

[r]

Ainda me lembro de como era a atmosfera no salão quando todos receberam a mensagem de Gurumayi: a quietude no ar; o sorriso no rosto das pessoas quando sentiram Gurumayi falando

Este estudo teve o objetivo de determinar os teores de macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) em plantas enxertadas pelos métodos contato bisel, garfagem por fenda cheia e

Não pela cronologia de meus anos, mas pelo que vivi e pelo que partilhei em minha vida com pessoas como Orlando Fals-Borda, Paulo Freire e tantas e tantos outros,

Que o Espírito Santo possa nos convencer de todas as nossas falhas e nos dar forças para perdoar seja quem for, pelo que for e quantas vezes for necessário, para que o nome de

O Framework CoP ´e constitu´ıdo por v´arios componentes que oferecem funcionalidades de cadastro, autenticac¸˜ao, criac¸˜ao e gest˜ao de conte´udo, voltados para o contexto

Utilizaram-se os métodos empíricos de difratometria de raios X e espectroscopia de infravermelho para as determinações dos índices de cristalinidade: o obtido por espectroscopia