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- Circular de Junho O JEJUM TERAPÊUTICO

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Circular de Junho 2002

-O JEJUM TERAPÊUTIC-O

Definição

A palavra jejum deriva do latim jejunu, que significa abstinência ou privação voluntária de alimentos

Preâmbulo

Quando o organismo se encontra privado de alimentação durante muito tempo, pode atingir o estado de inanição, em que fica debilitado, repercutindo-se imunologicamente com diminuição da resistência às infecções. Não é objecto da nossa exposição enveredarmos pelos efeitos da fome, i.e., carências alimentares forçadas, com os consequentes estados de malnutrição.

Não nos referimos ao jejum levado à letra, como Jesus fez durante quarenta dias no deserto, nem abordamos o jejum religioso que tem como paradigma Gandhi, nem o vulgarmente constituído por pão e água. Tratamos do jejum relativo, em que nos abstemos da ingestão de sólidos mas não de líquidos, i.e., consumimos água, sumos de frutos e legumes, e caldos na fase de passagem para a dieta habitual.

No jejum a pão e água, deve comer-se pão quando se tem fome, mastigando lentamente até se sentir um sabor doce: a saliva contém ptialina (que é uma a-amilase) que hidroliza o amido em maltose

(contém duas glicoses) que é doce; e deve beber-se água quandose sede! O nosso tipo de pão, quando comido com água, pode ferment estômago e provocar além de meteorismo (gases) cefaleias (dore cabeça)...

Sumos de frutos

Não desenvolveremos os chamados jejuns temporário preparatórios de certos exames médicos, como endoscopias, ou exame comple- mentares de diagnóstico ao aparelho digestivo, como raios-gastro-duodenais ou clisteres opacos, em que se deve ter o intestino mais limpo possível; a preparação de jejum para fazer análises clínica (em especial à glicémia e perfil lipídico), em que se interdita a ingestã de certos alimentos, como para a colheita de sangue e urina, ou exam às fezes; o jejum antecedendo cirurgias planeadas

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A ingestão de água, o consumo de verduras e fazer várias refeições por dia, além de mastigar devagar e ensalivar bem, sacia depressa, mantém a insulinémia em níveis baixos, reduz o apetite e previne a obesidade. As variações da glicémia, com uma baixa pré-prandial, a que as células laterais hipotalâmicas (centro da fome) são sensíveis, levam o indivíduo a alimentar-se novamente. O que parece regular o mecanismo da fome, não são tanto os níveis da glicémia, mas sim a sua utilização metabólica, que seria talvez medida indirectamente pela velocidade de restabelecimento do nível de produção de energia celular (já que o metabolismo energético celular é dependente da glucose).

Sabemos que para uma boa digestão é necessária uma boa irrigação do tubo digestivo, sendo o estômago um órgão importante neste processo e a mucosa gástrica tolerar mal a anaerobiose, o ambiente em que se toma a refeição deve ser calmo e preferencialmente com música suave, sem correrias, devendo ser uma pausa, um momento de repouso no trabalho quotidiano. O sangue não deve ser requisitado para outras funções, só assim se poderá realizar uma boa digestão, além de restaurar as energias dispendidas.

Como já referimos no artigo anterior, complemen-tamos os conselhos dietéticos com as pausas ou curas de desintoxicação; devem fazer-se mensal- mente, por ex., um fim de semana a sumos de frutos naturais, de preferência da região e portanto da época; o equivalente ao conselho que muitas religiões preconizam (dir-se-ia do foro da saúde pública) em fazer jejuns e alimentar-se a pão e água alguns dias, de vez em quando.

É evidente que este procedimento deve ser feito como um “retiro” tranquilo, e como provoca debilidade, não se deve trabalhar durante este período (fazer o exercício físico estritamente necessário...).

tão stress”, devidas a alterações da microcirculação gástrica (vasoconstrição dos vasos sub-mucosos) por hipertonia a-adrenérgica1.

O sistema nervoso simpático actua através do nervo grande esplâncnico (com acção oposta ao vago) diminuindo também a produção da bílis (alcalina ...). 1. Ver trabalhos de Thompson DG et coll. Gastroenterlogy 83.1200, 1982.

Jejum

O jejum é um fenómeno complexo em que o organismo começa por consumir as suas próprias reservas, se não houver ingestão de alimentos (sólidos ou líquidos). Para não sofrermos os seus efeitos nefastos deve ser acompanhado da ingestão de água, actuando esta como um meio de limpeza (um solvente), em que as toxinas depositadas na matriz do tecido intersticial se libertam, indo pelo sangue e pela linfa, sendo eliminadas através dos emunctórios orgânicos (principalmente pelo fígado).

Dependendo do tipo de jejum (mais ou menos rigoroso) que se quer fazer, podemos, em vez de água, utilizar sumos de frutos ou a chamada “cura de sumos”, pois além de água, contêm nutrientes que asseguram um razoável metabolismo, permitindo assim suportar mais facilmente o tratamento do jejum. É perfei- tamente indicado adicionar aos sumos, ou à água ingerida, fitoterapia e homeopatia, que facilitam os processos de desintoxicação como o Botadyn e o R7.

Claro que durante estes tratamentos a pessoa deve repou sar, além de aproveitar a pausa para relaxar o corpo e o espírito, poupa energia, pois, esta diminui com o tipo de alimentação hídrica (hipocalórica) que está a fazer, sendo necessária para as funções orgânicas de desintoxicação, uma vez que todos os mecanismos de funcionamento (o metabolismo) consomem energia. Em repouso, a energia é utilizada no metabolismo de eliminação, talvez por isso os obesos referirem com frequência, maior perda de peso em repouso do que em actividade2.

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O jejum do Mestre

Além da vertente orgânica propriamente dita, temos o componente psíquico que necessita de repouso, uma

Esta energia provém das reservas acumuladas de açúcar sob a forma de glicogénio e das lipídicas sob a forma de triglicéridos, formando-se durante o jejum prolongado os corpos cetónicos (ácido acetoacético, ácido-hidroxibutírico e acetona), provenientes da metabolização das gorduras e que dão o característico odor ao ar expirado (hálito cetónico).

Para compreendermos a importância dos pequenos passos (processos metabólicos) na harmonia do funcionamento geral do organismo, no que se refere à nutrição, ou seja, alimentação, digestão e assimilação, além da “não-alimentação”, i.e., ao jejum, vamos abordar nesta exposição alguns aspectos do metabolismo orgânico. Por isso, fazemos uma breve resenha sobre o fundamental de todo o funcionamento, não só do orga nismo, como do universo – A ENERGIA! Por conseguinte, eis a explicação sobre os principais modos orgânicos (físicos) de obtenção de energia para todo o funcionamento celular, que podemos dividir em duas vertentes:

1. A situação da obtenção normal de energia, i.e., naquela em que há aporte normal de nutrientes, nome-adamente hidratos de carbono complexos, ou já sob a forma de açúcares simples.

2. A obtenção em situações de déficit alimentar,

Durante a GLICÓLISE ANAERÓBIA, a maior parte do ácido pirúvico é convertida em ácido láctico e logo que volta a haver oxigénio se reconverte em ácido pirúvico, para produzir energia (25%) e obter glicose (75%); a maior parte desta reconversão ocorre no fígado (vejamos mais uma vez o importante papel do fígado, que deve ser

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ou por alimentação desequilibrada, ou por jejum (quer opcional/desintoxicação, quer por fome/carências sociais), em que o organismo recorre a outras fontes de energia além dos hidratos de carbono, como as gorduras e até as proteínas, ou mesmo ter que se “consumir a si próprio”. Observou-se na divulgação de crianças do Biafra, desnutridas e com uma grande barriga, mas de água (ascite) devido à falta de proteínas que reteriam normalmente a água no plasma sanguíneo, ou seja, recorrer às suas reservas quando a inanição dura mais que três semanas, pois, a quantidade de gorduras armazenadas começa a esgotar-se.

A cetose, ou surge durante a inanição, ou quando a dieta é quase exclusiva em gorduras, havendo falta de disponibilidade de hidratos de carbono... na diabetes mellitus é devida à falta de insulina para promover o transporte de glicose para o interior das células. A acetona formada durante a cetose é volátil sendo elimi nada pelos pulmões, como atrás se disse.

Quando não existem hidratos de carbono (ou não são utilizados) para a produção de energia, quase toda a energia do organismo provém da metabolização das gorduras, que removidas do tecido adiposo, se tornam disponíveis para as células periféricas na produção de energia e para as células hepáticas onde grande parte dos ácidos gordos é convertida em corpos cetónicos. Quando o organismo recebe mais hidratos de carbono, do que os que pode utilizar para produção de energia, ou depositar sob a forma de glicogénio, o excesso é convertido (a maior parte no fígado) em triglicéridos sendo transportados pelas VLDL, proteínas de muito baixa densidade ao tecido adiposo, onde são armazenados (também aqui podem ser produzidos em pequenas quantidades).

Quanto ao glicogénio, pode ser armazenado principalmente nas células hepáticas mas também nas musculares (nas outras, só em pequena quantidade). As moléculas de glicogénio podem ser polimerizadas, precipitando nas células como grânulos sólidos; é esta

preservado e desintoxicado de vez em quando, utilizando o

R7).

É através de um destes passos que o organismo pode utilizar energia quando há falta de hidratos de carbono (na inanição, na diabetes mellitus), ou as suas reservas (de glicogénio) descem abaixo do normal. Através da GLICONEOGÉNESE pode observar-se a formação de glicose a partir do glicerol de triglicéridos armazenados e dos aminoácidos (cerca de 60% dos aminoácidos das proteínas corporais, podem ser convertidos em hidratos de carbono, i.e., em glicose) e cada um por um processo químico ligeiramente diferente; por exemplo a alanina pode ser convertida directamente em ácido pirúvico, por desaminação; conversões semelhantes podem transformar o glicerol em glicose ou em glicogénio.

Faça exercício físico suave, por ex. um passeio a pé, pois a imobilização é doentia, sendo a principal causa de descalcificação óssea (a função faz o órgão...).

Não devemos passar directamente do regime líquido para o sólido, mas sim, gradualmente consumindo alimentos de fácil digestão, retomando suavemente os hábitos alimentares. Podemos cozinhar um caldo de legumes, até porque convém comer alimentos que alcalinizem a matriz, pois, devemos facilitar a sua desintoxicação promovendo a sua despolime- rização e a formação de “quelatos”, as chamadas homoto- xonas. Estas substâncias não tóxicas (dentro dos valores normais), como por exemplo a formação de ureia, um produto facilmente eliminável (2 moléculas de amónia + 1 molécula de ácido carbónico) originado do amoníaco, quando da desani- mação dos aminoácidos no fígado; esta transição permite além da já referida liquefacção, um bom equilíbrio osmótico.

2. Camilleri M et coll. (Gastric and anatomic responses to stress in fun ctional dyspepsia) Dig Dis Sci 31:1169, 1986.

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conversão de monossacáridos num composto precipita- do de alto peso molecular, que torna possível o arma zenamento de grandes quantidades de hidratos de carbono (é como o compactar informação no computador, o que se chama “zipar”, para enviar por e-mail...), sem modificar significativamente a pressão osmótica dos líquidos intracelulares.

Quando é necessária energia, o organismo recorre à GLICOGENÓLISE, que consiste na degradação do glicogénio armazenado na célula, para formar novamente glicose a partir do processo de fosforilação oxidativa, activado ou pelo glucagon, secretado pelas células do pela epinifrina, libertada pela medula suprarenal quando o sistema nervoso simpático é estimulado, como por exemplo nas situações de acção (stess), ou em que o organismo se prepara para tal.

Não vamos falar da via alternativa de produção de glicose, pela libertação anaeróbia, i.e., quando há pouca quantidade de oxigénio disponível, o que sucede em situações de grande consumo, como no exercício físico intenso; esta situação é-nos familiar, nos desportistas que têm cãibras por acumulação de ácido láctico nos músculos das pernas, devido ao elevado metabolismo que provoca anaerobiose (falta de oxigénio), sendo eficaz na reconversão do ácido láctico.

O jejum já preconizado no número anterior na cura de desintoxicação, pode ser realizado por todas as pessoas, excepto diabéticos (pois a terapêutica tem que ser ajustada). É evidente que deve consultar sempre o seu médico, e no caso de querer fazer um jejum mais elaborado, deve procurar quem esteja familiarizado com nutrição.

Sintomas do jejum

Os primeiros dias de jejum podem ser acompanhados de uma sensação de estômago vazio e de fome, que desaparecem gradualmente, além de debilidade e astenia. Pode surgir a chamada “crise de desintoxicação”, devido à libertação de toxinas depositadas na matriz orgânica, manifestando-se por dores (nomeadamente cefaleias), inclusivamente sintomas e sinais de antigas doenças “mal curadas”, podendo minimizar-se este quadro com a utilização da Homeopatia e da Fitoterapia.

Terapêutica

O R7 é a pedra angular da desintoxicação homeopática. Na dispepsia podemos utilizar o R5 e sintomaticamente na azia o R90. Nos estados debilitados, com astenia, podemos melhorar as capacidades com o R95 e se houver debilidade do sistema nervoso, o VC15 forte e o R14 se houver ansiedade e/ou perturbações do sono. Como fitoterapia, temos o Botadyn.

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Referências

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