É prematuro falar já na conclusão
da requalificação do Sambizanga,
Cazenga e Rangel
Expansão
09 de Novembro de 2012
A proposta básica do plano director de requalificação do Cazenga, Sambizanga e Rangel foi apresentada, recentemente, durante a feira do sector de construção, obras públicas e urbanismo Projekta Constrói Angola. O que traz de concreto este plano director?
O plano director traz as linhas mestras que permitirão à administração fazer a gestão do crescimento e desenvolvimento urbano destes três espaços da cidade de Luanda, nomeadamente o município do Cazenga, os distritos do Sambizanga e do Rangel. É um conjunto de peças regulamentares que visam, sobretudo, garantir que a administração do Estado ou do executivo local possa exercer a gestão do território de forma controlada, planeada e
estruturada, permitindo que o seu desenvolvimento e crescimento sejam equilibrados de acordo com a
programação feita, do ponto de vista geral, para a província de Luanda e para o País, naquilo que é a perspectiva do Executivo para os Próximos 25 anos.
Em que é que vai potenciar este programa, sabendo que Luanda nos
últimos dias tem assistido a uma crescente evolução de estruturas urbanas?
Ele [plano director] vai permitir que, a partir do momento em que comece a vigorar como lei, todas as acções de desenvolvimento e crescimento urbano destes territórios possam, por este
instrumento, ser reguladas e controladas. Por outro lado, garante que os planos de urbanização possam ser elaborados e, por sua vez, permite que sejam feitos os
contratos da empreitada para a construção das infra-estruturas, das habitações
sociais, e até mesmo as empreitadas do sector da promoção imobiliária. Portanto, penso que esta é uma das mais relevantes valias que o plano director traz, na medida em que, sem ele, não conseguimos uma linha de orientação que permita que os planos de urbanização sejam elaborados
de uma forma integrada, adequando às condições que o território obriga. O plano director é sempre uma peça importante, é uma linha mestra que garante que todos os projectos possam ter uma linha de orientação e que por sua vez, garantirá o bem-estar e o conforto à funcionalidade dos territórios e dos espaços que venham a ser planeados.
Pode avançar qual o ponto de situação da construção das infra-estruturas
enquadradas no plano de requalificação do município do Cazenga?
Podemos dizer que a primeira fase, que arrancou em Março de 2011, tem já, em termos de infra-estruturas, um avanço na ordem dos 45%. Refiro-me às infra-estruturas de esgotos, drenagens de águas pluviais, telecomunicações, rede eléctrica, abastecimento de água, rede viária e ao conjunto de infra-estruturas que vão equipar os espaços urbanos para que ele possa atender às necessidades
básicas da população e possa receber os equipamentos sociais, que são um
complemento às principais necessidades da população, como, por exemplo, as escolas, os hospitais, centro de saúde, as esquadras de polícia e outros meios. Ainda no Cazenga, temos a construção dos primeiros oito edifícios de quatro pisos, que estão já em fase de
acabamento. No Sambizanga, podemos dizer que, em termos de infra-estruturas, estamos com um avanço
na ordem dos 90%, tendo as mesmas infra-estruturas: drenagem pluvial, esgoto, abastecimento de água Potável, rede eléctrica, telecomunicações rede viária, com passeios e lancis.
Esta percentagem a que se refere tem que ver com uma parcela do Sambizanga, ou está já a generalizar?
É no geral, apenas a área destinada à primeira fase, que é conhecida como espaço da Marconi, possuindo cerca de 20 hectares, onde estamos a prever construir cerca de 2 mil fogos. O Sambizanga tem aproximadamente 18 Quilómetros
quadrados, mas estamos a falar de uma área ainda muito reduzida. Foi
selecionada para a primeira fase e temos já um avanço de 90% do trabalho das infra-estruturas. Ainda não iniciámos a construção das habitações sociais. Contamos fazê-lo a partir de Janeiro ou Fevereiro do próximo ano. Para o
Cazenga, temos já cerca de 45% dessas infra-estruturas executadas, embora estejamos a viver algumas dificuldades no progresso das obras, porque no território ou nos espaços em que se estão a realizar as obras da construção de infra-estruturas ainda está implantado o centro emissor da Rádio Nacional de Angola, mas temos sabido contornar a situação.
De que maneira têm a situação controlada?
Enquanto não fizermos a remoção do centro emissor da Rádio Nacional de Angola, dificilmente se verificará progresso nas áreas onde estamos a realizar a
segunda fase de requalificação do Cazenga, Para tal, temos estado a
trabalhar com a Rádio Nacional de Angola, no sentido de se apresentar a proposta comercial, a ser submetida por
consideração superior, para que posteriormente se possa trabalhar na assinatura do contrato ou proceder à construção do novo centro emissor, em Cassuneca. Só depois da construção do novo centro emissor é que desactivaremos o actual, porque este é um emissor que transmite para todo o País, e não é
possível um simples acto de transposição. Paralelamente ao caso centro emissor, estamos a trabalhar numa área adjacente a este espaço, no sentido de realojarmos algumas famílias, para que consigamos
dar continuidade à obra e, assim, deixar-se caminho para o empreiteiro trabalhar sem interrupção. Em Agosto, o Presidente da República aprovou já a assinatura do contrato para a construção de 500 casas, no Zango, onde iremos fazer a
transferência destas famílias, e, caso esta acção esteja já concluída, teremos espaço livre para dar seguimento as obras no município do Cazenga.
Embora tenha já abordado a questão, gostava de interpelá-lo quanto aos tipos de serviços que estão a ser implementados no Cazenga, só para repisar o assunto... "O plano director é sempre uma peca importante. É uma linha mestra que
garante que todos os projectos possam ter uma linha de orientação e, por sua vez, garantir o bem-estar e o conforto à funcionalidade dos territórios e dos espaços que venham a ser planeados" São infra-estruturas praticamente completas para poder equipar o espaço urbano, para que as condições básicas das populações estejam garantidas: rede de drenagem, esgotos, água potável, rede eléctrica, telecomunicações, rede viária, pavimentação e asfaltagem das ruas, e a colocação de passeio e lancis. Depois, vamos falar de equipamentos sociais tais como escolas, centros de saúde, hospitais, esquadras de bombeiros e de polícias e SIAC (Serviço Integrado de Atendimento ao Cidadão).
Para quando está prevista a conclusão do processo de requalificação do Cazenga? Falar da conclusão do processo de reconversão urbana do Cazenga,
Sambizanga e Rangel, no geral, é ainda prematuro, e talvez nós não possamos dizê-lo, nem numa outra altura, com bastante precisão. Mas eu diria que é um processo que não nos vai levar menos de 10 a 15 anos para sua efetiva
reconversão. Esta área, que tem cerca de 54 quilómetros quadrados, albergando uma população de 3 milhões de
habitantes, reserva um trabalho que não é para pouco tempo. A partir desta
dimensão, certamente poder-se-á imaginar o período em que este território estará reconvertido.
Os cálculos mais aproximado que
poderemos ter virão certamente depois da elaboração ou de concluído o plano
director. Muitos factores nos limitam a precisar uma data de conclusão, porque às vezes podemos ter a noção do custo e a execução depender de outros factores pontuais: pode mudar o Governo, podem acontecer catástrofes naturais e aparecer muitas condicionantes, podendo haver dificuldades financeiras.
O cálculo financeiro pode estar feito, mas, em termos de realização e execução, as coisas podem não acontecer como estão programadas.
Há pouco apresentou o ponto de situação em relação ao curso das obras no distrito do Sambizanga e no município do
Cazenga, mas não cita nada sobre a situação do distrito do Rangel... Se formos a falar do curso das obras, ele é quase o mesmo, porque a área de intervenção que o Cazenga tem hoje é quase o dobro ou o triplo da área do Sambizanga. Para o
Cazenga, estamos a falar em cerca de 54 hectares, ao passo que, para o
Sambizanga, apenas 20 hectares. É quase o dobro do território, daí que um está a 90% e o outro a 40%. Se eu
dissesse que o Sambizanga está a 100%, o Cazenga estaria a 50%, em termos de curso das obras, pela dimensão que os dois espaços têm. Isto seria o normal. No Rangel, como é do conhecimento geral, a primeira pedra foi lançada em Novembro ou Outubro de 2010. Nesta altura, o próprio Gabinete de Reconversão Urbana ainda não tinha sido criado. Apenas em 29 de Novembro de 2010 é que foi criado este organismo, e, nessa altura, a previsão era só o Sambizanga e o Cazenga.
Quando é que entra o distrito do Rangel neste plano de reconversão?
Quando o gabinete foi criado, tendo-se constatado que não havia um plano director para o território, propôs-se a criação de um plano que permitiu
constatar a necessidade de integração do Rangel, porque, como se pode ver, o Rangel é um distrito que está praticamente enclausurado entre o distrito do
Sambizanga e o município do Cazenga. Quais os anseios e os resultados que esperam alcançar, quando o processo em causa estiver terminado?
O que pretendemos ver alcançado são as aspirações da comunidade; que as
construções das infra-estruturas respondam às necessidades dos cidadãos; garantam o crescimento
económico do território e o rendimento per capita dessa população, conseguindo, também, promover oportunidades de emprego e garantir a satisfação mútua dos interesses dos munícipes.
Uma das consequências do processo de reconversão destes bairros será o
deslocamento de moradores de um lugar para o outro. Tem ideia de quantos cidadãos deverão passar por este processo de realojamento? Em princípio, a grande maioria da população que habita neste território vai passar por um processo de realojamento. Pretendemos que o realojamento dos
cidadãos nestas zonas seja um realojamento in situ~
Quem deverão ser os inquilinos dos
bairros requalificados, sendo que a maioria dos moradores está a ser realojadas
noutras zonas habitacionais?
Todos os esforços estão a ser feitos para que, se no momento não tivermos as habitações sociais que estamos a construir no Sambizanga e rangel, somos obrigados a colocar provisoriamente noutro território, como é o caso do zango, para garantir que sejam abertas frentes de trabalho.
Mas estas populações terão a
oportunidade de retorno às suas áreas de origens tão logo estejam criadas as
condições de regresso.
Em quanto está orçamentada a execução dos processos de requalificação do
Sambizanga, Rangel e Cazenga? Este orçamento só poderá ser feito ou
apresentado depois de passarmos a uma fase posterior. Concluído o plano director das infra-estruturas, juntando as duas peças, é possível fazer um orçamento estimativo daquilo que poderão ser os investimentos do Estado, em infra-estruturas e equipamentos sociais, sobretudo, para garantir a funcionalidade dos espaços que venham a ser
reconvertidos. Antes disso não é possível fazê-lo.
O processo de requalificação do Cazenga e Sambízanga esteve em destaque no fórum urbano mundial, decorrido,
recentemente, na Itália. Que significado este reconhecimento poderá ter junto das autoridades angolanas?
É um acto que vem, de alguma forma, dizer que estamos num caminho certo, incentivando-nos nesta senda e estimular o nosso trabalho, que, desta forma, se apresenta cada vez mais gratificante, porque qualquer Funcionário, por mais básico que seja, quando vê o seu trabalho valorizado e reconhecido, certamente que mais incentivado se sente para continuar. Haverá, em carteira, outros programas de requalificação de bairros de Luanda, ou ficar-se-á apenas com os projectos em curso?
Acredito que sim, acredito que outros bairros da província de Quem deverão ser
os inquilinos de Luanda estarão a ser alvo do mesmo processo de reconversão e requalificação.
Sei que o bairro antigos moradores está a ser do Camana e o município de Viana têm Já um gabinete, que está vocacionado para promover algo parecido. Isto virá a estender-se para toda a Luanda, e por todo o território nacional. Não cabe a nós Gabinete [Gabinete de Reconversão Urbana] definir onde e quando. Apenas acreditamos que esta seja a visão do Executivo para o território da provincia de Luanda e para com o território nacional. NR