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A DOCÊNCIA COMO PROFISSÃO: UMA REFLEXÃO SOBRE PERCURSO FORMATIVO DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

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Academic year: 2021

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A DOCÊNCIA COMO PROFISSÃO: UMA REFLEXÃO SOBRE PERCURSO FORMATIVO DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

Ana Carla Ramalho Evangelista Lima – UEFS/NEPPU Mateus de Moura Oliveira – UEFS/NEPPU/FAPESB

RESUMO: Estudo proveniente de um plano de trabalho de iniciação científica, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), articulado a uma pesquisa referência intitulada “Inovação da prática pedagógica de professores do ensino universitário pela pesquisa-ação colaborativa”, desenvolvido em uma universidade pública do interior do estado da Bahia. Partindo do pressuposto de que os professores universitários assumem a condição de docentes sem uma formação específica para tal, esse estudo objetiva compreender como se constitui o percurso formativo pedagógico do professor universitário. Os sujeitos/colaboradores da pesquisa são professores de diversos cursos de uma universidade pública participantes de uma pesquisa ação colaborativa. A fim de obter dados mais profícuos através de técnica que privilegia o estabelecimento de uma comunicação otimizada entre pesquisador e sujeitos e entre os próprios sujeitos, optou-se pelo Grupo Focal, por permitir discutir experiências e perspectivas formativas do grupo de professores, tendo seus pares como referência, visto que pela especificidade de ser colaborativa, a pesquisa coloca os sujeitos na condição de pesquisadores de suas práticas. Os dados foram construídos a partir das transcrições dos áudios gravados nos grupos focais, realizados com os professores. Ao longo do trabalho, é apresentado uma revisão dos estudos sobre a formação do docente universitário, o processo identitário e seus saberes. Ensinar não é tarefa simples, pois requer, além do domínio do conhecimento específico, o conhecimento do contexto mais amplo que rodeia esse ato, requer um conhecimento da realidade dos sujeitos envolvidos, daí a importância de se abrir espaço para compreender por quais caminhos vão se inserindo e se desenvolvendo na profissão docente.

Palavras-chave: Docência universitária – Formação – Identidade profissional docente.

INTRODUÇÃO

Os docentes universitários, de um modo geral, são movidos por uma racionalidade instrumental alimentada pelas referências herdadas de seus antigos professores. Quando a sua formação inicial é no bacharelado, essa situação se torna mais complexa, assim o objetivo deste artigo é traçar o percurso formativo pedagógico do professor universitário bacharel no intuito de compreender quais os motivos que os fizeram escolher a carreira docente, como se percebem enquanto professor em sua atuação, e, quais inquietações os levaram a aderir a um grupo de pesquisa que investiga sua prática pedagógica.

O presente estudo trata-se do resultado parcial referente ao objetivo de compreender como se constitui o percurso formativo pedagógico do professor universitário. de um plano de trabalho de iniciação científica, financiado pela Fundação

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de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), inserido em um projeto maior, intitulado “Inovação da prática pedagógica de professores do ensino universitário pela pesquisa-ação colaborativa”, desenvolvido em uma universidade pública no interior da Bahia.

Esta é uma pesquisa de base qualitativa na perspectiva compreensiva que estrutura-se a partir da pesquisa ação colaborativa, assim definida “por incorporar a ação como sua dimensão constitutiva” (MIRANDA e RESENDE, 2006, p. 511). A pesquisa colaborativa faz com que os sujeitos estejam em pesquisa, desse modo foi constituído um grupo de professores que aderiram voluntariamente a pesquisa para prática do docente universitário e este é a fonte e o lugar privilegiado da pesquisa e, portanto, de produção de conhecimentos. Os dados foram coletados a partir das transcrições dos áudios gravados nas reuniões com o grupo focal, ocorridas com os professores sujeitos da pesquisa e com os demais pesquisadores envolvidos no projeto; ainda, foram utilizados registros elaborados por esses últimos, a partir da fala dos sujeitos.

CONTEXTUALIZAÇÃO

Em seus estudos sobre a iniciação à docência no ensino superior, Cunha (2010) sinaliza que os docentes iniciantes ao realizarem seus cursos de mestrado e doutorado aprendem a desenvolver a trajetória da pesquisa e aprofundam-se em um tema de estudo.

Dei aula também do 5º a 8º ano, aprendi com minha professora de ciências a trabalhar um pouco e na graduação eu fiz licenciatura, porque na época não tinha bacharelado, mas não era meu objetivo ser professora, apesar de tudo não era esse o objetivo, eu tinha uma visão completamente de “ah pra que eu quero ser professor, que valorização tem o professor, por que eu tenho que ser, eu não quero ser professor, eu quero ser pesquisadora”. Tanto é que eu segui e fiz mestrado e doutorado. (S1, grupo focal)

Quando iniciam a docência no ensino superior, descobrem que há a exigência de uma gama maior de saberes neste nível de ensino e que, por isso, precisarão dominar o conhecimento disciplinar nas suas relações horizontais, estabelecendo diálogos com outros campos que se articulam curricularmente. A autora ainda ressalta que esses professores

[...] precisarão ler o contexto de seus estudantes, muitos deles com lacunas na preparação científica desejada. Terão de construir sua pro ssionalidade, isto é, de nir estilos de docência em ação,

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revelando valores posições políticas e éticas. Atuarão de nindo padrões de conduta e construirão uma representação de autoridade que se quer dialógica e legitimada. (CUNHA, 2010, p.02)

Em sua complexidade, entende-se que a docência abarca dimensões políticas, pedagógicas e epistemológicas, mobilizando condições de múltiplas racionalidades e exigindo saberes e habilidades específicos que precisam ser apropriados, desenvolvidos, construídos e compreendidos em suas relações.

Não sei a quem recorrer quando existem determinados problemas na sala de aula, principalmente estruturais, para que seja dado suporte, como projetores defeituosos. Também, o professor necessita de mais tempo para melhor realizar suas atividades, inclusive com os alunos. Por exemplo, as atividades que pedimos, após corrigir, não temos condições de ofertar ao discentes um segundo momento para retificar seus trabalhos e eles realizarem uma segunda análise. (S2, grupo focal)

Trata-se de uma profissão marcada pela incerteza e ambiguidade, que tem por objeto de trabalho outro ser humano, cujo exercício requer uma formação específica, que, segundo Cunha (2009), ofereça aos professores a condição de saberem justificar as ações por eles desenvolvidas, recorrendo a uma base de conhecimentos fundamentados e a uma argumentação teoricamente sustentada.

Não basta saber fazer, como intuitivamente muitos professores universitários demonstram. [...] o exercício profissional da docência requer uma formação específica, que seja capaz de diferenciar a condição amadora que tende a manter os processos culturalmente instalados e cotidianamente reproduzidos. (CUNHA, 2009, p. 7).

Existe, entretanto, uma percepção tácita entre os estudiosos relativa ao despreparo pedagógico do professor universitário. Pimenta e Anastasiou (2010) afirmam que, na maioria das universidades, embora seus professores possuam experiência significativa e mesmo anos de estudos em suas áreas específicas, predominam o despreparo e até um desconhecimento científico do que seja o processo de ensino e aprendizagem, pelo qual passam a ser responsáveis a partir do instante em que ingressam na sala de aula.

Para se falar sobre o percurso formativo pedagógico do professor universitário, é importante compreender sobre seu perfil identitário, pois o caminho trilhado em diferentes áreas irá contribuir para a formação de sua identidade. Sobre isso Guimarães (2011, p. 21) afirma que ela não apenas diz respeito somente ao sujeito, mas ao seu “desenvolvimento profissional (que se refere a aspectos do estatuto profissional, em

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geral) e ao desenvolvimento institucional (ao investimento que a instituição, no caso universidade, faz para atingir seus objetivos educacionais)”. Ainda traz que sua identidade é fundamentada na atividade docente, e o ensino o principal campo em que opera.

Quando se inscreveu para o vestibular, física foi a segunda ou terceira opção e foi para física que passou e resolveu cursar. No terceiro semestre tinha um aviso no mural que chamava voluntários para atividades de astronomia. Foi, gostou e hoje gosta muito do que faz. Na universidade que trabalha, passou como visitante, gostou pelo fato de ter um observatório. Seis meses depois surgiu concurso e passou. Primeiro atuou na extensão, depois na pesquisa. (S3, registro do observador)

Isaias e Bolzan, ao tratar sobre aspectos inerentes à formação docente, afirmam que para entendê-la demanda se compreender a função, natureza, formação e conhecimento pedagógico compartilhado entre os pares. Aponta como trilhas que facilitam a percepção dos processos formativos analisar as suas como se relaciona no ambiente em que atua, sendo que “compartilhar e reconstruir experiências e conhecimentos é essencial; e também compreender a “importância de um consistente desenvolvimento profissional, considerando que ele pressupõe formação inicial e continuada” (ISAIAS; BOLZAN, 2007, p. 161-162)

Sobre a atuação docente, Souza (2007, p.21) expõe que, embora muito se queira formar alunos que não apenas reproduzam os conteúdos, mas domine o conhecimento adquirido, a prática de muitos professores ainda está arraigada às concepções do século XVI, através do uso de tarefas e atividades em sala de aula que não favorecem a autonomia do aluno, tampouco o desenvolvimento de seu senso crítico. Achando-se, inclusive, que a prática docente prescinde da apropriação de conhecimentos a ela intrínsecos. Para ele, é função do professor contribuir “para a formação profissional, moral, ética, política, científica e filosófica dos alunos [...]” (2007, p.22)

CONSIDERAÇÕES

No decorrer do estudo tem sido possível refletir que na profissão docente a aprendizagem da docência acontece em um movimento permanente, pois é construída por processos contínuos de formação e inicia-se antes mesmo da preparação formal para este ofício, perdurando ao longo de toda a itinerância, permeando a prática profissional do professor.

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A participação do grupo de professores, nesta pesquisa, tem possibilitado a compreensão de que a formação é como um fio condutor de mudanças na identidade profissional dos professores, proporcionando-lhes novos olhares, novos conhecimentos sobre a educação e ampliando a dimensão do saber experiencial. Desse modo, permitindo uma melhor interação entre os pares, promovendo ações internas de interação entre docentes, viabilizando o processo de desenvolvimento profissional, que inclui a construção identitária do professor. A formação revela-se como o caminho para para que os professores compreendam a docência universitária como profissão.

REFERÊNCIAS

CUNHA, M. I. O lugar da formação do professor universitário: o espaço da

pós-graduação em educação em questão. In: Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 9, n. 26, p. 81-90, jan./abr. 2009. disponível em:

http://www2.pucpr.br/reol/index.php/dialogo?dd99=pdf&dd1=2585

CUNHA, M. I. O campo da iniciação à docência universitária como desa o. Trabalho apresentado na 33a Reunião Anual da ANPED, 2010. Disponível em:

http://www.anped.org.br/33encontro/app/webroot/ les/ le/Trabalhos em PDF/G T04-6134--Int.pdf.

DENZIN, Norman K.; LINCOLN Yvonna S.. O planejamento da pesquisa

qualitativa: teorias e abordagens. NERTZ, Sandra Regina. – Porto Alegre : Artmed, 2006.

FACHIN, Odilia. Fundamentos de metodologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003 GUIMARÃES, Valter Soares. A docência universitária e a constituição da identidade profissional do professor. In: Docência no ensino superior: desafios da prática educativa. CRUZ, Antonio Roberto Seixas da; MARTINS, Édiva de Sousa; RIBEIRO, Marinalva Lopes (Org.). Salvador – Edufba, 2011

ISAIA, Silvia Maria de Aguiar; BOLZAN, Dóris Pires Vargas. Construção da profissão docente/professoralidade em debate: desafios para a educação superior. In: Reflexões e práticas em pedagogia universitária. CUNHA, M. I. (Org.). Campinas, SP: Papirus, 2007.

PIMENTA, S.; ANASTASIOU, L. Docência no Ensino Superior. São Paulo: Cortez, 2010.

SOUZA, Jorge Ferreira de Souza. Representações do ofício docente no século XXI. In: ABCEducatio. Ano 8, nº 63. Fev/07

MIRANDA, Marilia; RESENDE, Anita. Sobre a pesquisa-ação na educação e as armadilhas do praticismo. Revista brasileira de educação, v. 11, n.33, set./dez. 2006.

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