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EMPREGO DA SEMENTE DE MARACUJÁ E PALITO DE ERVA MATE NA ADSORÇÃO DO CORANTE CRIMSON SIDERCRON

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Academic year: 2021

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EMPREGO DA SEMENTE DE MARACUJÁ E PALITO DE ERVA–MATE NA

ADSORÇÃO DO CORANTE CRIMSON SIDERCRON

T.L. Santos1; M.T. Veit1; G.C. Gonçalves2;S.M. Palácio1

1-Departamento de Engenharia Química - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Rua da Faculdade, 645, Jardim La Salle - CEP: 85903-000 – Toledo-PR – Brasil - Telefone: (45) 3379-7094 – E-mail: thais_lobregatte@hotmail.com; marcia_veit@yahoo.com.br; soraya_palacio@yahoo.com.br

2- Campus Toledo - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Rua Cristo Rei, 19, Vila Becker – CEP: 85902-490 – Toledo- PR – Brasil - Telefone: (45) 3379-6800 – E-mail: cunha@utfpr.edu.br

RESUMO: A semente de maracujá (Passiflora edulis) e o palito de erva-mate (Ilex paraguariensis) foram estudados como adsorventes na remoção do corante reativo Crimson Sidercron (CS-HEXL). A dosagem de biomassa determinada foi de 18 g L-1 (semente de maracujá) e 6 g L-1 (palito de erva-mate). A maior remoção de corante ocorreu em pH 2,0 para ambos os adsorventes. O equilíbrio na cinética de adsorção foi atingida em 24 horas, sendo o modelo de pseudo-segunda ordem o que melhor ajustou os dados experimentais, obtendo qe de 3,49 mg g-1 (semente de maracujá) e 4,01 mg g-1 (palito de erva-mate). O modelo de Langmuir melhor representou os dados de equilíbrio para os adsorventes (qmáx de 5,88 mg g-1 para semente de maracujá e 6,73 mg g-1 para palito de erva-mate) na temperatura de 30 °C. A semente de maracujá e o palito de erva-mate demonstraram potencial capacidade de adsorção do corante CS-HEXL.

PALAVRAS-CHAVE: Semente de maracujá; palito de erva-mate; corante reativo; adsorção; cinética; isotermas.

ABSTRACT: The passion fruit seed (Passiflora edulis) and the yerba mate stick (Ilex paraguariensis) were investigated for the removal of reactive red CS-HEXL dye. The adsorbent dosage determinate was 18 g L-1 (passion fruit seed) and 6 g L-1 (yerba mate stick). The great dye removal occurred at pH 2.0 for both adsorbents. The equilibrium adsorption kinetics process was achieved in 24 hours. The pseudo-second order model was the best fit for the experimental data, obtaining qe 3.49 mg g-1 and 4.01 mg g-1 for the passion fruit seed and the yerba mate stick respectively. The experimental data for the adsorption isotherms best fitted to Langmuir isotherm model for adsorbents, obtaining qmáx 5.88 mg g-1 for the seed passion fruit and 6.73 mg g-1 for the yerba mate stick at 30 °C degrees. The passion fruit seed and the yerba mate stickdemonstrated potential capacity for adsorption of the CS-HEXL dye.

KEYWORDS: Passion fruit seed; yerba mate stick; reactive dye; adsorption; kinetics; isotherms.

1.

INTRODUÇÃO

A preocupação com a preservação dos recursos naturais hídricos vem sendo cada vez mais intensificada principalmente pelo fato da maioria dos processos industriais gerarem águas residuárias, o que faz necessário o

desenvolvimento de tecnologias alternativas de tratamento antes de serem descartadas em corpos hídricos ou serem reutilizadas. A indústria têxtil possui um grande consumo de água, sendo as etapas de tingimento e acabamento as principais fontes de poluição de efluentes têxteis (Braile e Cavalcanti, 1993). A utilização de corantes reativos pelas indústrias têxteis gera um grande

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volume de resíduo que pode provocar além da poluição visual dos corpos hídricos também danos aos ciclos biológicos pelo fato de interferir diretamente na quantidade de oxigênio dissolvido fazendo com que o processo de fotossíntese seja afetado (Kunz e Zamora, 2002).

O tratamento de efluentes pode ser realizado pelo processo de adsorção, no qual os contaminantes presentes na fase fluida se aderem na superfície dos adsorventes por interações químicas e físicas (Rahimdokht et al., 2016). As vantagens da utilização deste método são o baixo custo, a facilidade do processo, alta eficiência e a disponibilidade de adsorventes (Ebrahimi et al., 2013).

O emprego de adsorventes de resíduos agroindustriais e de origem natural tais como casca de soja (Honorio et al., 2012) e celulose (Schummacher, 2015) foram avaliados como materiais alternativos para a remoção do corante reativo CS-HEXL. No entanto, vários outros tipos de biomassa provenientes de fontes renováveis podem apresentar características adsortivas desse corante, podendo-se citar como materiais merecedores de estudos a semente de maracujá e o palito de erva-mate.

Segundo o IBGE (2012) o Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, com produção de 776 mil toneladas, destacando-se como maior produtor a região nordeste. Na região Sul do país a maior produção é do estado do Paraná, responsável por 10.893 toneladas de maracujá. Também é na região Sul do Brasil, que se concentra a maior produção de erva-mate (folha verde), responsável por 99,5% da produção nacional que foi de 513.256 toneladas no ano de 2012. Assim como para o maracujá o Estado do Paraná também foi o maior produtor de erva-mate (folha verde) da região Sul, contribuindo com 180.853 toneladas do produto.

As sementes de maracujá podem ser classificadas como um resíduo agroindustrial resultante do processamento do fruto e representam cerca de 6 a 12% do peso total do fruto. Em indústrias de produção de polpa para sucos as sementes são apenas um rejeito, as quais não possuem nenhum destino e são descartadas (Trajano, 2009).

Os palitos de erva-mate também são resíduos gerados nas etapas de sapeco, secagem e

cancheamento das folhas de erva-mate no processo de sua industrialização, correspondendo a aproximadamente 2% da produção em massa, sendo seu principal emprego como fonte de energia nas caldeiras e como adubo orgânico (Gonçalves, 2007).

Com base no exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar as sementes de maracujá e os palitos de erva-mate como material adsorvente alternativo na remoção do corante reativo CS-HELX, visto que ambos os materiais são resíduos provenientes de processamento industrial.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Preparo dos adsorventes

Os adsorventes utilizados foram as sementes do maracujá amarelo (Passiflora edulis) e o palito de erva-mate (Ilex paraguariensis).

O maracujá amarelo foi obtido em um mercado local na cidade de Toledo – PR. As sementes da fruta foram separadas e trituradas em um liquidificador doméstico, lavadas em água corrente, enxaguadas com água destilada e secas em temperatura ambiente (≈28 °C) por um período de 12 horas. Os ensaios de adsorção da semente de maracujá in natura não apresentaram capacidade de remoção do corante. Assim, as sementes de maracujá foram submetidas a um pré-tratamento, que consistia na lavagem das sementes com ácido clorídrico (HCl) 0,1 mol L-1 a uma razão sólido-líquido de 6 g L-1 durante 24 horas, sob agitação em agitador magnético a uma velocidade de 120 rpm em temperatura ambiente (≈26 °C). Em seguida as sementes de maracujá foram separadas da solução de HCl por meio de uma peneira de uso doméstico e realizadas três sucessivas lavagens com água destilada, com duração de 30 minutos cada, sob as mesmas condições de agitação e temperatura. As sementes foram novamente separadas, e secas em estufa a70 oC por 30 minutos.

O palito de erva-mate (Ilex paraguariensis) foi cedido por uma indústria localizada na região Oeste do Paraná. Para remoção das partículas finas de erva-mate, os palitos foram lavados em água corrente, enxaguados com água destilada, e secos em temperatura ambiente (≈28 °C). O palito de erva-mate com granulometria de 10 mesh (2 mm)

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sem nenhum pré-tratamento foi utilizado nos ensaios de adsorção.

2.2. Preparo da solução de corante

O corante reativo Crimson Sidercron -

HEXL com estrutura molecular

C52H27O26N14Na8S8Cl2, foi cedido pela empresa Siderquímica. As soluções de corante empregadas foram preparadas pela dissolução do corante em água destilada, sendo o pH ajustado quando necessário com solução de ácido clorídrico 0,1 mol L-1 e 1 mol L-1. A curva de calibração foi obtida a partir das concentrações de corante de 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80 e 90 mg L-1 no comprimento de onda de 513 nm em espectrofotômetro UV-VIS (UV-1601PC Shimadzu).

2.3. Dosagem de adsorvente

Os ensaios para os adsorventes semente de maracujá e palito de erva-mate foram realizados nas dosagens de 2, 6, 10, 14 e 18 g L-1 em pH da solução de corante de 4,2, volume de solução de corante de 50 mL e concentração inicial de corante de 100 mg L-1. O experimento de adsorção foi conduzido em duplicata utilizando uma incubadora com agitação orbital com velocidade de agitação de 120 rpm e temperatura de 27 °C durante 24 horas. Após esse período as amostras foram separadas utilizando uma peneira de uso doméstico e centrifugadas a uma rotação de 3000 rpm durante 3 minutos. A concentração de corante remanescente em solução foi determinada medindo a absorbância da amostra em espectrofotômetro UV-VIS em 513 nm, e a porcentagem de corante removida pelo adsorvente calculada utilizando a Equação 01.

ܴ݁݉݋çã݋ (%) = ቀ஼బି஼೑

஼బ ቁ ݔ100 (01)

Em que, Co é a concentração inicial de corante e Cf é a concentração final de corante em mg L-1.

2.4. Influência do pH

A influência do pH da solução de corante no processo de adsorção foi avaliada nos pH de 2, 3, 4 e pH natural de 6,4 para a melhor dosagem do adsorvente semente de maracujá e o palito de erva-mate previamente obtida. O experimento foi

realizado em duplicata, na temperatura de ≈22 °C por um período de 24 horas. Foram utilizadas as demais condições experimentais, bem como os mesmos procedimentos de separação e determinação da absorbância descritos anteriormente, sendo o corante removido calculado utilizando a Equação 02.

ݍ௘=(஼బି஼೐)௏ (02) Em que, qe é a quantidade de corante adsorvida no equilíbrio (mg g-1); Co e Ce são as concentrações inicial e de equilíbrio (mg L-1), respectivamente; m é a massa de adsorvente (g), e V é o volume de solução de corante (L).

2.5. Cinética e isoterma de adsorção

Os ensaios cinéticos para ambos os adsorventes foram realizados em duplicata nas dosagens de 18 g L-1 para a semente de maracujá e 6 g L-1 para o palito de erva-mate e no pH de 2, condições determinadas anteriormente. Os ensaios ocorreram nas condições experimentais descritas anteriormente, em uma temperatura de ≈27 °C, sendo realizada a retirada das amostras em diferentes tempos de contato adsorvente/adsorbato (30, 60, 120, 240, 480, 960, 1440 min). A quantidade de corante adsorvida por unidade de massa de adsorvente (qt, em mg g-1) em um determinado tempo foi calculada pela Equação 03:

ݍ௧=(஼బି஼೟) ௏ (03) Em que, Ct é a concentração de corante no tempo t (mg L-1).

Os dados de equilíbrio foram obtidos para a temperatura de 28 oC nas dosagens de 18 g L-1 para a semente de maracujá e 6 g L-1 para o palito de erva-mate e no pH de 2 e um tempo de contato de 1680 minutos. Os adsorventes foram colocados em contato com um volume de 50 mL de solução de corante em diferentes concentrações (25, 50, 100, 200 mg L-1) sob velocidade de agitação de 120 rpm. Atingido o equilíbrio, as amostras foram separadas e a quantidade de corante adsorvido por massa de adsorvente calculada utilizando a Equação (02).

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2.5. Modelos matemáticos

Os dados cinéticos e de equilíbrio (isoterma) de adsorção do corante pelos adsorventes foram ajustados aos modelos de pseudo-primeira e pseudo-segunda ordem e as isotermas de Langmuir e Freundlich, respectivamente (Tabela 1). Os parâmetros cinéticos (k1, k2, qe) e de equilíbrio (kL, qmax, kF, n) dos modelos foram determinados utilizando-se o software Statistica para Windows, o método de estimativa não linear Simplex e a função objetivo, soma do quadrado do erro.

Tabela 1. Modelos de regressão não-linear

utilizados para ajustar dados cinéticos e de equilíbrio de adsorção

Modelo Cinético Equação Ref.

Pseudo-primeira ordem ݍ௧ = ݍ௘(1 − ݁ି௞భ௧) Lagergren (1898) Pseudo-segunda ordem ݍ௧ = ݍ௘ ݍ௘݇ଶ ݐ 1 + ݍ௘݇ଶ ݐ Ho (2006) Modelo Isoterma Langmuir ݍ=ݍ௠á௫݇௅ܥ௘ 1 + ݇௅ܥ௘ Langmuir (1918) Freundlich ݍ= ݇ிܥଵ/௡ Freundlich (1906) Em que, qmáx é a capacidade máxima de adsorção (mg g-1); k1 é a constante da taxa de adsorção de pseudo-primeira ordem (min-1); k2 é a constante da taxa de adsorção de pseudo-segunda ordem (g mg-1 min-1); kL é a constante de equilíbrio de adsorção (L mg-1); kF é a constante de equilíbrio da capacidade de adsorção (L mg-1); n é a constante da intensidade de adsorção e t é o tempo de contato (min).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Dosagem de adsorvente

O aumento da quantidade de adsorvente, geralmente resulta em uma maior quantidade de soluto adsorvido, pelo fato de disponibilizar um

maior número de sítios ativos na superfície adsorvente (Vijayaraghavan e Yun, 2008).

Os resultados de adsorção para as diferentes dosagens dos adsorventes na remoção do corante reativo CS-HEXL são mostrados na Figura 1.

Figura 1. Remoção do corante reativo para

diferentes dosagens dos adsorventes (Co = 100 mg L-1, V = 50 mL, pH = 4,2, 120 rpm, 27 oC, 24 h).

O comportamento da adsorção para o palito de erva-mate foi diferente ao observado para a semente de maracujá. Os resultados para a semente de maracujá mostram que quanto maior a sua dosagem, maior a porcentagem de remoção do corante, pois a quantidade de número de sítios ativos é aumentada fazendo com que adsorva maior quantidade de corante. A remoção do corante utilizando a dosagem de 14 g L-1 foi de 8,6%, e para a dosagem de 18 g L-1 foi de 14,36%. No estudo realizado por Pavan et al. (2008) utilizando o resíduo do maracujá na dosagem de 10 g L-1 e concentração da solução de corante de 28,7 mg L-1, os autores obtiveram 90% de remoção do corante azul de metileno. No presente estudo utilizando as sementes de maracujá na dosagem de 18 g L-1 e concentração da solução de corante de 100 mg L-1, foi obtido 14,36% de remoção do corante reativo. Embora não seja possível uma comparação direta entre os estudos, pois se tratam de diferenciadas classes de corantes e material adsorvente, pode-se verificar que tanto o bagaço de maracujá quanto a semente de maracujá apresentam propriedades de adsorção de corantes.

2 6 10 14 18 0 5 10 15 R e m o ç a o ( % ) Dosagem (g/L) Semente de Maracuja Palito de Erva-Mate

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Para uma dosagem de palito de erva-mate de 6 g L-1 a remoção do corante foi de 2,84%, e para a dosagem de 10 g L-1 foi de 3,02%. Os resultados demonstram que independente do aumento da quantidade de adsorvente no sistema, o percentual removido de corante reativo é praticamente a mesma. Assim, a dosagem de 6 g L-1 do palito de erva-mate foi fixada para ser utilizada nos estudos posteriores de adsorção. A utilização do palito de erva mate (diâmetro de partícula de 2,4 mm) também avaliado por Veit et al. (2014) promoveu uma remoção de 76,19% do corante catiônico azul de metileno (Co = 150 mg L-1, 160 rpm, 30 oC) na dosagem de 10 g L-1. Esse resultado comparado ao presente trabalho demonstra que a classe do corante tem influência direta na quantidade de corante removida pelo adsorvente palito de erva mate.

3.2. Influência do pH

O pH pode influenciar na interação adsorvente-adsorbato. Essa influência é devida a superfície do adsorvente adquirir geralmente carga positiva em meio ácido, atraindo grupos funcionais carregados negativamente dos corantes aniônicos que possuem característica de ácidos fortes (Silveira Neta et al., 2012). A remoção do corante reativo pelos adsorventes em diferentes valores de pH é apresentado na Figura 2.

Figura 2. Efeito do pH da solução na adsorção do

corante por semente de maracujá (dosagem 18 g L -1

) e palito de erva-mate (dosagem 6 g L-1). (Co = 100 mg L-1, 120 rpm e 22 °C)

Os resultados apontam grande influência do pH no processo de adsorção do corante reativo (Figura 2), sendo a quantidade de corante removida muito maior em baixos valores de pH para ambos os adsorventes.

Para a semente de maracujá obteve-se uma remoção no pH 2,0 e 3,0 de qe = 3,24 mg g-1 e qe = 0,92 mg g-1, respectivamente. Nota-se que houve uma redução da quantidade de corante adsorvido (mg g-1) de aproximadamente 72%. Para o pH 4,0 (qe = 0,44 mg g-1) e o pH natural de 6,4 (qe = 0,31 mg g-1) a quantidade de corante removida foi ainda menor que no pH 3,0, fato devido o corante aniônico ter um maior potencial de remoção em meio ácido.

Para o palito de erva-mate a remoção foi de qe = 3,23 mg g-1 e qe = 1,25 mg g-1 para o pH 2,0 e 3,0, respectivamente. Com esse aumento de pH, a quantidade de corante adsorvido em mg g-1 reduziu em torno de 61%. No pH 4,0 e pH natural de 6,4, não houve remoção do corante reativo pelo palito de erva-mate.

Com base nos resultados obtidos, foi determinado que a melhor condição de pH para realizar o processo de adsorção do corante reativo utilizando ambos os adsorventes foi em pH 2,0. Esse resultado condiz com o obtido por Monarin (2012), Honorio et al. (2012) e Schumacher (2015), quando avaliaram a adsorção do mesmo corante utilizando carvão ativado, casca de soja in natura e celulose, respectivamente, obtendo-se a melhor condição em pH 2,0. Menezes (2010) em seus estudos obteve como melhor condição pH igual a 2,0 para remoção do corante reativo 5G utilizando o bagaço de maracujá amarelo. Sendo assim, a partir dos resultados obtidos no presente estudo foi selecionado o pH 2,0 para a continuidade dos ensaios de adsorção do corante reativo CS–HEXL utilizando a semente de maracujá e o palito de erva-mate.

3.3. Cinética de adsorção

Os resultados cinéticos mostraram que uma maior quantidade do corante foi removida no início da adsorção por ambos os adsorventes, o que pode ser explicado pelo número de sítios ativos disponíveis na superfície do adsorvente. A adsorção foi relativamente rápida nas primeiras 4 horas. Neste período, a remoção do corante atingiu 31% (qt = 1,68 mg g-1) com o uso da semente de

2 3 4 6 0 30 60 R e m o ç a o ( % ) pH Semente de Maracuja Palito de Erva-Mate

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maracujá e 11,8% (qt = 1,92 mg g-1) com o palito de erva-mate. Posteriormente, a adsorção foi mais lenta tendendo ao equilíbrio, pois com o decorrer do tempo diminui-se a quantidade de sítios ativos disponíveis para a adsorção. Os corantes são compostos por grandes moléculas (Kyzas et al., 2012), e a adsorção a ser realizada na superfície dos sítios ativos disponíveis podem ser dificultadas devido as forças repulsivas entre as moléculas de soluto que são adsorvidas pelo adsorvente, necessitando de um maior tempo para atingir o equilíbrio (Mall et al., 2006).

O tempo de contato foi de 24 horas para que o sistema estabelecesse o equilíbrio total para ambos os adsorventes, obtendo-se um qt de 3,49 mg g-1 (64,5%) para a semente de maracujá e 4,01 mg g-1 (24,7%) para o palito de erva-mate.

Os parâmetros cinéticos obtidos para ambos os adsorventes pelo ajuste dos dados experimentais usando os modelos cinéticos de pseudo-primeira ordem e pseudo-segunda ordem nas melhores condições experimentais de dosagem de adsorvente e pH estão apresentados na Tabela 2.

Os dados experimentais de adsorção do corante (Tabela 2) melhor se ajustaram ao modelo de pseudo-segunda ordem para ambos os adsorventes, pois o R2 apresentou valores ligeiramente maiores para este modelo, o que pode ser confirmado pelos menores valores da função objetivo. Outros estudos (Veit et al., 2014; Wanyonyi et al., 2014) também obtiveram o melhor ajuste dos dados cinéticos experimentais para o modelo de pseudo-segunda ordem. Veit et al. (2014) obtiveram para o palito de erva-mate (diâmetro de partícula de 2,4 mm) na remoção do corante azul de metileno (Co = 150 mg L-1, 30 °C , pH = 5,7) um qe, mod de 8,59 mg g-1 e Wanyonyi et al. (2014) obtiveram para o corante reativo vermelho congo (Co = 100 mg L-1, 25 °C , pH = 8) um qe, mod de 5,29 mg g-1 utilizando raízes de Eichhornia crassipes. No presente estudo foram obtidos um qe, mod de 3,74 mg g-1 para a semente de maracujá e qe, mod de 4,30 mg g-1 para o palito de erva-mate para a remoção do corante reativo CS– HEXL (Co = 100 mg L-1, 27 °C , pH = 2).

Tabela 2. Parâmetros dos modelos cinéticos de

pseudo-primeira e segunda ordem para a adsorção do corante reativo pelos diferentes adsorventes

Pseudo-primeira ordem Semente de maracujá Palito de erva-mate k1 (mg g-1) 0,0036±0,0009 0,0036±0,0013 qe, mod (mg g-1) 3,24±0,26 3,78±0,41 qe, exp (mg g-1) 3,49±0,06 4,01±0,02 F. objetivo 0,52 1,25 R2 0,95 0,90 Pseudo-segunda ordem k2 (g mg-1min-1) 0,0012±0,0005 0,0011±0,0006 qe, mod (mg g-1) 3,74±0,34 4,30±0,56 qe, exp (mg g-1) 3,49±0,06 4,01±0,02 F. objetivo 0,29 0,84 R2 0,97 0,94 3.4. Isoterma de adsorção

Os parâmetros de equilíbrio obtidos pelo ajuste dos dados experimentais utilizando os modelos de isoterma de adsorção nas melhores condições experimentais de dosagem de adsorvente e pH são apresentados na Tabela 3.

Os resultados mostram uma isoterma do tipo favorável para a adsorção do corante reativo para ambos os adsorventes, com o melhor ajuste dos dados experimentais de equilíbrio pelo modelo de Langmuir. Os valores obtidos para as capacidades máximas de adsorção (qmax) do corante se apresentaram relativamente próximos aos valores obtidos experimentalmente de 5,02 mg g-1 para a semente de maracujá e 5,81 mg g-1 para o palito de erva-mate. Além disso, o R2 obtido nos ajustes para este modelo é igual ou maior a 0,89, com pequenos valores da função objetivo.

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Gonçalvez et al. (2007) realizaram um estudo com corante reativo vermelho, utilizando o carvão produzido a partir dos palitos de erva-mate na mesma granulometria utilizada nesse estudo (2 mm). Os autores obtiveram semelhante comportamento de adsorção, com valor para a quantidade máxima adsorvida no equilíbrio de 4 mg g-1, valor este menor ao obtido neste trabalho para o palito de erva-mate in natura (6,73 mg g-1).

Tabela 1. Parâmetros de equilíbrio de adsorção do

corante estimados pelos modelos de isoterma

Langmuir Semente de maracujá Palito de erva-mate qmax (mg g-1) 5,88±1,06 6,73±0,68 kL (Lmg-1) 0,063±0,032 0,037±0,013 F. objetivo 2,26 0,51 R2 0,89 0,98 Freundlich kF [(mg g-1)(L mg-1)1/n] 1,11±0,56 1,07±0,32 n 2,98±1,17 2,95±0,59 F. objetivo 3,43 0,44 R2 0,83 0,98

Na Tabela 4 são apresentados vários estudos que utilizaram corantes reativos, e condições de pH e temperatura próximas as utilizadas neste estudo.

Comparando os resultados da Tabela 4 com os valores obtidos neste trabalho para a capacidade máxima de adsorção, se pode verificar que a semente de maracujá e o palito de erva-mate apresentaram um maior potencial de remoção de corante reativo em relação aos demais materiais adsorventes, até mesmo quando utilizado o mesmo corante como no caso do adsorvente celulose (Schumacher, 2015).

Tabela 2. Comparação entre as capacidades

máximas (qmáx, mg g-1) de adsorção de diferentes adsorventes para corantes reativos

Adsorvente Corante T (°C) pH qmáx Ref Palha de milho Vermelho Reativo BF-4G 30 3 4,93 [1] Bagaço de cana-de-açúcar Vermelho Reativo 5G 25 - 2,89 [2] Celulose Vermelho Reativo Crimson 30 2 3,69 [3] Semente de maracujá Vermelho Reativo Crimson 30 2 5,88 [4] Palito de erva-mate Vermelho Reativo Crimson 30 2 6,73 [4]

[1] CASAGRANDA (2014); [2] DALL ORSOLETTA (2013); [3] SCHUMACHER (2015); [4] Neste estudo

4. CONCLUSÃO

Nos estudos de adsorção a semente de maracujá e o palito de erva-mate obtiveram uma maior remoção do corante nas dosagens de 18 g L-1 e 6 g L-1, respectivamente. O pH 2,0 promoveu uma maior capacidade de remoção do corante para ambos adsorventes, de 59,97% para a semente de maracujá e 19,90% para o palito de erva-mate. O tempo de contato para o sistema atingir o equilíbrio entre o corante e os adsorventes foi de 24 horas, sendo o modelo de pseudo-segunda ordem o que melhor ajustou aos dados experimentais para os adsorventes. O modelo de Langmuir melhor ajustou os dados de equilíbrio para os dois adsorventes, obtendo-se um qmax de 5,88 e 6,73 mg g-1 para a semente de maracujá e o palito de erva-mate, respectivamente. A semente de maracujá e o palito de erva-mate, resíduos agroindustriais, apresentaram potencial capacidade de adsorção do corante reativo CS-HEXL, oferecendo a vantagem

(8)

de serem materiais adsorventes de baixo custo e disponíveis na região onde estão instaladas indústrias de processamento de polpa de maracujá e de erva-mate.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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