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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL: UM OLHAR SOBRE A COMPLEXIDADE

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Academic year: 2021

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ISSN 2176-1396

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL: UM

OLHAR SOBRE A COMPLEXIDADE

Fabiane Lopes de Oliveira1 - PUCPR Grupo de Trabalho -Educação, Complexidade e Transdisciplinaridade Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo

Diante do desenvolvimento intelectual, político, social e tecnológico, percebe-se que a escola, bem como qualquer que seja o ambiente educativo, não vem evoluindo com a mesma intensidade. Parece não estar totalmente claro, para os profissionais da educação, a urgente profissionalização docente tão importante para atender as exigências atuais. Cabe refletir que a competência e o conhecimento que o professor deve possuir e agregar no ambiente escolar de fundamental importância para alicerçar a sua prática e que esta tenha coerência teórico-prática. Este estudo é um recorte do projeto durante a fase exploratória de tese de doutorado e das leituras realizadas no grupo de pesquisa que compõe disciplina institucional, em especial, durante a proposição do Seminário de Aprofundamento nos quais foram discutidos com 6 professores universitários doutorandos e 2 professores doutores, os temas sobre a Formação de Professores sob várias óticas e perspectivas. As discussões permitiram analisar a postura e a prática, dos profissionais da educação, propondo a visão complexa, da totalidade. Também reforça a importância que está presente no cotidiano de uma sociedade que se apresenta de forma mais coesa e que coloca aspectos fundamentais como a preocupação com a formação, compromisso com o as práticas docentes, e de uma forma mais enfática o professor como sujeito que constrói sua história e influencia a dos seus alunos, através do conhecimento que possui e permite com que seus alunos possam vir a construir. Os resultados, desta fase exploratória, de pesquisa bibliográfica e de compartilhamento no seminário de aprofundamento, apontam para a necessidade de mudança paradigmática que abranja a complexidade e o aprimoramento da ação docente que está urgente de flexibilização de pensamento, conteúdos e de ações efetivamente teórico-práticas inovadoras, articulando-se às necessidades educativas da sociedade atual.

Palavras-chave: Formação de Professores. Atuação docente. Complexidade.

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Professora do curso de Pedagogia da PUCPR. Mestre em Educação e Doutoranda em Educação pela PUCPR. E-mail: fabiane.lopes@pucpr.br

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Introdução

A formação de professores é um assunto instigante, pois na sociedade atual há uma urgência na instrumentalização e fortalecimento da profissão docente, principalmente no que concerne no profissional que atua na Educação Infantil.

Tal fato se deve especificamente pela demanda crescente de formação, onde o conhecimento e a transposição paradigmática entre o que se aprende e o que se ensina está cada vez mais sendo primado e considerado algo de alta relevância.

A partir do momento em que os docentes não conseguem diferenciar alguns pontos de convergência e divergência nos seus modelos de aprendizagem e sua formação docente, é preciso questionar como essa formação que, aparentemente apresenta-se como algo descontextualizado da realidade, não tem cumprido seu papel: a formação de um profissional que atenda à urgência da escola, no que diz respeito aos contextos e significados da prática e da teoria.

Nesse processo de aprendizagem, o professor pode se modificar por meio de reflexões que o levam a inferir suas ações, percebendo os resultados inerentes do desenvolvimento da sua prática educativa, refletindo acerca de suas contribuições para com os seus alunos e sua aprendizagem. Essa questão poderá gerar uma mudança significativa nos resultados esperados e obtidos pelo professor, pois este poderá conseguir perceber a modificabilidade urgente e precisa, que proporcionará um ganho significativo e qualitativo na aprendizagem de seus alunos.

Tais questões podem ser visualizadas com o levantamento da formação inicial dos profissionais que atuam nesse nível de ensino. Sabe-se que a entrada da seara da educação se dá pela Educação infantil, o que acaba deixando vulnerável e, até certo ponto, comprometida, a formação inicial das crianças que estão nessa etapa de ensino.

É preciso proporcionar aos profissionais que atuam nessa faixa etária, a capacitação adequada para sua atuação, e que essa possa ser efetivada academicamente, a fim de garantir uma melhor formação, refletindo no trabalho desenvolvido na escola, com os alunos.

Dessa maneira, percebe-se a relevância desse tema, relativo à formação de professores que atuam na Educação Infantil, visto a sua fragilidade e a importância nessa faixa etária. De acordo com Medel (2012, p. 10) “A Educação Infantil é uma fase fundamental para o desenvolvimento global da criança nos aspectos socioafetivo, cognitivo, psicomotor e psicológico.” Portanto, depreende-se que o profissional que atua nesse nível de ensino deva

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ser alguém com preparo e conhecimentos que atendam a essa demanda. Mas infelizmente, em alguns espaços educativos, não é isso que se coloca como prioridade.

A mesma autora traz a seguinte reflexão: “[...] o educador de alunos da Educação Infantil deverá decidir o planejamento, se o ambiente dentro ou fora da escola oferece as melhores possibilidades para enriquecer as experiências de aprendizagem e favorecer a mediação destas”. (MEDEL, 2012, p.42). Com essa visão, corrobora-se ainda mais a importância do conhecimento sobre diferentes aspectos referentes à formação dos professores que atuam com alunos dessa faixa etária.

A esse respeito, pretende-se preconizar a instrumentalização dos profissionais, antes ou até mesmo concomitante da sua ida à prática educativa em escolas de Educação Infantil, o qual tem como intuito instrumentalizar o profissional docente à respeito do planejamento, desenvolvimento e avaliação do processo de formação pedagógica que ocorre na educação básica, em especial, o nível de ensino de que está sendo tratado.

É necessário que o professor, aquele comprometido com a aprendizagem efetiva de seu aluno, interaja cada dia mais com o seu conhecimento e amplie os olhares e possibilidades de atuação pedagógica, demonstrando a área rica e fértil da Educação Infantil, tanto para o trabalho efetivo do professor, quanto às aprendizagens realizadas pelos alunos, que lá estão muito mais do que meros expectadores e sim partícipes de sua formação e interação com a realidade, seu mundo e possibilidades.

Assim, apresenta-se o presente com o intuito de investigar as diferentes possibilidades de uma formação mais ampla do profissional que atua na Educação Infantil, visto que este necessita de uma maior instrumentalização, teorização e uma maior inserção no conhecimento acadêmico.

Tal fato demonstra sua relevância, visto que a realidade da formação de professores, que atuam neste nível de ensino, e que atualmente estão deixando as instituições de ensino superior, é deficitária e por que não dizer, superficial.

Os profissionais recém-formados não apresentam um real conhecimento de métodos e teorias especificas para a sua atuação, necessitando apreendê-los em cursos de pós graduação latu sensu – em especializações – ou na sua prática diária, onde a possibilidade de acerto e erro fica concentrada em sua realidade.

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Desenvolvimento

A Educação Infantil é um nível de ensino que tem como principal objetivo desenvolver diferentes potencialidades nos indivíduos, para que possam estabelecer relações entre as aprendizagens efetivadas e a sua realidade. Tal fato é, até certo ponto, unânime na educação e é sabido que a Educação Infantil carrega consigo esta responsabilidade.

Porém, o que se observa na realidade prática é diferente. Esse olhar está muito mais próximo de um ambiente de ludicidade, que não necessariamente precise estar atrelado à aprendizagem, o que na realidade é um ledo engano.

Esse nível de ensino, que já carrega consigo uma trajetória histórica continua não primando por algumas questões de relevância, quando os profissionais que ali trabalham são, por exemplo, acadêmicos em formação no nível superior ou alguém com o Nível Médio – Magistério, que foi instrumentalizado sem alguns aprofundamentos necessários, para que realmente possa ser demonstrada a seriedade que esta fase do ser humano significa.

Garcia (1999) afirma que a formação está vinculada com a competência profissional que, de certa maneira, faz da formação uma justaposição entre o fazer e como fazer. Esse olhar sobre a ação oferece um ponto de reflexão e aprimoramento nas ações do professor, promovendo uma mudança significativa. Tal mudança se dá pelo fato de que o professor passa a ser um articulador do conhecimento, atribuindo um maior significado e qualidade na formação de seus alunos.

Ainda Garcia (1999) coloca alguns pontos trazidos por outros autores, que demonstram a preocupação que o referido autor imprime na formação do professor e a importância que essa prática tem na atribuição de significados entre, por exemplo, os tipos de formação que se dão. A esse aspecto, Garcia (1999) destaca o pensamento de Klafki, que distingue o conceito de formação entre a formação especializada e a formação geral.

Os conceitos trabalhados no texto, a fim de demonstrar a sua real diferença e nos aproximar da urgência que se tem na forma como os profissionais são formados, sem muitas vezes ser levado em conta o seu contexto ou a sua importância na sua comunidade ou sociedade local é uma das marcas que retratam a urgência no aprofundamento da formação de professores.

No que tange a formação geral, tem-se a junção de alguns aspectos trabalhados sobre a formação propriamente dita, onde se visualiza a distinção dada entre o conhecimento

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adquirido, a moral que se transmite e a estética nos materiais e conteúdos que vão sendo trabalhados, e que nem sempre levam consigo um contexto.

Já a formação especializada é aquela feita de cunho profissional, onde o professor já percebe a sua importância e precisa usufruir das informações que estão sendo passadas, transformando-as em conhecimentos práticos e utilizáveis.

Ainda Garcia (1999) destaca em seu texto a importância que se tem no contexto e como a formação deve ser colocada em serviço da educação e não adotar um modelo padronizado, único que desprivilegie a diversidade, agregando aspecto único no conteúdo trabalhado.

Já em Alarcão (2001), a visão se dá para a questão da escola se tornar um espaço de reflexão e esta mesma ser reflexiva. A autora destaca que a escola reflexiva é uma escola inovadora, que pensa a partir de si e transforma-se. Mas essa reflexão vem sendo galgada a partir de alguns pontos importantes, quer sejam: a participação de pessoas; um projeto próprio – e por isso mesmo diferenciado; uma ação refletida – que proporciona uma mudança significativa de papéis e posturas adotadas no espaço educativo.

A mesma autora ressalta o pensamento sistêmico e uma visão organizativa, onde não há local de experimentação sem fundamentação. Destaca que de tudo isso que está sendo falado, vão surgir algumas questões mais focalizadas, que também fazem parte dos pontos importantes, que são a ação refletida, o exercício da cidadania, a vida e a aprendizagem – que se modificam assumindo papéis de suma importância na formação docente.

Complementando esses pontos levantados, estão ainda a distinção do local e universal – onde cada um tem um espaço a ser ocupado na sociedade e em suas funções preestabelecidas -, chegando ao desenvolvimento ecológico e o profissional docente, que assumem o papel de protagonista na formação e fortalecimento na transformação e urgência da escola atual.

A autora ainda destaca que a escola adota outras delimitações importantes: o tempo, o contexto, uma organização, uma vida de um lugar. A esse aspecto, o que pode ser ressaltado é que todos os fatores mencionados fazem parte de um aspecto que tem sido cada vez mais levado em consideração, onde a escola não é somente um depósito de conteúdo sem significados e sim um local de desenvolvimento de capacidade criativa e criadora.

Ainda se destaca na visão de Behrens (2011), vendo-se a força pela qual a modificação da visão dos paradigmas trouxe um significado amplo e urgente no que tange a formação dos professores na atualidade. O destaque não se dá somente na questão dos paradigmas em si e

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na sua diferenciação, entre conservadores e inovadores. Nem na perspectiva de quere explicar porque cada um atua de determinada maneira ao longo da evolução da sociedade.

O que é preciso ressaltar é que os paradigmas apresentam diferentes organizações e pressupostos a partir da visão e da determinação de diferentes contextos e concepções, mas também pressupõem novas posições e ações diferenciadas. A explicação mais próxima é a de que esses paradigmas são releituras de antigos modelos de ensinar e aprender e que estão sendo sempre ressignificados e reafirmados, frente às mudanças que são rápidas e precisas na sociedade.

Esses paradigmas, ainda sob o ponto de vista da autora, possibilitando o desenvolvimento profissional, agregando boas práticas educativas e competências necessárias para instigar a curiosidade dos alunos, proporcionando uma aprendizagem e conhecimento significativos. Para isso, é mister ter uma formação inicial que se evidencie uma questão que está urgente na educação: a suposta dicotomia entre a teoria e a prática, onde os alunos acabam não conseguindo, muitas vezes, estabelecer relações de ensino e aprendizagens específicas.

Também é urgente, segundo Behrens (2011) a formação continuada, que precisa ser uma instrumentalização do corpo docente que está em constante estudo e aprimoramento de conteúdo, contextos e metodologias diferenciadas, que contemplarão um conhecimento e aprendizagem significativos.

Percebe-se claramente, por meio de leituras e discussões, a evolução de Paradigmas que obtivemos no século XX e XXI, visto que a urgência da sociedade torna esta situação muito mais do que necessária às novas exigências do mundo. Constata-se isto na fala de Behrens (2005, p.17) “Pensar na Educação implica refletir sobre os paradigmas que caracterizam o século XX e a projeção das mudanças paradigmáticas no início do século XXI”.

Vive-se em um período de inquietudes e questionamentos, onde se coloca em cheque muitas verdades até então inquestionáveis: qual o papel dos personagens do processo educativo frente às exigências cada vez maiores de uma sociedade questionadora e crítica?

Em nossa sociedade muitos fatores interferem para a mudança de paradigmas. O medo do avanço, do diferente, do impacto, a nossa resistência e a crise, podem mudar os nossos pilares de sustentação e alterar alguns conceitos e ações. Uma nova concepção gera instabilidade e a entropia acaba levando a momentos de reorganização, criação e produção.

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Os paradigmas estão em todos os aspectos de nossas vidas, em nossas práticas cotidianas, religiosas, profissionais, educacionais, sociais e científicas. Conforme Behrens, diversos autores para definir paradigma apontam Thomas Khun, filósofo e historiador da ciência, que em sua obra As estruturas das revoluções científicas têm a preocupação de esclarecer o termo. Segundo Khun (1994, p.225), um paradigma constitui-se: “a constelação de crenças, valores e técnicas partilhados pelos membros de uma comunidade científica”. Ao referendar um modelo a força de um paradigma está constituída no consenso de determinada comunidade científica durante uma certa época.

É necessário que os educadores pensem como responsáveis e coautores da história, onde o papel que se faz urgente desempenhar na Educação é o de inovar com qualidade.

O esforço para a modificação deve ser conjunto, pois ninguém fará uma renovação sozinho. O todo será modificado, mas com participação coletiva e responsabilidade de todos, imbuídos para as mudanças que se fazem necessárias na Educação do século XXI.

A educação nos dias de hoje perdeu seu status e a garantia de exclusão de quem não tinha capacidade de abstração de ideias e pensamentos. Ou seja, a universalização da educação, trouxe como consequência uma disseminação de saberes nunca antes imaginados e nem sequer pretendidos.

Vários são os fatores que levaram a ampliação da oferta e da entrada dos alunos no ensino superior. O mercado de trabalho, mais abrangente e com déficit de pessoal qualificado, colocou de certa maneira, a necessidade de uma maior formação e capacitação dos indivíduos para atuar em diferentes frentes. O que não se esperava era que a universalização iria abranger um nível tão grande de pessoas e essas estariam, a cada dia, mais inseridos no universo acadêmico.

Se finalizássemos esse pensamento por aqui, parece que tudo estaria caminhando para uma grande abertura educacional e de oportunidades, fortalecendo a sociedade e diversificando as oportunidades.

O que ninguém imaginava era que essa abertura proporcionaria a urgência da reflexão sobre os caminhos da educação. A referida reflexão estaria de alguma forma presente nas discussões acadêmicas, quando se percebeu que os indivíduos estavam cada vez mais entrando no ambiente universitário, mas com muitas lacunas de níveis de escolaridades anteriores, que prejudicariam em grande parcela a sua formação e instrumentalização para o mercado de trabalho.

Sabe-se que não é mais possível que a educação volte aos patamares de outrora, onde os alunos não faziam perguntas, não contestavam e questionavam a utilidade do

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conhecimento que ora está sendo compartilhado. Aliás, compartilhamento era algo impossível para algum tempo atrás.

Diante dessa constatação, faz-se urgente que seja aqui demonstrado o verdadeiro sentido de uma educação mais aberta e próxima da realidade. Porém, não se pode esquecer é que a visão anterior de transmissão de conhecimento não é tão antiga e ultrapassada assim.

Nesse momento, eclode em vários sentidos a urgência da propagação de conhecimentos, informações e uma gama de conteúdos que necessitam ser ressignificados, para que essa nova visão, que substitui a visão cartesiana, possa vir à tona e lançar mão de conceitos prontos, instigando a construção coletiva do saber, aquele que serve para modificar a prática educativa.

A partir disso, configura-se a Sociedade do Conhecimento, que tem como premissa a busca de uma visão global que se baseie em alguns pontos de grande confluência de ideias: cidadania e ética; relatividade; totalidade; rede de ligações e propagação da informação; sistemas complexos e interligados. (BEHRENS, 2011)

Ao mesmo tempo, surge uma forte relação de construção da coletividade, que vai dar cabo de uma nova visão que emana da urgência de pensamentos e atitudes: o paradigma da Complexidade (BEHRENS, 2011). Esse propõe compreender uma estrutura conceitual que integra as dimensões cognitiva, biológica e social.

Nessa perspectiva, surge a visão do pensamento complexo, onde a reflexão e a análise levam a perceber que há uma grande diferença entre conhecimento científico e conhecimento escolar (ZABALA, 2002). Para esse autor, o conhecimento não pode ficar preso dentro de academias ou lugares que não seja possível disseminá-lo. Nesse ponto, o que se pode levantar como questionamento é o que está sendo de fato feito para ampliar o conhecimento dos alunos do ensino superior? E os professores, estão conseguindo fazer essa transposição tão urgente e precisa na educação?

Morin (2013, p. 65) salienta as questões relativas ao desafio da complexidade, quando ressalta que “O desafio da complexidade se intensifica no mundo contemporâneo já que nos encontramos numa época de mundialização, que prefiro chamar de planetária”. Assim, percebe-se que esse período de tempo que está sendo passado atualmente, é uma nova chance de rever os aspectos concernentes de uma prática educativa, que está premente na escola moderna. E tal relação é muito mais precisa quando falamos da formação dos professores que estão atuando. Por esse aspecto, é necessário que se perceba a finalidade e a relação presentes nos cursos formadores de profissionais, que está sendo revisto e reavaliado.

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Outro aspecto de grande relevância a ser tratado, é o da motivação do aluno. É sabido que muito do que é trabalhado em sala de aula é descartado pelo aluno. A retenção das informações é um percentual pequeno, frente ao número de informações transmitidas aos alunos. Também é sabido que o professor é grande articulador desse conhecimento e que depende dele o despertar do interesse do aluno pela aula e pelo conteúdo que está sendo desenvolvido.

Os alunos do ensino superior são, em grande parte, pessoas que estão em busca de sua instrumentalização. Porém, não é possível que esses sejam motivados pelo simples fato de terem uma profissão. O professor tem um papel fundamental nessa relação, que segundo Zabala (2002) através do despertar do interesse pelo professor.

Este pode proporcionar aulas que tragam conceitos diferenciados, que estão fora da realidade dos alunos, mas contextualizados e ligados ao mundo real, ou seja, são práticos, palpáveis e que tragam uma “ruptura com a fragmentação” como comenta Yus (2002).

Nessa perspectiva de rompimento de fragmentação, fica-se frente a uma nova questão, de igual importância e que está a cada dia mais tomando o lugar de discussões, dentro e fora da sala de aula: o paradigma ou pensamento holístico. (YUS, 2002). Essa nomenclatura, holístico, vem buscado reestabelecer algumas conexões e relações urgentes e precisas entre o pensamento linear e a intuição; a mente e o corpo; o domínio do conhecimento; o eu e a comunidade e o eu com ele mesmo (YUS, 2002)

Com essa visão, a discussão não fica somente no que diz respeito à profissionalização. Também, rompe-se com o paradigma atual, pois a premissa que está presente é a de “desenvolver visões de ensino e aprendizagem que estimulem as conexões e as relações” (YUS, 2002) com a realidade do indivíduo, do cidadão e sua urgência em dar respostas às suas perguntas que o cercam na realidade.

Roldão (2010) contribui quando destaca a discrepância da realidade prática e da vertente acadêmica, onde os docentes que efetivamente estão na prática se distanciam das teorias, acreditando que as teorias pouco podem dar respostas à sua urgências vivenciadas em sala de aula. É comum ouvirmos que na teoria tudo funciona e que na prática é diferente.

Este distanciamento entre teoria e prática pode levar ao cabo de muitas questões e perguntas, onde os pesquisadores não estão conseguindo lograr respostas assertivas, mantendo cada vez mais distantes os professores e a academia.

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É mister a interconexão destas duas vertentes, pois uma não poderá se efetivar sem a outra. Faz-se necessário que os profissionais consigam recorrer à academia, ou pelo menos às suas produções quando sentem dúvidas e incertezas na sua prática cotidiana.

Cada vez mais, é preciso aprender a reciclar as ideias e estar dispostos a conhecer o desconhecido, ou seja, se faz necessário ser curiosos como as crianças, pois assim aprende-se e descobre-se o novo. O sistema educacional conservador é imposto, leva o sujeito a um conhecimento baseado no senso comum, embora preguem a mudança. Torna-se necessário que os profissionais das diferentes áreas, nos ambientes educacionais em geral fiquem atentos e procurem superar o antigo paradigma da ciência.

Portanto precisam propor a investigação crítica, reflexiva e transformadora. A educação e o processo de ensino precisam seguir um pensamento holístico, o mediador/professor, por sua vez, deverá ter uma formação acadêmica diferenciada do momento atual, pois sabe-se que este profissional ainda segue o modelo cartesiano, fragmentado. Para isso, é necessário que as universidades reformulem os currículos e a forma do entendimento dos conteúdos acerca da formação dos futuros professores. A pedagogia de projetos, que integra a transdisciplinaridade, a interdisciplinaridade, a mundialização e planetarização, fará parte desta convergência de pensamentos em prol da formação do docente.

Descrição da pesquisa

A pesquisa surge da linha de pesquisa do grupo intitulado PEFOP – Paradigmas Educacionais de Formação de Professores, no projeto de Docência na Universidade. Tal estudo, foi alinhado no Seminário de Aprofundamento, em nível de Doutorado, e foi disseminada nos encontros de discussão entre pesquisadores e doutorandos na busca de elaborações e produção de conhecimento, levando em conta os temas disparadores mas não limitadores que faziam parte desse contexto.

Os participantes envolvidos no processo investigativo são 6 professores universitários doutorandos que atuam como docentes e pesquisadores me faculdades e universidades, num processo de formação continuada no strito sensu e dois professores doutores coordenadores/mediadores da pesquisa.

O processo metodológico em si envolveu diferentes ações, que promoveram as instigações aqui descritas, por meio das aulas teóricas exploratórias, elaborações de mapas conceituais, produções de textos individuais e coletivas a partir das leituras para

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sistematizações, discussões das atividades e reflexão do grupo acerca das temáticas desenvolvidas. Os recursos utilizados nesse processo de aprendizagem foram textos, ambiente virtual, apresentações em PowerPoint, fragmentos de filmes, músicas e demais materiais pertinentes e disparadores, que propiciaram as instigações suscitadas.

Todos os textos lidos e estudados fizeram levantar alguns questionamentos, que de certa maneira, são instigações na busca de respostas frente em como a urgência pela formação de professores ainda é precisa e carente de instrumentalização atualmente.

Essas ações promovidas nesse momento motivavam a aprendizagem e foram de grande relevância para a instigação, inferência, dentre outros fatores importantes que trouxeram à tona as reflexões sobre a formação de professores, independente do contexto que cada pesquisador tinha em seu estudo. Tais instigações engrandeceram a maneira de cada um visualizar os autores que tratam do assunto de maneira a ampliar o olhar e a maneira de desenvolver-se e caminhar no ambiente da pesquisa.

A avaliação desse processo não poderia estar mais coerente com a proposta: tratou-se de um portfólio, que permitiu que cada pesquisador pudesse depreender e perceber a sua aprendizagem sendo realmente efetivada, sem ter a sensação de conseguir uma nota e sim a efetivação da aprendizagem sendo estabelecida e solidificada.

A base epistemológica da pesquisa é qualitativa, onde serão observados aspectos da realidade prática dos envolvidos, pois esta contribuirá para “[...] agir como modo de interpretação, de apreciação e de análise [...] na renovação do olhar lançado sobre os problemas sociais e sobre os mecanismos profissionais e institucionais de sua gestão. ” (GROULX, 2010, p.96).

Assim, o instrumento aqui adotado será o da pesquisa-ação, onde os envolvidos serão observados levantando-se as características dos mesmos para a ampliação de sua formação, bem como os aspectos de modificação da sua prática docente.

Considerações finais

O papel do professor neste cenário é o de alguém que aprende com seu aluno e vice-versa, sabe mais sobre as pessoas do que sobre a matéria que ensina e com isso, saberá como obter o nível de exigência ideal para o educando. Um professor que busque a formação continuada, condição necessária e muito rica para o desenvolvimento profissional e contínuo dos professores, pois proporciona novas experiências e consequentemente superar as dificuldades que o profissional da área da educação encontra à sua frente.

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A ação reflexiva do professor permite que ele avalie seu próprio trabalho, atuando como agente ativo que participa das discussões e da produção de novos saberes, deixando de lado a condição de técnico que apenas toma conhecimento do que foi produzido por especialistas e o repassa ao seu aluno sem questionar sua validade.

Existem alguns profissionais que adoram as vantagens do mundo moderno e já utilizam este recurso para programarem as aulas e outros que temem ou não querem mudar. É necessário questionar, analisar, ver o quanto é viável e proveitoso fazer para o que é preciso e almejado, não esquecendo, que acima de tudo, é necessário estar aberto ao novo e às transformações.

O profissional do futuro terá como principal tarefa aprender. Sim, pois, para executar tarefas repetitivas existirão os computadores e os robôs. Ao homem competirá ser criativo, imaginativo e inovador.

REFERÊNCIAS

ALARCÃO, Isabel. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001. ALARCÃO, Isabel. Formação Reflexiva de professores. Lisboa: Porto Editora, 1996. BEHRENS, Marilda Aparecida. Paradigma da complexidade. Metodologia de projetos, contratos didáticos e portfólios. 3ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

BEHRENS, Marilda Aparecida. O Paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

GARCIA, Carlos Marcelo. Formação de professores: Para uma mudança educativa. Lisboa: Porto Editora, 1999.

GROULX, Lionel-Henri. Contribuição da pesquisa qualitativa à pesquisa social. In

POUPART, Jean; DESLAURIERS, Jean-Pierre; GROULX, Lionel-H.; LAPIÈRRE, Anne; MAYER, Robert; PIRES, Álvaro P. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

MEDEL, Cassia Ravena Mulin de A. Educação Infantil: Aconstrução do ambiente às práticas pedagógicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. São Paulo: Cortez, 2013.

ROLDÃO, Maria do Céu. Ensinar e aprender: o saber e o agir distintos do profissional docente. In ENS, Romilda Teodora; BEHRENS, Marilda Aparecida. Formação do professor: profissionalidade, pesquisa e cultura escolar. Curitiba: Champagnat, 2010.

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YUS, Raphael. Educação integral uma educação holística para o século XXI. Porto Alegre: Artmed, 2002.

ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: Uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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