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Uma minirevisão sobre a incorporação de nanotubos de carbono em materiais a base de cimento / A minireview of carbon nanotubes incorporation in cement-based materials

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 74316-74325, oct. 2020. ISSN 2525-8761

Uma minirevisão sobre a incorporação de nanotubos de carbono em materiais

a base de cimento

A minireview of carbon nanotubes incorporation in cement-based materials

DOI:10.34117/bjdv6n10-018

Recebimento dos originais: 08/09/2020 Aceitação para publicação: 02/10/2020

Andressa Panizzon

Mestranda no Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado – Campus Concórdia

Endereço: Rua Victor Sopelsa, 3000, Bairro Salete - CEP 89711-330, Concórdia, Santa Catarina E-mail: andypanizzon@gmail.com

Daniel Vicente Filipak Vanin

Doutorando no Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade de Santa Catarina

Professor no Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado – Campus Concórdia

Endereço: Rua Victor Sopelsa, 3000, Bairro Salete - CEP 89711-330, Concórdia, Santa Catarina E-mail: daniel.vanin@professor.unc.br

RESUMO

Considerado uma das maiores descobertas da nanotecnologia, devido a sua elevada resistência mecânica, os nanotubos de carbono (CNTs) vem sendo utilizados na produção de compósitos cimentícios. Assim, este artigo apresenta uma visão geral de algumas das pesquisas publicadas sobre o uso dos CNTs como adição em misturas a base de cimento e seus efeitos nas propriedades mecânicas como resistência à compressão e tração na flexão, bem como na microestrutura e porosidade do produto final.

Palavras-chave: Nanotubos de carbono, resistência mecânica, resistência à tração, resistência à

flexão, porosidade.

ABSTRACT

Considered one of the greatest discoveries of nanotechnology, due to its high mechanical resistance, carbon nanotubes (CNTs) have been used in the production of cementitious composites. Thus, this article presents an overview of some of the published research on the use of CNTs as an addition in cement-based mixtures and their effects on mechanical properties such as compressive and tensile strength, as well as on the microstructure and porosity of the final product.

Keywords: Carbon nanotubes, mechanical resistance, tensile strength, flexural strength, porosity.

1 INTRODUÇÃO

O carbono é um dos elementos mais abundante na natureza e pode ser encontrado em diversas formas alotrópicas estáveis, como o diamante, o carbono amorfo, a grafite, o fulereno, o

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grafeno e o nanotubo de carbono (DRESSELHAUS; DRESSELHAUS; JORIO, 2004). Os nanotubos de carbono (CNTs) são formados apenas por átomos de carbono num arranjo hexagonal, os quais se enrolam para formar um cilindro. São considerados como uma das maiores descobertas da nanotecnologia, devido a sua elevada resistência mecânica, sendo a maior já conhecida. Pois, dado seu alto módulo de elasticidade, as resistências superam até mesmo os aços de alta resistência. Dependendo do tipo de CNTs e da presença de defeitos, podem apresentar resistência à tração de até 63 GPa e módulo de elasticidade na ordem de 1500 GPa (Peddavarapu e Bharathi, 2018; Thostenson et al., 2001).

Os CNTs podem ser classificados em dois tipos principais: de parede simples (SWNTs), e os de paredes múltiplas (MWNTs), que são formados por um conjunto de CNTs coaxiais, com várias folhas de grafeno enroladas em forma de tubo, como ilustrado na Figura 1. Os SWNTs são mais flexíveis do que os MWNTs e podem ser torcidos, achatados e dobrados sem quebrar. Por outro lado, CNTs com paredes múltiplas, têm síntese mais simples, ou seja, é mais fácil produzi-los em quantidades significativas, mas suas estruturas são menos compreendidas devido a uma maior complexidade morfológica, uma vez que há interações intra-tubulares.

Figura 1 - Representação esquemática da estrutura do (a) grafeno, (b) SWNTs e (c) MWNTs. (ZHAO et al., 2019)

Existem diversos métodos para produção de CNTs, entre os quais se destacam: método do arco corrente, método da ablação a laser e o método da deposição de vapor químico (CVD). Cada método apresenta características distintas e leva à obtenção de CNTs com diferentes estruturas e graus de pureza. O método mais utilizado, segundo Siddique e Mehta (2014), é o CVD. Este, consiste no uso de um gás rico em carbono para produção de CNTs, que é decomposto a temperaturas em torno de 500 ºC. Este método permite o crescimento de CNTs alinhados ao

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substrato, possibilitando um maior controle sobre os parâmetros de fabricados. É uma técnica bastante utilizada devido à alta produção e menor necessidade de purificações posteriores. Como ponto negativo, os CNTs sintetizados por CVD apresentam maior quantidade de defeitos, podendo restringi-los a algumas aplicações. Esses métodos de produção de CNTs envolvem a utilização de catalisadores de reação, levando a estruturas de CNTs juntamente com algumas impurezas derivadas do processo de síntese, como grafite e partículas catalíticas, onde são necessárias etapas subsequentes de purificação para separar os tubos de subprodutos indesejáveis.

Como vários estudos já publicados anteriormente mostraram que os CNTs podem ser utilizados como reforço na fabricação de pastas e argamassas, este artigo tem como objetivo apresentar uma visão geral de algumas das pesquisas publicadas sobre o uso dos CNTs junto aos materiais da construção civil. Também, procura mostrar informações sobre os efeitos dos CNTs em propriedades mecânicas como resistência à compressão e à tração na flexão, e também na microestrutura e porosidade dos produtos finais.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Para desenvolver esta minirevisão, realizou-se uma busca nas principais bases de dados para a seleção de artigos que tratassem da inclusão de CNTs em pastas de cimento ou argamassas. Após a coleta dos trabalhos, verificou-se os métodos utilizados a fim de se detectar diferenças que pudessem explicar os resultados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a revisão, identificou-se que os principais quesitos estudados, são as resistências à flexão e à compressão. Nochaiya et al. (2008) estudaram a microestrutura e a resistência mecânica de argamassas de cimento Portland com CNTs utilizados como material aditivo, com cargas variando entre 0,5% e 1% em relação à massa de cimento. Foram realizaram ensaios de resistência à compressão e flexão das misturas que utilizaram a relação água/cimento (a/c) de 0,5, além de caracterizações de morfologia por microscopia eletrônica de varredura (MEV). Como resultados, obtiveram que a resistência à compressão aos 7 dias melhorou em 34,11%, e aos 28 dias em 16,54% nas amostras com adição de 1% de CNTs. Já para resistência à flexão aos 7 e 28 dias, a melhora foi em relação a adição de 0,5% de CNTs, com 24,03% e 31%, respectivamente. Também, avaliaram a microestrutura e observaram por MEV que os CNTs preencheram os poros entre as fases da matriz, estando inseridos entre os produtos hidratados.

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Já a equipe de Xu et al. (2015) avaliaram a microestrutura e a resistência mecânica de pasta de cimento Portland reforçado com CNTs. Como a proporção de CNTs adicionados de 0,1% e 0,2% em relação à massa de cimento, as propriedades mecânicas das pastas melhoraram correspondentemente. Com a adição de 0,1%, a resistência à compressão aos 7 dias aumentou 21,78%, e aos 28 dias apenas 14,62%. A resistência da pasta à flexão também foi melhorada pela adição de CNTs, cerca de 40% com adição de 0,2% analisada aos 28 dias. Os autores utilizaram MEV para analisar a microestrutura, que mostrou que os CNTs estavam bem dispersos nos produtos hidratados. Já o teste de mercúrio sob pressão, para medir a variação e distribuição de poros, demonstrou que os CNTs influciam também na porosidade.

Ainda, o estudo de Abu Al-Rub et al. (2012) focou em parâmetros físicos dos CNTs, como a razão de aspecto, aplicados em pastas de cimento. Foram utilizados CNTs longos, de razão de aspecto na ordem de 1250 a 3750, e curtos, com razão de aspecto de 157. Foram realizados testes de flexão aos 7, 14 e 28 dias de idade. Aos 7 dias a amostra de CNTs curtos e com 0,2% de adição obteve uma piora de 38% em relação à referência. Mas aos 28 dias, os resultados mostram que a resistência à flexão de 0,2% e 0,1% de CNTs aumentou 269% e 65%, respectivamente, comparando à amostra sem adições. Quanto à ductilidade, aos 28 dias para as amostras com 0,1% e 0,2% de CNTs, os aumentos foram de 86% e 81%, respectivamente. Os autores concluíram que nanocompósitos com baixa concentração de CNTs longos proporcionam desempenho mecânico comparável ao nanocompósitos com maior concentração de CNTs curtos. Através de MEV foi evidenciado micrografias sobre o efeito de ponte em microtrincamento.

Como as dimensões dos CNTs são em escala nanométrica, uma maior quantidade de átomos localiza-se na superfície das partículas, implicando em fatores que alteram as propriedades básicas, como energia superficial, morfologia e a reatividade química desses materiais, apresentando problemas de dispersões em matriz cimentícia. Entre as principais técnicas realizadas para a dispersão dos CNTs tem-se a agitação de suspensão aquosa contendo os CNTs por meio de ultrassom, tratamentos físicos e/ou químicos da superfície dos CNTs (funcionalização), além da utilização de aditivos superplastificantes (FOLDYNA; FOLDYNA; ZELEŇÁK, 2016).

Parveen et al. (2015) estudaram a dispersão usando o Pluronic F-127 como um agente dispersante. Otimizando a concentração em 3%, identificou-se que a dispersão melhorou significativamente a densidade aparente e as propriedades mecânicas da argamassa de cimento, pois isso foi atribuído à formação de microestrutura mais densa formada na presença do dispersante. Além disso, os autores utilizaram CNTs de paredes simples e observaram que, a adição de 0,1% de SWNT melhorou o módulo de flexão da argamassa em 72%, a resistência à flexão em 7% e à

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compressão em 19%, aos 28 dias de hidratação. Os autores, realizaram também o ensaio de compressão após 56 dias, e foi observado um aumento com o período de hidratação de 23%. Todas as amostras reforçadas com CNTs exibiram melhora de rigidez, energia de fratura e ductilidade em comparação com amostras simples de argamassa e compósitos preparados usando um surfactante comum.

MacLeod et al. (2020) avaliaram os efeitos de uma mistura líquida de CNTs pré-dispersos sobre o desempenho de concreto com adições de 2,5; 5 e 10%, usando cimento de alta resistência inicial e cimento Portland convencional. Não foi reportado a concentração de CNTs da solução. Foram observados os efeitos do tempo de mistura, propriedade reológica e resistência à compressão com 1, 7 e 28 dias de cura. A adição que apresentou melhor resultado foi a de 10%, que conferiu resistência significativa em 1 dia de 45,8% com cimento de alta resistência inicial, e 39,4% com cimento convencional. Aos 7 dias, foram observadas, respectivamente, melhoras de 16 e 35,6%. Já aos 28 dias, mesmo com o cimento de alta resistência inicial apresentando melhora superior ao convencional, ambos os cimentos apresentaram resistências parecidas, em torno de 55,4 e 54,8 MPa, respectivamente. Os resultados destacaram os benefícios de um tempo de mistura prolongado com a melhoria na homogeneização usando a solução aquosa de CNTs.

Li et al. (2005) observou em seu estudo que tais resistências sofreram aumento de 25 e 19%, respectivamente, quando adicionados 0,5%, em relação à massa de cimento, de CNTs tratados com HNO3 na preparação de argamassas. Para os autores, a melhoria nas propriedades mecânicas se deve

a interação interfacial entre reforço e matriz, devido à presença de grupos carboxílicos funcionalizados nas superfícies dos CNTs, e possivelmente, ligações químicas podem acontecer entre os grupos carboxílicos e os produtos hidratados, como os silicatos de cálcio hidratado (C–S– H) e a portlandita (Ca(OH)2). Além disso, os CNTs agem como verdadeiras ‘pontes’ que atravessam

fissuras e vazios, garantindo a transferência de tensões entre matriz e reforço, conferindo um caráter mais dúctil ao material. Os referidos autores também demonstraram que as argamassas contendo 0,5% de CNTs apresentaram uma porosidade aproximadamente 64% menor do que a amostra de controle (sem adição). Além disso, as argamassas com CNTs apresentaram uma redução de 82% no volume de poros com diâmetro maior que 50 nm quando comparados com amostras de controle. Portanto, a porosidade é reduzida com a incorporação de CNTs na matriz de cimento.

Posteriormente, Li et al. (2007-a) compararam uma pasta de cimento com adições de CNTs tratados usando uma solução mista de H2SO4 e HNO3 que foram uniformemente dispersos na pasta

de cimento por meios de energia ultrassônica, com uma pasta com CNTs não tratados, com cargas de 0,5% e a/c de 0,4. Observaram que, após 28 dias, a resistência à compressão da pasta com CNTs

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tratados foi, aproximadamente 2,7 MPa maior do que a pasta com CNTs não tratados. Além disso, a resistência à flexão foi 0,4 MPa superiores na pasta com CNTs tratados. Para os compósitos cimentícios reforçado com CNTs tratado, a superfície dos CNTs foi coberta por C-S-H, o que leva a uma maior resistência mecânica. Os pontos de contato dos CNTs tratados em compósitos foram muito menores do que os dos CNTs não tratados em compósitos com matriz cimentícia, o que leva a maiores propriedades sensíveis à compressão.

Batiston, (2012) observou que um grande número de processos pode ser utilizado para a funcionalização dos CNTs, a fim de se obter um material compatível com as características da matriz cimentícia. Entre eles destaca-se a introdução de radicais carboxilas. Alguns autores sugerem que a interação entre os CNTs funcionalizados e os principais produtos hidratados seja através destes radicais, especialmente através do cátion Ca2+, presença do que serviriam de base para a fixação tanto do C-S-H quanto do Ca(OH)2. O método mais comum e simples para a introdução deste tipo

de funcionalização é o tratamento com ácido nítrico e sulfúrico. Vários autores utilizaram este processo para obter CNTs funcionalizados. Também é consenso a utilização das proporções de 1:3 em volume de ácido nítrico e ácido sulfúrico concentrado, contudo, o tempo de exposição varia bastante. Como o tratamento é bastante agressivo, faz-se necessária a caracterização dos CNTs e das dispersões para que a metodologia seja adequada a cada utilização.

Musso et al. (2009) prepararam pastas de cimento adicionando 0,5% de CNTs e a/c de 0,4. Para estudar como as propriedades físico-químicas podem afetar o comportamento mecânico do compósito, os autores compararam três tipos diferentes de CNTs: usual (p-CNTs), recozido (a-CNTs) e funcionalizados (f-(a-CNTs) com carboxila. Para comprovar se de fato, os tratamentos de recozimento a alta temperatura removem defeitos das paredes dos CNTs, aumentando a resistência mecânica, e também, se tratamentos como a oxidação melhoram a reatividade química do material primitivo, e consequentemente, as ligações químicas entre o reforço e a matriz de cimento devem aumentar a resistência mecânica. Para a composição de fases dos compósitos foi utilizado uma análise termogravimétrica (TGA). Nos testes foi possível observar que em relação a resistência à flexão se obteve uma melhora de 34% com p-CNTs, seguido por 9% para a-CNTs e uma piora de 2,5% nos f-CNTs. E quanto a resistência à compressão, também apresentou o melhor resultado o p-CNTs, com melhora de 20%, seguido de melhora de 10% dos a-p-CNTs, e piorando em 6% com f-CNTs. Portanto, os testes de flexão e compressão mostraram uma redução das propriedades mecânicas com CNTs funcionalizados com carboxilas, enquanto uma melhoria significativa é obtida com CNTs usuais e branda para os recozidos.

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Esse comportamento foi justificado levando-se em conta que os f-CNTs apresentaram uma grande hidrofilicidade e absorveram grande parte da água contida na mistura de cimento, o que dificultou a hidratação adequada da pasta. Essa hipótese foi confirmada pela baixa quantidade de gel de tobermorita produzido durante o processo de hidratação, como identificado na TGA. Além disso, para confirmar se a hidratação do cimento era realmente dificultada pela presença de CNTs funcionalizados com carboxilas, os autores preparam novas misturas de cimento, com e sem f-CNTs (seguindo o mesmo método dos outros corpos de provas), aumentando a relação a/c, onde provaram que uma hidratação adequada da pasta de cimento foi obtida apenas aumentando a relação a/c de 0,4 para 0,56. Com isso, devido a uma maior relação a/c, a resistência à flexão do concreto, foi menor para essas amostras, em relação às anteriores, mas, neste caso, a adição de CNTs levou apenas a uma perda de resistência mecânica de 3%, resultados semelhantes foram obtidos com os testes de resistência à compressão. Portanto, é plausível que, os f-CNTs só pode absorver a água até um certo limite, o excesso de água é disponível para hidratar os grãos de cimento.

Li et al., (2007-b) como uma alternativa menos agressiva ao tratamento com ácidos sugeriram a suspensão dos CNTs em peróxido de hidrogênio. Segundo estes autores, o peróxido de hidrogênio gera bons resultados de dispersão e preserva de maneira mais eficiente a estrutura dos CNTs. Liu et al. (2007), apontou que a reatividade dos CNTs é inversamente proporcional ao seu diâmetro, ou seja, quanto maior o diâmetro do tubo mais agressivo deve ser o tratamento para se obter um resultado adequado. Assim, durante o processo de funcionalização, CNTs de menor diâmetro podem ser muito danificados ou mesmo destruídos. Então, deve-se ter cuidado na seleção do processo e nos tempos de tratamento pois podem prejudicar as características de interesse dos CNTs.

Além da qualidade da dispersão, a capacidade de reforço dos CNTs em compósitos à base de cimento depende de outros fatores, entre eles o teor de concentração dos CNTs, estrutura e propriedades intrínsecas dos CNTs, composição e estrutura da matriz e a eficiência da ligação interfacial CNTs-matriz (Manzur et al. 2014).

4 CONCLUSÃO

Nanotubos de carbono (CNTs) têm excelentes propriedades que geram ampla aplicabilidade nos campos de construção civil. Pesquisas foram realizadas e os resultados mostraram excelentes aplicações potenciais em vários setores. Com a adição de CNTs em compósitos cimentícios, observou-se pelas pesquisas citadas anteriormente, um efeito significativo sobre melhorias das

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propriedades mecânicas como resistência à compressão e à flexão. Sendo de grande relevância a resistência à flexão pois é a principal deficiência em concretos.

Através das micrografias, identificou-se a boa dispersão de CNTs, quando utilizadas técnicas como ultrassonicação. A boa interação entre CNTs e a matriz de cimento são de extrema importância para a obtenção de resultados positivos referentes as propriedades mecânicas. Em relação a porosidade e o volume total de poros nas amostras produzidas com a inclusão de CNTs, os estudos apontaram para uma diminuição e redução do diâmetro, levando a um melhor empacotamento dos componentes da matriz cimentícia.

Embora em alguns estudos, como os conduzidos por Li et al. (2005) e posteriormente por Li et al. (2007-a), mostram que os processos de funcionalização servem para melhorar a dispersão dos CNTs em água e como consequência tornar sua distribuição homogênea na matriz cimentícia e também melhorar a interação destes com os produtos hidratado, outro estudo, como o de Musso et al. (2009), aponta que eles não são eficientes e que são capazes de alterar as características dos CNTs.

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