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PATOLOGIA DA ESTEFANUROSE EM SUÍNOS DE PRODUÇÃO ARTESANAL NO MUNICÍPIO DE CACHOEIRA DO ARARI, ILHA DE MARAJÓ - ESTADO DO PARÁ-BRASIL

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ISSN 2179-5037

Revista UNIABEU Belford Roxo V.8 Número 20 setembro-dezembro de 2015

PATOLOGIA DA ESTEFANUROSE EM SUÍNOS DE PRODUÇÃO ARTESANAL NO MUNICÍPIO DE CACHOEIRA DO ARARI, ILHA DE MARAJÓ - ESTADO DO PARÁ-

BRASIL

Gleyderson Silva dos Anjos1 Raimundo Nonato Moraes Benigno2 Nicolau Maués Serra-Freire3

RESUMO: É estudado o conjunto de lesões macroscópicas e histopatológicas em

suínos de criação familiar em Cachoeira do Arari, Ilha do Marajó, estado do Pará, a partir de infecções naturais por Stephanurus dentatus (Diesing, 1839), estádios de larvas e adultos. Foi demonstrado que as lesões produzidas pelo estágio imaturo do S. dentatus no fígado e nos rins se caracterizaram por formação cística acompanhada de fibroplasia, distensão dos sinusóides e de extensas áreas de infiltração eosinofílicas. Os ureteres ficaram dilatados, fistulados e repletos de abcessos com material necrótico e no tecido gorduroso perirrenal e periureteral, as lesões são na forma de abcessos acompanhado de infiltração de células mononucleares típicas para este parasitismo.

Palavras-chave: Parasitose renal de suíno; Nematóide; Patologia

ABSTRACT: It is studied the macroscopic and histopathologic lesions set in swine for breeding in Cachoeira do Arari, Ilha do Marajó, Pará State, from natural infections by Stephanurus dentatus (Diesing, 1839), larvae and adult stages. It has been shown that the lesions produced by the immature stage of S. dentatus in the liver and in kidneys is characterized by cystic formation accompanied by fibroplasia, distention of the sinusoids and extensive Eosinophilic Infiltration areas. The ureters were dilated, fistulous and abscesses filled with necrotic material and in fatty tissue and periureteral, peri-kidney lesions are in the form of abscesses with infiltration of mononuclear cells are typical for this parasitism.

Keywords: Kidney parasitism in swine; Nematode; Pathology.

1 Discente em Medicina Veterinária, concluinte do bacharelado pela Universidade Federal Rural da

Amazônia.

2

BMV, MSc., PhD, Professor em Parasitologia e Doenças Parasitárias na UFRA.

3

BMV, MSc., PhD, LD, Prof. Titular em Parasitologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Prof. em Metodologia Científica no Curso de Farmácia, e de Bioestatística no Curso de Enfermagem no Centro Universitário Uniabeu.

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INTRODUÇÃO

O Brasil possui o quarto maior rebanho suinícola produtivo do mundo, com diversas raças, destinadas principalmente, para a produção industrial; mas tem crescido a participação dos suínos denominados caipiras para consumo doméstico (NISHI et. al., 2000; PINTO et. al., 2007; AGUIAR, 2009). Mesmo sendo o quarto maior exportador de carne suína do mundo, desde 1997, ainda são baixos os índices de produtividade, com as pequenas e médias propriedades respondendo por grande parcela das criações, empregando diversos sistemas de criação e manejo. Esta situação traz reflexos sobre a sanidade satisfatória dos plantéis, e as parasitoses são dos maiores entraves em relação a produção brasileira por alterar, sobretudo o desempenho e provocar sérias perdas econômicas (CARREGARO, 2002; MOTA et. al., 2003).

As criações em escala industrial no Brasil estão localizadas principalmente nas regiões Sul e Sudeste, e considerando o emprego de recursos tecnológicos, uma grande variação entre os sistemas de criação é observada (ROPPA, 1998).

No Arquipélago do Marajó, os suínos constituem o terceiro maior rebanho, vivendo em sistemas agrosilvipastoris, sendo comercializados localmente e no mercado regional (ROPPA, 2014). A suinocultura na Ilha de Marajó é de manejo rústico e familiar, onde, na maioria das vezes os animais vivem em quintais ou em alagados com outras espécies de animais. Os rebanhos são facilmente infectados por endoparasitas

induzindo a baixa produtividade, além dos riscos para saúde humana relacionados com a segurança alimentar.

Os prejuízos decorrentes das endoparasitoses nos rebanhos suinícolas dependem do nível de poluição ambiente, que varia de acordo com os sistemas de produção, condições de higiene e as práticas de manejo (LEITE et al., 2000; NISHI et. al., 2000; PIGI, 2007; PINTO et. al., 2007).

Os suínos criados em sistemas intensivos, desenvolvem fauna parasitária diferenciada em ralação à dos suínos criados em sistemas extensivos (KENNEDY; BRUER; MARCHIONDO; WILLIAMS, 1988; ROEPSTORFF; JORSAL, 1990). No extensivo, ocorre um aumento de potencial da diversidade de parasitismo, com problemas tanto nas populações adultas como nas jovens (WHITE, 1996).

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Os endoparasitas produzem efeitos deletérios que influenciam na capacidade produtiva; retardam a produção; afetam a conversão alimentar induzindo perda no ganho de peso; aumentam os custos com tratamentos profiláticos e curativos; e, em casos extremos, levam os animais a óbito (FORMIGA, 1979; TUBBS, 1993; SOBESTIANSKY; WENTZ, 1998; CORDÓVES et. al., 2000; MOTA et. al., 2003; HOFF et. al., 2005).

Dentre os parasitas importantes em suínos, destaca-se o nematóide renal, Stephanurus dentatus (Diesing, 1839), em função dos riscos para a saúde humana relacionados com a segurança alimentar. Os adultos, são encontrados no interior de cistos na gordura perirrenal, pélvis renal, parede dos ureteres e tecidos adjacentes. Na efetivação do ciclo vital há uma fase de migração no corpo do hospedeiro, com lesões no fígado, rins e pulmões que podem levar a condenação destes órgãos nas inspeções pós-morte. Eventualmente, o nematóide pode ser encontrado na região lombar da carcaça, aumentando mais prejuízos do produtor devido sua rejeição da mesma, como prevê o manual de inspeção sanitária. O Regulamento da Inspeção Higiênico-Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA, 1997), art. 208, define o critério de julgamento e destino de órgãos e carcaças e estabelece: “Estefanurose - As lesões de gordura peri-renal provocadas pelo S. dentatus implicam na eliminação das partes alteradas, devendo-se, entretanto, todas as vezes que for possível, conservar os rins aderentes à carcaça” Além disso, os suínos também podem atuar como potenciais reservatórios de parasitoses humanas (MUNDIM et. al., 2004).

O objetivo do presente trabalho foi caracterizar as lesões anatomopatológicas decorrentes de infecções causadas por S. dentatus em vísceras de suínos procedentes

do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó e destinados ao consumo na área metropolitana de Belém, Pará.

MATERIAL E MÉTODOS

Amostragem animal e órgãos

Suínos manejados empiricamente no município de Cachoeira do Arari pertencente a Mesorregião do Marajó e à Microrregião do Arari, ilha de Marajó, estado do Pará, com área de 3.102,08 Km², e população humana de 20.411 habitantes (BRASIL, 2007). No município a principal fonte de renda é a atividade pecuária (carne, leite e queijo), e no Brasil rural a criação de animais de médio porte, principalmente os

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suínos, representa a segunda fonte de renda (GONZALES et al., 1975, ALTMANN, 1997).

Em um abatedouro sem fiscalização na periferia da cidade de Belém foram adquiridas e examinadas as vísceras abdominais de quatro suínos adultos machos, sem raça definida. Pelo exame macroscópico das vísceras ainda no abatedouro se objetivou caracterizar as lesões parasitarias por nematóide S. dentatus, incluindo a documentação fotográfica. Então foram retirados fragmentos dos órgãos medindo aproximadamente 0,5 cm de espessura, abrangendo a zona de transição entre a área lesada e a área aparentemente normal, e acondicionadas em frascos contendo formol tamponado a 10% para fixação. Assim foram transportadas até o Laboratório de Patologia Animal do Instituto da Saúde e Produção Animal (ISPA), da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), onde então foram processadas para exame histopatológico.

Processamento laboratorial

Os fragmentos dos órgãos foram processados para histopatologia após 24 horas de fixadas. Foram recortadas e colocadas em cassetes, incluídas em parafina, e processados os cortes obedecendo o seguinte protocolo: desidratação em quatro banhos de diferentes concentrações de álcool etílico até álcool etílico absoluto (70% a 100%), clarificação em dois banhos de xilol, impregnação e inclusão em parafina, obtendo os blocos; estes foram microtomizados a 5µm, e coletados em lâminas de vidro (BEHMER et al., 1976). Posteriormente as lâminas foram tratadas com xilol, reidratadas, e coradas pela hematoxilina-eosina (HE) com o propósito de analisar as lesões histológicas em microscópios ópticos Olympus, nas objetivas 10x, 20x, 40x e 100x e documentá-las.

Para a detecção de formas imaturas de S. dentatus, foram realizados cortes no parênquima hepático e para detecção de adultos, as lesões císticas que caracterizam a presença do nematóide, foram dissecadas. Os espécimes de nematóides foram processados de acordo com AMATO et al. (1991) e quantificados.

Foram coletadas amostras de urina dos animais parasitados para a realização de exames de rotina com objetivo visualizar a presença de ovos e estabelecer a ocorrência da prepatência da infecção parasitária.

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Das quatro amostras de vísceras examinadas, duas apresentaram lesões macroscópicas associadas à infecção por S. dentatus, comprovadas pela observação de larvas do parasita no fígado e/ou presença de exemplares adultos em cistos na gordura perirrenal, rins ou ureteres e de ovos na urina.

Dois suínos (50%) tinham nematóides e lesões sugestivas de infecção pelo S. dentatus, localizadas no tecido gorduroso perirrenal, rins, ureteres e fígado. A urinálise acusou a presença de ovos do nematóide em um animal, com carga parasitária considerada abundante, pois foram encontrados ovos não embrionados em quase todos os campos microscópicos (Figura 1).

Figura 1. Ovos de Stephanurus dentatus

(Diesing, 1839) em amostra de urina de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil (Objetiva de 20X).

Nas vísceras de um dos animais infectados, foram recolhidos 130 nematóides adultos: cinco estavam parasitando o rim, quatro na região da pélvis e um atravessando a cápsula, e várias lesões no parênquima hepático (Fig. 2). Em outro animal foram encontrados seis nematóides adultos no tecido gorduroso perirrenal e uma lesão no parênquima hepático. Dos 136 adultos recuperados 53% eram fêmeas, e 47% machos.

Figura 2. Fígado de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari (Ilha de Marajó, Pará-Brasil, apresentando lesões induzidas por larvas de Stephanurus dentatus

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Cavalcanti (1996) registrou 100% de infecção em vísceras de suínos abatidos clandestinamente na cidade de Belém. Índices elevados também foram registrados em animais procedentes da área de várzea amazônica (77%) por Rodrigues et al. (1996), e de Minas Gerais (80,1%) por Freitas e Costa (1962). Índices inferiores foram registrados em porco-monteiro (Sus scrofa) capturados no pantanal do rio Negro em Mato Grosso do Sul (OVANDO; RIBEIRO, 2007) e em animais procedentes de criatórios localizados na periferia da cidade de Itabuna (BA), (PINTO et al., 2007), respectivamente 40% e 2%.

A gordura peri-renal foram encontrados múltiplos abscessos contendo adultos de S. dentatus (Fig. 3). Pela microscopia óptica se observou presença de abscesso ao nível da gordura peri-renal, caracterizada como esteatite abscedativa, e infiltração de células mononucleares envolvendo a gordura peri-ureteral = esteatite crônica (Fig. 4). ASHIZAWA et al. (1972) relataram que os abscessos apresentavam principalmente neutrófilos, porém alguns deles continham eosinófilos.

Figura 3. Abcesso rompido (seta maior) e integro (setas menores) na gordura peri-renal de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil, contendo adultos de

Stephanurus dentatus (Diesing, 1839).

Figura 4. Presença de infiltração de células mononucleares (1) envolvendo a gordura peri-ureteral = esteatite crônica, induzida por Stephanurus dentatus

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Sd

D

E

Figura 5. Stephanurus dentatus

(Diesing, 1839) adultos (setas) no cálice renal de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil.

Figura 6. Stephanurus dentatus

(Diesing, 1839) (Sd) envolto por debris hialino (D) e de infiltrado eosinofílico(E) no tecido renal de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil.

Os ureteres estavam totalmente dilatados e com formato irregular decorrente dos abcessos facilmente perceptíveis na superfície externa, dos quais, ao corte, fluíam vermes adultos (Fig. 7). Estes abcessos se comunicavam com o canal ureteral através de fístulas (Fig. 8).

Figura 7. Ureteres dilatados e com formato irregular decorrente dos abcessos (seta) na superfície externa, em suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil, contendo adultos de

Stephanurus dentatus (Diesing, 1839).

Figura 8. Comunicação dos abcessos com o canal ureteral através de fístulas (setas) em suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil, contendo adultos de

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Os achados histopatológicos incluíram no ureter: presença de fibroplasia e denso infiltrado de células mononucleares (macrófagos e linfócitos) que se estende até a gordura peri-ureteral (esteatite), onde se observou grande abscesso com material necrótico (esteatite abscedativa); presença de pseudocisto contendo nematóides e ovos (Fig. 9, 10) e fibroplasia substituindo o estrato muscular Fibroplasia também foi observada no tecido hepático (Fig. 11) apresentando excrescências na sua parede interna com distensão dos sinusóides por hemácias (Figs. 12 e 13).

Figura 9. Presença de fibroplasia e denso infiltrado mononuclear (1) nas margens de um pseudocisto contendo Stephanurus dentatus

(Diesing, 1839) (2) e ovos (setas) no ureter de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil. Coloração com

Hematoxilina e Eosina, Obj. 10x.

Figura 10. Ureter de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil com fibroplasia e infiltração de células mononucleares (1), reação

2

inflamatória estende a gordura peri-ureteral,

1 onde se observa dois ovos de Stephanurus

dentatus (Diesing, 1839) (setas) e grande

abscesso com material necrótico (2) = Esteatite abscedativa. Coloração com Hematoxilina e Eosina, Obj. 10x.

Foram também observados fragmentos de nematóide com reação tipo corpo estranho (linfócitos, macrófagos, células gigantes e eosinófilos também podem ser vistos) (Fig. 14); foram observados a presença de pseudocisto contendo nematóide e externamente presença de exsudato fibrinoso com eosinófilos, podendo estar associado hiperplasia linfóide (Fig. 15).

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.8 Número 20 setembro-dezembro de 2015 Figura 11. Fígado de suíno procedente

do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil, com fragmentos de Stephanurus dentatus (Diesing, 1839) (1) em extensa área de fibroplasia substituindo o tecido hepático (2). Coloração Hematoxilina e Eosina, Obj. 10x.

Figura 13. Pseudocisto (1) no fígado de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil, com Stephanurus dentatus

(Diesing, 1839) (2); externamente

com exsudato fibrinoso com eosinórilos (3). Outro pseudocisto em conexão com o tecido hepático (4); extensa área de fibroplasia substituindo o tecido hepático com excrecências na parede interna (seta). Coloração com Hematoxilina e Eosina, Obj. 4x.

Figura 12. Fígado de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil, com extensa área de fibroplasia (1) e estroma original com distenção dos sinusóides por pressão de eritrócitos (2). Coloração com Hematoxilina e Eosina, Obj. 10x.

Figura 14. Fígado de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil, com reação tipo corpo estranho (linfócitos, macrófagos e células gigantes) (2) à Stephanurus

dentatus (Diesing, 1839) (1). Presença de extensa área de fibroplasia substituindo o tecido hepático (3). Coloração com Hematoxilina e Eosina, Obj. 10x.

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Santos (1986) relatou a presença de lesões no fígado, sendo a maior apresentou 3 cm de diâmetro e foram caracterizadas como escaras brancas em sua superfície visceral (“manchas leitosas”). Mas LANGENEGGER et al. (1972), que também relatou lesões com infecções oportunistas, afirmou que algumas apresentavam ponto hemorrágico com Brucella suis e Corynebacterium pyogenes em lesões na superfície renal, ou hepática, inclusive com a participação de outros bioagentes.

Algumas lesões relatadas no presente estudo, como as da gordura perirrenal e periureteral, que caracterizam o estado crônico da infecção, são compatíveis com o longo tempo de sobrevivência do S. dentatus no hospedeiro. De acordo com os dados in vitro de Tromba e Douvres (1969) esta sobrevivência máxima foi de 106 e 113 dias para os machos e fêmeas jovens (Fig. 15a, b), respectivamente. É nesta fase do ciclo evolutivo que os nematóides já estão inseridos nos órgãos e exercendo ações destrutivas e obstrutivas acompanhadas das reações teciduais compatíveis com as infecções parasitárias teciduais, cujas características histopatológicas dependem do estágio da infecção.

Fonte/Imprenta: Pesquisa Agropecuária Brasileira, Veterinária, Rio de Janeiro, v.7, p.15-18.

1972 Série:Veterinária

a b

Figura 15. Stephanurus dentatus (Diesing, 1839) recolhido de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha de Marajó, Pará-Brasil; a) detalhe da cor e tegumento;

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Possivelmente, o fato de algumas alterações histopatológicas citadas no trabalho Marques (1988) não terem sido encontradas no presente trabalho, estejam relacionadas com o estágio da infecção, já que a autora relatou as alterações pontuais de acordo com o dia pós-infecção.

As lesões produzidas pelo estágio imaturo do S. dentatus no fígado se caracterizaram por formação cística acompanhada de fibroplasia, distensão dos sinusóides e de extensas áreas de infiltração eosinofílicas. Este tipo de infiltração também caracterizou o perfil lesional dos rins envolvendo o interstício e o glomérulo. Os ureteres ficaram dilatados, fistulados e repletos de abcessos com material necrótico e no tecido gorduroso perirrenal e periureteral, as lesões são na forma de abcessos acompanhado de infiltração de células mononucleares típicas para este

parasitismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido em 15/05/2015. Aceito em 02/08/2015.

Imagem

Figura 1. Ovos de Stephanurus dentatus  (Diesing,  1839)  em  amostra  de  urina  de  suíno procedente  do  município  de  Cachoeira  do  Arari,  Ilha de Marajó, Pará-Brasil (Objetiva de 20X)
Figura 5. Stephanurus dentatus
Figura  9.  Presença  de  fibroplasia  e  denso infiltrado  mononuclear  (1)  nas  margens  de  um  pseudocisto  contendo  Stephanurus  dentatus  (Diesing,  1839)  (2)  e  ovos  (setas)  no  ureter  de suíno  procedente  do  município  de  Cachoeira  do  A
Figura 14.  Fígado de suíno procedente do município de Cachoeira do Arari, Ilha  de  Marajó,  Pará-Brasil,  com  reação  tipo  corpo  estranho  (linfócitos, macrófagos  e  células  gigantes)  (2)  à  Stephanurus  dentatus  (Diesing, 1839) (1)
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