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QUALIDADE DE VIDA E CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS RESIDENTES EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA

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Revista UNIABEU, V.10, Número 26, Agosto-Dezembro de 2017.

QUALIDADE DE VIDA E CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS

RESIDENTES EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA

Cleonice de Sousa Feitor1

Rodrigo Leite Rangel2

Jocelma Silva Borges3

Renato Novaes Chaves4

Resumo: O objetivo basilar foi avaliar a qualidade de vida e a capacidade funcional de idosos residentes em uma Instituição de Longa Permanência. Trata-se de um estudo descritivo, de corte transversal, com abordagem quantitativa, realizado com 20 idosos de uma Instituição de Longa Permanência de uma cidade do interior da Bahia. Foi utilizado o questionário SF36 para a qualidade de vida, o Índice de Barthel para a capacidade funcional e um formulário para o perfil sociodemográfico, como instrumentos de coleta de dados. O tratamento dos dados foi mediante a estatística descritiva. Os resultados apontam prevalência de idade entre 60 a 79 anos. Nos domínios do SF36, as melhores médias foram nos aspectos físicos e emocionais. Na capacidade funcional, constatou-se prevalência de idosos com dependência leve (30%). Predominância de portadores diabéticos ou hipertensos associados a outras patologias (50%). Os etilistas (45%) e/ou tabagistas (80%) acreditam que esses hábitos contribuíram para a dependência funcional. Dessa forma, o estudo demonstrou que a QV dos idosos em questão se apresenta de maneira insatisfatória, pois eles tiveram as piores médias na maioria dos domínios do SF36, tais como: capacidade funcional, dor, estado geral de saúde, vitalidade e aspectos sociais.

Palavras-chave: Qualidade de Vida; Envelhecimento; Instituição de Longa Permanência para Idosos.

QUALITY OF LIFE AND FUNCTIONAL CAPACITY OF ELDERLY RESIDENTS IN A LONG-TERM INSTITUTION

Abstract: The basic objective was to evaluate the quality of life and the functional capacity of the elderly residents in a long-term Institution. It is a descriptive study, cross-section, with a quantitative approach, was held with 20 elderlies residents in a Long-term Institution city from the interior of Bahia. It was used the SF 36 quiz to quality of the life, the Barthel index for a functional capacity and a form to sociodemographic profile as a collection instrument. The processing of data was through descriptive statistics. The results point prevalence of age between 60 and 79 years. In domains of the SF36, the best averages were in the physical and emotional aspects. In the functional capacity, it was found a prevalence of elderly with light dependence (30%). A predominance of diabetic carriers or hypertensive associated with other pathologies (50%). The alcoholics (45%) and/or smokers (80%) believe these habits contributed to functional dependence. Thus, the study demonstrated that QL of the elderly concerned is unsatisfactory, because they had the worse averages in most domains of the SF36, such as: functional capacity, pain, general health, vitality and social aspects.

Key words: Quality of Life; Aging; Long-Term Institution.

1 Enfermeira. Graduada pela Faculdade de Tecnologia e Ciências de Vitória da Conquista 2 Estudante de enfermagem da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Vitória da Conquista 3 Estudante de enfermagem da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Vitória da Conquista 4 Professor do departamento de enfermagem, fisioterapia e Nutricão da Faculdade de Tecnologia e

Ciencias.

Professor do departamento de Enfermagem e Psicologia da Universidade Federal da Bahia.

Mestre em em Memória: Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Doutorando em Memória: Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

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Revista UNIABEU, V.10, Número 26, Agosto-Dezembro de 2017.

1. INTRODUÇÃO

Com o declínio da Taxa Brasileira de Natalidade (TBN) por volta dos anos 60, surgiu uma importante mudança na estrutura etária da população, pois a partir desse período vem ocorrendo um aumento significativo do número de idosos no País. Portanto, há uma projeção de que esse índice de envelhecimento se amplie ainda mais nos próximos anos (ALVES, 2014).

As projeções do IBGE (2013) para o no ano de 2025, preveem que o Brasil poderá ter sua população de idosos estimada em 32 milhões de habitantes. É neste cenário que emergem debates sobre o envelhecimento populacional, que, pode ser um grande desfio tanto para a saúde como para a formulação de políticas pública, principalmente no Brasil, onde há desigualdades sociais, como também para as diferentes áreas do conhecimento (ROCHA; SOUZA; ROZENDO, 2013).

No entanto, o envelhecimento não acontece igual para cada indivíduo, pois não depende apenas de alterações naturais da genética, mas da forma como cada pessoa vive e envelhece. No entanto, vale ressaltar a importância de conhecer esse processo, bem como sua interferência na capacidade funcional, o que pode contribuir para melhor qualidade de vida (QV) dos idosos e no desenvolvimento de metas que possa minimizar os efeitos advindos do envelhecer (FECHINE; TROMPIERI, 2012).

Desse modo, a capacidade funcional (CF) pode ser definida como a habilidade do indivíduo em realizar atividades básicas do dia a dia, que inclui também aspectos biopsicossociais caracterizados pela autonomia do indivíduo em cuidar de si mesmo (BARBOSA et al., 2014).

Nesse sentido, à medida que se envelhece e começam a surgir limitações mentais, cognitivas e principalmente físicas com a CF diminuída, muitos idosos passam a necessitar de cuidados. Quando esta realidade não é amparada pela família, por quaisquer motivos, os idosos dependentes passam a residir em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI).

Sendo assim, as ILPI, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 283, são “instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinada a domicilio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania” (ANVISA, 2005, p. 03).

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Acredita-se que os idosos, por residirem em ILPI, e longe do seio familiar, apresentam dependência funcional para execução das suas atividades da vida diária (AVD), como vestir-se, alimentar, tomar banho sozinho, onde essas incapacidades contribuem para uma redução de sua QV, sendo esta a hipótese que norteia a abordagem do estudo.

A QV do idoso está entre os assuntos mais discutidos da atualidade, com maiores buscas pela preservação da saúde e bem-estar do indivíduo na velhice, entendendo-se a QV como um conjunto complexo de grandezas que depende do entendimento de diferentes ângulos, considerando-se aspectos subjetivos, objetivos e pontos positivos e negativos (KHOURY; SÁ-NEVES, 2014).

No entanto, justifica-se a escolha de idosos residentes em ILPI, tendo em vista que estes podem apresentar maiores dificuldades diante do processo de envelhecimento, pois se acredita que a escolha de morar em ILPI muitas vezes não passa apenas pelo desejo do idoso, mas também de sua família, o que, de certa forma, acaba interferindo na QV e na CF desses idosos. Por isso, se despertou o interesse em conhecer a realidade vivida por estes em ILPI.

Desse modo, as ILPIs têm um importante papel na sociedade, pois são destinadas ao acolhimento de idosos que por algum motivo, como falta de apoio da família, por abandono, ausência de recursos do próprio ou dos familiares, vão para essas instituições (FREITAS

et al., 2014).

Entretanto, este estudo também se pauta na relevância social para os participantes, uma vez que propõe a reflexão sobre a realidade de determinada população na qual a família e a sociedade não costumam considerar. Também se justifica pela necessidade de identificar precocemente a CF desta população e, assim, contribuir para uma melhor QV, bem como para o processo de envelhecimento.

Assim sendo, esta discussão pode chamar a atenção para as políticas públicas destinadas aos idosos com dependência funcional e que vivem em ILPI e, assim, pode-se traçar um panorama dos aspectos funcionais, para que possam ser programadas ações de reabilitação e promoção da saúde para esses idosos, melhorando sua QV dentro da ILPI. Neste sentido, a pesquisa parte da seguinte pergunta norteadora: Como é a QV e a CF de idosos residentes em uma ILPI em uma cidade do interior da Bahia? Sendo assim, este estudo objetivou avaliar a QV e a CF de idosos residentes em uma ILPI.

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2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, realizada em uma ILPI localizada em Vitória da Conquista, município do interior da Bahia (BA), no período de maio e junho do ano de 2016. A ILPI possui 49 idosos residentes, dos quais 20 compuseram a amostra do estudo, após assinatura do Termo de Concordância Institucional (TCI). Foram adotados os seguintes critérios de inclusão para participação na pesquisa: residir na ILPI há pelo menos seis meses e estar lúcido e orientado.

Para coleta de dados foram utilizados três instrumentos: Índice de Barthel, SF36 e um formulário de elaboração própria.

O Índice de Barthel, que de acordo com Ferrantin et al. (2017), tem forte correlação para avaliação das AVD, é um instrumento composto por 10 questões, tais como alimentação, higiene pessoal, uso dos sanitários, banho, vestuário, controle de esfíncteres (vesical e intestinal), deambulação ou cadeira de rodas, transferência da cadeira para a cama, subir escadas.

Os resultados para o índice de Barthel são obtidos com base na somatória de cada questão e os valores de referência são: 100 pontos, enquadra-se em independência; de 99 a 76 pontos, tem dependência leve; de 75 a 51, dependência moderada; de 50 a 26, dependência severa; menor que 25 pontos, totalmente dependente (APOSTOLO, 2012). O SF36, um questionário quantitativo, que é um dos instrumentos mais adequados para avaliar a QV de idosos em ILPI (MEDEIROS et al., 2017), com base em 11 itens, distribuídos em oito domínios: Capacidade funcional, limitação por Aspectos Físicos, Dor, Estado Geral de Saúde, Vitalidade, Aspectos Sociais, Emocionais e Saúde Mental. O cálculo foi feito com base na somatória dos valores obtidos em cada questão, multiplicando-se por 100 e dividindo pela variação (Escore de Range). Sendo assim, os resultados com médias próximas de 100 pontos indica melhor QV.

Um formulário de elaboração própria contendo quatro questões, com o objetivo de identificar as principais comorbidades que os idosos possuem e estilo de vida dos mesmos. Os dados foram armazenados por meio do programa Statistical Package for Social

Sciences (SPSS), versão 20.0. Após o software, os dados foram expressos em tabelas com

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Ademais, o tratamento dos dados se deu por meio da estatística descritiva simples e não probabilística.

Foi calculado uma média e desvio padrão por total, e também de forma separada o total de homens e mulheres para cada domínio. Para o entendimento da Tabela, o SF 36 determina que quanto mais próximo de 100 for a média melhor é a avaliação da QV.

O estudo seguiu os preceitos éticos estabelecidos pela resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), a qual regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos. O projeto de pesquisa foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Bahia (CEP UFBA), com parecer consubstanciado nº 1.525.416/2016.

Os participantes do estudo foram devidamente informados quanto aos aspectos éticos da pesquisa e aceitaram participar do estudo através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

3. RESULTADOS

De acordo com a Tabela 1, dos 20 participantes, 50% eram homens e 50% eram mulheres, escolhidos de modo não intencional, com uma predominância de idade entre 60 e 79 anos (70%).

Tabela 1- Perfil dos idosos. Vitória da Conquista – BA, 2016.

CATEGORIAS n (%) Gênero Homens 10 50 Mulheres 10 50 Faixa Etária 60 a 79 anos 14 70 Acima de 80 anos 6 30 Total 20 100

Fonte: Dados da pesquisa. n – amostra. % - porcentagem

Verifica-se através da Tabela 2, na avaliação da CF, que a dependência leve (30%), seguida de dependência moderada (25%), constituiu os maiores percentuais de acometimento na caracterização da dependência funcional. Vê-se ainda que os resultados foram distribuídos por grau de dependência, classificados com base no Índice de Barthel.

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Tabela 2- Avaliação da capacidade funcional dos idosos. Vitória da Conquista – BA, 2016.

CATEGORIAS n (%) Índice de Barthel Independente 4 20 Dependência Leve 6 30 Dependência Moderada 5 25 Dependência Severa 4 20 Totalmente Dependente 1 5 Total 20 100

Fonte: Dados da pesquisa. n – amostra. % - porcentagem

Conforme descrito na Tabela 3, as melhores médias encontradas, para ambos os gêneros, foram nos domínios “Limitação por Aspectos Físicos” [200,00 (DP=93,1)] e “Aspectos Emocionais” [210,00 (DP=98,0)]. Sendo que nesses domínios as mulheres apresentam melhor média em relação aos homens.

No domínio “Capacidade Funcional”, observou-se que a habilidade dos idosos em executar tarefas cotidianas tem uma média total de 37,00 (DP=32,9), e dentro deste escore as mulheres têm média de 51,0 (DP=32,3), já os homens têm média de 23,0 (DP =28,4) apresentando um deficit quando comparado com as mulheres. No entanto, pode-se dizer que, na avaliação dos domínios do SF36, os homens apresentam pior média em relação às mulheres.

Tabela 3- Média e desvio padrão dos domínios do SF 36. Vitória da Conquista – BA, 2016.

DOMÍNIOS DO SF 36 TOTAL Média (DP) MASCULINO Média (DP) FEMININO Média (DP) Capacidade Funcional 37,00 (32,9) 23,0 (28,4) 51,0 (32,3) Limitação por Aspectos Físicos 200,00 (93,1) 175,0 (79,0) 225,0 (103,4)

Dor 48,45 (20,4) 36,7 (9,8) 44,5 (21,9)

Estado geral de saúde 48,70 (17,5) 42,7 (16,2) 54,7 (17,5)

Vitalidade 49,50 (14,6) 43,0 (12,2) 56,0 (14,4)

Aspectos Sociais 60,00 (14,3) 55,0 (13,4) 65,0 (14,1)

Fonte: Dados da pesquisa. DP – Desvio Padrão.

Com relação às comorbidades e estilo de vida, nota-se na descrição da Tabela 4 que 40% dos idosos têm diabetes mellitus (DM) ou hipertensão arterial sistêmica (HAS) ou

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ambas. Observa-se ainda que há uma parcela significativa de participantes tabagistas e etilistas (35%), sendo que 5% apenas fumavam e outros 5% apenas bebiam e os que não eram tabagistas e etilistas foram 55%; ademais, verificou-se que quando questionados se tais hábitos interferiram na saúde deles, 65% acreditam que não contribuiu e 35% acham que contribuiu. Portanto, predominou a noção que o estilo de vida influenciou para esse grau de dependência, que interferiu na capacidade funcional atual.

Tabela 4- Comorbidades e estilo de vida dos idosos. Vitória da Conquista – BA, 2016.

CATEGORIAS n (%)

Patologias

Apenas DM e/ou HAS 8 40

Não tem HAS e/ou DM 2 10

DM e/ou HAS e mais uma patologia 5 25

DM e/ou HAS e duas ou mais patologias 5 25

Total 20 100

Estilo de vida

Fumava 1 5

Bebia 1 5

Fumava e Bebia 7 35

Não fumava e não bebia 11 55

Total 20 100

Contribuição do estilo de vida na dependência funcional

Nenhum contribuiu 13 65

Os dois contribuíram 7 35

Total 20 10

Fonte: Dados da Pesquisa.

DM – Diabetes Mellitus. HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica.

4. DISCUSSÃO

Na avaliação da capacidade funcional, no que se refere à dependência severa ou grave, são peculiares por necessitarem de maiores cuidados, aos quais uma equipe de saúde é necessária para acompanhar tais situações (RIBAS et al., 2012).

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Entretanto, a diminuição da capacidade funcional é decorrente de diversos fatores, tais como demográficos, socioeconômicos, culturais além de alterações fisiológicas, que podem resultar em perda da independência do idoso. Nesse sentido, o estudo de Santos et al. (2016) corrobora os resultados desta pesquisa, pois, ao analisarem um grupo de idosos em uma ILPI, constatou-se uma redução significativa da funcionalidade e independência desses indivíduos.

O estudo de Ferraresi, Prata e Scheicher (2015) também converge com esta pesquisa, pois foi feito com idosos utilizando o Índice de Barthel, e mediram a independência funcional no cuidado pessoal, mobilidade, locomoção e eliminações. Pautado em 10 atividades de autocuidado, o estudo demonstrou uma média de idosos maior na dependência leve e moderada, e destacou que em idosos longevos existe um risco maior de sofrer quedas do que entre idosos de 60 a 78 anos.

Com relação à dependência dos idosos, é necessário destacar a importância dos cuidados, apoio da família, voltado a uma maior responsabilidade em relação ao bem-estar do indivíduo idoso, primando pela manutenção da autonomia, integração e participação desses indivíduos, buscando sempre dar-lhes melhores condições e cuidado (COSTA et

al., 2012).

Ademais, o estudo de Sousa e Azevedo (2015), que avaliou a capacidade funcional de idosos participantes de atividade física de uma Unidade Básica de Saúde de Santos-SP, considerou que a situação de dependência e vulnerabilidade é inevitável no indivíduo idoso, e esta realidade pode estar relacionada ao sedentarismo, e que, para preservar a capacidade funcional, é preciso que haja força muscular, motivação e equilíbrio.

Contudo, o estudo de Oliveira (2012) corrobora com os achados desta pesquisa, pois foi feita uma investigação sobre a capacidade funcional de idosos em uma ILPI no município de João Pessoa, na Paraíba. No estudo destacou-se a importância de se avaliar a funcionalidade com objetivo de retardar o surgimento dessas incapacidades no idoso, proporcionando-lhes melhores condições de vida.

Ademais, um recente estudo realizado na Espanha, na cidade de Zaragoza, que identificou os determinantes da capacidade funcional em idosos de acordo com o gênero, concluiu que as condições de saúde são o principal marcador para a dependência. Também, a atividade física é uma importante medida na atenção primária para reduzir os riscos de diminuição da CF (RUBIO et al., 2013).

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Estes achados corroboram com esta pesquisa, pois aqui todos os idosos pesquisados apresentaram uma ou mais comorbidades que influenciam a condição de saúde e a capacidade funcional. Dessa forma, conforme Rubio et al. (2013, p. 71) “está claro que la

comorbilidad aumenta el riesgo de discapacidad y que el género contribuye a particularizar la salud y la enfermedad”.

No que se refere à avaliação da QV, exposto na Tabela 3, com relação à Limitação por Aspectos Físicos, a explicação para um escore alto é que na instituição tem uma equipe de profissionais que certamente prestam cuidados a eles, no entanto, não conseguem associar isso com a QV, não sendo então um problema para eles.

Entretanto, o conceito de QV em relação ao idoso, está ligado ao aumento da expectativa de vida, e consequentemente surge a necessidade de oferecer uma série de garantias a essas pessoas, por possuírem necessidades peculiares. No entanto, destaca-se a importância de buscar fortalecer a QV de idosos. E ainda, eleva-se a necessidade de atividade física como intervenções eficazes no auxílio desta (OLIVEIRA et al.,2015).

Desse modo, a preocupação com a QV dos idosos acentuou-se ainda mais com o aumento da expectativa de vida, buscando trazer mais capacidade a estes, dando-lhes proteção, melhores condições possíveis, a fim de que seja desenvolvida e preservada a autonomia do idoso em suas habilidades, perspectivas de crescimento, realização de tarefas completas e planejamento das atividades (COSTA et al., 2012).

A QV de idosos residentes em ILPI também foi alvo da pesquisa de Cardona-Arias, Álvarez-Mendieta e Pastrana-Restrepo (2012), em Medellín, na Colômbia, e que comparou o perfil de QV relacionado a saúde de idosos de ILPI públicas e privadas. Na ocasião ficou comprovado que não houve diferenças significativas na QV segundo o tipo de ILPI, no entanto, há uma maior deterioração da QV relacionada à saúde nos indivíduos que são institucionalizados. Assim, este estudo corrobora com os resultados desta pesquisa, uma vez que aqui os idosos também tiveram uma baixa avaliação da QV.

De acordo com o estudo Souza et al. (2016), que converge com esta pesquisa, e que avaliou a QV de idosos portadores de HAS e DM em uma Unidade de Saúde do interior da Bahia, observou-se uma perda significativa da autonomia dos idosos em relação aos outros domínios avaliados.

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As doenças crônicas como o Diabetes e a Hipertensão são consideradas graves problemas de saúde pública, podendo trazer uma série de consequências à saúde do idoso, pois desencadeiam perda da CF e QV. E ainda, idosos com mais de uma comorbidades têm a QV pior em relação aos que têm apenas uma (SOUZA et al., 2016).

No caso do DM, que é uma disfunção associada à dislipidemia, desencadeada pela ausência de insulina ou incapacidade desta em realizar de forma adequada suas funções no organismo, que se caracterizada pela elevação dos níveis de glicose no sangue, pode resultar em uma série de complicações (LIMA, 2014).

No entanto, o aumento de pessoas com diabetes vem acontecendo simultaneamente ao crescimento e envelhecimento da população, destacando, então, a necessidade de conscientização e estratégias de cuidados acerca dessa patologia, para que se tenha um controle da mesma, já que esta é um fator contribuinte na redução da qualidade de vida dos idosos (LIMA, 2014).

Na pesquisa de Silva (2012), feita pela Universidade Estadual de Capinas-SP, com amostra de 3.478 idosos, sobre a influência do tabagismo e consumo nocivo de álcool na hipertensão arterial sistêmica, relacionam-se os hábitos de vida às anormalidades cardiocirculatórias e a capacidade funcional.

Somados a isso, o hábito tabagista, o consumo nocivo de álcool, a ausência de prática de atividade física e a hipertensão arterial sistêmica foram correlacionadas com a síndrome da fragilidade nos idosos. Esta realidade contribui para a diminuição da capacidade funcional (SILVA, 2012).

É interessante avaliar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da Hipertensão Arterial e Diabetes, e, de todo modo, é relevante dar destaque para o fato de que o estilo de vida e hábitos inadequados são fatores de risco latentes para o surgimento de doenças cardiovasculares (DCV).

Assim, destacam Santos et al. (2016) diversos fatores, como o sedentarismo, obesidade, etilismo, e outros hábitos de vida inadequados, também contribuem significativamente para o surgimento e descontrole da Hipertensão Arterial e Diabetes. Os autores chamam a atenção para o fato de que o tabagismo afeta outros órgãos do corpo e influi diretamente na saúde e na qualidade de vida.

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No entanto, o estudo de Della et al. (2016),realizado em Tubarão – Santa Catarina, que avaliou o risco cardiovascular e fatores associados a indivíduos adultos, destacou o cigarro e o álcool como causadores consideráveis de DCV.

Assim sendo, ao comparar o estudo de Della et al. (2016) com os resultados desta pesquisa, fica evidenciado que os maus hábitos de vida podem desencadear malefícios na saúde dos indivíduos. Por isso é importante focar na prevenção dessas patologias na população, principalmente em grupos específicos como os idosos residentes em ILPI.

Portanto, a maioria dos idosos analisados, nesta pesquisa, percebe a relação dos hábitos de vida com a redução da QV, reconhecendo, então, o uso de álcool e fumo como fatores determinantes para surgimento de doenças e redução da capacidade funcional.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo demonstrou que a QV dos idosos em questão se apresenta de maneira insatisfatória, pois eles tiveram as piores médias na maioria dos domínios do SF36, tais como: Capacidade Funcional,Dor, Estado Geral de Saúde, Vitalidade, Aspectos Sociais. Na avaliação da capacidade funcional, a maioria foi classificada como dependentes. E ainda no tocante às comorbidades e estilo de vida, os idosos tinham Diabetes e/ou Hipertensão Arterial, associado a uma ou mais patologias. Em relação ao etilismo e tabagismo, também houve um número significativo de idosos com esses hábitos. Desse modo, pôde-se notar a interferência desses fatores na QV dos idosos, o que também confirma a hipótese do estudo.

No entanto, como os idosos analisados estão em ILPI, necessitam de mais cuidados, já que a maioria é dependente. É necessário tratar de medidas preventivas, buscando diminuir comorbidades e sequelas do envelhecimento, bem como incentivar e auxiliar esses idosos no desenvolvimento das práticas no dia a dia, na melhoria do vínculo entre seus familiares, objetivando uma melhoria da QV dos mesmos.

Sabe-se que às ILPI podem ter inúmeras dificuldades em oferecer um melhor cuidado a esses idosos, talvez por falta de recursos humanos ou outros elementos essenciais. No entanto, deve-se pensar em estratégias que possam alcançar a melhoria na assistência ao idoso nas ILPI, permitindo que esse idoso preserve suas capacidades físicas e mentais, o que também contribuirá para uma boa QV.

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AGRADECIMENTOS

À ILPI pela autorização do local de pesquisa e em especial aos idosos que permitiram que pudéssemos avaliá-los, demonstrando confiança em nosso trabalho.

REFERÊNCIAS

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Submetido: 13 de agosto de 2017 Aceito: 26 de outubro de 2017

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