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Unidade 4 - W. v. O. Quine

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Academic year: 2019

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(1)

Quine e Davidson (e Neurath)

Unidade 4

W. v. O. Quine

Tradução radical,

indeterminação da referência e

os dogmas do empirismo

(2)

Tradução radical

Interpretado Falante

Intérprete

Linguagem L Enunciados P,

Q, R, S...

Linguagem L’ Enunciados P’,

Q’, R’, S’...

(3)

Tradução radical

Interpretado Falante

Intérprete

Linguagem L Enunciados P,

Q, R, S...

Linguagem L’ Enunciados P’,

Q’, R’, S’...

Circunstâncias

(4)

Tradução radical

Interpretado Falante

Intérprete

Circunstâncias

{“Gavagai”}L {“Coelho”}

L’

(5)

Tradução radical

Interpretado Falante

Intérprete

Circunstâncias

{“Gavagai”}L {“Orelhudo”}

L’

(6)

Tradução radical

Interpretado Falante

Intérprete

Circunstâncias

{“Gavagai”}L desconectadas {“Partes não de coelho”}L’

(7)
(8)

Tradução radical

Interpretado Falante

Intérprete

Circunstâncias

{“Gavagai”}L {“Animal”)

L’

(9)

Tradução radical

Interpretado Falante

Intérprete

Circunstâncias

{“...”}L

{“Animal, exceto

este espécime,

nesta situação”)L’

(10)

Tradução radical

Interpretado Falante

Intérprete

Circunstâncias

{“Gavagai”}L {“Veloz”)

L’

(11)

Indeterminação da tradução

Interpretado Falante Intérprete Circunstâncias Sistema de elocuções L: A, B, C, ..., X, Y,

Z, ...

Tradução L2: A2, B2, C2, ..., X2, Y2, Z2, ...

[Correlações]

Tradução L1: A1, B1, C1, ..., X1, Y1, Z1, ...

(12)

Referências (A)

QUINE

, W. V. [2004] [1960]. “Translation and

meaning”. In: QUINE, W. V.

Quintessence:

Basic readings from the philosophy of W. V.

Quine

, p. 119-168. Ed. por Roger F. Gibson, Jr.

Cambridge, Mass. / London: Belknap Press,

2004.

Publicado originalmente em

Word and object

,

(13)

Conexões com Neurath a explorar

1

De que maneira a discussão quineana da

indeterminação da tradução pode ser

relacionada com a situação discutida por

Neurath

em “

Proposiciones

protocolares” –

a saber, a questão da possibilidade de

comunicação e troca de protocolos entre

Robinson Crusoé e Sexta-Feira? (Neurath

[1932], in Ayer [ed] [1959],

El positivismo

(14)

Os dois dogmas do empirismo segundo Quine

1

Distinção analítico/sintético

A definição tradicional é:

Enunciado analítico =

(a) Aquele que é verdadeiro em virtude do significado dos termos

(b)

Aquele no qual “o predicado está contido no sujeito”

(c) Basta

compreender

o enunciado para saber que ele é verdadeiro

Enunciado sintético =

(a) Aquele que é verdadeiro não apenas em virtude do significado

dos termos

(b)

Aquele no qual “o predicado não está contido no sujeito”

(c) Não basta compreender o enunciado para saber que é

verdadeiro; a aferição da sua verdade constitui uma questão

(15)

Os dois dogmas do empirismo segundo Quine

1

Distinção analítico/sintético (cont.)

Diferenças importantes a notar:

Enunciado analítico =

(a) Aquele que é verdadeiro em virtude do significado dos

termos

(b) Enunciado verdadeiro por razões

semânticas

Tautologia =

(a) Enunciado verdadeiro em qualquer valoração (atribuição de

valores de verdade), no cálculo proposicional

(b) Enunciado verdadeiro em virtude da forma lógica ou

sintaxe

Verdade lógica =

(a) É o correspondente, no cálculo de predicados, à tautologia

(b) Enunciado verdadeiro em qualquer interpretação (modelo)

(16)

Os dois dogmas do empirismo segundo Quine

1

Distinção analítico/sintético (cont.)

A reconstrução de Quine

das tentativas de estabelecer a

distinção tradicional:

Analiticidade em termos de definições

Analiticidade em termos de sinonímia

Sinonímia em termos de

permutabilidade preservadora de

verdade

(17)

Os dois dogmas do empirismo segundo Quine

A visão de Quine sobre (1):

(18)

Os dois dogmas do empirismo segundo Quine

1

Distinção analítico/sintético

Podemos dizer que Quine coloca em questão a

distinção

entre teoria e linguagem.

Hilary Putnam pergunta: “A lógica é empírica?”

Lógica

Geometria

____________

::

_____________

(19)

Conexões com Neurath a explorar

2

Como a crítica quineana da dicotomia analítico /

sintético relaciona-se com as teses de Neurath de que:

os enunciados protocolares fazem parte de um

mesmo sistema juntamente com os demais

enunciados científicos

não formando um sistema à

parte,

e que:

qualquer enunciado fisicalista pode funcionar como

enunciado protocolar?

(20)

Os dois dogmas do empirismo segundo Quine

2

O reducionismo de significado

Hume, Carnap, Wittgenstein – Critério de significado e reducionismo de significado

• “Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que um termo

esteja sendo empregado sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva essa suposta ideia?

(Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, 3, 2)

• “Um enunciado possui significado cognitivo se possuir uma interpretação empírica.” (Carnap, Hempel, “Problems and changes in the empiricist criterion of meaning”)

• “Entender uma proposição significa saber o que é o caso se ela

for verdadeira. | (Pode-se, pois, entendê-la e não saber se é verdadeira.) | Entende-se a proposição caso se entendam suas

partes constituintes.” (Wittgenstein, Tractatus, 4.024)

• “O significado de um enunciado é o seu método de verificação.”

(21)

Os dois dogmas do empirismo segundo Quine

2

O reducionismo de significado

A visão de Quine sobre (2):

(22)

Quine em espírito neurathiano

(a) “Nossos enunciados sobre o mundo se defrontam com o ‘tribunal da

experiência’ não isoladamente, mas sim em conjunto” (Quine, “Two dogmas of empiricism”, 1953, p. 41).

(b) “A unidade de significado empírico não é o termo nem o enunciado, mas

(23)

Quine em espírito neurathiano

«A TOTALIDADE DO NOSSO assim chamado sistema de crenças, desde os assuntos

mais casuais da geografia e da história até as leis mais profundas da física

atômica, e mesmo da matemática pura e da lógica, é uma trama feita pelo ser humano, que toca na experiência somente nas bordas. Ou, para usar uma

imagem diferente, o todo da ciência é como um campo de força cujas condições de contorno estão na experiência. Um conflito com a experiência na periferia ocasiona reajustes no interior do campo. Os valores de verdade precisam ser redistribuídos por alguns dos nossos enunciados. A reavaliação de alguns

enunciados acarreta a reavaliação de outros, devido às suas interconexões lógicas

— com as leis lógicas sendo, por sua vez, nada mais do que outros enunciados do sistema, outros elementos do campo. Tendo reavaliado um enunciado, devemos reavaliar alguns outros, que podem ser enunciados logicamente conectados com o primeiro, ou podem ser, eles próprios, enunciados de conexões lógicas. Porém o campo total é de tal maneira subdeterminado por suas condições de contorno

— a experiência — que existe muita margem de escolha com respeito a quais enunciados cabe reavaliar à luz de uma experiência contrária qualquer. Nenhuma experiência particular está conectada com qualquer enunciado particular no

interior do campo, a não ser de forma indireta, através de considerações de

(24)

Quine em espírito neurathiano

Se este ponto de vista está correto, é equivocado falar sobre o conteúdo empírico de um enunciado individual — especialmente se é um enunciado distante da periferia experimental do campo. Além disso, torna-se ocioso buscar uma fronteira entre os enunciados sintéticos — que valem na

dependência (contingente) da experiência — e os enunciados analíticos — que valem haja o que houver. Qualquer enunciado pode ser mantido como verdadeiro haja o que houver, se fizermos ajustes suficientemente drásticos em outras partes do sistema. Mesmo um enunciado muito próximo da

periferia pode ser mantido como verdadeiro em face de um experiência recalcitrante, alegando-se alucinação ou então revisando-se certos

enunciados tais como as leis lógicas. Inversamente, pela mesma perpectiva, nenhum enunciado é imune à revisão. [...]

(25)

Quine em espírito neurathiano

[...] Sustento que uma experiência recalcitrante pode ser acomodada por meio de qualquer uma dentre várias reavaliações alternativas em várias regiões diferentes do sistema como um todo; porém, nos casos que agora estamos imaginando, nossa tendência natural a perturbar o mínimo possível o sistema como um todo iria nos levar a concentrar nossas revisões

naqueles enunciados específicos que versam sobre casas de tijolo ou

centauros. Existe a sensação de que esses enunciados possuem, portanto, uma referência empírica mais incisiva do que os enunciados altamente teóricos da física, da lógica ou da ontologia. Estes últimos podem ser pensados como estando localizados de maneira relativamente central dentro da rede total, significando apenas que impõe-se pouca conexão preferencial com quaisquer dados particulares dos sentidos. [...]

(26)

Quine em espírito neurathiano

Nesta concepção, as questões ontológicas estão em pé de igualdade com as questões da ciência natural. [...]

A questão sobre se existem as classes parece mais ser uma questão de esquema conceitual conveniente; ao passo que a questão acerca de se existem centauros ou casas de tijolo em Elm Street parece mais ser uma questão factual. Porém tenho insistido que essa diferença é apenas de grau, e que acaba dependendo da nossa inclinação vagamente pragmática se

ajustamos um fio do tecido da ciência em vez de outro para acomodar alguma experiência recalcitrante particular. Em tais escolhas o

conservadorismo marca presença, assim como a busca pela simplicidade. [...] A cada ser humano é dada uma herança científica, além de um bombardeio de estimulação sensorial; e as considerações que o guiam para moldar a sua herança científica de modo a ajustar-se às suas constantes demandas sensoriais são, quando racionais, de tipo pragmático.»

(27)

Quine em espírito neurathiano (cont.)

«A ciência não é descontínua nem monolítica. Ela é variadamente

conectada, com conexões que são frouxas em graus variados. Diante de uma observação recalcitrante, temos liberdade para escolher quais enunciados revisar e quais preservar, e essas alternativas irão perturbar diversos

pedaços da teoria científica de diferentes maneiras, e com severidade variável.

[...]

O cientista ocasionalmente revoga até mesmo um enunciado de observação, quando ele conflita com um corpo teórico bem assentado, e também

quando ele tentou em vão reproduzir o experimento. Porém a tese de

Duhem estaria errada se entendida como impondo um estatuto igual sobre todos os enunciados de uma teoria científica, e assim negando um forte pressuposição em favor dos enunciados observacionais. É esse bias que torna a ciência empírica.»

(28)

Conexões com Neurath a explorar

3

Como a concepção quineana de aceitação das propo-

sições

incluindo elementos como:

1. A tese da revisabilidade dos enunciados observacionais,

2. A tese da reorganização do sistema em caso de

modificação,

bem como:

3. A tese de que a coerência funciona como campo

organizador do sistema,

relaciona-se com a visão defendida por Neurath acerca do

estatuto dos protocolos, o papel da coerência e o lugar do

empirismo?

(Neurath

[1932], “

Proposiciones

protocolares”, in

Ayer [ed]

[1959],

El positivismo lógico

; cf. também Neurath [1934],

“O

fisicalismo

radical e ‘o mundo real’”, in

Philosophical

(29)
(30)

Quine em espírito neurathiano

Em

The Web of Belief,

Quine e J. S. Ullian [1970] prosseguem

defendendo a metáfora da rede.

Ali

eles reafirmam as teses, já presentes em “

Two

dogmas”, de

que:

a avaliação [

assessment

] das crenças é feita coletivamente, e

não de cada crença isoladamente (Quine & Ullian [1970], p.

8),

e que:

quando há um conflito entre crenças dentro do sistema, nem

sempre é fácil decidir qual maneira de reestabelecer a

(31)

Quine em espírito neurathiano

De qualquer modo, o fato é que:

o nosso corpo de crenças está, de modo geral,

perpetuamente em fluxo (p. 6).

Contudo,

as crenças derivadas da observação constituem as

condições

de contorno

do sistema (p. 13

noção que já fora

empregada em “

Two dogmas

”);

ou

, dito de outra forma, elas constituem o “chão” (

bottom

) do

sistema

embora talvez não um

rock bottom

(

ibid

.).

Elas são peculiares no sentido de que, enquanto as outras

crenças do sistema enfrentam o “tribunal da observação” em

conjunto, as próprias crenças observacionais enfrentam o

(32)

Quine em espírito neurathiano

As crenças observacionais, embora sejam “quase infalíveis”

(Quine & Ullian [1970], p. 16), conservam, não obstante, um

“traço de falibilidade” (p. 17).

Em raros casos, os papéis do “rebocador da observação” e do

“navio de teoria” podem se ver trocados, com o rebocador

sendo puxado pelo navio, por assim dizer, em vez de puxá-lo

(como geralmente deveria acontecer) (

ibid

.).

Alguns casos são fáceis de resolver, atribuindo-se as crenças

observacionais conflitantes a alucinações ou a interferências

desconhecidas, e assim descartando-as.

(33)

Quine em espírito neurathiano

Se a teoria estiver bem estabelecida, e possuir uma certa

“inércia”, a tensão certamente se instalará —

e neste ponto

Quine e Ullian citam uma longa passagem da

Estrutura das

revoluções científicas

de Kuhn (Quine & Ullian [1970], p. 17).

Uma possibilidade é que a observação seja

problematizada

mas isso pode ser feito

reinterpretando-a

em termos de uma

modificação da teoria (p. 18). A observação continua, assim,

desempenhando a função de condição de contorno, embora de

uma maneira mais sofisticada.

Os autores comentam, enfim, que uma teoria que

somente

consiga se sustentar à custa de repetidas rejeições das

(34)

Referências (B)

QUINE, W. v. O. [1980] [1953]. “Dois dogmas do

empirismo”. [Trad. por Marcelo G. S. Lima.] Em:

Os

Pensadores - Ryle, Strawson, Austin, Quine

(2ª ed.), pp.

231-248. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

QUINE, W. v. O. [

1953]. “

Two dogmas of empiricism

”.

Em: W. v. O. Quine

From a logical point of view - Nine

Logico-Philosophical Essays

(2nd rev. ed.) , pp. 20-46.

Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press,

1980.

QUINE, W. v. O. [1975].

“On empirically equivalent

systems of the world”.

Erkenntnis

v. 9, pp. 313-328,

1975.

QUINE, W. & ULLIAN J. S. [1970].

The Web of Belief

.

Referências

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