Instituto de Geografia – IG
Programa de Pós Graduação em Geografia
AVALIAÇÃO HÍDRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO
GLÓRIA, UBERLÂNDIA
–
MG
AVALIAÇÃO HÍDRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO
GLÓRIA, UBERLÂNDIA
–
MG
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Geografia.
Área de concentração: Geografia e Gestão do Território. Orientador: Prof. Dr. Silvio Carlos Rodrigues.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.
D179a
2015 Danelon, Jean Roger Bombonatto, Avaliação hídrica da bacia hidrografica do Córrego do Glória, Uberlândia - MG / Jean Roger Bombonatto Danelon. - 2015.
84 f. : il.
Orientador: Silvio Carlos Rodrigues.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Geografia.
Inclui bibliografia.
1. Geografia - Teses. 2. Bacias hidrográficas - Uberlândia (MG) - Teses. 3. Córrego do Glória (Uberlândia, MG) - Teses. 4. Água - Qualidade - Uberlândia (MG) - Teses. I. Rodrigues, Silvio Carlos. II. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Geografia. III. Título.
AVALIAÇÃO HÍDRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO GLÓRIA, UBERLÂNDIA – MG
Data da Defesa: ____________
Resultado: ____________
Banca Examinadora:
____________________________________________________________________________ Prof. Dr. Silvio Carlos Rodrigues (Orientador)
_____________________________________________________________________________ Prof. Dr. Vanderlei de Oliveira Ferreira
RESUMO
A água atualmente é o recurso natural de maior relevância no planeta. Este fato se dá devido aos seus múltiplos usos, os quais estão relacionados ao consumo humano, atividades agrícolas e industriais. Dessa forma, fica claro o cenário de dependência que a sociedade tem frente aos recursos hídricos, pois, estes são necessários tanto para a sua sobrevivência quanto para o desenvolvimento de suas atividades socioeconômicas. É sabido que as atividades antrópicas, as quais consomem e degradam significativamente os recursos hídricos têm contribuído com que o cenário de interdependência entre a sociedade e esses recursos fique cada vez mais comprometido. Em âmbito global existem teóricos que defendem que os problemas relacionados aos recursos hídricos advêm da má gestão dos mesmos e não da sua escassez (Rogers et al., 2006). No entanto, há quem analise essa questão de maneira mais abrangente colocando que a
“crise da água” é reflexo de uma série de problemas no quadro ambiental que são agravados
devido a fatores econômicos e de desenvolvimento social (Gleick, 2000 apud Tundisi, 2008). É nesse contexto de deterioração causada pelo uso inconsequente dos recursos hídricos no Brasil e no mundo que se fez surgir o interesse de compreender a dinâmica de funcionamento da bacia hidrográfica do Córrego do Glória, localizada no município de Uberlândia (MG), através da relação entre os usos da terra e a qualidade das águas da área de estudo. Desta forma busca-se constatar a atual situação ambiental dos recursos hídricos da área estudada frente ao cenário ambiental local posto atualmente. Para tal, utilizar-se-á a metodologia de aplicação de um Índice de Qualidade de Água (IQA), para que se constatem os níveis de qualidade que se encontram as águas da bacia de estudo. Para Comitesinos (1990) um IQA expressa de maneira sintetizada o estágio de qualidade de determinado curso d’água através de um valor numérico para um determinado momento e local. Este fato faz com que informações sobre qualidade de água sejam apresentadas ao público com uniformidade tornando-as mais úteis a agências políticas e de planejamento (Almeida & Schwarzbold, 2003). O presente estudo utilizou o IQA desenvolvido pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) o qual é originário de uma adaptação realizada no índice criado pela – National Sanitation Foundation. O mapeamento de uso e ocupação da terra fora realizado utilizando imagens do satélite LANDSAT 8, trabalhadas no software ArcGis 10.1. Procurou-se elencar imagens orbitadas em datas o mais próximas possível das campanhas de amostragem de qualidade de água, a fim de viabilizar a relação entre estas. Na discussão dos resultados obtidos sobre a qualidade de água procurou-se analisa-los de duas maneiras distintas, ou seja, os dados foram analisados isoladamente e de forma agrupada na constituição do índice. Isto possibilitou que melhores conclusões fossem tiradas, e assim relacionadas aos usos da terra, fato que contribuiu para a constatação de que os usos influenciaram os níveis de qualidade de água da bacia hidrográfica do Glória.
ABSTRACT
The water is currently the most relevant natural resource on the planet, this fact is due to its multiple uses, which are related to the human consumption, agricultural and industrial activities. Thus it is clear the dependency scenario that society has front to water resources, therefore these are necessary both for survival as for the development of their socio-economic activities. It is known that human activities which consumes and degrades significantly water resources, have contributed to the setting of interdependence between society and those resources that becomes increasingly compromised. Globally there are theorists who argue that the problems related to water resources come from their mismanagement and not of its scarcity (Rogers et al., 2006). However there are those who analyze this issue more comprehensively, putting that the "water crisis" is a reflection of a number of problems in the environmental framework which are aggravated due to economic factors and social development (Gleick, 2000 apud Tundisi, 2008). Is in this context, of deterioration caused by the reckless use of water resources in Brazil and in the world, which has raised the interest of understand the dynamics in the basin of Glória stream, located in Uberlândia, through the relation between land use and the quality of the water study’s area. Aiming thus establish the current environmental situation of water resources in the study area facing the local environmental scenario currently post. To do this, will be used the application method of Water Quality Index (WQI), to verify the quality levels that are the water of the study basin. To Comitesinos (1990) a WQI expresses in a synthesized way the quality stage of a certain watercourse as a numerical value for a given time and place. This fact makes water quality information be presented to the public with uniformity making them more useful to policy and planning agencies (Almeida & Schwarzbold, 2003). The currently study has used the WQI developed by CETESB (Environmental Company of the State of São Paulo) which one is originated from an adaptation made in the index created by - National Sanitation Foundation. The mapping of use and occupation of land were made using LANDSAT 8 satellite images, worked in ArcGIS 10.1 software. It aimed to select orbited images as close as possible to the quality of the water sample campaign dates in order to enable the relation between them. In the discussion of the results about the quality of water, we tried to analyze them in two different ways, that means, the data were analyzed separately and grouped form in the index constitution. This enabled that better conclusions were drawn, and thus related to land use, fact that contributed to the verification that the uses influenced the quality of water levels of the watershed of Glória.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO ... 14
1.1. Introdução ... 14
1.2. Objetivos ... 15
1.2.1. Geral... 15
1.2.2. Específicos... 15
1.3. Justificativa ... 15
1.4. Localização da área de estudo ... 17
CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL TEÓRICO CONCEITUAL ... 19
2.1. Qualidade de Água ... 19
2.1.1. Indicadores de Qualidade de Água ... 20
2.1.2. Índice de Qualidade de Água (IQA) ... 21
CAPÍTULO 3 – ÁREA DE ESTUDO... 27
3.1. Uso e ocupação da terra ... 27
3.2. Meio Físico ... 28
3.2.1. Geologia ... 28
3.2.2. Relevo Local ... 29
3.3. Vegetação ... 31
CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA ... 33
4.1. Atividades de Campo... 33
4.1.1. Descrição das Coletas ... 33
4.2. Práticas de Laboratório ... 37
4.2.1. Análises Físico-Químicas... 37
4.2.2. Análises Microbiológicas ... 38
4.3. Desenvolvimento do Cálculo de IQA ... 38
4.4. Mapeamento de Usos da terra... 41
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 43
5.1. Análise dos parâmetros que compõe o IQA ... 49
5.1.1. Ponto Amostral 01 ... 49
5.1.2. Ponto Amostral 02 ... 55
5.1.3. Ponto Amostral 03 ... 58
5.1.4. Pontos Amostrais 04 e 05 ... 63
5.2. Análises dos valores do IQA para os pontos amostrais ... 66
5.3. Usos da terra... 71
CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES ... 77
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Pesos (wi) referentes aos parâmetros que compõe o cálculo do IQA ... 25
Tabela 2: Método de análise utilizado na determinação dos parâmetros Físico-Químicos ... 37
Tabela 3: Método de análise utilizado na determinação dos parâmetros Microbiológicos ... 38
Tabela 4: Equações ajustadas para descrever as curvas médias de variação dos parâmetros
indicadores de qualidade ... 39
Tabela 5: Pesos (wi) referentes aos parâmetros (qi). ... 40
Tabela 6: Dados referentes às imagens utilizadas para a elaboração dos mapas de uso da terra.
... 41
Tabela 7: Classes estabelecidas para o mapeamento de uso da terra da bacia hidrográfica do
Córrego do Glória. ... 42
Tabela 8: Síntese dos resultados isolados dos parâmetros indicadores de qualidade nas
diferentes datas de amostragem. ... 46
Tabela 9: Valores isolados do IQA por ponto amostral e campanha de coleta. ... 67
Tabela 10: Valores médios do IQA por ponto amostral. ... 68
ÍNDICE DE EQUAÇÕES
Equação 1: Somatório utilizado ... 26
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: Imagens representativas das coletas de campo. ... 36
Quadro 2: Produtório Ponderado do Índice de Qualidade de Água - IQA ... 38
Quadro 3: Níveis de enquadramento do IQA. ... 40
Quadro 4: Cenários mapeados dos usos da terra desenvolvidos na bacia hidrográfica do Córrego
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Mapa de localização da área de estudo:... 18
Figura 2: Curvas médias referentes a cada parâmetro (qi) ... 25
Figura 3: Imagem ilustrando o leito rochoso do Córrego o Glória, composto por um afloramento basáltico do Grupo São Bento. ... 29
Figura 4: Voçoroca presente na área de estudo que deixa evidente a presença de depósitos alterados da Formação Marília. ... 29
Figura 5: Mapa de localização dos Pontos Amostrais ... 35
Figura 6: Valores médios de IQA para os Pontos Amostrais (PA). ... 49
Figura 7: Níveis de Oxigênio Dissolvido para o PA 01. ... 50
Figura 8: Deposição de matéria orgânica (MO) no leito do Córrego do Glória, na área do PA 01. ... 51
Figura 9: Variações dos parâmetros OD e DBO para o PA 02. ... 55
Figura 10: Área de acesso para dessedentação animal, próxima ao PA 02. ... 57
Figura 11: Imagens ilustrativas das condições de coloração das águas no PA 03. ... 59
Figura 12: Relação DBO - OD apresentada no trabalho de Valente (1997). ... 61
Figura 13: Apresentação da relação DBO - OD para o PA 03. ... 62
Figura 14: Valores de OD apresentados no PA 03, nas quatro campanhas amostrais. ... 63
Figura 16: Apresentação da relação proporcional entre IQA’s médios dos PA e os valores de
Oxigênio Dissolvido. ... 70
Figura 17: Correlação R² para os valores gerados de IQA para todos os PA e os valores gerais
LISTA DE SIGLAS
T – Temperatura
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
APHA – American Public Health Association
CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CF – Coliformes Fecais
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
FT – Fósforo Total
IQA – Índice de Qualidade de Água
LAMAM – Laboratório de Ensaios em Alimentos e Meio Ambiente
MSTB – Movimento Sem Teto do Brasil
NSF – National Sanitation Foundation
NT – Nitrogênio Total
OD – Oxigênio Dissolvido
PA – Ponto Amostral
pH – Potencial Hidrogeniônico
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
ST – Sólidos Totais
CAPÍTULO 1
–
APRESENTAÇÃO
1.1. Introdução
A água atualmente é o recurso natural de maior relevância no planeta. Este fato se dá devido
aos seus múltiplos usos, os quais estão relacionados ao consumo humano, atividades agrícolas
e industriais. Dessa forma fica claro o cenário de dependência que a sociedade tem frente aos
recursos hídricos, pois, estes são necessários tanto para a sua sobrevivência quanto para o
desenvolvimento de suas atividades socioeconômicas.
A qualidade das águas também está relacionada à sobrevivência de toda a biodiversidade do
planeta e não somente da vida humana. Os ecossistemas do planeta possuem água na sua
dinâmica de funcionamento, e a escassez ou contaminação desta, causa alterações diretas
nesses ciclos de funcionamento (Tundisi, 2006).
No contexto, aparentemente óbvio, da grande relevância dos recursos hídricos e de sua
conservação para a sustentabilidade da vida, são inúmeras as regiões que atualmente enfrentam
dificuldades devido a escassez ou a falta de água em condições adequadas para uso.
Em âmbito global existem teóricos que defendem que os problemas relacionados aos recursos
hídricos advêm da má gestão dos mesmos e não da sua escassez (Rogers et al., 2006). No
entanto há quem analise essa questão de maneira mais abrangente colocando que a “crise da
água” é reflexo de uma série de problemas no quadro ambiental que são agravados devido a
fatores econômicos e de desenvolvimento social (Gleick, 2000 apud Tundisi, 2008).
Contudo, independentemente da linha de análise de causa, um fato é claro, os recursos hídricos
encontram-se ameaçados na escala global e esse é um problema que deve ser estudado e
colocado em pauta de discussão com o mais elevado grau de importância. E para que esta
discussão seja feita de maneira coesa e não meramente discursiva, como muitas vezes tem sido
atual cenário, para que assim possa ser desenvolvida uma análise que possibilite a tomada de
medidas visando a conservação e a recuperação destes recursos.
1.2. Objetivos
1.2.1. Geral
Realizar a avaliação hídrica da bacia hidrográfica do Córrego do Glória aplicando um
IQA (Índice de Qualidade de Água) e a partir dos resultados obtidos, discutir a influência
dos usos da terra existentes na bacia hidrográfica nas suas condições ambientais atuais;
1.2.2. Específicos
Avaliar o estado em que se encontra a qualidade das águas da bacia hidrográfica do
Córrego do Glória;
Desenvolver o mapeamento de usos da terra da bacia hidrográfica do Córrego do Glória,
referente às datas das campanhas de coleta (29/08/13; 23/10/13; 26/03/14 e 26/06/14);
Analisar a relação entre o uso e ocupação da terra na bacia e os resultados encontrados
sobre a qualidade da água;
1.3. Justificativa
Os recursos hídricos são de fundamental importância para o desenvolvimento dos seres vivos, a
eles são atribuídos valores ambientais, sociais e econômicos. Visualmente esses recursos
apresentam-se de forma abundante na natureza, este fato serve de possível explicação do
porque durante um vasto período de tempo acreditava-se que a água potável era um bem
“inesgotável” e que a escassez da mesma não ocorreria (KOBIYAMA; et al, 2008). Foi nesse
tratados com descaso, sendo utilizados de maneira exacerbada e inconsequente, sem que
fossem tomadas precauções quanto a sua conservação.
Dessa forma, grande parte dos corpos d’agua existentes em nosso país, apresenta resultados
insatisfatórios quanto à qualidade de suas águas, de modo que emerge a necessidade de que
seja feito uma avaliação mais precisa e incisiva dos mesmos.
Para isto, existem várias metodologias de análise para que se constate o nível de qualidade de
água de um determinado corpo hídrico. No entanto, a utilização de IQA’s (Índices de Qualidade
de Água) demonstra-se como uma metodologia efetiva, pois, são considerados em sua
elaboração, parâmetros indicadores de qualidade de água, físico-químicos e biológicos que
possibilitam uma visão ampla das condições do corpo d’água analisado.
É nesse cenário, de deterioração causada pelo uso inconsequente dos recursos hídricos no
Brasil e no mundo, que se fez surgir o interesse de compreender a dinâmica de funcionamento
da bacia hidrográfica do Córrego do Glória através da relação entre os usos da terra e a
qualidade das águas da área de estudo. Almeja-se desta forma, constatar a atual situação
ambiental dos recursos hídricos da área estudada frente ao cenário ambiental local posto
atualmente.
A bacia de estudo conta significativas peculiaridades, uma vez que, a mesma localiza-se no
limiar do final da área urbana e início da zona rural do município de Uberlândia, fato que
corrobora com o aumento das fontes causadoras de impactos na bacia. Das quais é possível
destacar as áreas agricultáveis e pastagens presentes na zona rural, juntamente com os
impactos oriundos da área urbana do município.
A área urbanizada existente na bacia do Córrego do Glória é sem dúvida um importante foco
impactante na qualidade das águas do córrego, pois, significativa porção desse setor urbanizado
de uma ocupação realizada por representantes do Movimento Sem Teto do Brasil (MSTB), que
atualmente conta com cerca de 2.350 famílias que se estabeleceram no local, atingindo uma
população de 15 mil habitantes.
A “Ocupação do Campus Glória” por se tratar de uma ocupação irregular, não conta com aporte
de saneamento básico, fato este que, portanto exclui a existência de sistema de esgoto no local,
o que contribuiu de forma efetiva para que esta área seja considerada um importante foco
impactante as águas da bacia hidrográfica do Córrego do Glória.
1.4. Localização da área de estudo
A bacia hidrográfica do Córrego do Glória faz parte da bacia do Rio Uberabinha que é tributário
do Rio Araguari. A mesma localiza-se no município de Uberlândia – MG, o qual está inserido na
mesorregião do Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba. A área de estudo está delimitada entre as
coordenadas geográficas 18º57’30”S e 48º12’00”W na região sudeste do município. O acesso à
área de estudo pode ser realizado através da rodovia BR – 050 e da rodovia BR – 365. (Figura
Figura 1: Mapa de localização da área de estudo:
CAPÍTULO 2
–
REFERENCIAL TEÓRICO CONCEITUAL
2.1. Qualidade de Água
De acordo com Sperling (2005) a qualidade da água de uma bacia hidrográfica pode ser avaliada
por uma série de parâmetros que são capazes de expor suas principais características, sendo
estas físicas, químicas ou biológicas. Estas por sua vez resultam de um conjunto de fatores os
quais podem ser geomórficos, climáticos, hidrológicos e biológicos (Hunsaker et al., 1998).
Os parâmetros indicadores físicos são de certa maneira os mais facilmente notados pelos
usuários dos recursos hídricos uma vez que apresentem alterações. As alterações estão
relacionadas à coloração, sabor e odor, as quais são notadas pelos sentidos humanos e animais
(Libânio, 2010).
Quanto às características químicas das águas é possível dizer que estas, embora possam
necessitar de análises laboratoriais para que efetivamente se indique alterações em seus níveis,
se faz possível constatar modificações em seus padrões por meio da observação de indícios. A
exemplo das alterações na concentração de ferro (Fe) em um determinado curso d’água ou
reservatório que pode ser percebida devido ao fato de deste aferir a água um odor característico,
assim como alterações nos níveis de Oxigênio Dissolvido (OD) e pH podem causar a
mortandade de peixes e outros componentes do habitat aquático (Sperling, 2004; Libânio, 2010).
De acordo com Libânio (2010) as características biológicas dos recursos hídricos expressam as
diversas formas de vida microbiológicas existentes nos meios aquáticos. Embora estes
microrganismos sejam naturalmente encontrados nas águas, eles podem ter seus níveis
alterados devido a interferências antrópicas ou até mesmo modificações de cunho natural,
tornando-os desta maneira nocivos a saúde humana, sendo causadores de várias enfermidades
se encontrado com níveis acima de 0,1 mg/L pode ocasionar a metahemoglobinemia em recém
nascidos, podendo causar a morte destes, uma vez que o nitrito causa o aprisionamento das
moléculas de oxigênio presente no sangue, incapacitando sua assimilação pelo organismo do
bebê (Sperling, 2004; Nascimento et al., 2008).
Conforme supracitado as alterações de caráter físico, químico e biológico que impactem os usos
destinados aos recursos hídricos, são por muitas vezes ocasionados devido a reflexos das ações
antrópicas.
Segundo Ross (1994) os ambientes naturais nos quais se enquadram as bacias hidrográficas, se
encontram em equilíbrio dinâmico, tendo preservadas suas características originais. No entanto
com as modificações ocasionadas nesses meios pelas ações humanas, interfere no processo de
equilíbrio dinâmico dessas áreas, fato que pode resultar em diversas alterações no seu
funcionamento.
Ross (1994) também chama a atenção para a vulnerabilidade de bacias hidrográficas inseridas
ou situadas próximas às áreas urbanas, devido ao elevado grau de alteração nas características
naturais desses locais. Fato pelo qual se deve atentar no presente estudo haja vista que a bacia
hidrográfica de estudo compreende parte da área urbana do Município de Uberlândia – MG, e
deste modo estará sujeita as suas influências.
2.1.1. Indicadores de Qualidade de Água
Os índices e indicadores ambientais surgiram como resultado da crescente preocupação social
com os aspectos ambientais, seguindo a tendência das ideias ambientalistas das décadas de
1960 e 1970. Estes tornaram-se fundamentais no processo decisório das política públicas
ligadas ao quadro hídrico e no acompanhamento de seus efeitos. Esta dupla vertente
maior de informações, de forma sistemática e acessível, para os tomadores de decisão e a
sociedade interessada (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE – SP, 2007, p. 3).
A ideia dos indicadores de qualidade consiste no agrupamento de uma série de variáveis, de
modo que estas atinjam uma escala comum de análise. Isto se dá a partir do tratamento
estatístico das mesmas podendo-as converter em um valor numérico único (Lohani &
Musthapha, 1982). Foi destacado por Brown et al, (1970) a dificuldade criada involuntariamente
pelas agências estatais de monitoramento de qualidade ambiental ao inventariarem inúmeros
valores referentes a centenas de indicadores ambientais, publicados em extensos relatórios, o
quais devido a sua estrutura eram de difícil entendimento e interpretação.
É nesse contexto que a aplicação de índices que agrupassem esses valores e os tornassem
mais facilmente compreensíveis apresentou-se de grande relevância, possibilitando que além de
pesquisadores e técnicos envolvidos com a temática, outros públicos (sociedade civil) também
pudessem estar a par de cenários ambientais postos (House & Ellis, 1980; Couillard & Lefebvre,
1985).
2.1.2. Índice de Qualidade de Água (IQA)
Para Comitesinos (1990) um IQA expressa de maneira sintetizada o estágio de qualidade de
determinado curso d’água através de um valor numérico para um determinado momento e local.
Este fato faz com que informações sobre qualidade de água sejam apresentadas ao público com
uniformidade tornando-as mais úteis a agências políticas e de planejamento (Almeida &
Schwarzbold, 2003).
Os IQA’s vêm sendo discutidos no meio científico desde os trabalhos clássicos de Horton (1965)
que precederam os relatórios apresentados na década de 1970 pela National Foundation
Sanitation nos Estados Unidos. A partir daí houve trabalhos que versaram sobre a descrição
propunham adaptações buscando a evolução dos índices através da utilização de análises
fatoriais (Haase & Possoli, 1993) e outros que passaram a comparar as diversas variações de
IQA criadas e propostas (Landwehr & Deininger, 1976; Dunnete, 1979; Ball & Church, 1980;
House & Ellis, 1980; Lohani & Musthapha, 1982).
Atualmente estes diversos índices de qualidade que podem ser utilizados para os variados fins,
no que se refere ao enquadramento de curso d’água (Pineda & Schafer, 1987; COMITESINOS,
1993; Santos, 1993; Palupi et al., 1995 Sevgili & Koçer, 2014; Bu et al., 2014; Wu & Chen, 2013).
Os IQA’s podem ser usados tanto na classificação de água superficiais, como em águas
subsuperficiais através de poços de monitoramento. Também existem trabalhos que aplicam
índices de qualidade para classificar águas que sofrem grandes descargas de efluentes
(Boyacıoglu, 2010; Lermontov et al., 2011; Said et al., 2004; Akkoyunlu & Akıner, 2012; Bakan et
al., 2010; Kannel et al. 2007; Zhang and Zhang, 2007).
O indicador utilizado no presente estudo advém da evolução da Metodologia Delphi a qual tem
sua criação datada dos anos de 1950, que no ato de sua criação não se vislumbrava sua
aplicação em estudos ambientais. Ela foi pensada em um contexto histórico que se iniciava a
divisão do mundo em dois blocos ideológicos, o socialista e capitalista, ou seja, a Guerra Fria.
Nesse período entre as mais diversas disputas travadas por esses dois oponentes, a disputa
bélica sempre teve enorme destaque, de modo que foi pensando numa forma de obtenção de
nível ótimo que produção de armas atômicas que o governo estadunidense desenvolveu os
postulados da Metodologia Delphi (Libânio, 2010).
A metodologia basicamente consistia na aplicação de questionários a especialistas envolvidos a
determinada temática, visando a obtenção de pontos consensuais, para o posterior elaboração
em seu estudo os postulados básicos envolvidos na aplicação da Metodologia Delphi, os quais
eram:
A garantia do anonimato, objetivando reduzir interferências psicológicas, tais como a
influência da opinião de participantes com maior grau de especialização sobre os
demais;
A interação, através da aplicação de várias rodadas de questionários, fato que permitia
os participantes a rever suas opiniões;
O feedback, controlado entre duas rodadas sucessivas de questionários para informar
cada membro do grupo sobre a opinião dos demais, por meio de informações anexadas
na rodada de questionários seguinte;
A representação estatística dos resultados;
O uso dessa metodologia em estudos ambientais, especificamente voltada a análise de
qualidade hídrica se deu primeiramente na Nova Zelândia, onde se tinha o intuito de verificar a
qualidade da água utilizada para a recreação no país. Para geração de um índice que fosse
aplicável ao estudo de qualidade de água, elencou-se dezesseis profissionais ligados a
empresas de consultoria ambiental, órgãos governamentais e a universidade para participar das
rodadas de aplicação de questionários, conforme previa a metodologia Delphi.
Num primeiro momento os especialistas foram indagados sobre a elaboração de uma listagem
contendo parâmetros que fossem relevantes na análise hídrica, de modo que esta primeira fase
de questionários resultou em uma vasta listagem de parâmetros (químicos, físicos e biológicos),
que os especialistas julgaram importantes para análise da temática proposta. No entanto
inviável, fazendo assim que fosse dado início a segunda etapa para a obtenção do índice de
qualidade de água.
Na segunda etapa os profissionais se concentraram em desenvolver curvas de significância
referente a cada um dos parâmetros listados anteriormente, para que dessa maneira fosse
possível elencar os parâmetros a partir de sua maior relevância, podendo assim chegar a um
número menor de indicadores envolvidos na metodologia, fato que favorecia sua aplicabilidade.
Deve-se destacar que naquela ocasião não se aplicou nenhuma espécie de somatório ou
produtório, de modo que os resultados obtidos foram mantidos de forma pura visando manter
seus valores expressos de maneira não tratada estatisticamente (Davies-Colley; Smith, 2001).
Logo, foi nos Estados Unidos onde se elaborou o primeiro Índice de Qualidade de Água (IQA) a
partir da Metodologia Delphi, com modelo próximo ao qual é empregado na presente pesquisa.
Envolvidos na elaboração do IQA estadunidense, 142 profissionais especialistas em qualidade
de água tiveram que se posicionar sobre os parâmetros relativos ao enquadramento de
qualidade de água.
A elaboração consistiu em três fases. Na primeira os pesquisadores opinaram sobre a inclusão
ou não inclusão de cada um dos parâmetros no cálculo do IQA. Resultante da seleção realizada
na primeira fase, 35 parâmetros foram selecionados e novamente classificados sobre seu uso no
cálculo, restando posteriormente nove parâmetros (qi) aos quais foram atribuídos pesos (wi) de
Tabela 1: Pesos (wi) referentes aos parâmetros que compõe o cálculo do IQA
Parâmetros Pesos (wi)
Oxigênio Dissolvido 0,17
CF 0,15
PH 0,12
DBO 0,10
Fósforo 0,10
Nitrogênio 0,10
Turbidez 0,08
Temperatura 0,10
Sólidos Totais 0,08
Fonte: Libânio, 2010.
Na terceira foram elaboradas as curvas médias de cada um dos nove parâmetros (qi) (Figura 2)
gerando as equações médias que compõe o cálculo (Brown et al, 1970).
Figura 2: Curvas médias referentes a cada parâmetro (qi)
Após as fases descritas anteriormente fazia-se necessário que os resultados obtidos a partir das
equações médias fossem agrupados para que assim fosse composto o índice (indexação).
Equação 1: Somatório utilizado no cálculo de IQA.
Equação 2: Produtório ponderado utilizado no cálculo de IQA.
IQA = Índice de Qualidade de Água.
qi = qualidade do parâmetro i obtido através da curva média específica de qualidade.
wi = peso atribuído ao parâmetro, em função de sua importância na qualidade, entre 0 e 1.
IQA = Índice de Qualidade de Água.
qi = qualidade do parâmetro i obtido através da curva média específica de qualidade.
wi = peso atribuído ao parâmetro, em função de sua importância na qualidade, entre 0 e 1.
Fonte: CETESB, 2011.
A princípio para agrupar os resultados utilizou-se um somatório (Equação 1), no entanto
percebeu-se que o emprego do somatório poderia negligenciar algum resultado do IQA, pois, um
valor que se apresentasse muito baixo poderia não ficar evidenciado no resultado
comprometendo a consistência do índice. Desse modo passou a se empregar como forma de
aglutinação de resultados um produtório ponderado (Equação 2), onde os pesos dos resultados
se manifestariam na forma de potências dos valores obtidos para cada parâmetro que compunha
CAPÍTULO 3
–
ÁREA DE ESTUDO
Devido o foco central do presente estudo o qual consiste na relação entre uso e ocupação da
terra e a qualidade das águas de uma bacia hidrográfica, a fim de discorrer sobre a interferência
que o primeiro possa vir causar ao segundo, se faz necessário nortear as características da área
(bacia hidrográfica) a qual se tem como objeto de estudo. Desse modo, a seguir serão
apresentadas informações referentes aos usos da terra da bacia, assim como a caracterização
geológica, geomorfológica e pedológica, e também aspectos do meio biótico, apontando as
formações vegetais presentes na área de estudo.
Esse arcabouço de informações contribuirá para o entendimento do assunto abordado no
presente estudo, haja vista, que a interação entre os componentes físico-naturais presentes na
área, juntamente as atividades antrópicas irão contribuir na geração dos resultados que serão
discutidos nesse trabalho.
3.1. Uso e ocupação da terra
No que se refere ao uso e ocupação da terra na bacia hidrográfica do Córrego do Glória, se faz
possível dizer que a área da bacia apresenta um significativo matiz de usos, que poderão
contribuir com as possíveis alterações ocorrentes no interior da mesma.
Dentre estes podemos destacar as áreas de vegetação nativa; as pastagens onde algumas se
apresentam com manejo adequado e outras que se encontram degradadas; na área existem
também culturas agrícolas, sendo estas permanentes ou temporárias; e locais com maior
alteração antrópica, como áreas urbanas e estruturas como galpões utilizados para avicultura,
silos, entro outros.
Nesse contexto, de variados usos dos solos dos quais, grande maioria apresenta forte cunho
possibilidade de alterações na qualidade ambiental da bacia como um todo, assim como em
seus componentes.
3.2. Meio Físico
3.2.1. Geologia
Quanto aos aspectos geológicos, é possível apontar que em âmbito regional a área de estudo
pertence ao município de Uberlândia, o qual se posiciona sob a borda (nordeste) da Bacia
Sedimentar do Paraná, tendo presente na área afloramentos das rochas do Grupo Araxá e
derrames basálticos da Formação Serra Geral, datados do Proterozóico inferior e Mesozóico
respectivamente (Alves, 2005).
As rochas do Grupo Bauru são compostas por arenitos, siltitos e argilitos das Formações Marília,
os quais tem grande ocorrência na área de estudo, enfatizando a existência de um significativo
pacote de cascalhos intemperizados oriundos da Formação Marília, encontrados em grande
parte da superfície topográfica da bacia do Córrego do Glória (Figura 4).
Kocurek e Nielson (1986) discorrem sobre características dos depósitos da Formação Marília,
apontando a presença de sedimentos de granulação grosseira, com abundância de areia grossa
Figura 3: Imagem ilustrando o leito rochoso do Córrego o Glória, composto por um afloramento
basáltico do Grupo São Bento.
Figura 4: Voçoroca presente na área de estudo que deixa evidente a presença de depósitos
alterados da Formação Marília.
Fonte: Magalhães, 2011.
De acordo com o CPRM (2012) os depósitos da Formação Marília são caracterizados por
arenitos finos a médios, com a presença de frações de areia grossa e grânulos, em quantidade
menor (Figura 4). Estes depósitos na área de estudo encontram-se sobrepostos aos derrames
basálticos do Grupo São Bento do Cretáceo, que compõe a Formação Serra Geral (Figura 3).
Fato este, que segue lógica da estrutura geológica regional, pois, conforme exposto por
Nishiyama (1989), na região do entorno do município de Uberlândia é predominante a existência
de derrames basálticos recoberto de sedimentos Cenozóicos e também sedimentos do Grupo
Bauru.
3.2.2. Relevo Local
O relevo da área de estudo segue a dinâmica regional a qual está inserida, portanto, situada no
município de Uberlândia – MG a bacia hidrográfica do Córrego do Glória se encontra dentro da
Bacia Sedimentar do Paraná, enquadrada no primeiro nível taxonômico de classificação de
relevo de acordo com Ross (1992) e em segundo nível taxonômico têm os planaltos como sua
O padrão de formas predominantes na área de estudo são as colinas, no entanto deve-se
destacar que o padrão de colinas aqui apresentadas difere dos relevos de mares de morros ou
“mamelonares” consagrados nas descrições de Ab’Saber (2010) o qual se referia as formas
existentes em regiões como o Vale do Paraíba Paulista, áreas do estado do Rio de Janeiro e até
mesmo locais ao sul do estado de Minas Gerais. As colinas presentes no município de
Uberlândia e, por conseguinte na presente área de estudo, são caracterizadas por longas e
suaves vertentes que se estendem até os fundos de vale conectados a pequenas planícies
formadas pelos cursos d’água existentes e pretéritos (Baccaro, 1989; Alves, 2005).
3.2.3. Solos
Na região dos cerrados é comum a presença de solos ácidos da família dos Latossolos, que são
solos bem desenvolvidos caracterizados pela presença de horizontes pouco distintos, e com
destaque para seu horizonte B bastante espesso. Os Latossolos Vermelho e Vermelho Amarelo
são os que aparecem com maior abundância nessa região, trazendo como característica própria
um perfil laterítico bem desenvolvido tanto no quesito profundidade quanto em seu caráter de
agregação de partículas (Alves, 2005).
Os Latossolos também têm como característica marcante uma baixa fertilidade natural, advinda
do seu elevado teor de alumínio trocável, fato que o torna tóxico a determinadas culturas
vegetais (IBGE, 2007; Lepsch, 2010; Palmieri, Larach, 2011). São solos bem drenados
enquadrados como não hidromórficos e com elevado grau de intemperização.
Na área de estudo além da grande presença já destacada dos Latossolos, também há a
ocorrência de Organossolos e Neossolos.
De acordo com EMBRAPA (2012), os Organossolos são definidos como solos presentes em
áreas onde o acúmulo material orgânico é maior do que sua decomposição, deste modo os
e ainda locais com elevado teor de acidez ou elevada concentração de sais (Andriesse, 1988;
Driessen, 2001; Chimner & Ewel, 2005). Na área de estudo os Organossolos tem sua ocorrência
vinculada aos locais situados em pontos da baixa vertente, já próximos ao curso d’água principal.
No entanto esse padrão de solo não acompanha por todo o curso o córrego, aparecendo em
pontos isolados onde a mata galeria se encontra mais densa propiciando as características
necessárias para o surgimento e evolução dos mesmos.
Os Neossolos são definidos como solos compostos por material mineral ou orgânico, com
profundidade inferior a 20 centímetros de espessura, não apresentando nenhum tipo de
horizonte B diagnóstico (Embrapa, 2012). Esta classe tem um processo de pedogênese pouco
desenvolvido, acarretando que os Neossolos apresentem as características estruturais herdadas
do material de origem. A presença dos Neossolos na área de estudo também ocorre de maneira
isolada, podendo os encontrar na região próxima ao processo de voçorocamento existente na
bacia. Nesse local é possível diagnosticar a existência de Neossolos Litólicos formados sobre os
basaltos ali existentes (Alves, 2005).
3.3. Vegetação
O município de Uberlândia-MG está inserido no Domínio dos Cerrados, domínio este o qual se
estende por vários de estados do país. No município é possível encontrar as variadas formações
vegetais que compõe os cerrados no Brasil, das quais podemos destacar o Campo limpo,
Campo Sujo, Cerrado Sentido Restrito e Cerradão (Rodrigues e Nave, 2000).
No que se refere especificamente a área de estudo do presente trabalho, ou seja, a área que
compõe o Campus Glória e algumas propriedades adjacentes é possível encontrar algumas das
formações vegetais do Domínio dos Cerrados além da presença da Mata Mesófila Semidecídua,
que possui enclaves encontrados comumente na região do Triângulo Mineiro (Cardoso &
A vegetação de Campo Sujo composta por gramíneas, arbustos e espécies arbóreas de
pequeno porte dispostas de maneira esparsa na paisagem se apresentam com maior frequência
na bacia hidrográfica do Córrego do Glória. No entanto existem também áreas de cerrado
Sentido Restrito, situadas em locais onde o manejo do gado ocorre com menor intensidade, o
que permite que essa formação vegetal se encontre melhor desenvolvida.
As áreas de Mata Mesófila Semidecídua estão fortemente ligas ao curso do Córrego do Glória,
de modo que são nesses lugares onde ocorre sua maior concentração. Deve-se destacar as
áreas que circundam as nascentes do córrego estudado, pois nesses locais o estado de
conservação da vegetação é muito significativo. Este fato se dá devido às nascentes estarem
localizadas próximas a cede da antiga Fazenda Experimental do Glória, o que contribuiu com a
conservação dessas áreas de mata, as quais atualmente são foco de pesquisas realizadas por
CAPÍTULO 4
–
METODOLOGIA
Para que fosse possível definir a condição da qualidade das águas na bacia hidrográfica do
Córrego do Glória e a relação destas com as atividades de uso da terra praticadas na mesma, se
fez necessário desenvolver uma primeira parte da pesquisa em campo e posteriormente uma
parte em gabinete. A fase de campo abarca a escolha dos pontos de amostragem (PA), as
coletas para as análises laboratoriais de qualidade de água e o levantamento fotográfico da área.
Quanto a etapa realizada em gabinete entende-se as análises laboratoriais realizadas no SENAI
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) Uberlândia, o tratamento estatístico e os cálculos
referentes a construção dos Índices de Qualidade de Água (IQA) e o processamento das
imagens para elaboração dos mapas de uso da terra da bacia. Destaca-se que as imagens de
satélite utilizadas para a elaboração dos mapas são datadas dos mesmos dias em que foram
realizadas as coletas de campo nos PA.
4.1. Atividades de Campo
4.1.1. Descrição das Coletas
A definição dos cinco PA levou em consideração a espacialização dos mesmos na área da
bacia, para que os resultados a serem obtidos fossem o mais condizente possível com a real
qualidade das águas. Desta forma dos cinco PA, dois deles se encontram plotados próximos das
duas nascentes que formam o Córrego do Glória. Outros dois pontos estão localizados no médio
curso, e por fim um ponto situado próximo a foz do córrego (Figura 5).
O que diz respeito à periodicidade das coletas procurou-se dividi-las temporalmente de modo
que as características sazonais fossem passíveis de serem analisadas. Haja vista que a
sazonalidade climática é um dos principais fatores que causam oscilações nos níveis de
2013; Luz Netto, 2011; Piasentin, 2009; Saad, 2007; Silva, 2008), de modo que concentrar as
coletas em uma única estação climática poderia condicionar o estudo.
Nesse contexto foram realizadas quatro coletas em campo, sendo dispostas duas no período
chuvoso, nos dias e 23/10/13 e 26/03/14, duas durante o período seco, nos dias 29/08/13 e
26/06/14. As coletas foram realizadas segundo a APHA - American Public Health Association
(1999) utilizando a metodologia dos Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater (quadro 1), a qual é a mais utilizada no meio científico e a melhor aceita pelas
Figura 5: Mapa de localização dos Pontos Amostrais
Quadro 1: Imagens representativas das coletas de campo.
4.2. Práticas de Laboratório
4.2.1. Análises Físico-Químicas
As análises físico-químicas ficaram sob a responsabilidade do Laboratório de Ensaios em
Alimentos e Meio Ambiente – LAMAM / SENAI de Uberlândia, visando conferir as mesmas maior
credibilidade e, por conseguinte atribuir maior peso aos resultados da presente pesquisa. O
LAMAM é um laboratório creditado e certificado, como material e corpo técnico responsável, fato
que contribuirá para a maior confiabilidade aos resultados.
Utilizou-se na aferição dos parâmetros físico-químicos de qualidade de água basicamente a
metodologia da APHA (1999) com exceção do parâmetro Nitrogênio Total, para o qual foi
utilizada a metodologia proposta pela ABNT NBR 13796 (1997) (Tabela 2).
Tabela 2: Método de análise utilizado na determinação dos parâmetros Físico-Químicos
Parâmetro Metodologia
Demanda Bioquímica de Oxigênio (mgO2/L) Standart Methods for the Examintaion of Water and Wastewater, 22st edition 2012 - Method 5210 D.
Fósforo Total (mg/L) Standart Methods for the Examintaion of Water and Wastewater, 22st
edition 2012 - Method 4500 PE.
Nitrogênio Total (mg/L) Método macro e semimicro Kjeldahl - ABNT NBR 13796 - ABR 1997. Água - Determinação de Nitrogênio Orgânico, Kjeldahl e Total -
Oxigênio Dissolvido (mgO2/L) Standart Methods for the Examintaion of Water and Wastewater, 22st edition 2012 - Method 4500 O.
pH Standart Methods for the Examintaion of Water and Wastewater, 22st
edition 2012 - Method 4500.
Sólidos Totais (mg/L) Standart Methods for the Examintaion of Water and Wastewater, 22st
edition 2012 - Method 2540 B.
Turbidez (NTU) Standart Methods for the Examintaion of Water and Wastewater, 22st edition 2012 - Method 2130.
4.2.2. Análises Microbiológicas
Assim como nas análises físico-químicas, a responsabilidade das análises microbiológicas ficou
por competência do LAMAM / SENAI de Uberlândia, o qual determinou os resultados de
coliformes termotolerantes das amostras utilizando a metodologia apresentada a seguir (Tabela
3)
Tabela 3: Método de análise utilizado na determinação dos parâmetros Microbiológicos
Parâmetro Metodologia
Coliformes Termotolerantes (UFC/ml) Standard Methods for the Examintaion of Water and Wastewater, 22st edition 2012 - Method 9223 A B.
Fonte: APHA (1999).
4.3. Desenvolvimento do Cálculo de IQA
Os procedimentos que resultaram no Índice de Qualidade de Água apresentado no presente
estudo são compostos por quatro etapas, sendo três delas processos matemáticos, onde foram
desenvolvidos os cálculos das equações que compõe a metodologia da NSF, e uma etapa final
que consistiu no enquadramento do índice gerado pelas etapas anteriores.
Para a elaboração do cálculo do IQA foi necessário criar três planilhas no software Microsoft
Excel 2010 para que estas servissem de suporte para os resultados obtidos através das análises
de qualidade de água realizadas a priori. As planilhas foram colocadas às equações de cada um
dos nove parâmetros (qi), assim como os pesos pertinentes a estes e o produtório ponderado
necessário para a realização do cálculo do IQA (Equação 3).
Quadro 2: Produtório Ponderado do Índice de Qualidade de Água - IQA
IQA = Índice de Qualidade de Água.
qi = qualidade do parâmetro i obtido através da curva média específica de qualidade. wi = peso atribuído ao parâmetro, em função de sua importância na qualidade, entre 0 e 1.
A Planilha -1 continha as equações referentes às curvas médias pré-estabelecidas dos
parâmetros que compõe o índice. Nela foram plotados os resultados de cada parâmetro obtido a
partir das análises laboratoriais, e deste modo foi gerado um valor intermediário para cada um
deles (Tabela 4)
Tabela 4: Equações ajustadas para descrever as curvas médias de variação dos parâmetros indicadores de qualidade
Parâmetro Equação Ajustada a Curva Parâmetros Ajustados
%O2 q9 = A*exp [(%O2 + B)²/C]
A = 100,8; B = -106; C = -3745
CF q1= A+B*log (CF) +C*log10 (CF)² +D*log10(CF)³
A = 98,03 B = -36,45
C = 3,138 D = 0,06776
pH q2= A*pH(B*pH+C*pH²)+ 5,213
A = 0,05421 B = 1,23 C = -0,09873
DBO q3= A*exp(B*DBO) B = -0,01101 A = 102,6
FT q5 = A*exp (B*CFC)
A = 213,7 B = -1,680 C = 0,3325
NT q4 = A*NT(B+C*NT)
A = 98,96 B = -0,2232 C = -0,006457
TU q7 = A*exp (B*TU+C*ÖTU)
A = 97,34 B = -0,01139 C = -0,04917
ΔT q6 = 1/ (A* (DT + B) +C)
A = 0,0003869 B = 0,1815 C = 0,01081
ST q8 = A*exp (B*ST+C*ÖST) + D*ST
A = 80,26 B = -0,00107
C = 0,03009 D = -0,1185
*%O2 (Oxigênio Dissolvido); CF (Coliformes Termotolerantes); pH (Potencial Hidrogeniônico); DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio); FT (Fósforo Total); NT (Nitrogênio Total); TU
(Turbidez); ΔT (Temperatura); ST (Sólidos Totais).
Fonte: GRUNITZKI, 2013.
Na Planilha – 2 os resultados intermediários eram elevados por um peso (wi) também já
pré-estabelecido pela metodologia (Tabela 5), estes pesos variam conforme a relevância de
procedimento fará com que o valor intermediário gerado na Planilha – 1 ganhe maior ou menor
destaque na próxima etapa do cálculo.
Tabela 5: Pesos (wi) referentes aos parâmetros (qi).
Parâmetros (qi) Peso (wi)
Oxigênio Dissolvido 0,17
Coliformes Termotolerantes 0,15
Potencial Hidrogeniônico 0,12
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20) 0,10
Temperatura 0,10
Nitrogênio Total 0,10
Fósforo Total 0,10
Turbidez 0,08
Resíduo Total 0,08
Fonte: CETESB, 2011
A última etapa do cálculo se dá na Planilha – 3 onde os resultados gerados na Planilha – 2 são
multiplicados em um produtório ponderado gerando um valor (IQA) que varia de 0 – 100. Está
etapa finaliza os cálculos necessários para a construção do IQA, restando apenas realizar o
enquadramento do valor obtido nas classes que compõe o índice, conforme apresentado no
quadro 3.
Quadro 3: Níveis de enquadramento do IQA.
Nível Cor Faixa
Ótima Azul 80<IQA<100
Boa Verde 52<IQA<80
Aceitável Amarela 37<IQA<52
Ruim Vermellha 20<IQA<37
Péssima Preta 0<IQA<20
4.4. Mapeamento de Usos da terra
Para a classificação do uso da terra utilizou-se dados de sensoriamento remoto com aplicação
de SIG através da extensão ArcMap do suíte de aplicativos ArcGis 10.1, em imagens LANDSAT
8 obtidas nos anos de 2013 e 2014 (Tabela 6), imageadas em datas próximas as campanhas de
coleta. Em função dos dados a serem analisados nas imagens, utilizou-se a composição colorida
4R3G2B e composição infravermelho 5R4G3B para gerar melhor contraste nas classes com
vegetação.
Tabela 6: Dados referentes às imagens utilizadas para a elaboração dos mapas de uso da terra.
Imagens LANDSAT 8
Data da Campanha Data da Imagem Código da Imagem
1ª Camp. 29/08/13 30/08/2013 LC82210732013242LGN00
2ª Camp. 23/10/13 01/11/2013 LC82210732013306LGN00
3ª Camp. 26/03/14 10/03/2014 LC82210732014069LGN00
4ª Camp. 26/06/14 30/06/2014 LC82210732014181LGN00
Fonte: Do autor, 2015.
Para a confecção dos mapas de uso e ocupação da terra apresentados nesse estudo adotou-se
a metodologia proposta por Rosa (2009, p. 173):
Elaboração de um mapa base: limite da área de interesse, drenagem, coordenadas, rodovias, etc.;
Interpretação visual preliminar das imagens em papel;
Trabalho de campo com objetivo de estabelecer uma associação entre o que foi identificado na imagem com as correspondentes unidades existentes no terreno;
Interpretação visual final: tem por objetivo ajustar a interpretação visual preliminar após a coleta dos dados em campo;
Montagem do mapa temático final: uso e ocupação da terra.
Esse procedimento foi adotado para a elaboração do mapa de uso e ocupação da terra para os
nestes anos podendo assim relacioná-las com as possíveis alterações constatadas na qualidade
das águas da bacia de estudo.
Por se tratar de uma bacia hidrográfica de aproximadamente 1278 ha de área e também em
função dos dados que se esperava extrair das imagens, optou-se por trabalhar com seis
categorias de uso da terra: vegetação nativa; pastagem; pastagem degradada; agricultura
permanente e área impermeabilizada (urbana) e solo exposto (Tabela 7).
Tabela 7: Classes estabelecidas para o mapeamento de uso da terra da bacia hidrográfica do Córrego do Glória.
CLASSES
Uso
Vegetação Nativa Agricultura Permanente
Pastagem Pastagem Degrada
Solo Exposto Área Impermeabilizada
Fonte: Do autor, 2015.
Em função do conhecimento prévio da área de estudo e dos trabalhos de campo realizados,
recorreu-se à classificação manual das imagens por vetorização para gerar os mapas de uso e
CAPÍTULO 5
–
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesse momento serão expostos e discutidos os resultados alcançados a partir das campanhas
de coleta realizadas no decorrer do presente trabalho. Os resultados apresentados a seguir
consistem tanto nos dados brutos, referentes às análises laboratoriais de cada parâmetro
indicador isolado, assim como também os valores de IQA para cada ponto amostral. Também
serão apresentados os cenários mapeados com os usos da terra da bacia de estudo.
A metodologia de aplicação de um IQA estabelece as classes de enquadramento variando de
“ótima” a “péssima”, conforme supracitado no capítulo sobre a metodologia do presente trabalho.
No entanto é sabido que a elaboração do índice de qualidade de água pode em alguns casos
ocultar especificidades de determinados parâmetros.
Haja vista que um determinado ponto amostral detentor de um valor de IQA considerado
“aceitável”, pode ter apresentados valores questionáveis de um determinado parâmetro
indicador. E entenda-se questionável como sendo valores que estejam em desacordo aos níveis
estipulados pela Resolução CONAMA nº 357/2005 (Tabela 8).
Essa preocupação com valores de IQA se faz pertinente devido ao foco central do trabalho, o
qual não objetiva apenas, gerar um índice de qualidade de água para determinados pontos da
bacia hidrográfica de estudo, mas sim, gerar um índice que seja representativo a qualidade das
águas da bacia e compreender quais fatores que influenciam o mesmo.
Desse modo, a análise isolada de cada parâmetro que compõe o IQA aparece com enorme
importância para a compreensão de um dos objetivos específico do trabalho, que versa sobre a
relação existente entre os usos da terra presentes na área da bacia, e a qualidade de suas
Quanto aos resultados isolados de cada parâmetro conforme já foi dito, foi utilizado os padrões
estabelecidos pela R357/05, a qual também foi modelo para o enquadramento de classe de uso
das águas do Córrego do Glória.
No Brasil, os corpos d’água são diferenciados por classes de uso (I, II, III e IV) definidas pela
Resolução CONAMA n° 357 de 2005. As classes de qualidade são definidas pelo conjunto de
condições e padrões de qualidade de água necessários ao atendimento dos usos
preponderantes, atuais ou futuros de determinado curso d’água (CONAMA, 2005). Portanto,
analises de qualidade das águas em córregos e rios, contribuem para que se verifique se o
enquadramento das mesmas, no que se refere a sua classe está condizente com a realidade
apresentada. Vale ressaltar que enquadramento do seguimento de corpo d’água deve ser
obrigatoriamente alcançado ou mantido ao longo do tempo, afim de que não ocorram
interferências negativas nos usos pretendidos.
Os órgãos gestores são os responsáveis por realizarem o enquadramento dos cursos d’água de
uma determinada bacia hidrográfica. O Córrego do Glória é tributário do Rio Uberabinha o qual
compõe a Bacia Hidrográfica do Rio Araguari, este por sua vez é gerido pelo Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Araguari – CBHA.
A bacia hidrográfica de estudo está enquadrada dentro da classe II da R357/05, ou seja, suas
águas para serem destinadas ao consumo humano, necessitarão de passar por tratamento
convencional, que consiste na clarificação com utilização de coagulação e floculação, seguida de
desinfecção e correção de pH, para que dessa maneira esteja de acordo com as especificações
referentes aos seus padrões de qualidade.
Águas classe II além de serem destinadas ao consumo humano após o referido tratamento
convencional, também apresentam em seus usos preponderantes, a recreação de contato
de 2000; irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e
lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; à aquicultura e à atividade de pesca;
Tabela 8: Síntese dos resultados isolados dos parâmetros indicadores de qualidade nas diferentes datas de amostragem.
Parâmetro
Padrões Resolução CONAMA n° 357/ 2005
(PA) 29/08/2013 23/10/2013 26/03/2014 23/06/2014 Média
Classe I Classe II Classe III Classe IV
Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO
(mgO2/L) Até 3,0 mgO2/L Até 5,0 mgO2/L Até 10,0 mgO2/L Até 10,0 mgO2/L
1 5,30 0,10 11,30 0,10 4,20
2 2,60 0,10 10,30 0,10 3,28
3 11,90 0,10 10,30 0,10 5,60
4 0,00 0,00 9,70 0,10 2,45
5 0,00 0,00 8,90 0,10 2,25
Média 3,96 0,06 10,10 0,10 -
Fósforo Total
(mg/L) 0,1 mg/L 0,1 mg/L 0,15 mg/L 0,15 mg/L
1 1,00 0,90 1,00 0,24 0,79
2 1,00 0,90 1,00 0,83 0,93
3 1,00 0,90 1,00 0,45 0,84
4 0,00 0,00 1,00 0,19 0,30
5 0,00 0,00 1,00 0,32 0,33
Média 0,60 0,54 1,00 0,41 -
Nitrogênio Total
(mg/L) 3,7 mg/L 3,7 mg/L 13,3 mg/L 13,3 mg/L
1 1,40 1,39 1,40 1,40 1,40
2 1,40 1,39 1,40 1,40 1,40
3 1,40 1,39 1,40 1,40 1,40
4 0,00 0,00 1,40 1,40 0,70
5 0,00 0,00 1,40 1,40 0,70
Parâmetro
Padrões Resolução CONAMA n° 357/ 2005
(PA) 29/08/2013 23/10/2013 26/03/2014 23/06/2014 Média
Classe I Classe II Classe III Classe IV
Oxigênio Dissolvio - OD
(mgO2/L)
Não inferior à 6,0 mg/L
Não inferior à 5,0 mg/L
Não inferior à 4,0 mg/L
Não inferior à 2,0 mg/L
1 0,52 5,20 6,50 1,80 3,51
2 0,32 5,10 0,10 1,50 1,76
3 0,46 5,70 0,10 1,20 1,87
4 0,00 0,00 0,10 3,10 0,80
5 0,00 0,00 1,10 5,40 1,63
Média 0,26 3,20 1,58 2,60 -
pH 6,0 - 9,0 6,0 - 9,0 6,0 - 9,0 6,0 - 9,0
1 6,91 6,86 9.06 8,37 7,38
2 6,81 6,74 8,26 7,98 7,45
3 6,71 7,04 8,15 7,82 7,43
4 0,00 0,00 7,16 5,88 3,26
5 0,00 0,00 5,96 6,26 3,06
Média 4,09 4,13 7,38 7,26 -
Sólidos Totais
(mg/L) 500 500 500 500
1 19,00 16,00 45,00 18,00 24,50
2 41,00 31,00 105,00 33,00 52,50
3 39,00 47,00 48,00 29,00 40,75
4 0,00 0,00 23,00 9,00 8,00
5 0,00 0,00 21,00 21,00 10,50
Parâmetro
Padrões Resolução CONAMA n° 357/ 2005
(PA) 29/08/2013 23/10/2013 26/03/2014 23/06/2014 Média
Classe I Classe II Classe III Classe IV
Turbidez (NTU) 40 NTU 100 NTU 100 NTU 100 NTU
1 0,76 1,14 13,96 0,88 4,19
2 19,00 1,52 14,73 16,18 12,86
3 10,77 21,80 17,64 13,16 15,84
4 0,00 0,00 5,27 0,51 1,45
5 0,00 0,00 5,58 6,51 3,02
Média 6,11 4,89 11,44 7,45 -
Coliformes Termotolerantes
- CF (UFC/ml)
200 CF / ml 1000 CF /
ml 2500 CF / ml 2500 CF / ml
1 1,10 6,30 1,40 10,00 4,7
2 1,40 8,00 1,40 6,00 4,2
3 1,40 1,20 1,40 12,00 4
4 0,00 0,00 1,40 10,00 2,85
5 0,00 0,00 1,50 1,50 0,75
Média 0,78 3,10 1,42 7,90 -
DT - Temperatura (Valor da temperatura controlado em laboratório 25°C)*
25* 25* 25* 25*
1 25 25 25 25 25
2 25 25 25 25 25
3 25 25 25 25 25
4 25 25 25 25 25
5 25 25 25 25 25
Média 25 25 25 25 -
5.1. Análise dos parâmetros que compõe o IQA
5.1.1. Ponto Amostral 01
O Ponto Amostral 01 (PA 01) apresentou o segundo melhor desempenho comparativo aos
demais pontos amostrais de acordo com o valor de seu IQA (44,1) (Figura 6). No entanto
notou-se que alguns parâmetros que compõe o índice notou-se encontravam em níveis insatisfatórios nesnotou-se
PA. O Oxigênio Dissolvido (OD) e o DBO apresentaram valores em desacordo aos estabelecidos
pela Resolução CONAMA n° 357/05 (R357/05) em algumas das campanhas de análise.
Figura 6: Valores médios de IQA para os Pontos Amostrais (PA).
Fonte: Do autor, 2015.
O OD esteve em desacordo com a R357/05 em três oportunidades analisadas, ou seja, em 75%
das coletas esse parâmetro apresentou níveis insatisfatórios (Figura 7), fato este que se faz
preocupante, haja vista que o OD é um dos mais importantes parâmetros indicadores que
compõe o IQA. Isoladamente o OD é um significativo indicador de qualidade ambiental no que se
refere aos recursos hídricos, uma vez que, níveis reduzidos de OD nas águas naturais influem
Figura 7: Níveis de Oxigênio Dissolvido para o PA 01.
* O limite representado no gráfico se refere à classe II da R357/05 Fonte: Do autor, 2015.
Vale ressaltar que das três oportunidades em que se constatou os níveis de OD em desacordo a
legislação, duas apresentaram resultados inferiores a 2,0 (mgO2/L), fato este que enquadra a
amostra na Classe IV estabelecida pela Resolução CONAMA nº 357. E ainda houve uma
terceira amostra com nível inferior a 6,0 (mgO2/L), colocando-a também em desacordo a norma
ambiental vigente .
Casos em que os valores de OD estejam balizados entre 4,0 e 5,0 mg/L podem causar a
mortandade de peixes sensíveis as variações físico-químicas no meio aquático. E em casos
extremos como os encontrados na primeira e na quarta campanha de análise para o PA 01 (0,52
e 1,80 mg/L), onde os valores situaram-se abaixo dos 2,0 mg/L de OD, é possível afirmar de
acordo com bibliografias, que esses níveis são suficientes para extinguir grande parte das
espécies de peixes presentes em córregos e rios (Libânio, 2010 & Sperling 2004).
Os níveis reduzidos de OD no PA 01 podem ser legitimados por alguns fatores, entre os quais,
se pode destacar a significativa presença de matéria orgânica (MO) de origem natural
dotada de grande volume e possui baixa velocidade média da água, fato que propicia uma vazão
reduzida para o local. Desse modo, com vazão reduzida esse trecho do córrego não possui
elevado poder de arraste, favorecendo a deposição de sedimentos e matéria orgânica no ponto
(Figura 8).
Figura 8: Deposição de matéria orgânica (MO) no leito do Córrego do Glória, na área do PA 01.
Fonte: Do autor, 2013.
Dessa maneira a presença de MO de origem natural, advinda da região de mata localizada a
montante do PA 01, ocasiona a redução dos níveis de OD devido ao processo de degradação da
MO por bactérias aeróbicas que consomem o oxigênio presente na água através de sua
respiração (Libânio, 2010). E também devido aumento na concentração de ácidos orgânicos
provenientes da referida decomposição de MO (Jonnalagadda & Mhere, 2001; Simeonov et al.,
2003). Alterações nos níveis de DBO e OD por interferência da presença de material orgânico,
também foram constatados no trabalho de Sánches et al. (2007) nos córregos La Torre e La