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JOVENS DA PERIFERIA DE GOIÂNIA E A MÍDIA: QUANDO AS NARRATIVAS DA TV MASCARAM A REALIDADE

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Academic year: 2020

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JOVENS DA PERIFERIA

DE GOIÂNIA E A MÍDIA:

QUANDO AS NARRATIVAS DA TV

MASCARAM A REALIDADE*

ELIANI DE FÁTIMA COVEM QUEIROZ**

* Recebido em: 06.12.2019. Aprovado em: 20.12.2019.

** Doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Goiás (2017). Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008). Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás (1990). Professora assistente I do curso de Jornalismo da PUC Goiás. Assessora de comunicação e gestora do site e das mídias sociais da Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil da PUC Goiás. E-mail: elianicovem@gmail.com

DOI 10.18224/frag.v29i3.7811

DOSSIÊ

Resumo: este artigo traz o resultado de uma pesquisa realizada com jovens da periferia de

Goiânia, sobre como veem as notícias transmitidas por telejornais sobre as mortes de jovens pobres da periferia de Goiânia e região metropolitana da capital. Nos depoimentos os jovens alegam que as notícias são parciais. A coleta de dados foi realiza por meio da entrevista semiestruturada e os dados analisados segundo a teoria do enquadramento. Os jovens con-sideram a cobertura realizada por essas emissoras muito falha, porque não informam de maneira adequada o público, trazendo dados imprecisos e incompletos, o que configura uma forma de mau jornalismo.

Palavras-chaves: Polícia. Jovem. Assassinato. Telejornalismo. Notícia.

E

sta pesquisa foi realizada a partir de uma primeira investigação concluída em 2018, sobre como os assassinatos de jovens pobres da periferia de Goiânia e da região metropolitana da capital são mostrados nas reportagens dos telejornais das emissoras de Goiânia, em Goiás. A partir da análise de 66 reportagens veiculadas no perí-odo de março a junho de 2018 concluiu-se que as reportagens trazem na maioria dos casos somente a versão do policial. Especialistas em segurança pública, familiares e testemunhas não são ouvidos, o que contraria alguns dos princípios do jornalismo, como da isenção, objetividade e imparcialidade, e que todas as versões do fato precisam constar na narrativa (CURADO, 2010; TRAQUINA, 2013; PENA, 2015).

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Os policiais alegam nas reportagens que as vítimas morreram numa troca de tiros, em confronto armado e que tinham extensa ficha criminal, com passagens na polícia por roubo ou tráfico de drogas. Fatos que não possuem outra versão, já que parentes das vítimas ou testemunhas não foram ouvidos. Prevalece a informação da fonte oficial, neste caso, da po-lícia. Percebe-se ainda que o repórter não investiga se realmente a vítima tinha ficha criminal, apenas reproduz a informação da polícia.

Com o resultado desta primeira investigação em mãos, dando continuidade ao es-tudo, cujo resultado é apresentado neste artigo: ouvir os jovens moradores da região periférica de Goiânia sobre como veem o conteúdo destas reportagens. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com seis jovens, com idade entre 15 a 29 anos.

Para analisar o resultado desta pesquisa foi usada a teoria da comunicação do en-quadramento ou framing. Os diversos segmentos midiáticos não estão livres de ideologias, aspectos que surgem nas narrativas jornalísticas, considerados como enquadramento ou fra-ming. Significa a forma como a mídia trata alguns temas, seguindo determinada linha edito-rial. Dantas e Vimieiro (2009, p. 5) consideram que “os frames são as ideias organizadoras centrais que indicam sentidos para os eventos relevantes e sugerem o que está em questão”.

Segundo Goffman (1974), os enquadramentos são quadros de referência geral, construídos socialmente, que são usados pelas pessoas para dar sentido aos eventos e às situ-ações sociais. O autor tem como foco o enquadramento feito pelo público, como as pessoas recebem e interpretam as informações transmitidas pela mídia. Dito de outra forma, como as pessoas percebem, identificam e rotulam as informações que recebem, baseado em seu reper-tório cultural. A mídia é um dos instrumentos que fornecem informações sobre o cotidiano o tempo todo e segue um enquadramento na rotina de produção da notícia.

Na análise dos resultados, percebe-se que os jovens entrevistados possuem uma vi-são crítica sobre as reportagens dos telejornais sobre os assassinatos de jovens pobres da perife-ria de Goiânia e região metropolitana da capital. Na opinião desses jovens, as reportagens não informam de maneira correta e adequada o público, trazendo dados imprecisos e incomple-tos, o que configura uma forma de mau jornalismo. O professor da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, Michael Schudson explica o que configura um mau jornalismo, ao afirmar o que um jornalista responsável não faria em suas práticas profissionais:

Um jornalista responsável não produz notícias falsas, nem notícias exageradas ou notícias corrompidas. Não subordina o relato honesto à coerência ideológica ou ao ativismo político. Não tenta agradar anunciantes ou se ajustar aos interesses comerciais do veículo — nem às preferências do público. Não deixa de ouvir lados distintos que tenham participação em uma mesma história (SCHUDSON, 2019, p. 1).

Inicialmente, neste artigo, faz-se uma revisão bibliográfica sobre os temas juventu-de, violência contra jovens no Brasil e a forma que a mídia divulga temas relacionados com a violência. Por fim, discorre-se sobre o resultado da pesquisa realizada com os jovens, mora-dores da periferia de Goiânia.

JUVENTUDE E VIOLÊNCIA

A categoria juventude vem sendo estudada em diversas áreas do conhecimento, por inúmeros teóricos. Para Weisheimer (2013), em relação às práticas sociais, o começo da

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ju-ventude é representado pelo surgimento da puberdade, que é marcada pelo desenvolvimento de um novo porte físico e por novas exigências de disciplinamento dos corpos. Tais mudanças biológicas são acompanhadas pela incorporação de novos papeis sociais que destacam as dis-tinções entre os sexos. “De modo geral, podemos dizer que a entrada na fase juvenil da vida é marcada por múltiplos critérios que expressam as transformações vividas pelos indivíduos no plano biológico, psicológico, cognitivo, cultural e social” (WEISHEIMER, 2013, p. 11). Para o autor (2013, p. 9), “a juventude é uma categoria social que passa a se consti-tuir e adquire o sentido atual a partir do advento da modernidade”. Portanto, os entendimen-tos correntes sobre ela são, necessariamente, sociais, culturais e historicamente determinados. O que leva à conclusão de que, apesar de existirem jovens nos períodos históricos anteriores, seus significados, características e papeis sociais eram bastante diversos do que se atribuem nesta contemporaneidade.

Dialogando com Weisheimer, Peralva (1997, p. 15) assevera que hoje as idades da vida, “embora ancoradas no desenvolvimento bio-psíquico dos indivíduos, não é um fenô-meno puramente natural, mas social e histórico, datado, portanto, e inseparável do lento processo de constituição da modernidade”.

Abramo (1994) traz uma noção mais geral e usual do termo juventude, que se refere a uma faixa de idade, um período de vida, em que se completa o desenvolvimento físico do indiví-duo e se dá uma série de transformações psicológicas e sociais, quando este abandona a infância para processar sua entrada no mundo adulto. Porém, o termo juventude é socialmente variável. A definição do tempo de duração, dos conteúdos e significados sociais desses processos se modifica de sociedade para sociedade e, na mesma sociedade, ao longo do tempo e por meio de suas divisões internas. Além disso, apenas em algumas formações sociais é que a juventude configura-se como um período destacado, ou seja, aparece como uma categoria com visibilidade social.

Groppo (2004, p. 11) já entende o termo juventude “como uma categoria social usada para classificar indivíduos, normatizar comportamentos, definir direitos e deveres”. Uma categoria que atua tanto no âmbito do imaginário social, quanto é um dos elementos estruturantes das redes de sociabilidade. Como ocorreu na estruturação da sociedade em clas-ses, a modernização também criou grupos etários homogêneos, categorias etárias que orien-tam o compororien-tamento social, entre elas, a juventude.

No entanto, segundo o autor, uma mirada histórica sobre as sociedades modernas revela os contornos da condição juvenil como dialética, ou seja, as juventudes se movem, contraditoriamente, entre processos de institucionalização e autonomia dos jovens.

Para Groppo (2000, 2004), a dialética da juventude ocorre com a presença de ele-mentos contraditórios no interior das instituições criadas para a suposta socialização dos jo-vens, como as escolas. Elementos que sempre colocaram o que se definiu como oficial em estado de contestação, em estado de possível superação. Esses elementos são originários da possibilidade de autoconstrução, pelos jovens, de formas de pensar e agir diferentes daquelas desenhadas institucionalmente, mesmo que esta proximidade entre tantos sujeitos jovens te-nha sido proporcionada, justamente, pelas instituições.

Nesse sentido, as juventudes na sociedade moderna, no entendimento do autor, sempre estiveram envolvidas em tensões, conflitos, rearranjos institucionais e resistências con-tra-instituintes. “As juventudes foram e são parte das lutas sociais para estabelecer o domínio de certos grupos sociais, seu projeto político e visão de mundo. E parte das lutas para resistir a este domínio” (GROPPO, 2004, p. 399).

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Para o contexto deste texto, faz-se necessário trabalhar também o conceito de vio-lência. A violência foi definida pela Organização Mundial da Saúde como

uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvi-mento ou privação (KRUG et al., 2002, p. 5).

A violência é um fato ao mesmo tempo humano e social. Não se conhece nenhuma sociedade totalmente isenta de violência. A violência consiste no uso da força, do poder e de privilégios para dominar, submeter e provocar danos a outros: sejam indivíduos, grupos ou coletividades (MINAYO, 2012).

Abramovay et al. (2002) aponta que a violência se constitui em um fenômeno multifacetado, que não atinge somente a integridade física, mas também as integridades psí-quicas, emocionais e simbólicas de indivíduos ou grupos nas diversas esferas sociais, seja no espaço público ou privado.

A juventude tem sido associada com a violência, tanto como vítima ou como cau-sadora de atos violentos, apresentando os jovens como produtores de violência, o que poderia justificar a intensificação da repressão deste grupo, principalmente pelo Estado por meio da polícia. Uma repressão que ocorre de forma mais intensa quando os jovens possuam alguns atributos de caráter racial e territorial. Negros e moradores da periferia das cidades tornam-se os principais focos desta repressão, que acontece no cotidiano, sobretudo, nas periferias das grandes cidades ou quando grupos de jovens da periferia tentam acessar os serviços, princi-palmente de lazer e trabalho, nos centros ou em outras áreas em que estejam disponíveis, mas que não são, todavia, espaço de circulação destes mesmos jovens (MORAES, 2005).

Wansetto (2013, p. 1) pondera que a violência sofrida pelos jovens se dá de diver-sas formas, seja pela ausência de políticas públicas ou pela presença violenta e repressiva do Estado. As mudanças de valores e de sentido de vida deixam os jovens expostos a situações de vulnerabilidade e isso ocorre devido a fragmentação da própria sociedade alicerçada em gran-de medida pelo consumo, pelo mercado e pelas parcas condições gran-de vida oferecida. O que é mais grave é a forma como o Estado age com os jovens que estão expostos as vulnerabilidades sociais, na maioria dos casos provocadas pelo próprio Estado, com a ausência de políticas públicas (o desemprego, a ausência de vagas nas escolas e universidades, violações de direitos de diversas ordens, remoções forçadas e despejos).

Dessa forma, nos noticiários da televisão e dos jornais, segundo Wansetto (2013), os jovens têm aparecido em evidência, seja como protagonistas de violência ou como vítimas dela. No entanto, é preciso, antes de tirar conclusões, olhar o gerador dessa situação, como as desigualdades socioeconômicas e culturais, que expõem os jovens a grande nível de vulne-rabilidade.

Dialogando com Wansetto (2013), Moraes (2005) entende que, como forma de criminalizar a marginalidade, a produção do medo por meio da estigmatização e sataniza-ção dos jovens, sobretudo negros, pobres e moradores de regiões periféricas, esse fato conta também com a existência de outro elemento articulado, que é a policialização da sociedade. Também observa-se um aumento da violência contra os jovens, seja nos altos índices de mortes violentas, particularmente homicídios, seja no aumento das taxas de encarceramento

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de indivíduos vindos deste grupo social. Práticas que parecem ser as políticas públicas que efetivamente alcançam os jovens, considerando o declínio ou a precariedade de outras esferas da vida social, como o acesso ao trabalho ou os processos educativos presentes na escola.

De fato, a violência contra a juventude vem aumentando. O Atlas da Violência 2019, que traz o mapeamento das mortes violentas no país realizado pelo Instituto de Pesqui-sa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), coleta-dos pelo Ministério da Saúde, mostra que entre os 65,6 mil de homicídios ocorricoleta-dos no Brasil em 2017, mais da metade - ou 35.783 - vitimaram pessoas entre 15 a 29 anos, o que leva o IPEA e o FBSP a falarem em uma juventude perdida por mortes precoces (IDOETA, 2019).

O pesquisador do FBSP, Renato Sergio de Lima, considera que a morte prematura de jovens (15 a 29 anos) por homicídio é um fenômeno que tem crescido no Brasil desde a década de 1980. Uma idade em que as pessoas “têm alto potencial produtivo, que acaba sendo desperdiçado. Além da tragédia humana, os homicídios de jovens geram consequên-cias sobre o desenvolvimento econômico e redundam em substanciais custos para o país” (IDOETA, 2019, p. 2).

MÍDIA, VIOLÉNCIA E JUVENTUDE

A mídia é um dos instrumentos democráticos que pode auxiliar no debate público sobre a violência contra jovens. Isso porque os sites, jornais, emissoras de rádio e televisão impactam a opinião da sociedade e podem ajudar na implantação de políticas públicas no setor da segurança pública.

No entanto, um dos impasses comuns entre os profissionais de mídia é dar voz na cobertura aos segmentos que são reiteradamente identificados como geradores de violência. Os grandes jornais e redes de TV falam sobre os jovens, mas raramente ouvem a palavra destes jovens, expressam suas perspectivas, compreendem as saídas que eles apontam. Sobretudo os jovens de favelas e da periferia das grandes cidades. Esses jovens são permanentemente estig-matizados com as imagens que “os associam a potenciais criminosos, com as notícias que re-forçam e confirmam, por assim dizer, a cada dia, as expectativas. O que, por sua vez, favorece mais exclusão, mais violência, menos saída, menos futuro” (RAMOS; PAIVA, 2008, p. 38).

De acordo com as autoras, a cobertura jornalística, mesmo a dos melhores jornais e emissoras do país, padece em certa medida dos mesmos problemas. Na maior parte do tempo, “ela corre atrás da notícia do crime já ocorrido ou das ações policiais já executadas, mas tem pouca iniciativa e usa timidamente a sua enorme capacidade de pautar um debate público consistente sobre o setor” (RAMOS; PAIVA, 2008, p. 39).

Nas notícias sobre violência e assassinatos, Varjão (2008, p. 51) denuncia o que ela categoriza como jornalismo mínimo praticado em relação às vítimas pobres da sociedade em jornais impressos. Neste tipo de produção, “é perceptível a exiguidade de esforços de valori-zação das notícias oferecidas ao leitor, evidenciando uma atribuição de importância menor em relação àquelas que figuram no alto das páginas”. Nesse sentido, usa-se, em tais narrativas, escassos recursos de reportagem e de edição, um ou dois desses recursos.

Portanto, fica evidente que às vítimas pobres são dedicadas atenções mínimas, ao passo que aos indivíduos melhor situados social e economicamente “é ampliada a cura jorna-lística, conferindo-se um esforço desproporcional na representação de eventos que retratam uma mesma e grave questão social” (VARJÃO, 2008, p. 43).

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Fato que se observa também nas reportagens do telejornalismo, na televisão. As notícias de assassinatos de jovens pobres da periferia praticados por policiais são oferecidas em tempo reduzido, com poucas informações, sem ouvir testemunhas ou familiares da vítima, trazendo apenas a versão oficial da polícia, que sempre qualifica o morto de bandido com extensa ficha criminal, envolvido com roubo ou tráfico de drogas.

Sobre esse aspecto, Varjão (2008, p. 104) critica a prática dos jornalistas que usam o termo “execução” contra o que chamam de vítimas sujas, ou seja, pessoas com antecedentes criminais.

Emprego que, sem posicionamento crítico, equivale a legitimar uma ilegalidade perversa do sistema de segurança pública, naturalizando a aplicação da pena de morte contra pessoas indesejáveis. Uma prática que se pode vislumbrar não apenas a partir de vestígios de discursos higienistas, claramente vinculados a fontes institucionais de informações nesse se-tor, mas de operações vinculadas ao sistema de segurança pública.

Para a autora, chama atenção a indiferença com que o crime é encarado e a relati-va harmonia verificada entre as duas esferas de poderes, a midiática e a policial. “A falha do sistema de segurança pública, a partir da função preventiva, o julgamento sumário e a aplica-ção da pena capital ao suposto homicida, nada disto é questionado nos registros noticiosos” (VARJÃO, 2008, p. 105).

Dessa forma, as rotinas produtivas nas redações dos telejornais ocorrem de for-ma autofor-matizada e naturalizada que, tanto quanto a padronização, gera a hierarquização desse tipo de noticiário, negligenciando, dentre outros problemas, as distorções e insu-ficiências do sistema de segurança pública. Insuinsu-ficiências e distorções que apontam para um grau relevante de insucesso do Estado na garantia do mais elementar dos direitos do homem: o direito à vida. Um nível de falência que não pode ser atribuído unicamente ao Poder Executivo. O fenômeno das violências “está relacionado com outros poderes, além dos médios e macros representados por governantes, oficiais, delegados e outros agentes patenteados que integram o aparato repressivo do sistema nesta esfera de poderes” (VAR-JÃO, 2008, p. 106).

Portanto, a cobertura jornalística das emissoras de televisão de Goiânia não foge a essa rotina produtiva, ao trazer notícias de assassinatos de jovens pobres da periferia de Goiânia e da região metropolitana da capital de forma acanhada, reduzida, ínfima, que não contempla o desejo dos telespectadores de saberem mais sobre esses crimes. Como os jovens desses espaços, com seu lugar de fala, veem esse tipo de jornalismo foi o objeto desta pesquisa.

ANÁLISE DA PESQUISA

A pesquisa realizada com jovens pobres da periferia de Goiânia no estado de Goiás ocorreu em alguns bairros da capital. Foram entrevistados seis jovens do sexo masculino, com idade de 15, 17, 20, 21, 24 e 26 anos de idade, todos estudantes, sendo um do ensino fun-damental, dois do ensino médio e três do ensino superior. Os jovens possuem renda salarial familiar de 1,5 a 3 salários mínimos. Todos são solteiros, sem filhos.

A análise dos depoimentos foi realizada à luz da teoria da comunicação do Enqua-dramento, ou Framing, que implica na forma em que um tema é pautado e disponibilizado para o público e de como esse mesmo tema é processado e debatido na sociedade.

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De um modo geral, a ideia de framing ou enquadramento se relaciona aos ângulos de abordagem dados aos assuntos pautados pelos meios de comunicação. No âmbito dos estudos sobre os efeitos da mídia, o termo designa a moldura de referência construída para os temas e acontecimentos midiáticos que, por sua vez, também é utilizada pela audiência na interpretação desses mesmos eventos. O frame seria justamente o quadro a partir do qual um determinado tema é pautado e, consequentemente, processado e discutido na esfera pública (GUTMANN, 2006, p. 30).

Como instrumento metodológico, foi realizada a entrevista semiestruturada, que permite, no desenrolar do diálogo, inserir novos questionamentos sobre o tema abordado. Os nomes dos jovens são fictícios, para preservar o anonimato das fontes. O foco principal da en-trevista foi apreender dos jovens se eles assistiam aos telejornais das três emissoras goianienses e como eles percebiam a forma como as notícias sobre a morte de jovens pobres da periferia de Goiânia e região metropolitana da capital eram transmitidas nos telejornais. Para Carlos, não é feito um levantamento completo sobre os casos noticiados:

O repórter chega lá, no local do crime, e às vezes encontra só os policiais, então ouve só um lado da notícia, né? Só a versão dos policiais. Não fica sabendo o que realmente aconteceu, porque não ouve, não entrevista testemunhas e nem parentes da vítima por que os parentes também têm medo, se afastam, evitam os jornalistas, não querem apare-cer. Se a família fosse ouvida, poderia contestar a fala do policial, que disse que o jovem tinha ficha na polícia e às vezes nem tinha. O pai ou a mãe poderia dizer que a vítima era uma pessoa que estudava, trabalhava e que não tinha envolvimento com o crime, mas quando não fala fica mesmo só a versão do policial.

Carlos considera que os repórteres nem ouve testemunhas até mesmo para não culpar a polícia.

Porque se tiver uma testemunha do fato, que sabe que os policiais agiram de forma errada, que na verdade a morte do jovem foi uma execução. Aí a polícia vai querer até abater essa testemunha, matar mesmo, para que ela não fale nada. Mas eu penso que tem que ouvir a testemunha, quando tiver, porque em muitos casos os policiais levam a vítima para um lugar isolado, uma mata, e executa a pessoa, para nem ter testemunha. Então, o jovem que morreu não tem como se defender da versão da polícia, porque não tem testemunha para explicar realmente o que aconteceu.

Gustavo questiona a naturalização dos crimes e o processo de banalização dessas mortes.

O que nós vemos todos os dias nos telejornais, a gente só vê assim: “...o jovem morreu em uma troca de tiros com a polícia”. Tá tudo bem. Quantas notícias não foram do mesmo jeito? Você acorda com a notícia na TV, no telejornal da manhã, por volta de seis e meia da manhã, passa a morte da noite passada. Ao meio dia está relembrando essas mortes acrescentando novas informações. Fica tão corriqueiro, tão fácil noticiar a morte de alguém, quando a polícia disse que trocou tiros. Quando eu morava no [...], um bairro muito afastado, já aconteceu dos policiais da Rotam passarem lá. Lá perto

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tem um lixão, mais afastado e a gente só escutava os tiros. Um dia meu pai disse que a polícia encurralou uns caras lá e que matou dentro da casa deles mesmo. E falaram que foi troca de tiros. É a informação que os policiais passam. Parece que a polícia tem um aval para matar bandido.

Para Laércio, há um interesse das emissoras de não exporem o “lado ruim” da polí-cia, quando a reportagem mostra um ponto de vista só. Seria para “não expor o lado ruim da polícia, eles não ouvem outras pessoas. É um interesse da emissora mesmo, de não dar outra versão, ficar só nessa versão digamos oficial, da polícia”. Para o estudante, a testemunha falaria o que realmente presenciou do fato.

No caso dessas reportagens, se for em algum bairro, região habitada, sempre vai ter alguém que viu, as pessoas estão lá perto, né? Viram o ocorrido. Vizinhos também são importantes, mas quando o repórter chega, o vizinho não quer falar, ninguém sabe porquê. Às vezes um policial pode chegar neles e fala: “vocês não precisam comentar”. Eu acho errado não ouvir, porque essas pessoas não inventariam nada, falariam usando o sentimento e realmente o que viram, né?

José Luiz se revolta com a forma que alguns apresentadores tratam a notícia e os comentários desumanos que fazem.

A gente sabe que esses telejornais são tendenciosos, é um jornalismo sensacionalista, o que dá audiência. Então a população está mais voltada para ver aquela história de que bandido bom é bandido morto e é isso que o público quer ver. Em alguns programas os apresentadores fazem comentários terríveis quando passa reportagem desses crimes. A pessoa já morreu, mas e a família? ficar ouvindo o apresentador fazer aqueles comen-tários, é muito ruim, sem ética e sem consideração com a família. Ver lá o apresentador falando mal do seu filho é muito cruel, sem sentimento de solidariedade. Não precisa tocar na ferida de ninguém nessa hora.

Mauro disse que já assistiu várias reportagens como essas e sempre considerou mui-to estranho. Também pelo famui-to de algumas pessoas assassinadas ter a mesma idade dele, fica consternado. “É muito desumano, porque você não sabe o que realmente aconteceu, só vê o que o jornal mostra e tem que acreditar naquilo ali. Muitas das vezes só falam da versão da polícia, fica difícil para entender o que aconteceu”.

Carlos também questiona o fato da polícia afirmar que a vítima tinha ficha crimi-nal, o que seria mais um motivo para a execução do jovem.

Tem o caso também que muita gente tem ficha criminal, passagem na polícia, então não se pode crucificar uma pessoa só porque ela tem ficha criminal. A polícia aproveita esse argumento para matar. Teria que investigar, saber o que ele fez de errado para ser assassinado daquela forma. E ter a prova que realmente cometeu um crime. Hoje tem tantas câmeras de segurança que filmam tudo. Ter um filme desses, para comprovar se ele fez mesmo algo errado.

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Para Mauro, quando não se entrevista familiares da vítima, a morte do jovem vira um número de estatística apenas.

A função do jornal é mostrar o que a gente não consegue ver. Então tinham que ouvir várias pessoas que viram o que aconteceu, para a gente parar e refletir e daí tomar uma opinião. Tinha que ouvir a mãe do jovem, sobre como era, o que fazia, se estudava, trabalhava, ou se já cometeu crimes mesmo, tinha que ouvir. Também nunca mostram como a família ficou, o paradeiro dela, depois da perda do filho. Se eu fosse da família eu iria dizer: eu quero falar. A família tem que correr atrás para defender a vítima, ser ouvida, dar outra versão do que aconteceu.

Não ouvir testemunhas nesses crimes, para Laércio, é uma forma da polícia não ser investigada sobre a execução dos jovens, no futuro.

Se não entrevistam testemunhas e nem familiares, a gente é obrigada a ficar apenas com a versão da polícia. E quando falam que houve troca de tiros, na verdade, muitas das vezes, os policiais querem fazer “um limpa” naquele lugar, lembrando que eles não devem ter provas suficientes contra os jovens e não tem direito de fazer aquilo, de matar. Então falam que foi troca de tiros, para não terem culpa, não serem investigados no futuro.

Renato analisa que se o telejornal ouvisse o outro lado, pessoas que conheciam a vítima, poderia trazer uma versão que pode parecer que a emissora está favorecendo bandidos.

Eu tenho uma visão que talvez seja diferente, porque pelo que eu sei, o jornalismo sem-pre tenta ouvir a voz da sociedade, para ser democrático. Mas se o jornalismo fizer isso, ouvir o outro lado, a família da vítima, testemunhas, vai dar uma impressão de que o jornalismo está do lado do bandido e a população, que tem toda uma tradição de achar que bandido bom é bandido morto, pode se voltar contra esse tipo de jornalismo, deixar de ver o telejornal, prejudicando assim a emissora. Querendo ou não, a sociedade ainda é conservadora, defendem a segurança a qualquer custo, quer que todos os bandidos morram. Eu penso que o fato do jornalismo não dar voz às famílias, às testemunhas é uma forma de fugir desse julgamento da sociedade. Podem dizer, “o cara matou, roubou, merecia morrer”, pode ser por isso que não mostram.

Para Laércio, esse tipo de jornalismo não cumpre sua função social e não informa direito a sociedade.

Um jornalismo assim, que só ouve a polícia, não está informando direito a população porque não estão ouvindo todos os pontos de vista, as pessoas que viram o crime, por isso não tem todas as versões do ocorrido. É direito do cidadão que está assistindo ao telejornal saber todas as versões. Eu considero que esse é um jornalismo falho de propósito. Dá impressão que eles não repassam todas as informações sobre o ocorrido, por motivos que desconhecemos.

Carlos também duvida que esse tipo de jornalismo tenha uma função social impor-tante para a sociedade.

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Para mim, essas reportagens que só entrevistam policiais não informam direito o cidadão, não prestam um bom serviço para a sociedade, é uma forma errada de se fazer jornalismo. É até uma forma de mostrar para a sociedade que todos estão seguros. Mas matando sem nem saber o porquê? Qual a razão disso?

Carlos ainda denuncia que a reportagem sequer falou sobre o caso de um menor apreendido pela polícia numa cena do crime.

Lá no Setor [...], na periferia de Goiânia, teve uma situação assim, que os policiais chegaram na casa atirando, mataram três jovens e um adolescente de 12 anos viu tudo e se escondeu debaixo da cama, no quarto. Eles encontraram o menino e o levaram à força na viatura. Os vizinhos viram colocarem o menino gritando dentro do camburão e saindo. Depois disso nunca mais viram o menino. Então a vida dos jovens pobres que moram nas regiões mais afastadas de Goiânia não está sendo muito valiosa. Matam por qualquer motivo e até mesmo sem motivo. Na reportagem desse dia, nem falaram desse menor que foi levado pela polícia.

Para Gustavo, não há interesse de informar mais sobre esses crimes porque vai de encontro à linha editorial da emissora.

O que a gente vê nos telejornais, parece que as empresas são compradas. Se o repórter da emissora for ouvir essas pessoas, testemunhas de crimes ou familiares dos mortos, for dar voz para essas pessoas, seria contra a linha editorial deles. Parece que estão calando a voz da sociedade. Só falam assim: “...morreu na troca de tiros porque é bandido”. Se fosse uma boa pessoa estaria estudando ou trabalhando. Essa parte do jornalismo me contraria profundamente. A verdade tá lá e o repórter ter que trabalhar, ter que fazer daquele jeito, porque o ideal da empresa não é o que um jornalista deveria fazer, do papel de bem informar a sociedade.

Renato considera que esse tipo de jornalismo dá voz ao Estado, penalizando a fa-mília das vítimas.

No jornalismo a gente sabe que tem que mostrar todos os lados da história, buscar a justiça, levar a democracia para o povo. Quando você analisa essas reportagens sobre a morte desses jovens, parece que acontece o contrário. Uma reportagem sobre morte teria que tentar levar justiça para a família, dar voz à vítima ao ouvir a família, mas em muitos casos só ouve o Estado. É um jornalismo que não informa bem, não informa direito.

Portanto, apreende-se desses relatos que os jovens veem com desconfiança a co-bertura jornalística sobre esses tipos de crimes realizada por essas três emissoras em Goi-ânia. Os jovens entrevistados questionam a falta da voz da família e das testemunhas nessas notícias, o que prejudica o entendimento do público sobre o que realmente aconteceu. A no-tícia ficando incompleta, sem trazer todas as versões, como apregoa os princípios jornalísticos.

Traquina (2005, p. 26) considera que as notícias, por mais objetivas que sejam, são construídas e, simultaneamente, constroem realidades; que, enquanto construções, estão

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imbricadas com as relações de produção, a partir de aspectos organizativos do trabalho; e que, enquanto construtoras, (re)produzem tais relações. Dessa forma, “os jornalistas são partici-pantes ativos na definição e na construção da notícia, e, por consequência, na construção da realidade”.

Dialogando com Traquina (2005), Braga (2006, p. 116), considera que os aconte-cimentos e situações da atualidade, não são “objetos isolados a serem meramente reportados, eles devem ser relacionados a estruturas sociais amplas e aos seus fluxos históricos, que o jor-nalista deve conhecer, compreender e acompanhar”. Conclui-se, portanto, que um fator que compromete a cobertura da violência, da segurança pública e da criminalidade realizada pela imprensa é a dependência em alto grau das informações policiais.

A consequência mais grave desta dependência é que ela diminui a capacidade da imprensa de criticar as ações das forças de segurança. Dessa forma, o noticiário sobre violência e criminalidade enfoca as ações policiais, prisões, apreensões, apresentações de criminosos e assassinatos. Ainda, constata-se que em grande parte das coberturas jornalísticas, essas ações policiais são divulgadas sem se questionar os atos cometidos pelos policiais. São inúmeros os exemplos de ações policiais equivocadas, algumas delas feitas às pressas para dar uma satisfa-ção à opinião pública (RAMOS; PAIVA, 2007).

De acordo com as autoras, apesar do status de fonte principal, os policiais tam-bém criam dificuldades ao trabalho dos repórteres. Adotam posições defensivas e corporativas quando se trata de responder questionamentos críticos às ações policiais. Em alguns casos, tornando-se mais um entrave ao trabalho do jornalista.

Dessa forma, a ausência de várias fontes acaba por gerar uma cobertura pouco diversificada, no qual os temas como direitos humanos, violência enquanto fenômeno social, raça e etnia, gênero e violência doméstica, por exemplo, são pouco frequentes. O resultado é um conjunto de reportagens em que prevalece a pouca contextualização e a pluralidade, muito dependente da perspectiva de delegados e oficiais da Polícia Militar (RAMOS; PAIVA, 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando notícias sobre os assassinatos cometidos pela polícia, de jovens pobres da periferia de Goiânia e região metropolitana da capital, com o depoimento de jovens desses bairros, que condenam o tipo de cobertura parcial que é feita, tem-se a impressão de que os jornalistas “subestimam o público ao acreditar que ele não se interessaria por uma cobertura mais aprofundada, contextualizada e mais complexa deste tema” (RAMOS; PAIVA, 2007, p. 145).

As autoras consideram a situação mais evidente quando se fala da mídia noticiosa veiculada por emissoras de rádio e televisão, que são concessões públicas e assumem consti-tucionalmente compromisso com o Estado brasileiro que não as autorizam a se furtarem de respeitar os direitos humanos de todas as pessoas. Respeito este que implica não só o deixar de fazer algo de forma errada, mas também o de fazer algo positivo, o que inclui a retirada dessas populações da condição de invisibilidade que muitas vezes as caracteriza.

Portanto, considera-se que essas emissoras fazem um mau jornalismo, por ser in-completo, parcial, de certa forma subjetivo – ao seguir uma rotina de produção que não coaduna com os princípios do jornalismo - e por beneficiar apenas uma fonte de informação.

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Neste contexto, sugere-se que outras pesquisas sejam realizadas sobre este tema, para eviden-ciar uma condição humana pouco relatada e de certa forma tida como obscura na cobertura jornalística das emissoras de televisão.

GOIÂNIA PERIPHERY YOUTH AND THE MEDIA: WHEN TELEVISION NARRATIVES MASK REALITY

Abstract: this article brings the result of a survey conducted with young people from the outskirts of Goiânia, about how they view the news transmitted by television news about the deaths of poor young people from the outskirts of Goiânia and the metropolitan region of the capital. On the wit-ness the young people claim that the news is partial. Data collection was performed through semi-structured interview and data analyzed according to the theory of framing. Young people consider the coverage provided by these broadcasters very flawed, because they do not adequately inform the public, bringing inaccurate and incomplete data, which configures a form of bad journalism. Keywords:Police. Young. Murder. Television News. News.

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