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Redes e desempenho empresarial: estudo do efeito da partilha de propriedade no cluster da biotecnologia em Portugal

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Rita dos Santos Miranda

outubro de 2017

Redes e desempenho empresarial: estudo do

efeito da partilha de propriedade no cluster

da biotecnologia em Portugal

Rita dos Santos Miranda

R

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ter da bio tecnologia em P or tugal UMinho|2017

Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

(2)

Rita dos Santos Miranda

outubro de 2017

Redes e desempenho empresarial: estudo do

efeito da partilha de propriedade no cluster

da biotecnologia em Portugal

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Doutor João Cerejeira

e da

Professora Doutora Elisabete Sá

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Economia Industrial e da Empresa

Universidade do Minho

(3)

ii

D

ECLARAÇÃO

Nome: Rita dos Santos Miranda

Endereço eletrónico: rita.miranda.94@gmail.com

Telefone: 912931682

Número de identificação: 14594690

Título dissertação:

Redes e desempenho empresarial: estudo do efeito da partilha de propriedade no cluster da biotecnologia em Portugal

Orientadores:

Professor Doutor João Cerejeira Professora Doutora Elisabete Sá

Ano de conclusão: 2017

Designação do Mestrado:

Mestrado em Economia Industrial e da Empresa

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA TESE/TRABALHO, APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE

COMPROMETE.

Universidade do Minho, ___/___/______

(4)

iii

A

GRADECIMENTOS

Sendo este o culminar de todo um percurso académico importa agradecer a quem dele fez parte, em especial neste último ano de investigação.

Aos Professores João Cerejeira e Elisabete Sá pela sua orientação, disponibilidade e suporte ao longo de toda a investigação.

(5)
(6)

v

Redes e desempenho empresarial: estudo do efeito da partilha de propriedade no cluster da biotecnologia em Portugal

R

ESUMO

O presente estudo aborda o efeito que a partilha de propriedade entre empresas, através de sócios em comum, tem no desempenho das mesmas. A investigação é aplicada ao setor da biotecnologia em Portugal, setor esse que tem tido um grande crescimento nos últimos anos.

Sendo que existem evidências na literatura de uma relação de efeito positivo entre as ligações entre as empresas e o desempenho das mesmas, o objetivo é perceber se, no setor escolhido e com o tipo de ligações selecionado, se comprova este tipo de efeito.

A população em estudo foi dividida em 3 grupos. O Grupo 1 e o Grupo 2 são formados por empresas que têm ligações entre si, sendo que os dois grupos são totalmente independentes. O Grupo 3 engloba as empresas sem qualquer ligação do tipo estudado.

Para a caracterização das redes foi utilizada como base a metodologia social

network analysis (SNA), que permitiu identificar as características das redes em análise.

Estas, conjuntamente com variáveis de medição de desempenho e variáveis de controlo, foram utilizadas num modelo de regressão linear de forma a estabelecer uma relação entre as características da rede e o desempenho das empresas que a integram.

Como principais resultados foram identificados efeitos positivos da presença de redes no número de patentes registadas indo assim ao encontro da literatura que afirma a influência positiva das ligações entre empresas para o seu desempenho. Nas restantes variáveis, como ativos, dimensão, idade e localização, foi observado que na sua maioria, produzem um efeito positivo no desempenho da empresa, tanto financeiro como operacional.

Palavras chave: Ligações, desempenho, social network analysis, redes, clusters, biotecnologia.

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(8)

vii

Networks and business performance: a study of the effect of ownership sharing on the biotechnology cluster in Portugal

A

BSTRACT

This research work studies the effect of sharing of ownership between companies has in their performance. This research applies to the biotechnology sector in Portugal, a sector that has been growing a lot in recent years.

According to the existing literature, there is a positive effect of the relationship between the links between the companies and their performance. Therefore, the objective of this master thesis is to understand if this type of effect is supported in the chosen sector and with the type of connections selected.

We divided the population sample was divided into 3 groups. Companies that have links between them form Group 1 and Group 2, but they are completely independent. Group 3 includes companies with no connection of the type studied.

For the characterization of the networks, we used the Social Network Analysis (SNA) methodology, which allowed the identification the characteristics of the networks considered. These ones, together with variables of performance measurement and control variables, were used in a linear regression model with the objective to identify a relationship between characteristics of the network and the performance of the companies that integrate it.

The main results show positive effects of network analysis variables, on the number of patents, confirming existing literature that presents a positive influence of the company’s networks on their performance. The most part of remaining variables, like assets, size, age and location, a positive effect was observed regarding companies’ performance, both financial and operational one.

Keywords: Links, performance, social network analysis, networks, clusters, biotechnology.

(9)
(10)

ix

Í

NDICE

Declaração ... ii Agradecimentos ... iii Resumo ... v Abstract ... vii Indice de gráficos ... xi

Índice de figuras ... xii

Índice de tabelas ... xiii

1 INTRODUÇÃO ... 15

1.1 Motivação e relevância do tema ... 15

1.2 Questão de pesquisa, objetivos e delimitação do estudo ... 16

1.3 Contributos do estudo ... 17

1.4 Estrutura da dissertação ... 18

2 REVISÃO DA LITERATURA ... 19

2.1 Teoria das redes ... 19

2.2 Redes e performance das empresas ... 21

2.3 Redes e alianças estratégicas ... 26

2.4 Dinâmicas de redes em clusters ... 28

2.5 Medição de desempenho ... 33

2.6 Síntese ... 35

3 BIOTECNOLOGIA: ENQUADRAMENTO DO SETOR ... 39

3.1 Conceito e classificação ... 39

3.2 Biotecnologia como cluster ... 43

3.3 Síntese ... 44

4 DADOS E METODOLOGIA ... 46

4.1 Definição da população ... 46

4.2 Caracterização das redes: Social Network Analysis (SNA) ... 49

4.3 Análise do desempenho: regressão linear ... 55

4.4 Síntese ... 58

5 RESULTADOS ... 60

5.1 Configuração das redes ... 60

5.2 Análise das variáveis... 61

5.2.1 Variáveis dependentes ... 62

5.3 Variáveis independentes ... 64

(11)

x

5.3.2 Variáveis de controlo... 70

5.4 Regressão linear: aplicação do modelo e resultados ... 73

6 Conclusões... 76

6.1 Limitações do estudo e pistas para trabalhos futuros ... 78

7 REFERÊNCIAS ... 79

8 APÊNDICES ... 90

8.1 Apêndice A: Medidas estatísticas dos indicadores analisados ... 90

8.1.1 VN, ROE, ativo, dimensão, patentes, ROA e idade ... 90

8.1.2 Localização, CAE ... 91

8.2 Apêndice B: Resultados das regressões lineares ... 92

8.2.1 Degree centrality ... 92

8.2.2 Closeness centrality ... 93

8.2.3 Betweenness centrality ... 94

8.2.4 Densidade ... 95

(12)

xi

Í

NDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Localização das empresas por região ... 49

Gráfico 2: Volume de negócios por Grupo e por ano ... 62

Gráfico 3: ROE por Grupo e por ano ... 63

Gráfico 4: Nº de patentes registadas por Grupo e por ano ... 63

Gráfico 5: ROA por Grupo e por ano ... 64

Gráfico 6: Dimensão por Grupo e por ano ... 70

Gráfico 7: Percentagem de empresas com CAE 7211 primário ou secundário por Grupo ... 71

Gráfico 8: Ativo por Grupo e por ano ... 71

Gráfico 9: Percentagem de empresas por localização por Grupo... 72

(13)

xii

Í

NDICE DE FIGURAS

Figura 1: Rede do Grupo 1 por localização geográfica das empresas ... 60 Figura 2: Rede do Grupo 2 por localização geográfica das empresas ... 61

(14)

xiii

Í

NDICE DE TABELAS

Tabela 1: Áreas da biotecnologia: vermelha, verde, branca e azul ... 39

Tabela 2. Áreas da biotecnologia: preta e cinza ... 40

Tabela 3: Áreas da biotecnologia: dourada, castanha, rosa e amarela ... 40

Tabela 4: Medidas de análise da rede ... 55

Tabela 5: Variáveis dependentes ... 56

Tabela 6: Variáveis independentes ... 57

Tabela 7: Densidade dos Grupos 1 e 2 ... 65

Tabela 8:Degree centrality do Grupo 1 ... 65

Tabela 9: Degree centrality do Grupo 2 ... 66

Tabela 10: Closeness centrality do Grupo 1 ... 67

Tabela 11: Closeness centrality do Grupo 2 ... 67

Tabela 12: Betweenness centrality do Grupo 1 ... 68

Tabela 13: Betweenness centrality do Grupo 2 ... 68

(15)
(16)

15

1

INTRODUÇÃO

1.1

M

OTIVAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA

Existe uma vasta literatura que refere a importância das redes como um relevante recurso empresarial, uma vez que o facto de uma empresa estar inserida numa rede permite-lhe ter acesso a recursos tangíveis, como ativos corpóreos, ou intangíveis, como o conhecimento específico (Walker et al., 1997), importantes para a atividade a desenvolver (Sousa et al., 2011; Powell et al., 1999) e resultando um melhor desempenho das empresas inseridas na rede (Zaheer & Bell, 2005).

Uma rede é definida como sendo a articulação de uma relação social que pode ser estabelecida entre indivíduos, famílias, comunidades, regiões, empresas, entre outros que permitem que os indivíduos se liguem de forma orgânica criando uma teia de interações, diretas e indiretas (Bandyopadhyay et al., 2011). Assim, a criação de ligações entre indivíduos pode surgir de várias formas entre as quais as alianças estratégicas, uma vez que estas são parcerias estabelecidas entre empresas para obterem vantagens de diferentes formas (Dyer & Singh, 1998) e que têm como objetivo o crescimento empresarial a nível individual e de grupo (Todeva & Knoke, 2005), de forma a proporcionarem um melhor desempenho (Flatten et al., 2011). Ou seja, quando as empresas criam uma aliança estratégica, passam a ter uma ligação com trocas de recursos e formam uma rede de interações surgindo assim uma rede empresarial.

A importância dessas ligações é ainda mais expressiva em empresas com atividades tecnológicas, como é o caso das empresas de biotecnologia, pela incerteza do mercado e pela falta de conhecimentos não tecnológicos que muitas vezes as caracteriza (Yli-Renko et al., 2001). O setor da biotecnologia é, por isso, um dos setores no qual as redes têm especial importância devido à possibilidade das mesmas potenciarem ou restringirem o acesso a recursos importantes (Walker et al. 1997).

Apesar de existir uma extensa investigação anterior sobre as redes empresariais e as alianças estratégicas (como por exemplo: Baum, et al., 2000; Gulati,1998; Koka & Prescott; 2008), não foi encontrada literatura que avaliasse as ligações estabelecidas entre empresas através da partilha de propriedade ou equity investments por sócios comuns e identificasse a influência desse tipo de ligações no desempenho das empresas.

(17)

16 A partilha de sócios entre empresas pode ser justificada pelas vantagens que o desenvolvimento do capital humano e os conhecimentos que este tem são potenciadores do desempenho de uma empresa tal como afirma o autor Hsu (2008) que prova que a partilha de conhecimento tem uma influência positiva no capital humano, aumentando as suas competências e por sua vez melhorando o desempenho da empresa. No cluster de biotecnologia de San Diego, alguns empresários mais experientes foram integrados em novas empresas, comportamento esse que confirma a importância do capital humano e do seu conhecimento.

Porém, as redes podem ser analisadas usando medidas como a centralidade e a densidade de forma a estabelecer-se uma ligação entre a sua configuração e o desempenho das empresas que as integram (Ahuja, 2000; Coleman, 1998; Gulati, 1998; Sousa et al., 2011; Uzzi, 1996; Walker et al., 1997).

1.2

Q

UESTÃO DE PESQUISA

,

OBJETIVOS E DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Por forma a contribuir para o desenvolvimento do conhecimento sobre o tema, o presente estudo pretende responder à seguinte questão de pesquisa: qual a influência

das redes criadas com base nas alianças estratégicas, sob a forma de partilha de propriedade, no desempenho económico e financeiro das empresas de biotecnologia em Portugal?

Assim, o estudo pretende cumprir os seguintes objetivos:

 Identificar e caracterizar as redes empresariais do setor da biotecnologia em Portugal com base na relação de partilha de propriedade;

 Realizar a caracterização económica do setor da biotecnologia em Portugal;  Relacionar a estrutura das redes com o desempenho das empresas do setor. O setor da biotecnologia foi selecionado como objeto de estudo, uma vez que, por um lado, é um setor que necessita de muitos e variados recursos, podendo beneficiar das ligações entre os elementos da indústria sendo que estas desempenham um papel central e essencial no acesso a esses recursos (Powell et al., 2002). Por outro lado, este é um setor em grande desenvolvimento e que suscita cada vez mais o interesse científico e político. A biotecnologia teve, a partir do século XX, uma evolução notória, desenvolvendo-se indiscutivelmente em termos tecnológicos e científicos (DO, 2013),

(18)

17 produzindo inovações que estão integradas no quotidiano de todos nós. Devido à capacidade que o setor da biotecnologia tem para gerar inovação, este é considerado como uma área que pode contribuir fortemente para a competitividade da economia e permitir avanços significativos (Carlson, 2016). Por estes motivos, este afigura-se como um setor com interesse para o presente estudo.

Relativamente à forma como este setor está organizado, não só em Portugal, mas também no Mundo, é facilmente aceite que, tal como noutros setores que se baseiam na inovação e troca de conhecimento, as ligações entre os elementos da indústria desempenham um papel central e essencial (Powell et al., 2002). Assim, há interesse em entender de que forma essas ligações trazem benefícios paras empresas e como é que essas vantagens se refletem na performance das mesmas e do setor.

1.3 C

ONTRIBUTOS DO ESTUDO

Existem já vários estudos que têm como objetivo entender os efeitos das redes no desempenho empresarial (Baum & Oliver, 1992; DeCarolis & Deeds,1999; Dyer e Singh, 1998; Podolny, 1993).

No entanto a presente investigação difere das demais em alguns pontos da sua abordagem. Em primeiro lugar foca-se nas alianças estratégicas sob forma da participação de sócios em diferentes empresas para analisar as relações entre os nós de uma rede, área que tem recebido pouca atenção em anteriores estudos.

Em segundo lugar, utiliza como metodologia a social network analysis que foi inicialmente utilizada nas ciências humanas, mas atualmente começa a ser aplicada a estudos económicos, nomeadamente para análise de empresas (Serrat, 2017) e, neste estudo, para estudar a dinâmica do cluster da biotecnologia. Com esta metodologia é possível estudar as características das redes através da relação entre os conceitos sociológicos e matemáticos (Mendes & Neves, 2013) e posteriormente relacionar essas características com a dados económicos e financeiros de forma a conseguir explorar a relação entre as duas vertentes.

Após alguma investigação percebeu-se que, no setor da biotecnologia em Portugal, existem algumas empresas que partilham sócios, ou seja, há capital humano comum a diferentes empresas. Este foi o foco do estudo, uma vez que sugere uma

(19)

18 possível estratégia das empresas para se inserirem no mercado com mais segurança, importando perceber se existem repercussões ao nível da performance financeira, económica ou de inovações dessa estratégia das empresas. Foi, então, estabelecido que a partilha de um ou mais sócios seria o critério a considerar no desenho das redes, uma vez que é uma abordagem pouco estudada.

1.4 E

STRUTURA DA DISSERTAÇÃO

O presente documento encontra-se dividido em 6 capítulos.

Depois desta introdução, o segundo capítulo consiste na revisão de literatura. Em primeiro lugar é definido o conceito de rede e abordada a teoria das redes que está subjacente a este trabalho. Em segundo lugar é discutida a importância das redes e o impacto que estas têm no desempenho das empresas. Seguidamente é apresentada a definição de cluster e a dinâmica entre clusters e redes. São discutidas as consequências da criação de ligações entre as empresas e destas se relacionarem, desta vez sob a ótica dos clusters. No quarto ponto é abordado o setor que foi alvo do estudo, a biotecnologia, explicando de que forma este cluster se insere nesta dinâmica de redes e clusters. E, por último, são apresentadas investigações na área da medição do desempenho que sustentam a escolha das variáveis utilizadas posteriormente na metodologia.

O terceiro capítulo é dedicado à biotecnologia, onde são definidos conceitos essenciais e feito um enquadramento geral do setor.

No quarto capítulo, denominado Dados e Metodologia, são apresentados os dados recolhidos para a análise que foi proposta e de que forma estes foram analisados para cumprir o intuito do estudo.

No quinto capítulo apresenta-se a análise dos dados recolhidos e os resultados obtidos explicitando de que forma estes dão resposta à pergunta de pesquisa e aos objetivos estipulados anteriormente.

(20)

19

2 REVISÃO

DA

LITERATURA

No presente capítulo serão referidos estudos feitos nas diversas áreas que a presente investigação aborda de forma a sustentar todo o desenvolvimento do trabalho.

Primeiramente é definida a teoria das redes, destacando o conceito de ligação entre indivíduos que é algo central no presente estudo. São apresentadas evidências de que estas estruturas têm um impacto no desempenho das empresas pertencentes às mesmas.

Em segundo é apresentada a conexão existente entre as redes e as alianças estratégicas. O conceito de aliança surge uma vez que esta é uma das possíveis formas de conexão entre duas empresas e que permite o desenvolvimento de uma rede. São abordados os vários tipos de alianças existentes e as suas vantagens e discutido o tipo de aliança utilizado nesta investigação.

Os clusters, abordados em seguida, surgem neste estudo pelo facto de serem igualmente uma estrutura onde é destacado o conceito de relação. Estes estão incluídos no universo empresarial e têm características próprias que importa definir e identificar que vantagens provém da inclusão nessas estruturas e que podem ser aplicadas a esta investigação.

Por fim é discutido o conceito de desempenho e quais as variáveis que são utilizadas pelos investigadores quando pretendem fazer uma medição do mesmo.

2.1 T

EORIA DAS REDES

O conceito de rede é definido por Bandyopadhyay et al. (2011) como a articulação de uma relação social que pode ser estabelecida entre indivíduos, famílias, comunidades, regiões, empresas, entre outros. As ligações que se estabelecem permitem que os indivíduos se liguem de forma orgânica criando uma rede de interações, diretas e indiretas.

Para Mendes & Neves (2013), este conceito de rede reforça o facto de que cada indivíduo, no caso do presente estudo, empresas, terem ligações com outros indivíduos. Os mesmos autores definem rede social como o conjunto de atores e de laços estabelecidos entre eles. Referem ainda que o objetivo de identificar e estudar essas

(21)

20 ligações, é modelar as relações, criando imagens, descrevendo a estrutura do grupo e estudando o impacto dessa estrutura no funcionamento e/ou a influência da estrutura nos indivíduos dentro do grupo. Freitas & Pereira (2005) reforçam a ideia de que uma rede social consiste não só num conjunto finito de indivíduos, mas também na relação existente entre eles.

A utilização da teoria das redes em áreas económicas é cada vez mais comum e os autores Borgatti et al. (2009) afirmam que a teoria das redes tem conseguido explicações para fenómenos sociais em várias áreas, entre as quais a economia.

Ainda que, em conceitos como o de cluster, discutido posteriormente neste capítulo, a proximidade geográfica apareça como razão central para a obtenção de vantagens como a facilidade de criação de conhecimento e partilha de processos de aprendizagem (Moulaert & Sekia, 2003), as relações entre as empresas têm-se alterado devido à possibilidade de estabelecerem essas relações e difusão do conhecimento à distância (Amin & Cohendet, 2004) e na teoria das redes é essa perspetiva que é destacada.

Segundo Scott (2000), estes mesmos contactos, ligações e conexões, dizem respeito aos dados relacionais. Ou seja, são relações entre o grupo que fazem com que os indivíduos se relacionem entre eles e que as características não possam ser avaliadas apenas individualmente.

Relativamente à social network analysis (SNA), Wasserman & Faust (1994) afirmam que este método das ciências socias é distinto dos demais uma vez que é baseado na importância e relevância das referidas ligações entre as unidades da rede. Esta perspetiva engloba teorias, modelos e aplicações que estão expressos em conceitos ou processos relacionais. As relações são definidas pelas ligações e estas são a base desta teoria. Segundo os mesmos autores, com o aumento do interesse neste método, foram sendo registados alguns princípios que permitem distingui-lo. Estes princípios são:

 os atores da rede são vistos como interdependentes em vez de dependentes uns dos outros;

 as ligações entre os indivíduos são vistas como canais de transferência de recursos, seja esta de materiais ou não;

 a estrutura de rede é entendida como um conjunto de padrões duradouros das relações entre os atores.

(22)

21 O facto de estas redes sociais serem recursos intangíveis fazem com que a medição do seu impacto seja mais difícil (Ordonez de Pablos, 2005).

No entanto, segundo Serrat (2017), a aplicação desta teoria traz benefícios que podem ser usados para, por exemplo, medir o desempenho da empresa e dessa forma conseguir combater a dificuldade de medição. Essa análise é feita com base nas ligações existentes e fluxos de conhecimento que ao serem mensurados e avaliados permitem uma análise interessante. Segundo o mesmo autor, as utilizações práticas desta teoria são:

 Identificar os indivíduos, grupos e unidades que desempenham papéis centrais;

 Distinguir falhas de informação, falhas estruturais, bem como indivíduos isolados;

 Identificar oportunidades para acelerar os fluxos de conhecimento em fronteiras funcionais e organizacionais;

 Fortalecer a eficiência e a eficácia dos canais de comunicação existentes  Sensibilizar e refletir sobre a importância das redes informais e formas de

melhorar o seu desempenho organizacional;  Alavancar o suporte aos pares;

 Melhorar a inovação e a aprendizagem;  Redefinir estratégias.

Todas estas ações são realizadas analisando os indivíduos como pertencentes a um grupo uma vez que esta teoria segue uma perspetiva que atribui importância à relação entre os atores e as consequências dessas relações são analisadas sobre essa ótica. Ou seja, é possível perceber, por exemplo, se existem influências entre os indivíduos e de onde provêm as mesmas, sendo que estes dados mais abrangentes podem ser complementares das análises focadas apenas nos resultados individuais.

2.2 R

EDES E PERFORMANCE DAS EMPRESAS

Existem já vários estudos que documentam os efeitos das ligações entre os indivíduos na performance das empresas (Knoke, 1990; Knoke & Guilarte, 1994; Powell & Smith-Doerr, 1994; Galaskiewicz & Wasserman, 1994).

(23)

22 A importância destas redes como fator de crescimento empresarial é afirmada por autores como Chell & Baines (2000) e Lechner & Dowling (2003). Os primeiros demonstram que os empresários utilizam as suas relações pessoais como uma fonte de informação importante para as suas empresas. Abordam os diferentes tipos de ligações, fortes e fracas, termos que foram inicialmente desenvolvidos e discutidas as suas consequências por Granovetter (1973). Os segundos concluem que a importância das ligações entre as empresas varia consoante a fase de crescimento das mesmas. Lechner & Dowling (2003) afirmam ainda que as empresas que não conseguem desenvolver essa rede enfrentarão uma barreira ao crescimento. Na mesma linha de pensamento, Sousa

et al. (2011) argumentam que a inclusão em redes empresariais de diferentes

composições e estruturas, permite às empresas o acesso a recursos e conhecimentos técnicos que ajudam a enfrentar problemas e restrições de recurso que possam existir.

Greve & Salaff (2003) afirmam que os empresários necessitam de informações, capital, capacidades técnicas e mão-de-obra para a constituição e crescimento de uma empresa. Por vezes, todas estas necessidades não conseguem ser satisfeitas com os próprios recursos e são geralmente complementadas através do acesso a recursos dos seus contactos (Dubini & Aldrich, 1991; Hansen, 1995). Os contactos que levam a resultados bem-sucedidos são o seu capital social e são uma componente-chave das redes empresariais (Burt, 2009). Em projetos empreendedores ou de jovens empresários, principalmente em ramos de atividade científica, como é o caso da biotecnologia, estas redes surgem ainda com mais importância (Powell et al., 1999). Essa importância é comprovada, segundo os mesmos autores, pela qualidade ou complexidade da rede em que são inseridos, que faz a diferença na rapidez e facilidade de acesso aos recursos necessários à atividade empresarial e por isso os contactos estabelecidos ao longo do percurso académico e pessoal revelam-se essenciais.

Por essa razão, a literatura referente ao empreendedorismo vê a criação das empresas como um processo social onde as ligações pessoais têm grande importância no futuro sucesso da empresa, por facilitarem o acesso a recursos e conhecimento (Walker

et al. 1997). Hansen (1995) estudou a importância das ligações entre os empreendedores

no primeiro ano de crescimento de uma empresa, chegando à conclusão de que o número de ligações e o grau de conhecimento e de relacionamento ente os empreendedores e a frequência de contactos conduziam a melhores resultados e maior

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23 crescimento. Zhao & Aram (1995) concordam também que o facto de ser desenvolvida uma rede de ligações numa fase de desenvolvimento inicial da empresa pode ter importantes impactos no seu crescimento uma vez que é mais difícil essas relações serem criadas em fases posteriores. A importância dessas redes para o acesso a ativos tangíveis e intangíveis (Greve & Salaff, 2003; Singh, 2000), em que as redes podem potenciar ou restringir o acesso aos mesmos (Walker et al. 1997), é ainda maior em empresas de atividades tecnológicas pela incerteza do mercado e pela falta de conhecimentos não tecnológicos que muitas vezes as caracteriza (Yli-Renko et al., 2001).

Os estudos desenvolvidos na área da gestão estratégica recorrem, muitas vezes, à resource-based view, (Barney, 2001; Peteraf, 1993) para explicarem as diferenças que existem na performance de cada empresa. No entanto, Zaheer e Bell (2005) alertam para o facto de esta teoria considerar quase exclusivamente os recursos e capacidades internos da empresa, quando vários estudos salientam a importância dos recursos externos a que as empresas têm acesso através de ligações a outras empresas (McEvily & Marcus, 2005; Gnyawali & Madhavan, 2001; Gulati, 1998). Na mesma linha de pensamento, Koka & Prescott (2008) apoiam a importância que as ligações entre as empresas têm para a sua estratégia por permitirem o acesso a recursos específicos e que de outra forma o acesso a eles seria mais difícil ou mesmo impossível.

Nesse seguimento, a strategic network perspective realça, a importância para as empresas da integração numa rede para desenvolverem relações externas com outras empresas (Gulati et al., 2000).

Os vários estudos sobre esta importância de integração utilizam diferentes indicadores conforme a visão dos autores sobre o tema. No caso de Baker (1990), Podolny (1993) e Stearns & Mizruchi (1993) procurou-se perceber a relação que existe entre a presença em redes e a área financeira, sendo que o aumento da competitividade das empresas em termos financeiros é um dos objetivos centrais da criação de redes empresariais (Lorange & Roos, 1996). Quando há a possibilidade de ter parceiros de elite, estes trazem benefícios económicos consideráveis, medidos por taxas de rentabilidade, crescimento e sobrevivência (Baum & Oliver, 1992; Podolny, 1993).

Dyer e Singh (1998) avançam que as parcerias permitem às empresas obter vantagens de diferentes formas: aprendizagem mútua e troca de recursos e conhecimentos, complementaridade de capacidades/funções e menores custos de

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24 transação. Na sua pesquisa, Dyer (1996) comprovou, na indústria automobilística mundial, a correlação positiva entre a partilha de ativos entre empresas e o seu desempenho económico e financeiro, corroborando a ideia de que as empresas têm benefícios quando de alguma forma se juntam e desta vez provando que esses benefícios são visíveis económica e financeiramente, no seu desempenho.

DeCarolis & Deeds (1999), centram-se no ambiente envolvente como possível vantagem e verificam que o facto de o ambiente local ser rico em termos de potencial de conhecimento fornece uma possibilidade de existirem fluxos de conhecimento para uma determinada empresa, afetando positivamente o seu desempenho. Estes autores acreditam que a inovação é possível graças à troca de conhecimentos e à inserção em ambientes propícios a tal. Esta ideia vem no seguimento da comunidade de inovação proposta por Lynn et al. (1996) que diz respeito a todos os envolvidos, direta ou indiretamente, na criação de algo inovador e sua comercialização.

Outro indicador é o investimento em investigação e desenvolvimento. Este tem sido usado por diversos autores (Grabowski & Vernon, 1990; Graves & Langowitz, 1993; Vernon & Gusen, 1974), a par do seu retorno, para analisar o desempenho de empresas na área farmacêutica que está muito relacionada com o setor da biotecnologia. DeCarolis & Deeds (1999), apresentam como um forte indicador o número de produtos em desenvolvimento.

Mais concretamente na indústria da biotecnologia, Powell et al. (1999), concluíram que as relações em rede são muito utilizadas para obter acesso ao conhecimento necessário. Os autores afirmam que a presença na rede e as ligações que cada empresa tem, permitem e moldam as oportunidades de cada uma.

Na investigação de Todeva & Knoke (2005), os autores analisaram empresas recentes no ramo da biotecnologia e concluíram que, no seu início, os desempenhos melhoraram com a criação de redes de alianças que permitiram ter acesso a recursos e conhecimentos das outras empresas do setor. Esse desempenho melhorou devido, essencialmente, à inovação, medida pelas taxas de patenteamento e crescimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D).

Relativamente à estrutura das redes, na literatura existente as opiniões dividem-se sobre possíveis configurações que permitem obter mais eficazmente capital social ou recursos da rede (Ahuja, 2000). Existem, de um lado, os defensores da ideia de que a

(26)

25 coesão das redes, ou seja, a maior densidade das mesmas, permite o desenvolvimento de ligações mais fortes que facilitam a partilha de conhecimento tácito e intangível de forma mais rápida e abrangendo um maior número de indivíduos (Nieves & Osorio, 2013). Segundo os mesmos autores, esta relações fortes fazem com que haja uma noção de comunidade que cria sentimentos de lealdade e confiança inibindo os comportamentos menos corretos e prejudiciais. Para Coleman (1988), redes com ligações mais fortes e fechadas, são também mais benéficas para o empreendedor. Nesta visão, redes densas e ligações mais fechadas geram confiança e cooperação entre os atores (Ahuja, 2000), facilitam a troca de informações de alta qualidade (Gulati, 1998) e conhecimento tácito (Uzzi, 1996), e são particularmente importantes para o acesso a recursos escassos (Løvås & Sorenson, 2008). Para o caso da biotecnologia, Walker et al. (1997) descobrem que redes mais densas são mais vantajosas em termos financeiros.

Em oposição encontra-se a perspetiva desenvolvida inicialmente por Burt (2009), que defende que é mais benéfico estar inserido numa rede com alguns buracos estruturais (structural holes) uma vez que só assim se pode ter acesso a outras realidades e ter contacto com informações e conhecimentos diferentes que não sejam igualmente acessíveis a todos os elementos de uma rede. Ideia que vai, de certa forma, ao encontro do defendido por Granovetter (1973) que defende que redes menos densas, com ligações mais fracas (denominadas “weak ties”) são mais vantajosas. No seu estudo sobre

focal firms na indústria Canadiana, Zaheer & Bell (2005) concluíram que estas redes

permitirem um melhor desempenho e desenvolvimento de empresas inovadoras. Segundo Sousa et al. (2011) há ainda autores que tentam conciliar essas duas perspetivas em que a criação de uma nova empresa pode exigir uma mistura de laços fracos e fortes em que as ligações fortes contribuem para a troca de informações mais específicas e de conhecimento tácito enquanto os laços fracos e as redes mais abertas permitirão o acesso a informações inovadoras.

Independentemente da perspetiva, a posição que cada empresa ocupa na estrutura dessa rede de ligações é um indicador dos benefícios que a empresa pode aceder através de suas relações de aliança (Koka & Prescott, 2008).

Relativamente ao conteúdo da ligação refere-se ao que é transferido entre os indivíduos. No caso da criação de empresas, são os recursos e as atividades realizadas para os conseguir. À medida que as empresas evoluem, há uma tendência para que estas

(27)

26 relações e ligações passem a ser cada vez mais complexas, incluindo, por exemplo, conteúdo formal e informal, e que possam passar partilhar mais do que um recurso (Johannisson, 1996; Larson & Starr, 1993).

No entanto, a análise de redes organizacionais tem como principal obstáculo a medição dos seus efeitos mais diretos como o desempenho (Powell et al. 1999) uma vez que os dados de desempenho são, por vezes, difíceis de obter e de interpretar (Gulatti, 1998).

Tal como já foi explicado, uma rede é um conjunto indivíduos que estão relacionados por determinadas ligações que representam uma relação entre os mesmos. Importa agora estabelecer qual a via que leva à formação dessa ligação. Qual a variável que nos permite afirmar que dois indivíduos, ou mais, estão ligados entre si.

2.3 R

EDES E ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

Num estudo sobre o setor da biotecnologia em Portugal, Sousa et al. (2011) utilizaram as relações pessoais dos empresários como possíveis relações da empresa, sendo essa a variável que permite a criação da rede.

No caso do presente estudo, o objetivo é que essa variável seja um indicador totalmente objetivo e que fosse possível ter acesso a ele através das bases de dados disponíveis. Surge assim o conceito de aliança estratégica que foi o foco do trabalho de Todeva & Knoke (2005) e que é, no presente estudo, entendida como a variável que permite a criação das redes empresariais que serão analisadas.

Uma aliança estratégica é um acordo entre empresas (parceiros) para alcançar objetivos de interesse comum (Isoraite, 2009) baseados na cooperação das empresas (Mockler, 1999) e que têm como principal propósito alcançar vantagens que sejam sustentáveis para todos os intervenientes (Hamel & Prahalad, 1989), sendo uma possível estratégia para as empresas conseguirem melhor desempenho (Flatten et al., 2011).

Tendo as alianças estratégicas vários motivos para serem uma opção para as empresas, estas podem surgir sobre várias formas, desde joint ventures, a acordos de vários tipos ou contratos e projetos em comum (Eiriz, 2001) em que os vários tipos dizem respeito a diferentes níveis de união entre as empresas.

(28)

27 Assim sendo, as empresas que criam alianças estratégicas têm como objetivo melhorar o seu desempenho. Sendo uma rede empresarial um conjunto de ligações entre as empresas, essas ligações podem ser criadas através de parcerias ou acordos entre as mesmas, como, por exemplo, as alianças estratégicas.

Existem no total 13 tipos de alianças estratégicas ordenadas por grau de participação de cada empresa onde os extremos representam situações em que uma das empresas assume o total controlo da outra (Todeva & Knoke, 2005). Entre esses extremos existem 11 combinações possíveis ao nível de interação do mercado e de questões burocráticas (Williamson, 1975). Uma dessas opções intermédias é denominada equity

investment, ou seja, a propriedade maioritária ou não de ações de uma empresa por uma

outra empresa (Todeva & Knoke, 2005). Os mesmos autores afirmam que o interesse em tomar esta posição estratégica pode ser por variadas razões que dependem das características específicas de cada empresa e do ramo de atividade e variados fatores do ambiente empresarial envolvente. Algumas dessas razões são: facilidade de entrar no mercado, acesso a tecnologias e recursos, melhoria do desempenho, divisão de custos, diminuição do risco do negócio, entre outras. A intenção da criação dessa ligação é a obtenção destas vantagens e crescimento, não só a nível individual, mas também das empresas como um grupo, sob a forma de ativos e recursos intangíveis e em capital social (Todeva & Knoke, 2005). Todas as vantagens descritas aplicam-se e interessam às empresas no setor da biotecnologia uma vez que este é um setor de difícil entrada onde são exigidos conhecimentos específicos e constante inovação, características que acarretam elevados custos que importa tentar diminuir.

Este estudo tem como foco este tipo de relações para o estabelecimento da rede, sendo, no entanto, a partilha de propriedade considerada ao nível individual, dos sócios, e não ao nível da empresa. Assim, considera-se como uma ligação entre duas empresas o facto de ambas terem, pelo menos, um sócio em comum. Esta partilha de sócios foi encontrada no reconhecido e bem-sucedido cluster de biotecnologia de San Diego, no estudo de Casper (2007), em que empresários mais antigos foram integrados em novas empresas com o intuito de contribuir com conhecimento e experiência. Assim, a aplicação desta prática de partilha de sócios tem exemplos de bons resultados.

No conceito de rede está, tal como já foi abordado, inerente a questão de relação entre os indivíduos. No entanto existem outros conceitos, que no caso são totalmente

(29)

28 relacionados com o universo empresarial, em que é igualmente abordada a ideia de partilha de recursos e de sinergias e colaboração nos processos produtivos, ou seja, da criação de uma relação empresarial, que é o caso dos clusters. Ainda que com diferenças significativas, principalmente no que diz respeito à necessidade de existência ou não de uma proximidade geográfica, é um conceito que importa abordar e discutir.

2.4 D

INÂMICAS DE REDES EM CLUSTERS

Segundo os autores Fonseca & Ramos (2010), o cluster pode ser definido como uma aglomeração geográfica de pequenas e médias empresas, especializadas em sectores específicos, havendo entre elas fortes interdependências (os processos produtivos de umas dependem das outras). Por essa razão a cooperação das empresas que integram um cluster é essencial para o sucesso do mesmo e é necessário que estas estejam dispostas a abdicar de alguma competição e rivalidade e passem a partilhar conhecimentos e experiências.

O termo cluster foi popularizado por Porter (1998) que desenvolveu vários estudos sobre esta matéria onde afirma que um cluster inclui:

indústrias ligadas e outras entidades, tais como fornecedores de inputs especializados, máquinas serviços e infraestrutura especializada;

 canais de distribuição e clientes, fabricantes de produtos complementares e empresas que se relacionam pelas suas características, tecnologias ou inputs comuns;

 instituições relacionadas, como organizações de investigação, universidades, entidades formadoras e outras.

Surgem, no entanto, algumas críticas à definição de cluster que se relacionam com a falta de limites geográficos puros. Martin & Sunley (2003) criticam o que eles consideram o uso descuidado da terminologia geográfica e a falta de precisão. Em consequência, a noção de cluster tem-se tornado relativamente vaga e ambígua (Ketels, 2003).

Porter (1990) destaca três dimensões fundamentais: o papel da proximidade geográfica, as ligações entre as atividades económicas e o relacionamento de um conjunto específico de atividades. Contudo, os críticos argumentaram que estas

(30)

29 dimensões não foram suficientemente operacionalizadas. Essa falta de objetividade permitiu que uma grande variedade de estruturas heterogéneas a fossem denominadas de cluster, dificultando a operacionalização do conceito (Ketels, 2003).

Contrariando a rigidez da definição geográfica e indo ao encontro do que preconiza a abordagem das redes, Cortright (2006) afirma que o fenómeno de clustering está relacionado com proximidade, mas argumenta que esta não tem que ser geográfica. O autor defende que existem vários tipos de proximidade que permitem as relações entre empresas e o clustering: a proximidade tecnológica (quão semelhantes são as tecnologias utilizadas pelas empresas), a semelhança nas competências que são necessárias (quão semelhantes são os trabalhadores contratados por empresas diferentes), a distância no posicionamento de mercado (se diferentes empresas têm o mesmo grupo de clientes ou se estão de alguma forma relacionados), e a distância social (níveis e tipos de interações entre os gestores e trabalhadores de diferentes empresas). Também segundo Rocha & Sternberg (2005) a definição atual de cluster vai para além de uma simples junção de empresas num espaço geográfico. Segundo os autores tem também influência as social

networks existentes entre as empresas. Essa capacidade de se integrar numa rede

potencia as vantagens competitivas de estarem inseridas num cluster e partilharem recursos (Britton, 2004, Giuliani & Bell 2005; Qian & Acs 2013).

É esta abordagem mais atual que assumimos neste estudo uma vez que também nos clusters é reconhecida a importância que as relações de rede têm para as empresas. Importância essa que foi comprovada em estudos realizados nesta área.

Kim (2015) desenvolveu a sua investigação no cluster biotecnológico de San Diego e afirma que o número elevado de social networks existentes entre os empresários são um dos fatores que permitem a estas empresas estar à frente de outras no acesso a técnicas e conhecimentos. A definição que Lee (2000) faz de Sillicon Valey é de que se trata de um cluster regional de conhecimento e ligações, dando assim destaque à importância que os relacionamentos entre as empresas têm nestas estruturas empresariais.

Em estudos que procuram entender a forma como os clusters tecnológicos funcionam, foi possível concluir que as social networks e a mobilidade de trabalhadores são duas das principais explicações para o seu desenvolvimento e sucesso (Casper, 2007). Na sua investigação sobre o cluster de San Diego, Casper (2007) encontrou evidências de

(31)

30 que as social networks foram uma das bases da sua criação. Os empresários mais antigos deram apoio à criação de novas empresas, transmitindo conhecimentos, técnicas e informações importantes acerca de como deve ser conduzida a atividade da biotecnologia, permitindo que os empreendedores e as suas novas empresas fossem crescendo e se tornando mais autónomas, sólidas e viáveis. Walcott (2002) afirma que a criação de social networks e a procura de conhecimento em termos regionais pode ser vista como um facto que minimiza o risco para as empresas (Gordon & McCann, 2000). Estes factos permitem abordagens que incorporem uma visão social em estudos económicos (Casper, 2007).

Relativamente às implicações da existência de um cluster, existem na literatura algumas evidências de que as empresas beneficiam da inclusão nesse tipo de estruturas e, quanto maior forem, maior será o impacto positivo que terão no desempenho das empresas (Folta et al., 2006). Uma evidência dessa influência foi oferecida pelo estudo realizado por Hill & Naroff (1984) através do qual concluíram que as empresas que estão inseridas nos clusters de Silicon Valley e Boston apresentam níveis de desempenho muito mais elevados do que empresas similares localizadas noutros locais. Adicionalmente, o estudo de Goss & Vozikis (1994) concluiu que as empresas de alta tecnologia, como é o caso do setor de biotecnologia, beneficiam mais da proximidade com outras empresas por benefícios de spillover.

Beaudry & Swann (2001) estudaram uma grande variedade de indústrias no Reino Unido e concluíram que os efeitos de desempenho podem ser analisados segundo o crescimento da empresa, através do emprego. Os autores concluíram que o crescimento da empresa estava positivamente relacionado com o emprego no cluster dentro da indústria a que pertencia a empresa. Os autores Delgado et al. (2012) chegaram também à conclusão que a presença de clusters está positivamente relacionada com uma série de resultados de desempenho, como o salário médio regional, ganhos financeiros do cluster, o crescimento do emprego, a formação de novos negócios e o aumento do número de patentes.

A análise do cluster pode ajudar a diagnosticar os pontos fortes e desafios económicos de uma região e identificar formas realistas para moldar o futuro económico da região (Cortright, 2006). A existência deste tipo de estruturas traz também para a economia regional a especialização das empresas, a emergência das economias de

(32)

31 aglomeração (efeitos de escala), a melhoria das competências ao nível da produção e uma articulação mais proveitosa entre a competição e a cooperação entre as empresas (a designada coopetição) (Fonseca & Ramos, 2010). Os mesmos autores, Fonseca & Ramos (2010), realçam ainda que o processo de aprendizagem advém da interação mais estreita entre as empresas, a obtenção de spillovers de conhecimento e a maior pressão e preparação para fazer face à concorrência.

Li et al. (2015) afirmam que as redes de empresas de cluster baseadas na confiança fornecem recursos-chave (Li & Geng 2012), conhecimento tácito, normas, padrões ou convenções de comportamentos, informações avançadas e tecnologia disponível apenas para membros do cluster (Aldrich & Zimmer 1986).

Um cluster forte afeta não só as suas indústrias constituintes fundamentais, mas também as indústrias nas categorias de cluster relacionados (Porter, 2003; Delgado et al., 2012). Assim sendo, Ketels (2013) defende que os principais intervenientes políticos no que diz respeito aos clusters encontram-se a nível regional e que a dinâmica é bidirecional, ou seja: um governo regional eficaz aumenta a probabilidade de as iniciativas dos clusters serem bem-sucedidas e ao mesmo tempo, iniciativas de cluster bem-sucedidas aumentam a confiança e capacidade de colaboração regional. O mesmo autor afirma que o sucesso de um cluster fornece importantes informações acerca de ferramentas de sucesso para criação de novos clusters, principalmente em novas áreas de desenvolvimento que são de mais difícil implementação.

Devido a estas vantagens os clusters têm despertado um crescente interesse por parte das entidades públicas como estratégia para contornar certas fragilidades que as empresas enfrentam, tais como a falta de recursos e de dimensão para concorrer à escala mundial. Segundo Porter (1998) e Porter et al. (2011), a importância dos clusters deve-se, sobretudo, à sua capacidade para alterar os níveis de competitividade, nomeadamente sob três formas: pelo incremento da produtividade das empresas instaladas, pelo desenvolvimento de processos inovadores, que sustentarão os futuros aumentos da produtividade, e pelo estímulo à constituição de novos negócios, que permitem alargar e fortalecer o próprio cluster. Estas interações permitem a criação de um processo dinâmico de criação de conhecimento e aprendizagem em que as sinergias entre as empresas permitem a transferência de conhecimento (Fonseca & Ramos, 2010).

(33)

32 Para Cortright (2006), a importância dos clusters assenta no facto de estes representaram um quadro fundamental de organização para o entendimento de economias locais e para o desenvolvimento de estratégias económicas. Assim sendo, o autor considera importante que os poderes políticos identifiquem os clusters existentes e entendam as suas necessidades para que possam ser criadas condições políticas para o seu crescimento e desenvolvimento. A existência de um cluster dinâmico em determinada região, contribui para a competitividade desta, uma vez que passa a ser entendido como um local benéfico para a localização de determinada indústria (Ketels, 2013). Segundo Lee et al. (2001) e Feldman (2001), é evidente nos estudos que o apoio do governo e de instituições é crucial para fortalecer a capacidade das empresas e dos seus recursos estratégicos. A falta desse apoio pode consistir numa desvantagem competitiva.

Nas últimas décadas, o crescente interesse acerca dos clusters industriais, fez com que fossem realizados centenas de estudos incidindo na importância e relevância económica destas estruturas (Van der Linde, 2003). As políticas de apoio dadas pela União Europeia (UE) mostram que a importância destes tem vindo a ser reconhecida e os dados disponibilizados pelo European Cluster Observatory integram mais de 2000 clusters europeus incluindo dados do seu desempenho económico e da qualidade do ambiente de negócio que advém dessa presença.

Em questões de política, uma necessidade central é tornar mais específicos os diferentes tipos de políticas de cluster e instrumentos utilizados uma vez que a discrepância de resultados deriva provavelmente da enorme variedade de medidas que são tomadas sob o título da política de cluster. Atualmente já existem algumas tentativas interessantes para o desenvolvimento de uma taxonomia das políticas de cluster (OECD, 2007).

Em Portugal a importância dos clusters começou a ser reconhecida a partir da década de 90 devido ao estudo realizado por Porter em 1994. Em 2001, o PROINOV efetuou o mapeamento dos clusters existentes e emergentes em Portugal. Apontou ainda o desenvolvimento que deveria haver em Portugal na política de clusters, para fazer face ao processo de globalização. Politicamente, surge em 2005 a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2015) que defende a promoção de clusters

(34)

33 como forma de criar condições favoráveis à inovação tecnológica e organizacional do tecido empresarial.

Porém, o passo mais decisivo com vista à definição de uma política de clusters em Portugal foi dado com o Plano Tecnológico apresentado em 2005. Este plano compreende um conjunto de iniciativas que procuraram “clusterizar” atividades e sectores estratégicos já existentes e a consolidação de alguns emergentes (UCPT, 2005).

2.5 M

EDIÇÃO DE DESEMPENHO

Sendo o objetivo do presente estudo a medição dos efeitos no desempenho das ligações entre as empresas, importa perceber de que forma o desempenho pode ser definido e deve ser medido.

Um estudo pioneiro na análise de desempenho das empresas foi realizado pelos autores Murphy et al. (1996). Ainda que este estudo tenha sido desenvolvido na área do empreendedorismo, foi pioneiro na abordagem à complexidade da avaliação do desempenho de uma empresa e por isso várias investigações posteriores em várias áreas a utilizaram para definir indicadores de análise, como é o caso dos estudos de Thornhill (2006) e Reijonen & Komppula (2007).

No estudo de Murphy et al. (1996) são reunidas as medidas mais utilizadas pelos investigadores, até à data, para medição do desempenho, e divididas essas medidas pelas diferentes dimensões da mesma. Esses resultados foram ao encontro do afirmado por Brush & Vanderwerf (1992) que defendem que o termo desempenho inclui várias dimensões que medem diferentes vertentes do mesmo.

Murphy et al. (1996) afirmam existir oito dimensões do desempenho que são: eficiência, desempenho, lucro, tamanho da empresa, liquidez, sucesso, quota de mercado e influência. A eficiência, crescimento e lucro são aquelas que são mais comummente estudadas. Para cada uma dessas dimensões são dados os indicadores mais utilizadas para as medir. A eficiência é mais frequentemente estudada pelo retorno do investimento, retorno dos capitais próprios e/ou dos ativos. O crescimento é comummente analisado pelo crescimento das vendas, dos trabalhadores ou da quota de mercado. Para medir o lucro são mais utilizadas as vendas ou a margem de lucro.

(35)

34 Relativamente ao tipo de dados utilizados, primários ou secundários, a maioria dos investigadores, segundo o mesmo estudo (Murphy et al., 1996) utiliza dados primários pelo facto de ser difícil o acesso a todos os dados que são necessários exclusivamente através das fontes secundárias.

No que diz às variáveis de controlo, a mais utilizada é o tamanho da empresa sendo que os autores ressalvam o facto de quanto mais variáveis for possível incluir mais fiáveis e completos se tornam os resultados obtidos.

Murphy et al. (1996) argumentam que para o enriquecimento de uma pesquisa desta natureza, num contexto empresarial, deve ser explícita a dimensão de desempenho que está a ser estudada e analisada, uma base teórica para explicar a escolha dessa dimensão, inclusão de várias dimensões de desempenho quando possível e inclusão de variáveis de controlo como a indústria, o tamanho e a idade das empresas.

Avaliando agora a metodologia de investigações já realizadas na área, Huynh et

al. (2017) foram de encontro à necessidade do estudo de várias dimensões do

desempenho empresarial e no estudo onde os autores analisaram o desempenho das

spin-offs universitárias e sobre esse ponto de vista fizeram-no segundo a análise de três

dimensões que definiram como desempenho financeiro, desempenho operacional e desempenho do mercado. Os autores reforçam o ideal defendido por Murphy et al. (1996) afirmando que tradicionalmente os indicadores utilizados eram os índices de crescimento financeiro representado pelas vendas ou pelo Return On Assets (ROA) mas que com o evoluir da literatura tornou-se evidente a necessidade do estudo de diversas dimensões (Campbell, 2008; Ittner & Larcker, 2003; Wiklund & Shepherd, 2005).

Há, por isso, cada vez mais a noção de que devem ser avaliadas várias áreas do desempenho de forma a complementar informações ou colmatar a dificuldade de acesso às mesmas. Um ponto de vista que parece ser possível é que tendo em conta a dificuldade de acesso a todos os dados pretendidos, a possibilidade de avaliar o desempenho de diversas formas permite a obtenção de diferentes resultados que permitem chegar a conclusões mais consistentes. Assim sendo é abordado não só a vertente financeira, mas também o desempenho operacional e o de mercado (Higashide & Birley, 2002).

O desempenho financeiro, para os autores Huynh et al. (2017) pode ser medido por indicadores como as vendas ou a margem de lucro. O desempenho operacional é avaliado pelos produtos ou serviços inovadores produzidos, pelo processo de inovação

(36)

35 ou/e pela adoção de nova tecnologia. O desempenho de mercado é analisado através da qualidade e variedade dos produtos.

Como variáveis independentes Huynh et al. (2017) utilizaram, entre outras, a estrutura da rede onde incluíram medidas como a centralidade e a localização das empresas, dividindo em regiões.

Os autores Shin et al. (2016) estudaram o impacto das alianças estratégicas para desenvolvimento de inovação no setor da biotecnologia, mediram o desempenho das empresas utilizando como variável dependente o número de patentes de cada empresa. O número de patentes é abordado por vários autores por se tratar de uma área de inovação e desenvolvimento científico, e por isso esse indicador pode significar um crescimento da empresa em termos de investigação e desenvolvimento que é uma área também amplamente abordada em estudos na área (Baum, et al., 2000; Powell, et al., 1999; Zucker et al., 2002).

Como variáveis independentes os autores Shin et al. (2016) utilizaram o tamanho da aliança baseado na premissa que quanto maior fosse essa aliança maior seria o número de patentes. Como variáveis de controlo, nos estudos de Shin et al. (2016) e Huynh et al. (2017), foram utilizadas a idade e o tamanho das empresas medido pelo número de trabalhadores como variáveis de controlo.

No estudo dos autores George et al. (2002), foi analisada a performance segundo a dimensão financeira e utilizada como variável dependente o ROA.

Todos estes estudos serão utilizados para sustentar a escolha de variáveis, descritas e definidas no capítulo Dados e Metodologia, aplicadas nesta investigação.

2.6 S

ÍNTESE

Este capítulo apresenta, em primeiro, a teoria das redes utilizada neste estudo. Uma rede é, segundo Bandyopadhyay et al. (2011), a articulação de uma relação social que pode ser estabelecida entre indivíduos, famílias, comunidades, regiões, empresas, entre outros. As ligações que se estabelecem permitem que os indivíduos se liguem de forma orgânica criando uma rede de interações, diretas e indiretas.

Esta teoria foi, inicialmente, desenvolvida em áreas sociais como a psicologia, mas é cada vez mais utilizada em economia por conseguir explicar e permitir analisar

(37)

36 fenómenos e acontecimentos entre as empresas e as relações que se estabelecem entre elas (Borgatti et al., 2009). A teoria das redes defende a importância das ligações entre, neste estudo, empresas e permite identificar e analisar essas ligações de forma a perceber-se como a rede está articulada e como cada indivíduo está inserido na mesma (Mendes & Neves, 2013).

Os princípios que, segundo Scott (2000), são a base desta teoria, refletem bem a importância das redes e a visão que esta teoria tem de como os intervenientes da rede se relacionam.

Relativamente ao impacto que as redes empresariais têm no desempenho das organizações que as integram, existem vários estudos que expressam as vantagens que estas estruturas trazem. Sousa et al. (2011) salientam a facilidade com que as empresas conseguem ter acesso a recursos físicos, técnicos e de conhecimento através destas relações. Como as empresas não conseguem satisfazer todas as suas necessidades com recursos próprios, a importância destas relações é cada vez mais notória (Greve & Salaff, 2003). A importância dessas redes para o acesso a ativos tangíveis e intangíveis (Greve & Salaff, 2003; Singh, 2000), em que as redes podem potenciar ou restringir o acesso aos mesmos (Walker et al. 1997), tem ainda maior importância em empresas de atividades tecnológicas pela incerteza do mercado e pela falta de conhecimentos não tecnológicos que muitas vezes as caracteriza (Yli-Renko et al., 2001).

Estas relações, que muitas vezes advêm de contactos feitos ao longo do percurso pessoal e/ou académico dos empresários (Powell et al., 1999), mostram ser ainda mais importantes na fase de criação e desenvolvimento de uma nova empresa, principalmente quando os empresários são jovens (Burt, 2009).

Relativamente ao modo como estas ligações se estabelecem e se oficializam, existem vários métodos, mas o abordado neste estudo são as alianças estratégicas. Estas definem-se como sendo acordos entre empresas (parceiros) para alcançar objetivos de interesse comum (Isoraite, 2009), baseados na cooperação das empresas (Mockler, 1999), e que têm como principal objetivo alcançar vantagens que sejam sustentáveis para todos os intervenientes (Hamel & Prahalad, 1989), sendo uma possível estratégia para as empresas conseguirem melhor desempenho Flatten et al. (2011).

Existem muitos tipos de alianças de acordo com a forma como as empresas se fundem sendo que a designada equity investments é a que está presente neste trabalho.

(38)

37 Este tipo de aliança consiste na propriedade maioritária ou não de ações de uma empresa por uma outra empresa (Todeva & Knoke, 2005), embora neste estudo se considere a propriedade a nível individual e não da empresa. Foi considerada relevante uma vez que sendo um setor em que as empresas são, na sua maioria, de pequena dimensão, o facto de estas terem sócios em comum revela um nível de ligação potencialmente forte entre elas.

Numa abordagem mais económica e política ao setor em estudo surgem os

clusters. Um cluster é definido pelos autores Fonseca & Ramos (2010), como uma

aglomeração geográfica de pequenas e médias empresas, especializadas em sectores específicos, havendo entre elas fortes interdependências (os processos produtivos de umas dependem das outras). Estas interdependências entre as empresas é algo comum com a abordagem das redes e das alianças. Hoje em dia, já existem autores que discordam da restrição geográfica da definição dos clusters e abordam outros tipos de proximidade, de recursos e tecnologia (Cortright, 2006), e que dão especial importância às social networks entre as empresas (Rocha & Sternberg, 2005; Casper,2007). Existem vários estudos que confirmam as melhorias no desempenho das empresas devido a essas ligações (Delgado et al., 2012; Folta et al., 2006; Hill e Naroff, 1984; Goss & Vozikis, 1994). Este tema tem vindo a congregar interesse nos últimos 30 anos especialmente no que se refere à importância económica destas estruturas (Van der Linde, 2003) e por isso é cada vez maior o interesse político no mesmo. As políticas de apoio da Organização para a Coordenação e Desenvolvimento Económico (OCDE) são também espelho disso. Em Portugal foi feito em 2001 o mapeamento dos clusters existentes e em 2005 surge a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2015) que defende a promoção de clusters como forma de criar condições favoráveis à inovação tecnológica e organizacional do tecido empresarial.

Uma vez que o setor analisado é o da biotecnologia, importa apresentar alguns trabalhos realizados nesta área. Este setor é abordado como cluster em várias investigações, nomeadamente por Kim (2015) que estudou um dos maiores clusters de biotecnologia, de San Diego, uma vez que as empresas de alta tecnologia, como é o caso deste setor de biotecnologia, beneficiam mais da proximidade a outras empresas por benefícios de spillover Goss & Vozikis (1994). Os trabalhos de investigação realizados no

(39)

38 setor da biotecnologia demonstram que este beneficia da relação e proximidade com outras empresas.

Por fim, são discutidos os indicadores que são mais comummente utilizados para medir o desempenho das empresas e afirmada a importância de o medir através da avaliação das suas várias dimensões, nomeadamente a financeira e operacional. De destacar a utilização da variável patentes como indicador do desempenho operacional devido ao objetivo desta indústria que é a criação de conhecimento e a constante inovação. É também de ressalvar a inclusão, em vários estudos na área, de variáveis de análise de redes confirmando a importância e interesse destas estruturas para o desempenho das empresas biotecnológicas.

(40)

39

3 BIOTECNOLOGIA:

ENQUADRAMENTO

DO

SETOR

3.1 C

ONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

O presente estudo foca-se no setor da biotecnologia. Por essa razão importa definir alguns conceitos e apresentar alguns dados importantes sobre o mesmo.

A biotecnologia é uma área que se caracteriza pela utilização de conhecimentos de vários campos da ciência e com aplicações variadas. Devido a esta interação de várias áreas torna-se mais complexa a definição, mas ainda assim indispensável. Assim sendo, as definições que são utilizadas são várias e têm como principal razão a forma como são encaradas as técnicas utilizadas (DO, 2013). Contudo, a definição reconhecida pela OECD (2005), e que é a atualmente mais aceite é: «a aplicação de ciência e tecnologia aos organismos vivos, bem como partes e modelos para alterar materiais vivos ou não vivos para produção de conhecimentos, bens e serviços». A OCDE elaborou ainda uma lista com as técnicas utilizadas na biotecnologia que servem como guia para a aplicação da definição geral acima citada. Nessa lista constam sete técnicas: /RNA; proteínas e outras moléculas; cultura e engenharia de células e tecidos; técnicas de processo de biotecnologia; genes e vetores RNA; bioinformática e nano biotecnologia.

Uma vez que a biotecnologia tem impacto nos mais variados setores de atividade foi necessário formalizar as diferenças que existem entre as várias utilizações, surgindo a classificação dos vários tipos de biotecnologia. Uma das mais simplificadas foi elaborada no 12º Congresso Europeu de Biotecnologia em 2005, e está presente no relatório sobre o setor (DO,2013), divide-a em 4 áreas (Tabela 1):

Tabela 1: Áreas da biotecnologia: vermelha, verde, branca e azul Fonte: DO (2013)

Biotecnologia vermelha Aplicações e investigações relativas à

saúde

Biotecnologia verde Aplicações e investigações agrícolas,

pecuárias e florestais

Biotecnologia branca Aplicações e investigações industriais e

ambientais

Biotecnologia azul Aplicações com origem em organismos

Imagem

Tabela 1: Áreas da biotecnologia: vermelha, verde, branca e azul    Fonte: DO (2013)
Tabela 3:  Áreas da biotecnologia: dourada, castanha, rosa e amarela  Fonte: DO (2013)
Gráfico 1: Localização das empresas por região
Tabela 4: Medidas de análise da rede
+7

Referências

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