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Anafilaxia: Abordagem Clínica – Normas de Orientação Clínica

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Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 1/20 NÚMERO: 014/2012

DATA: 16/12/2012

ATUALIZAÇÃO 18/12/2014

ASSUNTO: Anafilaxia: Abordagem Clínica

PALAVRAS-CHAVE: Anafilaxia, hipersensibilidade, alergia, adrenalina, imunoalergologia

PARA: Médicos do Sistema de Saúde

CONTACTOS: Departamento da Qualidade na Saúde (dqs@dgs.pt)

Nos termos da alínea a) do nº 2 do artigo 2º do Decreto Regulamentar nº 14/2012, de 26 de Janeiro, por proposta conjunta do Departamento da Qualidade na Saúde e da Ordem dos Médicos, emite a seguinte:

NORMA

1. Num episódio de anafilaxia o registo clínico tem de detalhar os sinais e sintomas referentes ao compromisso de dois ou mais sistemas nos termos do Quadro I do Anexo I (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (1-4).

2. Perante um episódio de anafilaxia, é removido o alergénio conhecido ou provável (Quadros II e III do Anexo I e Figura I do Anexo II) (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) (2-6).

3. Na presença de episódio de anafilaxia (considerado o diagnóstico diferencial de acordo com o Quadro IV do Anexo I) a administração precoce de adrenalina por via intramuscular, na dose ajustada à idade e atendendo ao estado clínico (Quadro V do Anexo I), constitui a primeira linha de tratamento (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (1-7).

4. Na sequência de um episódio de anafilaxia, após a estabilização clínica, deve manter-se observação clínica do doente no mínimo durante 8 a 24 horas, pela possibilidade de ocorrência de uma resposta bifásica, com agravamento tardio (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (2-8).

5. Qualquer episódio de anafilaxia, independentemente da identificação do agente indutor, é de registo obrigatório no Catálogo Português de Alergias e outras Reações Adversas (CPARA), de acordo com a Norma N.º 002/2012 de 04/07/2012 “Registo de Alergias e Reações Adversas” (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) (1-4).

6. Após a ocorrência de um episódio de anafilaxia, o doente deve ser submetido, obrigatoriamente, a uma observação clínica em imunoalergologia para confirmação do diagnóstico e orientação clínico-terapêutica, conforme preconizado na Norma N.º 004/2012 “Anafilaxia: Registo e Encaminhamento” (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) (1-4).

7. Qualquer exceção à Norma é fundamentada clinicamente, com registo no processo clínico. Francisco

Henrique Moura George

Digitally signed by Francisco Henrique Moura George DN: c=PT, o=Ministério da Saúde, ou=Direcção-Geral da Saúde, cn=Francisco Henrique Moura George Date: 2015.01.07 11:17:31 Z

(2)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 2/20 8. Os algoritmos clínicos Abordagem da Anafilaxia

Registo CPARA

Referenciação

Registar Anafilaxia

(sinais e sintomas referentes ao compromisso de

2 ou mais sistemas)

Remover o alergénio conhecido ou

provável

1ª linha tratamento: Adrenalina

(3)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 3/20 Tratamento da anafilaxia

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Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 4/20 9. O instrumento de auditoria clínica

Instrumento de Auditoria Clínica Norma “Anafilaxia: Abordagem Clínica " Unidade:

Data: ___/___/___ Equipa auditora:

1: Abordagem Clínica

Critérios Sim Não N/A EVIDÊNCIA/FONTE

Existe evidência de que num episódio de anafilaxia o registo clínico detalha os sinais e sintomas referentes ao compromisso de dois ou mais sistemas, nos termos da presente Norma

Existe evidência de que num episódio de anafilaxia é removido o alergénio conhecido ou provável Existe evidência de que na presença de episódio de anafilaxia, de acordo com o diagnóstico diferencial nos termos da presente Norma, a administração precoce de adrenalina por via intramuscular, na dose ajustada à idade e atendendo ao estado clínico é a terapêutica de primeira linha

Existe evidência de que na sequência de um episódio de anafilaxia, após a estabilização clínica, é mantida observação clínica do doente no mínimo durante 8 a 24 horas, pela possibilidade de ocorrência de uma resposta bifásica com agravamento tardio

Existe evidência de que face a um episódio de anafilaxia, independentemente da identificação do agente indutor, é efetuado registo obrigatório no Catálogo Português de Alergias e outras Reações Adversas (CPARA)

Existe evidência de que após a ocorrência de um episódio de anafilaxia, o doente é submetido, obrigatoriamente, a uma observação clínica em imunoalergologia para confirmação do diagnóstico e orientação clinico-terapêutica nos termos da Norma N.º 014/2012 “Anafilaxia: Registo e Encaminhamento”

Sub-total 0 0 0

ÍNDICE CONFORMIDADE %

Avaliação de cada padrão:

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Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 5/20 10. A presente Norma, atualizada com os contributos científicos recebidos durante a discussão pública,

revoga a versão de 16/12/2012 e será atualizada sempre que a evolução da evidência científica assim o determine.

11. O texto de apoio seguinte orienta e fundamenta a implementação da presente Norma.

Francisco George Diretor-Geral da Saúde

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Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 6/20 TEXTO DE APOIO

Conceito, definições e orientações

A. Relativamente ao tratamento da anafilaxia considera-se que (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (1-7).

1) A administração de adrenalina intramuscular, preferencialmente na face ântero-lateral da coxa, numa dose máxima de 0,5mg (0,01mg/kg) de uma solução a 1:1.000, pode ser repetida após 5 minutos, até ao total de três administrações;

2) Se necessário, por falta de resposta, em unidade de cuidados intensivos, pode proceder-se à administração endovenosa lenta, com solução mais diluída (1:10.000);

3) Não existem contraindicações absolutas para o uso de adrenalina numa situação hiperaguda de anafilaxia;

4) No tratamento da anafilaxia, os efeitos α1 adrenérgicos da adrenalina (vasoconstrição, aumento da resistência vascular periférica e diminuição do edema da mucosa) e alguns dos efeitos β2 adrenérgicos (broncodilatação e diminuição da libertação de mediadores por mastócitos e basófilos) são de importância crucial;

5) A não utilização de adrenalina é fator de risco para anafilaxia bifásica e para maior gravidade e morte;

6) É fundamental a verificação e manutenção da permeabilidade da via aérea, com administração de oxigénio, eventual entubação e ventilação assistida. Outras medidas incluem a administração de anti-histamínicos H1 e eventualmente H2, corticosteroides, soros endovenosos e broncodilatadores, para além das medidas gerais como a colocação do doente em posição de decúbito com os membros inferiores elevados;

7) Em caso de anafilaxia refratária, como ocorre por exemplo em doentes medicados com β-bloqueantes, pode ser indicada a administração de glucagon.

B. Os desencadeantes de anafilaxia são múltiplos. No plano clínico e fisiopatológico, os alergénios e agentes indutores de anafilaxia mais frequentes estão reportados no Quadro II constante do Anexo I; o seu conhecimento facilita a abordagem diagnóstica e a decisão clínica num episódio de anafilaxia (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) (1-4).

C. A anafilaxia apresenta-se como uma reação sistémica de início súbito com compromisso de dois ou mais sistemas, podendo ocorrer por ingestão, injeção, inalação ou contacto direto com o agente desencadeante (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (1-4).

D. Na maioria das situações a anafilaxia manifesta-se por sintomas mucocutâneos (80-90%), associados a um ou mais sintomas de outros órgãos. Sintomas respiratórios a nível das vias aéreas superiores ou inferiores estão presentes em 40-60% dos doentes, podendo igualmente surgir sintomas cardiovasculares, digestivos e neurológicos em até um terço dos casos (Quadro III do Anexo I). O

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Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 7/20 colapso cardiovascular pode ser a única manifestação, pelo que nunca se deve excluir um quadro de anafilaxia pela ausência de manifestações cutâneas. Estes casos são de diagnóstico mais difícil, o que leva frequentemente a um atraso na administração de adrenalina e, por isso, são de pior prognóstico (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (2-6).

E. A maior precocidade de aparecimento da reação anafilática em relação à exposição ao fator desencadeante preconiza habitualmente uma reação mais grave (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (2-6).

F. Embora não acontecendo em todos os casos, o aparecimento súbito de prurido palmar e/ou plantar e a referência a um “sabor metálico” são muito sugestivos de quadro inicial de anafilaxia (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) (1-6).

G. Constituem fatores que aumentam o risco de gravidade da anafilaxia (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) (1-7):

1) Fatores relacionados com a idade: crianças em idade pré-escolar, pela incapacidade de descrição de sintomas; adolescentes e adultos jovens pela maior frequência de comportamentos de risco (drogas recreativas e álcool); parto, pelos fármacos utilizados; idades mais avançadas, com maior risco por fármacos e picada de insetos;

2) Doenças concomitantes: asma e outras doenças respiratórias; doença cardiovascular; mastocitose ou outras patologias clonais dos mastócitos; doença alérgica associada (rinite, eczema) e doença psiquiátrica;

3) Fármacos: beta-bloqueantes e inibidores da enzima conversora da angiotensina; álcool, sedativos, hipnóticos e drogas recreativas, por induzirem dificuldade de reconhecimento de causas ou sintomas;

4) Representam cofatores de exacerbação clínica o exercício físico, o stress emocional, as alterações à rotina quotidiana (por exemplo viagens) e o período pré-menstrual.

H. A mortalidade ocorre mais frequentemente por falência respiratória, principalmente em doentes com asma brônquica, e também por colapso cardiovascular (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (2-4).

I. O diagnóstico de anafilaxia é essencialmente clínico, contudo, estando este disponível, pode ser apoiado pelo doseamento da triptase sérica, recomendando-se que o doseamento seja efetuado até um máximo de 6 horas após o início dos sintomas (idealmente nos primeiros 15-60 minutos) (2-4):

1) Um aumento súbito dos níveis desta enzima, com regressão em 24-48 horas para valores basais, é indicativo de ativação dos mastócitos e permite confirmar a ocorrência de anafilaxia; 2) Salienta-se contudo que a não verificação deste aumento não exclui o diagnóstico, dado que

nos episódios com desencadeante alimentar e naqueles em que não há hipotensão os valores da triptase são muitas vezes normais (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I).

(8)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 8/20 J. Na abordagem clínica importa considerar outros diagnósticos diferenciais (Quadro IV do Anexo I),

mas cuja ponderação não deve implicar um atraso significativo na decisão médica (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) (1-7).

K. A anafilaxia pode ser classificada segundo a sua gravidade em diversos graus: ligeira, moderada e grave (Quadro V do Anexo I) (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (2-4).

L. A anafilaxia é uma emergência médica que requer tratamento imediato, sendo a precocidade da intervenção fundamental para o sucesso terapêutico. O tratamento poderá ser iniciado no domicílio mas o doente deverá sempre recorrer a meio hospitalar para aí ser reavaliado (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (1-7).

M. A abordagem terapêutica da anafilaxia e as respetivas doses dos fármacos a utilizar estão representadas no algoritmo terapêutico da anafilaxia (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (2-4).

N. Devem ser preconizadas estratégias que minimizem o risco de novos episódios e medidas preventivas que passam pela intervenção e orientação especializada (ver Norma N.º 004/2012 “Anafilaxia: Registo e Encaminhamento”) (Nível de Evidência B, Grau de Recomendação I) (2-4).

O. As anafilaxias em situações especiais têm risco acrescido, nomeadamente as que ocorrem na gravidez, no lactente e criança em idade pré-escolar, a induzida pelo frio ou pelo exercício (Nível de Evidência C, Grau de Recomendação I) (2-4).

P. Consideram-se situações de anafilaxia com especial especificidade as seguintes (Nível de Evidência C, Grau Recomendação I) (3,4):

1) Gravidez:

a) Esta patologia na grávida merece uma atenção especial pois pode ser um evento dramático para a mãe e para o feto, não pelos fenómenos anafiláticos, dos quais o feto estará protegido provavelmente devido à barreira placentária aos alergénios, mas sim pela hipoxia e hipotensão:

b) As manifestações clínicas são semelhantes às dos restantes grupos populacionais. Durante a gravidez e o parto, os desencadeantes mais comuns são os fármacos, nomeadamente os antibióticos, administrados para profilaxia da infeção por estreptococos do grupo B (penicilina, ampicilina, cefazolina e ceftriaxone), os anestésicos e a ocitocina;

c) Devem sempre ser ponderados os diagnósticos diferenciais, que no caso da anafilaxia incluem outras causas de edema da laringe (por exemplo, o edema laríngeo da pré-eclâmpsia, a laringopatia gravídica e o angioedema hereditário) e outras causas de hipotensão (nomeadamente o embolismo de líquido amniótico e a hipotensão da gravidez);

(9)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 9/20 d) O tratamento é semelhante, apesar do uso de adrenalina durante a gestação ser

problemático, devido ao potencial adrenérgico de vasoconstrição dos vasos placentários, com consequente redução do fluxo sanguíneo uterino, e à possibilidade de ocorrência de malformações fetais. Não havendo até à data um fármaco alternativo eficaz, a adrenalina mantém-se como uma escolha de primeira linha, tal como em todo e qualquer doente com anafilaxia.

2) Lactente e criança em idade pré-escolar:

a) O aleitamento materno foi já descrito como potencial, apesar de muito raro, desencadeante de anafilaxia;

b) Nestas faixas etárias o diagnóstico clínico é muitíssimo mais difícil, pelas dificuldades de verbalização e de informação da história, pelo que o exame clínico é primordial. As evoluções para choque são mais frequentes e mais céleres, pelo que a instituição de medicação apropriada e nas doses recomendadas, requer uma atuação imediata.

3) Anafilaxia induzida pelo exercício (AIE):

a) Caracteriza-se pelo desenvolvimento de uma reação sistémica grave, desencadeada pelo exercício físico, que ocorre habitualmente durante os primeiros 30 minutos após o início da atividade física;

b) Classicamente é precedida de sintomas prodrómicos: sensação de calor, prurido cutâneo e eritema, com rápida evolução para anafilaxia se o exercício é continuado;

c) As manifestações incluem sintomas cutâneos, respiratórios, gastrintestinais e/ou cardiovasculares, ocorrendo edema laríngeo em metade e colapso cardiovascular em cerca de um terço dos doentes;

d) Na maioria dos casos a AIE poderá estar relacionada com terapêutica com anti-inflamatórios não esteróides (AINE) ou com a prévia ingestão de alimentos, sendo o trigo o alimento mais frequentemente associado, mas podendo ocorrer também com os frutos secos, os crustáceos, os vegetais (ex: tomate), os frutos frescos (ex: maçã, pêssego), o leite de vaca e o ovo:

i. De forma clássica, estes indutores não se associam com qualquer tipo de reação alérgica desde que a sua ingestão ou administração não ocorra com a prática de exercício físico subsequente.

e) A anafilaxia induzida por exercício pode ser desencadeada pela prática de qualquer tipo de atividade desportiva, associando-se com maior frequência a exercícios aeróbicos prolongados como a corrida, o futebol ou mesmo a dança;

f) A abordagem diagnóstica, a realizar obrigatoriamente em meio hospitalar, poderá incluir uma prova de provocação oral com o(s) alimento(s) suspeito(s), uma prova de esforço isolada e uma prova combinada com ingestão do alimento seguida de exercício físico. De

(10)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 10/20 referir que a prova de provocação combinada tem uma sensibilidade de 70%, pelo que o resultado negativo não exclui o diagnóstico. Contribui para este facto a dificuldade em mimetizar diferentes variáveis envolvendo a prática desportiva (intensidade do exercício e fatores ambientais, como temperatura, humidade e época polínica), a quantidade de alimento ingerida e fatores relacionados com o doente (stress, menstruação, terapêutica com AINE, entre outros).

4) Anafilaxia induzida pelo frio:

a) A maioria dos casos de anafilaxia induzida pelo frio, por vezes muito grave, ocorre durante a época balnear, após imersão corporal total em água fria, no mar, rio ou piscinas:

i. Este facto pode ser justificado pela maior superfície corporal exposta, baixa temperatura da água e maior duração da exposição, fatores que contribuem para uma diminuição brusca da temperatura corporal e que podem potenciar fenómenos hipotensivos;

ii. Esta entidade é considerada como uma causa relevante em algumas mortes por afogamento;

iii. Estes quadros clínicos também podem manifestar-se durante os períodos de clima mais frio, nomeadamente com a prática de desportos de Inverno.

Fundamentação

A. Anafilaxia consiste numa reação de hipersensibilidade sistémica, com apresentações clínicas e gravidade variáveis, de início rápido, potencialmente fatal, resultante de uma súbita libertação de mediadores pelos mastócitos e/ou basófilos (1-7).

B. A anafilaxia não é uma situação rara e a sua ocorrência tem vindo a aumentar. A prevalência está estimada em 0,5-2% da população geral, mas na verdade é desconhecida, dado que nem sempre é valorizada pelos doentes ou prestadores de cuidados e é, frequentemente, subdiagnosticada pelos profissionais de saúde. Também a falta de dados de história e de exames laboratoriais específicos, bem como a pouca especificidade dos achados nos exames pós-morte, levam a que a taxa de mortalidade seja difícil de determinar. São referidas na literatura 0,0125 a 0,3 mortes por 100.000 habitantes (3).

C. A reação anafilática pode corresponder a uma reação com envolvimento de um mecanismo não imunológico ou imunológico, mediado ou não por IgE, existindo sobreposição da sintomatologia, a qual está dependente da ativação e libertação intempestiva dos mediadores biológicos pelas células anteriormente mencionadas (2-7).

D. Independentemente do agente causal, a anafilaxia é desencadeada por uma libertação súbita e maciça de mediadores preformados por desgranulação dos mastócitos e/ou basófilos - histamina,

(11)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 11/20 prostaglandinas, leucotrienos, quimase, triptase, heparina – responsáveis por vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, contração do músculo liso, taquicardia, arritmias, aumento da secreção mucosa e estimulação de terminações nervosas, que condicionam o quadro clínico imediato. Adicionalmente há libertação de fatores quimiotáticos para os eosinófilos e neutrófilos e de mediadores neoformados a partir dos fosfolípidos da membrana celular, nomeadamente prostaglandinas, leucotrienos, tromboxano e fator ativador das plaquetas, que podem contribuir para uma fase tardia da reação (3,4).

E. São múltiplos os mecanismos indutores da reação anafilática (Figura I do Anexo II) (2-7).

F. Na etiologia alérgica por mediação IgE, a desgranulação resulta da ligação de um alergénio, estabelecendo “pontes” entre moléculas de IgE específica ligadas à superfície dos mastócitos – mecanismo imunológico, dependente de IgE; alternativamente, outros mecanismos, imunológicos ou não, podem estar envolvidos.

G. Relativamente aos principais desencadeantes de anafilaxia, considera-se o seguinte (2-6):

1) Alimentos – São a causa mais frequente de anafilaxia no ambulatório, principalmente em crianças, adolescentes e adultos jovens. Os mais frequentemente implicados na Europa são o leite, o ovo, o amendoim, os frutos secos, o peixe, os crustáceos, a soja, o pêssego e o sésamo; 2) Picada de insetos – salientam-se no nosso país os himenópteros (abelhas e vespas), sendo uma

causa relevante de morbilidade e de mortalidade;

3) Fármacos – São a causa mais frequente de anafilaxia nos serviços de saúde. Mais frequentemente implicados estão os antibióticos betalactâmicos e os anti-inflamatórios não esteroides. Também outros antibióticos, antivíricos, antifúngicos, meios de contraste iodado, alguns fármacos usados em quimioterapia, relaxantes musculares usados em anestesia, anestésicos, expansores do plasma e agentes biológicos, são causas relativamente frequentes de anafilaxia;

4) Látex – Os grupos de alto risco são os trabalhadores da saúde, as crianças com espinha bífida ou malformações génito-urinárias (submetidos a múltiplas intervenções cirúrgicas) e os trabalhadores com exposição ocupacional;

5) Fatores físicos – O exercício, por vezes associado à ingestão de um alimento específico, o calor, o frio e a exposição solar podem ser causa de anafilaxia;

6) Raramente, a ingestão de etanol, a exposição ao sémen e a exposição a aeroalergénios, como fâneros de animais ou pólenes, podem ser causa de reações anafiláticas.

7) Finalmente há situações em que, mesmo após extensa investigação, não é possível determinar a causa de anafilaxia, que nesse caso se classifica como idiopática. Neste caso há a considerar a hipótese de mastocitose ou patologia clonal dos mastócitos.

(12)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 12/20 I. No diagnóstico diferencial deverá atender-se às entidades nosológicas reportadas no Quadro IV do

Anexo I (3,4).

J. Considera-se que face a um episódio de anafilaxia, após o tratamento imediato previsto no Anexo I e para além de ser considerada a prescrição de um dispositivo para autoadministração de adrenalina

(2-9), deverão ser estabelecidas medidas a longo prazo com implementação de uma estratégia para a

prevenção de novos episódios, justificando a intervenção de um especialista (10) (ver Norma N.º

004/2012 “Anafilaxia: Registo e Encaminhamento”).

Avaliação

A. A avaliação da implementação da presente Norma é contínua, executada a nível local, regional e nacional, através de processos de auditoria interna e externa.

B. A parametrização dos sistemas de informação para a monitorização e avaliação da implementação e impacte da presente Norma é da responsabilidade das administrações regionais de saúde e dos dirigentes máximos das unidades prestadoras de cuidados de saúde.

C. A efetividade da implementação da presente Norma nos cuidados de saúde primários e nos cuidados hospitalares e a emissão de diretivas e instruções para o seu cumprimento é da responsabilidade dos conselhos clínicos dos agrupamentos de centros de saúde e das direções clínicas dos hospitais. D. A implementação da presente Norma pode ser monitorizada e avaliada através dos seguintes

indicadores:

1) Taxa de recorrência (periódica) de anafilaxia:

a) Numerador: Número de doentes com dois ou mais episódios de anafilaxia registados; b) Denominador: Número de doentes registados com diagnóstico de anafilaxia, no período

em análise.

2) Taxa de internamento (anual) por anafilaxia:

a) Numerador: Número (anual) de doentes internados com diagnóstico principal de anafilaxia;

b) Denominador: Número (anual) de doentes registados com diagnóstico de anafilaxia. 3) Taxa de letalidade (anual) por anafilaxia:

a) Numerador: Número (anual) de óbitos por anafilaxia;

(13)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 13/20 Comité Científico

A. A proposta da presente Norma foi elaborada no âmbito do Departamento da Qualidade na Saúde e do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção-Geral da Saúde e do Conselho para Auditoria e Qualidade da Ordem dos Médicos, através dos seus colégios de especialidade, ao abrigo do protocolo existente entre a Direção-Geral da Saúde e a Ordem dos Médicos.

B. A proposta da presente Norma foi elaborada por Celso Pereira, Mário Morais de Almeida (coordenação científica), Ana Margarida Pereira e Elza Tomaz.

C. Todos os peritos envolvidos na elaboração da presente Norma cumpriram o determinado pelo Decreto-Lei n.º 14/2014 de 22 de janeiro, no que se refere à declaração de inexistência de incompatibilidades.

D. A avaliação científica do conteúdo final da presente Norma foi efetuada no âmbito do Departamento da Qualidade na Saúde.

Coordenação Executiva

Na elaboração da presente Norma a coordenação executiva foi assegurada por Cristina Martins d’Arrábida, do Departamento da Qualidade na Saúde da Direção-Geral da Saúde.

Comissão Científica para as Boas Práticas Clínicas

Pelo Despacho n.º 7584/2012, do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, de 23 de maio, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 107, de 1 de junho de 2012, a Comissão Científica para as Boas Práticas Clínicas tem como missão a validação científica do conteúdo das Normas Clínicas emitidas pela Direção-Geral da Saúde. Nesta Comissão, a representação do Departamento da Qualidade na Saúde é assegurada por Henrique Luz Rodrigues.

Siglas/Acrónimos

Sigla/Acrónimo Designação

AIE Anafilaxia induzida pelo exercício

AINEs Anti-inflamatórios não esteroides

CPARA EV IgE IM

Catálogo Português de Alergias e outras Reações Adversas Endovenoso

Imunoglobulina E Intramuscular

(14)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 14/20 Referências Bibliográficas

1. Dhami S, Panesar SS, Roberts G, Muraro A, Worm M, Bilo MB, et al. Management of anaphylaxis: a systematic review. Allergy. 2014;69:168-75.

2. Muraro A, Roberts G, Worm M, Bilo MB, Brockow K, Fernandez Rivas M, et al. Anaphylaxis: guidelines from the European Academy of Allergy and Clinical Immunology. Allergy. 2014;69:1026-45. 3. Simons FE, Ardusso LR, Bilo MB, Cardona V, Ebisawa M, El-Gamal YM, et al. International consensus on (ICON) anaphylaxis. World Allergy Organ J. 2014;7:9.

4. Simons FE, Ardusso LR, Dimov V, Ebisawa M, El-Gamal YM, Lockey RF, et al. World Allergy Organization Anaphylaxis Guidelines: 2013 update of the evidence base. Int Arch Allergy Immunol. 2013;162:193-204.

5. Waserman S, Chad Z, Francoeur MJ, Small P, Stark D, Vander Leek TK, et al. Management of anaphylaxis in primary care: Canadian expert consensus recommendations. Allergy. 2010;65:1082-92. 6. Lieberman P, Nicklas RA, Oppenheimer J, Kemp SF, Lang DM, Bernstein DI, et al. The diagnosis and management of anaphylaxis practice parameter: 2010 Update. J Allergy Clin Immunol. 2010;126:477-80.

7. National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE). Anaphylaxis: assessment to confirm an anaphylactic episode and the decision to refer after emergency treatment for a suspected anaphylactic episode. London (UK): National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE). 2011:(Clinical guideline; no. 134).

8. Campbell RL, Luke A, Weaver AL, St Sauver JL, Bergstralh EJ, Li JT, et al. Prescriptions for self-injectable epinephrine and follow-up referral in emergency department patients presenting with anaphylaxis. Ann Allergy Asthma Immunol. 2008;101:631-6.

9. Song TT, Worm M, Lieberman P. Anaphylaxis treatment: current barriers to adrenaline auto-injector use. Allergy. 2014;69:983-91.

10. Brockow K, Schallmayer S, Beyer K, Biedermann T, Fischer J, Gebert N, et al. Effects of a structured educational intervention on knowledge and emergency management in patients at risk for anaphylaxis. Allergy. 2014;doi:10.1111/all.12548.

(15)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 15/20 ANEXO

Anexo I – Quadros

Quadro I. Critérios clínicos de diagnóstico de anafilaxia

Deve considerar-se anafilaxia como muito provável quando exista uma reação sistémica grave, na presença de pelo menos um dos três critérios clínicos seguintes:

1. Início súbito (minutos a algumas horas) com envolvimento da pele e/ou mucosas (urticária, eritema ou prurido generalizado; edema dos lábios, da língua ou da úvula) e pelo menos um dos seguintes: a. Compromisso respiratório - dispneia, sibilância / broncospasmo, estridor, diminuição do DEMI/PEF, hipoxemia

b. Hipotensão ou sintomas associados de disfunção de órgão terminal - hipotonia [colapso], síncope, incontinência

2. Ocorrência de dois ou mais dos seguintes, de forma súbita, após exposição a um alergénio provável para aquele doente (minutos a algumas horas):

a. Envolvimento da pele e/ou mucosas - urticária, eritema ou prurido generalizado; edema dos lábios, da língua ou da úvula

b. Compromisso respiratório - dispneia, sibilância / broncospasmo, estridor, diminuição do DEMI/PEF, hipoxemia

c. Hipotensão ou sintomas associados - ex. hipotonia [colapso], síncope, incontinência d. Sintomas gastrintestinais súbitos – cólica abdominal, vómitos

3. Hipotensão após exposição a um alergénio conhecido para aquele doente (minutos a algumas horas):

a. Lactentes e crianças: PA sistólica reduzida (específica para a idade) ou diminuição da PA sistólica superior a 30%*

b. Adultos: PA sistólica inferior a 90mmHg ou diminuição do valor basal do doente superior a 30% DEMI – débito expiratório máximo instantâneo; PA - pressão arterial

* PA sistólica diminuída para crianças é definida como:

(16)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 16/20 Quadro II. Desencadeantes de anafilaxia por mecanismo envolvido (alguns agentes podem relacionar-se com vários mecanismos)

Mecanismo imunológico (mediado por IgE)

- Alimentos: leite, ovo, peixe, amendoim, frutos secos, crustáceos, sésamo, aditivos (sulfitos, glutamato de sódio, papaína, corantes e contaminantes)

- Medicamentos: antibióticos betalactâmicos, anti-inflamatórios não esteroides, anestésicos, miorrelaxantes, alérgenos (imunoterapia específica)

- Venenos de insetos: himenópteros (abelha, vespa) - Látex

- Alergénios ocupacionais - Fluido seminal

- Alergénios inalantes: cavalo, hamster, pólenes - Meios de contraste radiológico

Mecanismo imunológico (não mediado por IgE)

- Dextranos

- Terapêuticas biológicas: omalizumab, infliximab, cetuximab, vacinas, hormonas - Meios de contraste radiológico

Mecanismos não imunológicos

- Agentes físicos: frio, calor, radiação solar / UV, exercício - Etanol

- Medicamentos: opiáceos

Anafilaxia idiopática

- Considerar a hipótese da existência de alergénio oculto ou não identificado - Considerar a possibilidade do diagnóstico de mastocitose

(17)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 17/20 Quadro III. Sintomas e sinais de anafilaxia

Pele e mucosa

Eritema, prurido, urticária, angioedema, exantema morbiliforme, ereção pilosa

Prurido, eritema e edema peri-orbitários, eritema conjuntival, lacrimejo

Prurido labial, da língua, palato ou do canal auditivo externo; edema dos lábios, língua e úvula

Prurido palmar, plantar e dos genitais (patognomónico)

Respiratórios

Prurido ou congestão nasal, rinorreia, espirros

Prurido e aperto da orofaringe, disfonia, estridor ou tosse seca

Taquipneia, dificuldade respiratória, constrição torácica, sibilância, diminuição do DEMI/PEF

Cianose, paragem respiratória

Gastrintestinais Dor abdominal, náuseas, vómitos, diarreia, disfagia

Cardiovasculares

Dor retrosternal, taquicardia, bradicardia, outras arritmias, palpitações

Hipotensão, lipotimia, choque Paragem cardíaca

Sistema Nervoso Central Agitação, alterações do comportamento, sensação de morte iminente, alterações mentais, tonturas, confusão, visão em túnel, cefaleia.

Outros Sabor metálico, hemorragia uterina, perda de controlo dos esfíncteres.

(18)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 18/20 Quadro IV. Diagnóstico diferencial de anafilaxia

Síndromes associados a flushing Síndrome carcinoide

Peri ou pós-menopausa Ingestão álcool

Carcinoma medular da tiroide

Excesso endógeno de histamina Mastocitose sistémica

Leucemia de basófilos

Leucemia promielocítica aguda Quisto hidático

Doenças respiratórias e cardiovasculares agudas Asma em agudização

Embolia pulmonar aguda Enfarto agudo do miocárdio Laringospasmo Urticária / angioedema Urticária espontânea Angioedema hereditário Angioedema adquirido Síndromes neurológicos Epilepsia

Acidente vascular cerebral

Doenças não orgânicas Ataque de pânico

Disfunção das cordas vocais Globo histérico

Síndrome de Munchausen Miscelânea

Reação vasovagal

Aspiração de corpo estranho Síndrome oral alérgica

Reação a sulfitos / glutamato monossódico Feocromocitoma

Outras causas de choque (hipovolémico, cardiogénico,…)

(19)

Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 19/20 Quadro V. Classificação da anafilaxia por graus de gravidade

Classificação Pele Aparelho

Gastro- intestinal Aparelho Respiratório Aparelho Cardio-vascular Sistema Neurológico Ligeira Prurido generalizado, flushing, urticária, angioedema Prurido orofaríngeo, edema labial, sensação de opressão orofaríngea, náuseas, dor abdominal ligeira Rinite, sensação de opressão na garganta, broncospasmo ligeiro Taquicardia Ansiedade, alteração do nível de atividade Moderada Sintomas anteriores Sintomas anteriores + Dor abdominal intensa, diarreia, vómitos recorrentes Sintomas anteriores + Disfonia, tosse laríngea, estridor, dispneia, broncospasmo moderado Sintomas anteriores Sensação de lipotimia Grave Sintomas anteriores Sintomas anteriores + Perda de controlo de esfíncteres Sintomas anteriores + Cianose, satO2 <92%, paragem respiratória Hipotensão, choque, disritmia, bradicardia grave, paragem cardíaca Confusão, perda de consciência

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Norma nº 014/2012 de 16/12/2012 atualizada a 18/12/2014 20/20 Anexo II – Figuras

Figura I. Mecanismos indutores de anafilaxia

Anafilaxia

Imunológica Idiopática Não-imunológica

Mediada por IgE Alimentos, fármacos, venenos,… Não mediada por IgE

Dextranos, meios radiocontraste, fármacos,… Física Frio, calor, radiação UV, exercício,… Outros Fármacos, etanol,…

Imagem

Figura I. Mecanismos indutores de anafilaxia

Referências

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