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ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE MINISTÉRIO PÚBLICO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE PARELHAS

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ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE MINISTÉRIO PÚBLICO

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE PARELHAS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE PARELHAS/RN,

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE através de seu Promotor de Justiça em exercício neste

Juízo, legitimado pelo disposto na Lei n.° 7.347/85, art. 5.°, caput; com fundamento jurídico, notadamente, na CF, art. 30; art. 175, caput; Lei n.º 9.503/97, e demais disposições legais cabíveis a espécie, e pelos fatos jurídicos a seguir narrados, vem propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

contra:

MUNICÍPIO DE EQUADOR/RN , pessoa jurídica de

direito público interno, CNPJ n.º 08.086.225/0001-14, representado por seu Prefeito Constitucional, Excelentíssimo Sr. Vanildo Fernandes Bezerra, com endereço profissional na sede administrativa municipal, localizada na Rua José Marcelino, n.º 100, Bairro Dinarte Mariz, Equador/RN.

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DA NARRATIVA FÁTICA.

O presente Procedimento Administrativo resultou da conversão do Procedimento Administrativo n.º 002/2005, que apurava, conjuntamente, irregularidades nos serviços de transporte coletivo nos Municípios de Parelhas/RN, Santana do Seridó/RN e Equador/RN.

O Ofício n.º 16/09 (fl. 20) – MPRN/PJP – requisitou as seguintes informações:

a) se há lei que regulamente o transporte coletivo, seja por ônibus, vans, veículos de passeio (táxi) ou motocicletas (mototáxi);

b) se o Município pretende prestar, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, o serviço público de transporte coletivo, nos termos da Constituição Federal, art. 30, V;

c) relação de particulares, cujos veículos (táxi, mototáxi, vans, ônibus etc.) tenham ou não placas vermelhas, com ou sem autorização (alvará), que prestam os serviço público de transporte coletivo, seja por ônibus, vans, veículos de passeio e motocilcetas.

Em resposta – Ofício n.º 008/2009 (fl. 22):

a) Não existe no Município de Equador/RN, lei que trate da regulamentação de transportes públicos. b) O Município de Equador/RN não comporta um serviço de transporte público, podendo, em caso de demanda, prestar em forma de concessão ou permissão nos moldes da legislação vigente.

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c) No setor de tributação da Prefeitura Municipal não foi encontrada informação acerca de veículos que prestem serviços de táxi no Município, muito embora exista esse tipo de serviço.

DO DIREITO.

O Estado tem a seu cargo os serviços públicos a serem executados em prol da coletividade, desempenhando nesse caso uma gestão direta dessas atividades, porém freqüentemente a Administração Pública delega a outras pessoas a prestação desses serviços.

Quando se trata de pessoas integrantes da própria Administração, a descentralização enseja a delegação legal, ao contrário do que acontece quando a execução dos serviços é transferida a pessoas da iniciativa privada através de atos e contratos administrativos, hipótese em que se constitui a delegação contratual.

Nesse sentido, o Estado age mediante autorização constitucional, segundo o que determina a CF, art. 175:

Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Parágrafo único - A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de

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caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários; III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado.

Com efeito, apesar do Poder Púbico ter a possibilidade de delegar a execução de serviços, a titularidade não se esvazia, pois só se transfere a respectiva execução.

E essa titularidade é demarcada pelo critério da

extensão territorial de interesses a serem alcançados pela

prestação do serviço.

A, a Constituição Federal, em seu art. 30, atribuí aos Municípios o dever de organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de

transporte coletivo (ônibus, táxis, mototáxi etc), que tem caráter essencial.

Dessa atribuição ainda surge a obrigação de

regulamentar o serviço, como acentua JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO1:

“Essa disciplina regulamentadora, que pode se

formalizar através de leis, decretos e outros atos regulamentares, garante não só o Poder Público como também o prestador de serviço e, ainda, em diversas ocasiões, os próprios indivíduos a que se destina.

1 Manual de Direito Administrativo. 21ª edição. Editora Lúmen Júris: Rio

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A regulamentação do serviço público cabe à entidade que tem competência para prestá-lo. O poder de regulamentar encerra um conjunto de faculdades legais para a pessoa titular do serviço. Pode ela, de início, estabelecer regras básicas dentro das quais será executado o serviço. Depois, poderá optar por executá-lo direta ou indiretamente e, neste caso, celebrar contratos de concessão ou firmar termos de permissão com particulares,

instituindo e alterando os meios de execução e, quando se fizer necessário, retomá-lo para si”. (Grifei).

Do que foi dito, viu-se que a delegação de serviço público pode ocorrer, não obstante outras opiniões que incluem a autorização nesse rol, mediante concessão ou

permissão.

No primeiro caso – concessão – a transferência é feita à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que, remuneradas por tarifa, executam a atividade por sua conta e risco. Também se faz necessária à realização de licitação prévia, sempre na modalidade concorrência, para a escolha do particular mais apto a celebrar o contrato administrativo com o ente federativo.

Sobre estes dois institutos, a doutrina aponta duas diferenças básicas:

a) enquanto a concessão é feita somente à pessoa jurídica ou consórcio de empresas, a permissão pode ser destinada à pessoa física ou jurídica;

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b) embora haja forte divergência doutrinária sobre este ponto, a própria Lei n.º 8.987/95, art. 2º, IV, confere o título de precariedade a permissão, o que não ocorre com a concessão.

Como as atividades que trazem utilidade material aos administrados, os serviços públicos não podem ficar ao talante dos próprios prestadores, sem qualquer atuação do Estado, o que, antes de tudo, demonstra uma questão de segurança pública, controle e eficiência dos serviços – este último aspecto como princípio norteador da Administração Pública, na letra do art. 37, caput, da Carta Magna.

Deixar o Município de Equador/RN de proceder à regulamentação na prestação de serviço de transporte coletivo de passageiros é omissão inaceitável, mormente quando a atividade pode estar sendo exercida ao alvedrio da Lei – ainda mais aquelas que traçam normas de segurança, como faz a “seção II” do Código de Trânsito Brasileiro2, inteiramente

aplicável ao serviço em epígrafe.

Antes de tudo, os princípios basilares da legalidade (que atribui ao Município o dever de prestar os serviços públicos de interesse local – CF, art. 30 -, diretamente ou mediante delegação, nos moldes da Lei n.º 8.987/95), moralidade (para evitar o benefício exacerbado de determinado particular que disponha de condições para prestar exclusivamente o serviço) e da eficiência (caso o serviço, que carece de regramento básico, esteja sendo exercido de forma insuficiente ou até mesmo não esteja sendo prestado)

2 “Art. 107. Os veículos de aluguel, destinados ao transporte individual

ou coletivo de passageiros, deverão satisfazer, além das exigências previstas neste Código, às condições técnicas e aos requisitos de segurança, higiene e conforto estabelecidos pelo poder competente para autorizar, permitir ou conceder a exploração dessa atividade.”

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impõem ao referido Município à obrigação de disciplinar o serviço público que lhe foi constitucionalmente consignado.

Urge ainda mencionar que embora exista divergência acerca da natureza pública ou privada dos serviços de transportes de passageiros por táxis e mototáxis, é forçoso concluir, por tudo exposto, que a referida atividade não pode ficar desprovida de uma regulamentação mínima, seja através de atos de delegação do serviço – concessão e permissão, caso reconheça a natureza pública destas –; ou por meio do poder de polícia – na hipótese de autorização para o exercício de tal atividade privada3.

Ainda, quando da regulamentação do serviço prestado por mototáxis, será necessário observar a Lei Federal n.º 12.009/09 que traz os requisitos e as condições básicas para o exercício desse serviço, sob pena de usurpação da competência da União para legislar sobre trânsito e transporte, como reiteradamente vem decidindo o Supremo Tribunal Federal.

É que a própria CF, art. 30, V, aduz que cabe ao Município organizar e prestar, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, o serviço público de transporte coletivo; excluindo, pois, o exercício da função legiferante

que ultrapasse a simples regulamentação do que já previsto por regra federal.

Por tudo exposto, conclui-se que todo ato que autorizou particulares ao exercício do serviço de transporte público é nulo e, em suma, trata-se de atividade ilegal, portanto, mister se faz a cessação.

3 Veja-se que o próprio gestor municipal confirmou que o serviço de táxi é

prestado por particulares naquele Município. Além do mais, também ficou constata a existência de lei local criando uma praça de táxi – Lei Municipal n.º 235/88.

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É óbvio que o Ministério Público não pretende provimento jurisdicional que determine ao Réu Município de Equador/RN cessar todo serviço de transporte público. Na verdade, o que se busca é a regulamentação.

Diante do exposto, requer o Ministério

Público do Estado do Rio Grande do Norte:

a) a citação do Réu no endereço indicado quando de sua qualificação para, querendo, contestar os termos desta petição inicial sob pena de revelia;

b) a condenação do Município de Equador em obrigação de fazer consistente na regulamentação, mediante lei, do serviço de transporte coletivo de passageiros por meio de ônibus, táxis e mototáxi, com a devida obediência aos dispositivos constitucionais e infralegais, notadamente o Código de Trânsito (Lei n.º 9.503/97) e a Lei Federal n.º 12.009/09;

c) caso entenda ser conveniente à prestação do supramencionado serviço de forma delegada, em qualquer modalidade, se faz imperioso a realização de licitação prévia, bem como obediência aos demais preceitos da Lei n.º 8.987/95;

d) da mesma forma, é de se observar à necessidade de lei autorizativa para a execução indireta de serviços públicos mediante concessão ou permissão, segundo manda o art. 2º da Lei n.º 9.074/95; assim como a publicação, antes do edital de licitação, de ATO ADMINISTRATIVO específico justificando a conveniência da outorga de concessão ou

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permissão, caracterizando seu objeto, área e prazo, na esteira do art. 5º, da Lei n.º 8.987/95.

Protesta pela produção de todo tipo de provas em direito admitidos, notadamente os documentos que formam o Procedimento Administrativo n.º 001/2009 que instrui este petição inicial.

Dá-se à causa o valor de R$5.000,00 (cinco mil reais).

Parelhas/RN, 19 de agosto de 2010.

Glauco Coutinho Nóbrega. Promotor de Justiça.

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