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14.º SEMINÁRIO REGIONAL DOS MEIOS ECONÓMICOS E SOCIAIS ACP-EU Iaundé, 6 a 8 de julho de 2015

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EESC-2015-03203-00-04-TCD-TRA (FR) 1/11

14.º SEMINÁRIO REGIONAL DOS MEIOS ECONÓMICOS E SOCIAIS ACP-EU

Iaundé, 6 a 8 de julho de 2015

O Comité Económico e Social Europeu (CESE), representante da sociedade civil organizada da União Europeia (UE), organizou o 14.º Seminário Regional dos Meios Económicos e Sociais ACP-UE, em Iaundé, Camarões, de 6 a 8 de julho de 2015, em conformidade com o mandato que lhe foi conferido pelo Acordo de Cotonu. Este encontro reuniu delegados dos meios económicos e sociais da África Central, bem como membros – europeus e oriundos dos países ACP – do Comité de Acompanhamento UE-ACP do CESE. Participaram igualmente neste encontro representantes das instituições europeias e dos países ACP, do corpo diplomático, de organizações socioprofissionais internacionais e regionais, bem como representantes de organizações não governamentais da República dos Camarões, em sentido lato. Os representantes dos meios económicos e sociais ACP-UE adotaram a seguinte declaração:

DECLARAÇÃO FINAL

1. Introdução

1.1 No contexto do Ano Europeu para o Desenvolvimento 2015, da 3.ª conferência de alto nível sobre o financiamento do desenvolvimento, em julho de 2015, da cimeira das Nações Unidas para a adoção de uma agenda de desenvolvimento pós-2015, em setembro, e da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP 21), em novembro/dezembro, os participantes debateram quatro temas essenciais da atualidade: a) uma estratégia global de desenvolvimento sustentável; b) a agenda pós-Cotonu; c) o financiamento do desenvolvimento; d) a orientação do acordo de parceria económica (APE) entre a União Europeia e os países da África Central.

Síntese

Os representantes dos meios económicos e sociais ACP-UE Quanto aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

1. apoiam plenamente os esforços no sentido de criar um quadro de convergência dos ODS assente nos princípios da universalidade e da diferenciação, visando erradicar a pobreza no mundo e promover uma transição à escala mundial para a atenuação do impacto negativo das alterações climáticas, a preservação dos recursos naturais e o desenvolvimento dos modos de produção e de consumo sustentáveis;

2. lamentam que os resultados da realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio na África Subsariana não tenham sido atingidos em todos os países de forma homogénea;

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3. pedem que o papel dos atores económicos e sociais seja inequivocamente reconhecido e eles possam participar em pleno no planeamento, seguimento e avaliação das estratégias destinadas à consecução dos ODS;

Quanto ao financiamento do desenvolvimento

4. frisam que se deve fazer uso de todos os recursos financeiros disponíveis a nível mundial para alcançar os ambiciosos objetivos de desenvolvimento sustentável; solicitam que se pare de desperdiçar os recursos necessários para o desenvolvimento em conflitos militares, e que se desenvolvam políticas específicas para lutar contra a evasão fiscal, a economia informal, a corrupção e as transferências financeiras ilícitas;

5. incentivam à utilização de todas as fontes de financiamento disponíveis, entre as quais: a. a ajuda pública ao desenvolvimento, que se deveria manter em 0,7% do RNB e

concentrar-se nos países menos desenvolvidos;

b. os investimentos diretos estrangeiros para o desenvolvimento, desde que orientados para a consecução dos ODS;

c. os recursos nacionais, num quadro de boa governação fiscal e combate à corrupção; d. o setor privado, através das parcerias público-privadas num quadro de transparência e

de responsabilidade mútua;

6. apoiam as fontes inovadoras de financiamento do desenvolvimento, como o microfinanciamento, o financiamento coletivo («crowdfunding»), o investimento de impacto, as atividades dos fundos de beneficência internacionais, as transferências de poupanças das diásporas para os respetivos países de origem;

Quanto à agenda pós-Cotonu

7. concordam quanto à necessidade de prosseguir as relações entre a União Europeia e os países ACP, tendo na devida conta a heterogeneidade das regiões abrangidas por este último agrupamento, o alargamento da UE e as possibilidades de cooperar sobre temas de interesse global;

8. salientam que o processo de reconfiguração das relações entre a UE e o Grupo dos Estados ACP exige não apenas o compromisso dos governos, mas também uma participação ativa dos intervenientes económicos e sociais, e solicitam, a este respeito, que o papel da sociedade civil seja reconhecido e tido em conta ao longo das negociações e da execução do acordo;

Quanto ao acordo de parceria económica (APE) entre a UE e os países da África Central

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conta a realidade das economias, nomeadamente os interesses do consumidores, a dimensão das empresas e do setor informal, o mercado de trabalho, o ambiente, a erradicação da pobreza, as mulheres, os jovens e os grupos vulneráveis;

10. solicitam às autoridades políticas que tenham em consideração o contexto africano na aplicação das regras do APE, que suprimam os obstáculos técnicos e económicos suscetíveis de entravar o desenvolvimento do comércio intrarregional na África Central e que encontrem mecanismos para compensar as eventuais perdas de receitas fiscais decorrentes da execução do acordo;

11. exortam os intervenientes económicos e sociais da África Central a acompanhar as negociações do APE com conhecimento de causa, a desempenhar um papel de informação e de sensibilização junto dos seus membros e dos cidadãos e a fazer ouvir mais a sua voz nas instâncias competentes. Por sua vez, as autoridades públicas são intimadas a contribuir para a formação dessas organizações em matéria comercial e para o reforço das suas capacidades, nomeadamente definindo medidas específicas para apoiar o empreendedorismo das mulheres e dos jovens.

2. Observações preliminares sobre questões da atualidade

2.1 Quanto à situação atual no Burundi, os participantes:

− condenam o assassinato de membros da oposição e os ataques persistentes a manifestantes, a organizações da sociedade civil e a opositores políticos e sociais, e instam o governo e a oposição a não deixar descarrilar o processo de diálogo que é necessário e urgente para alcançar uma resolução pacífica do conflito e a estabilidade política;

− exortam o Governo a criar as condições adequadas para a realização de eleições credíveis que respeitem as recomendações da União Africana.

2.2 Quanto à segurança marítima no golfo da Guiné, os participantes:

− recomendam que os governos dos países africanos criem mecanismos de coordenação aos níveis regional e internacional para enfrentar eficazmente os desafios da segurança marítima no golfo da Guiné e defendem que os Estados-Membros da UE promovam a cooperação setorial e transfronteiriça de informações pertinentes na criação de uma vigilância marítima integrada. 2.3 Quanto às recentes tragédias humanas no Mediterrâneo, os participantes:

− exortam as instituições da União Europeia e os Estados-Membros a lançar uma operação humanitária de salvamento e acolhimento humanitária em grande escala no mar Mediterrâneo;

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− apelam à concentração de esforços no apoio à pacificação e ao desenvolvimento sustentável dos países a partir dos quais as pessoas são forçadas a migrar, devido a conflitos militares, fome, pobreza, alterações climáticas ou à escassez de oportunidades para uma vida condigna;

− consideram que é essencial ir além de uma abordagem focalizada na segurança para uma verdadeira política comum europeia de asilo e imigração baseada nos princípios fundamentais da proteção dos direitos fundamentais, na solidariedade e na partilha equitativa das responsabilidades;

− instam a UE a reforçar a sua cooperação com os países vizinhos em zonas de conflito, a fim de combater as redes criminosas de tráfico de seres humanos e as causas que levam as pessoas a migrar.

2.4 Quanto à luta contra os movimentos religiosos fundamentalistas na região, os participantes: − condenam firmemente os crimes cometidos em nome da religião por grupos extremistas como o

Boko Haram, em especial contra mulheres e raparigas;

− congratulam-se com os recentes êxitos no combate aos extremismos resultantes da cooperação militar regional entre os governos dos Camarões, do Chade, da Nigéria e do Níger, e afirmam que essa cooperação deve ser mantida e alargada, a fim de criar condições de segurança pública; − exortam as autoridades dos países mais afetados por este fenómeno a investir na luta contra as

causas profundas do fundamentalismo, e em particular nas políticas da educação e do emprego e no combate à pobreza;

− instam outros países a contribuir da melhor forma possível uma vez que os movimentos religiosos fundamentalistas constituem uma ameaça para toda a humanidade e não apenas para os países afetados.

3. Quanto à estratégia global de desenvolvimento pós-2015 com base nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio

Os participantes:

3.1 lamentam que continue a haver disparidades na realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), sobretudo em matéria de redução da pobreza, e lastimam que os resultados na África Subsariana não tenham sido atingidos em todos os países de forma homogénea;

3.2 apoiam plenamente os esforços no sentido de criar um quadro de convergência para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) a fim erradicar a pobreza no mundo e de promover uma transição à escala mundial para a preservação dos recursos naturais e o desenvolvimento de modos de produção e de consumo sustentáveis;

3.3 fazem votos de que as partes cheguem a um resultado positivo na Conferência de Paris sobre as alterações climáticas e apelam às Partes para encetarem uma estreita cooperação neste domínio, com a participação dos atores económicos e sociais;

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3.4 sublinham que os bens públicos mundiais (como o ar, a água, os oceanos, os ecossistemas, o trabalho digno, a proteção social e a segurança alimentar e nutricional) devem ser examinados num quadro concertado global e no âmbito de uma parceria para o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza e apoiados por compromissos internacionais, financiamento adequado e ações a nível nacional;

3.5 fazem notar que, sem uma economia mais sustentável a nível mundial, os países em desenvolvimento poderão não conseguir atingir os ODS, ou sequer assegurar a sua própria sobrevivência, como no caso dos pequenos países insulares em desenvolvimento;

3.6 estão cientes do importante contributo da UE e dos seus Estados-Membros, enquanto principais prestadores de ajuda ao desenvolvimento a nível mundial, para ajudar os países ACP a continuar a progredir no seu desenvolvimento sustentável, mas solicitam que este esforço seja aprofundado e, sobretudo, mais bem orientado, a fim de dar resposta às necessidades específicas de cada país;

3.7 insistem em que a implementação de um quadro universal para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável deve permitir uma diferenciação que tome em conta as especificidades de cada região e país;

3.8 reconhecem que deve ser usada uma grande diversidade de meios de implementação dos ODS, incluindo recursos internos, a ajuda ao desenvolvimento e o financiamento deste, o comércio, o setor privado, o desenvolvimento de capacidades e a cooperação tecnológica, e reclamam esforços concertados no quadro da nova parceria mundial em todos estes domínios; 3.9 recomendam que cada país implemente uma estratégia inclusiva de desenvolvimento, pela

qual as mulheres e os jovens sejam plenamente integrados no processo, que trabalhe em prol da economia formal e da criação de emprego digno, tendo em conta o seu nível à partida e contribuindo, deste modo, para realizar os objetivos comuns de desenvolvimento sustentável; 3.10 recordam que os investimentos na agricultura, tanto públicos como privados, a maior parte

dos quais provém dos pequenos agricultores, desempenham um papel fundamental na redução da pobreza e da subnutrição, na segurança dos alimentos, na criação de novos postos de trabalho e na promoção do desenvolvimento rural;

3.11 recordam que o reforço e a diversificação do setor privado, e em especial das micro, pequenas e médias empresas (PME), bem como a criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo, se revestem de uma importância capital para o desenvolvimento sustentável, o desenvolvimento de um tecido económico de base, a criação de empregos dignos e, portanto, para a redução da pobreza;

3.12 recomendam que sejam melhoradas as condições de segurança dos indivíduos e das empresas a fim de garantir a livre participação dos cidadãos, de atrair o investimento, de reduzir a

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burocracia, de simplificar as regulamentações excessivamente complexas, bem como de aumentar as garantias jurídicas e judiciais necessárias à atividade económica e à formalização e à redução do setor informal;

3.13 sublinham a necessidade de promover políticas que promovam a investigação e a inovação a fim de adaptar os bens, serviços e infraestruturas às necessidades dos consumidores africanos e de abrir as suas possibilidades financeiras (incluindo ações de microfinanciamento) para a criação e financiamento de empresas. A questão da formalização da economia informal também deve ser visada por estas políticas;

3.14 salientam que a negociação, a implementação e a avaliação dos ODS implicarão, para além do empenho contínuo dos governos, uma participação ativa e em força dos intervenientes económicos e sociais aos níveis local, nacional e internacional;

3.15 solicitam que os agentes económicos e sociais participem e que o seu papel seja plenamente reconhecido na planificação, no acompanhamento e na avaliação das estratégias destinadas a cumprir os ODS;

3.16 sublinham que os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio permitiram que certas organizações de países em desenvolvimento consolidassem a sua posição de atores ou interrogassem os seus governos acerca das opções tomadas em termos de despesa pública e insistem para que possam assumir as suas funções em matéria de governação e de combate à corrupção a fim de que a sociedade civil se aproprie cada vez mais das estratégias nacionais de desenvolvimento;

3.17 destacam a importância da componente dos direitos humanos universais, incluindo os direitos económicos, sociais e culturais, nomeadamente os direitos dos grupos vulneráveis como, por exemplo, os deficientes, na elaboração da futura estratégia global de desenvolvimento pós-2015, dimensão que consideram indispensável à criação de sociedades abertas, dinâmicas e inclusivas;

3.18 salientam que a inclusão das mulheres a todos os níveis no processo de tomada de decisão aumenta a transparência e diminui a corrupção, e, tal como sublinhado na reunião do G7 em junho, a emancipação das mulheres deve ser uma prioridade a fim de lograr economias sustentáveis e um crescimento equilibrado;

3.19 frisam a importância da integração dos jovens no mercado de trabalho e nos processos de tomada de decisão, com a dupla finalidade de lutar contra a elevada taxa de desemprego juvenil e como meio de demonstrar as suas responsabilidades no futuro dos seus países. A sua voz tem de ser tida em conta para assegurar a sustentabilidade a longo prazo;

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3.20 consideram que a relação entre a educação (incluindo o ensino técnico, a educação não formal e a formação profissional) e o emprego deve ser reforçada de modo a obter uma mão de obra flexível em termos de empregabilidade, diversificada e de boa qualidade e a facilitar assim qualquer estratégia de desenvolvimento;

3.21 sublinham a importância de reforçar a cooperação global entre os Estados para implementar políticas eficazes contra as alterações climáticas.

4. Quanto ao financiamento do desenvolvimento

Os participantes:

4.1 sublinham que a definição das necessidades de desenvolvimento deve ser uma responsabilidade partilhada entre os poderes públicos e os atores económicos e sociais e não imposta pelos doadores. Os atores económicos e sociais devem ser apoiados por financiamentos e programas de reforço das capacidades que apoiem a aplicação das propostas identificadas para dar resposta aos desafios que enfrenta, em conjugação com os doadores internacionais, e não o inverso;

4.2 frisam que se deve fazer uso de todos os recursos financeiros disponíveis a nível mundial para alcançar os ambiciosos objetivos de desenvolvimento sustentável; solicitam que se pare de desperdiçar os recursos necessários para o desenvolvimento em conflitos militares, e que se desenvolvam políticas específicas para lutar contra a evasão fiscal, a economia informal, a corrupção e as transferências financeiras ilícitas;

4.3 insistem em que a ajuda pública ao desenvolvimento (APD) continue a focalizar-se na luta contra a pobreza, em função das prioridades nacionais, e a ser destinada em especial aos países menos desenvolvidos e aos países vulneráveis. A expectativa de um acordo internacional sobre os ODS não deve adiar ou reduzir os compromissos de ajuda financeira já assumidos pelos países desenvolvidos;

4.4 solicitam à UE que reitere o seu compromisso de conceder uma APD total equivalente a 0,7% do rendimento nacional bruto (RNB) e de consagrar 0,15 a 0,20% aos países menos avançados. Este compromisso deve estar associado à exigência de regularidade, racionalidade e eficácia na utilização da ajuda ao desenvolvimento, em conformidade com os princípios acordados em Busan;

4.5 consideram que, seis anos após a crise alimentar mundial, são necessários, mais do que nunca, meios adequados para assegurar uma agricultura mais estruturada, orientada para a segurança alimentar, produtiva e regulamentada;

4.6 salientam que a plena utilização dos recursos nacionais implica uma melhoria da governação fiscal, um combate decidido à corrupção, a integração do setor informal na economia formal e

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a celebração de um acordo internacional sobre a luta contra a evasão fiscal, os paraísos fiscais e os fluxos financeiros ilícitos, e para a adoção de medidas destinadas a repatriar fundos desviados ilicitamente;

4.7 reiteram a importância de colocar os direitos dos trabalhadores, a proibição do trabalho infantil e o diálogo social entre as prioridades conjuntas em matéria de desenvolvimento, uma vez que se trata de um instrumento importante para manter a indispensável paz social mediante a ponderação equilibrada dos interesses dos parceiros sociais;

4.8 apoiam a participação do setor privado na realização de projetos à partida inviáveis de um ponto de vista comercial, com recurso às parcerias público-privadas. O êxito da sua realização assenta na criação de um ambiente empresarial favorável e também no respeito dos princípios da sustentabilidade, da transparência, do emprego digno e da responsabilidade partilhada, bem como em compromissos vinculativos;

4.9 reconhecem o contributo que os investimentos diretos estrangeiros podem dar para o desenvolvimento, desde que orientados para a consecução dos ODS. O retorno de investimentos diretos estrangeiros deve ser prioritariamente reinvestido nos países em que foram realizados esses investimentos. Os países beneficiários devem elaborar uma estratégia de investimento clara. Importa igualmente convencer os Estados investidores da necessidade de os seus investimentos terem em conta os princípios do desenvolvimento sustentável; 4.10 apoiam as fontes inovadoras de financiamento do desenvolvimento, como o

microfinanciamento, o financiamento coletivo, o investimento de impacto, as atividades dos fundos de beneficência internacionais e as transferências de poupanças das diásporas para os respetivos países de origem;

4.11 reiteram a necessidade de apoiar sistematicamente a criação e o acompanhamento de um sistema de controlo dos processos da ajuda ao desenvolvimento, ou a sua melhoria, com a participação direta dos atores económicos e sociais dos países implicados.

5. Quanto à agenda pós-Cotonu

Os participantes:

5.1 lamentam a decisão das partes do Acordo de Cotonu de não empreender uma terceira revisão quinquenal do acordo em 2015 e de suspender até ao presente a importância da questão de reconfiguração das relações entre a UE e o Grupo dos Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico (Grupo ACP) após o termo do referido acordo em 2020;

5.2 concordam com a necessidade de prosseguir as relações entre a União Europeia e os países ACP, tendo na devida conta a heterogeneidade das regiões abrangidas por este último agrupamento, o alargamento da UE e as possibilidades de cooperar sobre temas de interesse

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global como as alterações climáticas, a educação, a saúde e o apoio à criação de emprego digno para as PME e a uma melhor integração regional;

5.3 congratulam-se com o lançamento do processo de reflexão que o grupo de países ACP iniciou sobre o seu próprio futuro e sobre o cenário pós-Cotonu com a Declaração de Sipopo, adotada em 2012, que expressa a ambição de reajustar as linhas de ação do grupo para favorecer a expansão da cooperação Sul-Sul;

5.4 acolhem favoravelmente o relatório intercalar apresentado pelo Grupo de Personalidades Eminentes ao Conselho de Ministros ACP em junho de 2014, destacando as primeiras conclusões, a saber: 1) a necessidade de um empenho político ao mais alto nível, que só será possível se a coesão do grupo assentar em interesses comuns; 2) a perceção de uma forte vontade política de manter o Grupo ACP, reinventando-o embora e centrando a sua ação em alguns domínios chave; e 3) a forte vontade de apresentar objetivos realistas, viáveis e acessíveis;

5.5 aplaudem o anúncio pelo comissário europeu responsável pelo Desenvolvimento do lançamento iminente de uma ampla consulta sobre o quadro de ação pós-Cotonu, embora afirmando que a UE continuará a sua parceria com os países ACP, e em especial com a África;

5.6 salientam que o processo de reconfiguração das relações entre a UE e o Grupo dos Estados ACP exige não apenas o compromisso dos governos, mas também uma participação ativa dos intervenientes económicos e sociais, assim como o reforço das suas capacidades, e solicitam, a este respeito, que o papel destes intervenientes seja reconhecido e tido em conta ao longo das negociações e da execução do acordo.

6. Quanto ao Acordo de Parceria Económica (APE) entre a UE e os países da África Central

Os participantes:

6.1 recomendam que a região da África Central tome nota dos ensinamentos retirados da execução do Acordo de Parceria Económica CARIFORUM-UE e que os seus países se empenhem na execução do APE;

6.2 apelam para que as autoridades da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) avaliem as experiências positivas e negativas obtidas com as negociações já concluídas e associem os intervenientes económicos e sociais ao acompanhamento das negociações atualmente em curso;

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6.3 lamentam a lentidão das negociações e exortam as autoridades competentes da UE e da África Central a avançar nas negociações para além de um acordo provisório bilateral para chegar a um APE que seja benéfico para todas as populações;

6.4 insistem na necessidade de dispor de avaliações do impacto na sustentabilidade, tendo em conta a realidade das economias, nomeadamente os interesses dos consumidores, a dimensão das empresas e do setor informal, o mercado de trabalho, o ambiente, a erradicação da pobreza, as mulheres, os jovens e os grupos vulneráveis.

6.5 recomendam o reforço das infraestruturas de base e da integração regional e, em particular, a concretização da livre circulação de bens e pessoas;

6.6 solicitam às autoridades políticas que tenham em conta o contexto africano na aplicação das regras dos APE, suprimam os obstáculos técnicos e económicos suscetíveis de entravar o desenvolvimento do comércio intrarregional na África Central, e encontrem mecanismos para compensar as eventuais perdas de receitas fiscais resultantes da execução do acordo;

6.7 lembram às equipas de negociadores do APE que importa encontrar um equilíbrio entre as dimensões económica, social e ambiental desse acordo, a fim de contribuir para a redução da pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável a nível mundial, e reiteram, a esse propósito, a necessidade de o acordo incluir um capítulo especificamente consagrado ao desenvolvimento sustentável;

6.8 instam a UE e as autoridades dos países da África Central a intensificarem a sua cooperação com vista a limitar, em cooperação com representantes dos intervenientes económicos e sociais, o impacto negativo que a entrada em vigor do APE pode ter nos produtores locais nos países da África Central;

6.9 encorajam a criação de mecanismos para a participação dos intervenientes económicos e sociais no acompanhamento das negociações e na execução dos APE tal como estabelecido no Acordo de Cotonu, que define, no seu artigo 2.º, a participação dos intervenientes não estatais como um princípio fundamental da cooperação entre a União Europeia e os países ACP;

6.10 exortam os intervenientes económicos e sociais da África Central a acompanhar as negociações do APE com conhecimento de causa, a reforçar a cooperação transfronteiriça, a desempenhar um papel de informação e de sensibilização junto dos seus membros e dos cidadãos e a fazer ouvir mais a sua voz nas instâncias competentes. Por sua vez, as autoridades públicas são intimadas a contribuir para a formação dessas organizações em matéria comercial e para o reforço das suas capacidades, incluindo a definição de medidas específicas para apoiar o empreendedorismo das mulheres e dos jovens.

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