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ARQUIVO ASSINADO DIGITALMENTE POR: SARAH OLIVEIRA CERVANTES EM 06/07/ :50:23

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Academic year: 2021

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Parecer nº 128/2020

Interessado: Presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas;

Assunto: Consulta formulada a respeito do prosseguimento do processo de

impeachment do Governador e Vice-Governador do Estado do Amazonas por crime de responsabilidade, a partir da decisão do Pleno do TJ/AM, nos autos da ADI nº. 4002725-08.2020.8.04.0000.

I - RELATÓRIO

Trata-se de consulta formulada pelo Exmo. Presidente da ALEAM a respeito do prosseguimento do processo de impeachment do Governador e Vice-governador do Estado do Amazonas por crime de responsabilidade que lhes estão sendo imputados em denúncias apresentadas a esta Casa Legislativa, e já objeto de recebimento por parte da Presidência, na forma do art. 19 da Lei 1.079/1950, a partir da decisão do Pleno do TJ/AM, nos autos da ADI nº. 4002725-08.2020.8.04.0000.

É o relatório.

II - FUNDAMENTAÇÃO

No dia 13 de maio do corrente ano, nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 4002725-08.2020.8.04.0000, o Exmo. Relator da ação, Desembargador Wellington José de Araújo, concedeu liminarmente medida cautelar,

ad referendum do Pleno, suspendendo a eficácia dos arts. 21, XI, 51, I, “e”, 170, II, 176,

177, 178 e 179 do Regimento Interno da ALEAM, bem como eventuais processos por crime de responsabilidade que se baseassem nos mencionados dispositivos regimentais. Eis a parte dispositiva da citada decisão liminar:

Ante o exposto, DEFIRO a medida cautelar, ad referendum do Tribunal Pleno, para suspender a eficácia dos arts. 21, inciso XI, 51, inciso I, alínea “e”, 170, inciso II, 176, 177, 178 e 179 da Resolução Legislativa n° 469/2010 (Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado

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processos administrativos e/ou judiciais por crime de responsabilidade que tenham como base os referidos dispositivos do Regimento Interno. (grifamos)

A Assembleia Legislativa do Amazonas, no dia 15 de maio, atravessou petição nos autos da ADI esclarecendo que a citada decisão não alcançava nenhum processo por crime de responsabilidade em curso no âmbito do Poder Legislativo amazonense, tendo em vista que os processos por crime de responsabilidade instaurados em face do Governador e Vice-governador do Estado não se fundamentavam em nenhuma norma estadual, seja regimental, legal ou constitucional.

É de bom alvitre transcrever alguns trechos desta petição, in verbis:

Cumpre esclarecer a esta egrégia Corte de Justiça que não existe no âmbito do Poder Legislativo qualquer processo por crime de responsabilidade em curso, seja contra o Governador do Estado, seja contra o Vice-governador, que se fundamente em qualquer espécie normativa emanada do Estado do Amazonas, seja o Regimento Interno da ALEAM, sejam leis ou a própria Constituição estadual.

Desta feita, a decisão monocrática proferida nos autos desta Ação Direta de Inconstitucionalidade, que suspendeu a eficácia de diversos dispositivos do Regimento Interno da ALEAM (arts. 21, XI, 51, I, “e”, 170, II, 176, 177, 178 e 179), não alcança nenhum processo de crime de responsabilidade em trâmite na Assembleia Legislativa do Amazonas.

Com efeito, a inicial da ação incorreu em má-fé quando faz juntada aos autos de cópia de todas as peças dos dois processos instaurados no âmbito da Assembleia Legislativa do Amazonas por crime de responsabilidade, um em face do Governador do Estado e outro em face do Vice-Governador, quais sejam, as Denúncias de n° 3 e 4, respectivamente, subtraindo desta juntada, todavia, a cópia da primeira decisão da lavra do Presidente da ALEAM que analisou ambas as denúncias, determinando a emenda das iniciais correspondentes, para fins de se adequarem às exigências do art. 76 da Lei 1.079/1950.

Nessa decisão o Exmo. Presidente é enfático ao assentar que “o processo por crime de responsabilidade deve observar os termos da

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Lei Federal 1.079/1950, tanto no seu aspecto material como no processual, conforme assentando pela Procuradoria-Geral desta Casa

Legislativa em parecer proferido sobre denúncia recente de crimes de responsabilidade”. (grifamos)

Os fundamentos dessa augusta decisão que segue anexa são no mesmo sentido daqueles encampados pela decisão de Vossa Excelência, donde também se afirma a inconstitucionalidade de normas estaduais, sejam de que espécies forem, que disponham sobre o processo por crime de responsabilidade a ser instaurados no âmbito do Estado do Amazonas, razão pela qual as mesmas foram solenemente ignoradas na instauração e no processamento das denúncias juntadas aos autos.

Como se constará em seguida, os fundamentos e a parte dispositiva da decisão de Vossa Excelência, longe de dissentir do conteúdo de qualquer decisão ou ato praticado no seio dos processos de impeachment em curso na ALEAM, confortam e enaltecem a higidez e a lisura jurídicas destes feitos, constituindo-se em qualificadíssimo endosso do acerto dos atos processuais neles praticados.

Eis o inteiro teor da fundamentação apresentada pelo Exmo. Presidente da ALEAM, que integrou as decisões preparatórias de recebimento das denúncias feitas em face do Governador e Vice-Governador do Amazonas:

[...]

Vale registrar que essa mesma fundamentação integrou tanto o teor da decisão proferida nos autos da Denúncia n° 3, apresentada em face do Governador do Estado do Amazonas, como também da Denúncia de n° 4, apresentada em face do Vice-governador.

Como podemos constatar, os fundamentos de ambas decisões do Presidente da ALEAM se conciliam e harmonizam com os fundamentos da decisão proferida pelo eminente relator nestes autos, e até mesmo com grande parte dos argumentos sustentados na inicial.

Também, aproveitou-se o ensejo para fazer-se juntada, aos autos da ADI, do Parecer n° 96/2020 desta Procuradoria-Geral, sobre o rito processual a ser observado no processo de impeachment, cuja fundamentação reafirma a impossibilidade de

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aplicação de normas estaduais, ainda que da Constituição do Estado, assentando a observância do processo estabelecido na Lei 1.079/1950, com a aplicação subsidiária do CPP e das questões decidas na ADPF 378/DF.

Eis a parte conclusiva deste parecer:

Por todo o exposto, como relação ao rito a ser observado no processo por crime de responsabilidade no âmbito estadual, notadamente no que toca à competência da Assembleia Legislativa do Estado, assento as seguintes ilações:

1) Não pode ser aplicado ao rito processual nenhuma norma de

origem estadual, sejam de que espécie legislativa for (constitucional, legal, regimental ou de resolução específica),

tendo em vista a competência legislativa exclusiva da União para legislar sobre crime de responsabilidade, tanto no aspecto material como no processual, conforme a súmula vinculante 46 do STF; (grifamos)

2) O processo por crime de responsabilidade é estabelecido pela

lei especial federal de que trata o art. 85, parágrafo único, da Constituição da República, a qual consiste na Lei 1.079/1950, assim

recepcionada, em grande parte, pela ordem constitucional vigente; (grifamos)

3) A competência processual da Assembleia Legislativa está fixada

no art. 77 da Lei 1.079/1950, competindo-lhe às fases de

admissibilidade da denúncia (julgá-la objeto de deliberação) e pronúncia dos acusados (decretação da acusação/procedência

imprópria da denúncia); (grifamos)

4) Consoante o que estabelecido no art. 78, § 3°, primeira parte,

da Lei 1.079/1950, devem ser aplicadas ao processo dos crimes de responsabilidade no âmbito dos Estados as normas previstas na própria Lei 1.079/1950, que são aquelas contidas nos arts. 19 a 23 com relação às fases de admissibilidade da denúncia (arts. 19 a 22, caput) e pronúncia dos acusados (arts. 22, § 1°, a 23), no que toca à competência da Assembleia Legislativa prevista no art. 77; (grifamos)

5) A competência das Assembleias Legislativas prevista na Lei 1.079/1950 (art. 77) não foi derrogada pelas alterações introduzidas pela Constituição de 1988 com relação às competências das Câmara dos Deputados (art. 51, I) e do Senado Federal (art. 52, I) no

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processo por crime de responsabilidade, conforme assentado pelo STF no julgamento da ADI 1.628-8/SC;

6) Devem ser compulsoriamente observadas, no que compatível com o rito processual definido pela Lei 1.079/1950 no âmbito estadual, as questões incidentais decididas no julgamento da ADPF 378/DF, cujos títulos dos tópicos da ementa destacamos:

4. NÃO É POSSÍVEL A APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS OU CHAPAS AVULSAS PARA FORMAÇÃO DA COMISSÃO ESPECIAL (CAUTELAR INCIDENTAL): [...]

5. A VOTAÇÃO PARA FORMAÇÃO DA COMISSÃO ESPECIAL SOMENTE PODE SE DAR POR VOTO ABERTO (CAUTELAR INCIDENTAL): [...]

IV. MÉRITO: [...]

1. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DAS HIPÓTESES DE IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO AO PRESIDENTE DA CÂMARA: [...]

2. NÃO HÁ DIREITO À DEFESA PRÉVIA: [...]

3. A PROPORCIONALIDADE NA FORMAÇÃO DA COMISSÃO ESPECIAL PODE SER AFERIDA EM RELAÇÃO A BLOCOS: [...] 4. OS SENADORES NÃO PRECISAM SE APARTAR DA FUNÇÃO ACUSATÓRIA: [...]

5. É POSSÍVEL A APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DOS REGIMENTOS INTERNOS DA CÂMARA E DO SENADO: [...]

6. A DEFESA TEM DIREITO DE SE MANIFESTAR APÓS A ACUSAÇÃO: [...]

7. O INTERROGATÓRIO DEVE SER O ATO FINAL DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA: [...]

7) Embora a ADPF 378/DF seja categórica em assentar que não há direito a defesa prévia antes da decisão do Presidente da Casa Legislativa processante, que recebe a denúncia com base no art. 19 da Lei 1.079/1950, foi acetada as decisões exaradas em ambos os autos pelo Exmo. Presidente da ALEAM, nas quais foi assegurado aos denunciados o direito à defesa prévia, aplicando-se subsidiariamente o art. 396 do CPP, c/c art. 38 e 79 da Lei 1.079/1950, em homenagem ao princípio do contraditório e ampla defesa (art. 5°, LV, da CR/88).

8) Ressaltar a competência do tribunal misto previsto no art. 78, §

3°, da Lei 1.079/1950, composto por 5 Deputados Estaduais e 5

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caso seja decretada a pronúncia dos denunciados no âmbito da ALEAM, por 2/3 dos seus membros.

Por fim, com base nessas conclusões, apresento a proposta anexa do fluxograma do rito processual a ser observado no âmbito da Assembleia Legislativa no processo de impeachment, sistematizada em um “passo a passo”, para facilitar a orientação dos trabalhos desta Casa Legislativa.

Anexo a esse parecer solicitado pelo Presidente da ALEAM, seguiu a orientação da Procuradoria-Geral sobre o rito processual estabelecido pela Lei. 1.079/1950, organizado de forma pedagógica em um “passo a passo”, pelo qual mais uma vez se comprovou nos autos da ADI que nenhuma norma de origem estadual, notadamente o Regimento Interno da ALEAM, está sendo empregada no processamento das denúncias por crime de responsabilidade apresentadas em face do Governador e Vice-governador do Amazonas.

Eis o rito processual nesse anexo:

RITO DE IMPEACHMENT DEFINIDO NA LEI FEDERAL 1.079/1950 1º PASSO: RECEBIMENTO DA DENÚNCIA

- Recebida a denúncia pelo Presidente da ALEAM, será lida no expediente da sessão seguinte e despachada a uma comissão especial, que deverá ser eleita posteriormente pelo plenário (art. 19,

primeira parte, da Lei 1.079/1950).

2º PASSO: ELEIÇÃO DA COMISSÃO ESPECIAL

- O Plenário deve eleger, por maioria simples, os membros da comissão especial, da qual devem participar, observada a respectiva proporção, representantes de todos os partidos ou blocos partidários

(art. 19, parte final, da Lei 1.079/1950) (Quórum estabelecido na ADPF 378/DF).

- Os representantes dos partidos políticos a serem submetidos à

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de partido ou de bloco partidário, em votação aberta, vedada candidaturas avulsas, conforme decidiu o STF na ADPF 378/DF.

- Proporcionalidade conforme as bancadas existentes na ALEAM

1. MDB/PTB/PSC/DEM (4 deputados no bloco, 3 na comissão) 2. PRTB/PSL/PATRIOTA/PSDB/REPUBLICANOS (6 deputados no bloco, 5 na comissão)

3. PROGRESSISTAS (3 deputados no bloco, 2 na comissão) 4. PODEMOS (3 deputados no bloco, 2 na comissão) 5. PL (2 deputados no bloco, 1 na comissão)

6. PV/PSD (2 deputados no bloco, 1 na comissão) exclui-se o Dep. Nicolau, que está licenciado

7. PSB/PT/PDT (3 deputados no bloco, 2 na comissão) *Não há previsão de suplentes nesta comissão

3º PASSO: ELEIÇÃO DO PRESIDENTE E RELATOR DA COMISSÃO

- A comissão especial se reunirá dentro de 48 horas para eleger seu presidente e relator, dentre seus membros (art. 20, primeira parte,

da Lei 1.079/1950).

4° PASSO: APRESENTAÇÃO DE DEFESA PRÉVIA PELOS DENUNCIADOS

- Os denunciados devem apresentar, no prazo de 10 dias, defesa prévia antes do parecer da comissão especial sobre a admissibilidade da denúncia, observando-se subsidiariamente o art. 396 do CPP, na forma dos arts. 38 e 79 da Lei 1.079/1950, a fim de atender os postulados do princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa (art. 5°, LV, da CR/88).

5º PASSO: ELABORAÇÃO DO PARECER SOBRE A ADMISSIBILIDADE DA DENÚNCIA

- Depois de eleitos presidente e relator, a comissão especial emitirá parecer, dentro do prazo de 10 (dez) dias, sobre se a denúncia deve ser ou não julgada objeto de deliberação (admissibilidade) (art. 20,

segunda parte, da Lei 1.079/1950).

- Dentro desse período poderá a comissão proceder às diligências que julgar necessárias ao esclarecimento da denúncia (art. 20, parte final,

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6º PASSO: PUBLICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO PARECER

- O parecer da comissão especial será lido no expediente em sessão da ALEAM e publicado integralmente no seu diário eletrônico, juntamente com a denúncia, devendo as publicações ser distribuídas a todos os deputados (art. 20, § 1°, da Lei 1.079/1950).

7º PASSO: DISCUSSÃO DO PARECER EM PLENÁRIO

- 48 horas após a publicação oficial do parecer da comissão especial sobre a admissibilidade da denúncia, será o mesmo incluído, em primeiro lugar, na ordem do dia da ALEAM, para uma discussão única

(art. 20, § 2°, da Lei 1.079/1950).

- 5 (cinco) representantes de cada partido ou bloco partidário (quando houver ou até o limite de integrantes) poderão falar, durante uma hora, sobre o parecer, ressalvado ao relator da comissão especial o direito de responder a cada um (art. 21 da Lei 1.079/1950).

OBS: Ressalta-se que tanto o número de representantes de cada legenda ou bloco, como o tempo de pronunciamento de cada um deles podem ser diminuídos mediante acordo do colégio de líderes.

8º PASSO: DELIBERAÇÃO SOBRE ADMISSIBILIDADE DA DENÚNCIA EM PLENÁRIO

- Encerrada a discussão do parecer, e submetido o mesmo a votação nominal aberta, será a denúncia, com os documentos que a instruam, arquivada, se não for considerada objeto de deliberação (rejeitada). Caso contrário, ter-se-á por recebida (art. 22, caput, primeira parte,

da Lei 1.079/1950).

- O quórum para deliberação nessa assentada é de maioria simples, conforme decidiu o STF na ADPF 378.

9° PASSO: CONTESTAÇÃO DOS DENUNCIADOS

- Em caso de admissão, os denunciados terão o prazo de 20 (vinte)

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pretendem demonstrar a verdade do que alegarem em proveito das respectivas defesas. (art. 22, caput, segunda parte, da Lei

1.079/1950).

10º PASSO: FASE DE INSTRUÇÃO PROBATÓRIA

- Findo o prazo para apresentação de contestação, com ou sem ela, a comissão especial determinará as diligências requeridas, ou que julgar convenientes, e realizará as sessões necessárias para a tomada do depoimento das testemunhas de acusação e defesa, podendo ouvir os denunciantes e os denunciados, que deverão se fazer assistir por procurador, e participar de todas as audiências e diligências realizadas pela comissão, interrogando e contestando as testemunhas e requerendo a reinquirição ou acareação das mesmas. (art. 22, § 1°,

da Lei 1.079/1950).

- O interrogatório dos denunciados deverá encerrar a instrução e, de regra, a defesa deverá se pronunciar depois da acusação, conforme estabelecido pelo STF na ADPF 378/DF.

11º PASSO: PARECER SOBRE A PRONÚNCIA DOS DENUNCIADOS

- Finda a instrução, a comissão especial proferirá, no prazo de 10 (dez) dias, parecer sobre a procedência ou improcedência das denúncias, correspondente à pronúncia dos acusados (art. 22, § 2°,

da Lei 1.079/1950).

12º PASSO: PUBLICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO PARECER

- O parecer da comissão especial sobre a pronúncia será lido no expediente da sessão ordinária da ALEAM e publicado integralmente no seu diário eletrônico, devendo a publicação ser distribuída a todos os Deputados (art. 22, § 3°, primeira parte, da Lei 1.079/1950).

13º PASSO: DISCUSSÃO DO PARECER EM PLENÁRIO

- O parecer sobre a pronúncia dos denunciados será incluído na ordem do dia da sessão ordinária imediata para ser submetido a 2 (duas) discussões, com o interregno de 48 horas entre uma e outra

(art. 22, § 3°, segunda parte, da Lei 1.079/1950).

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- Nas discussões do parecer sobre a procedência ou improcedência das denúncias (juízo de pronúncia), cada representante de partido ou bloco poderá falar uma só vez e durante uma hora. Eventuais questões de ordem devem ser resolvidas em discussão e votação única, bem com os encaminhamentos de votações devem ser feitos nesta fase de discussão (art. 22, § 4°, da Lei 1.079/1950).

OBS: Ressalta-se que esse tempo de pronunciamento de cada um representante pode ser diminuído mediante acordo do colégio de líderes.

14º PASSO: DELIBERAÇÃO SOBRE A PRONÚNCIA DO DENUNCIADO EM PLENÁRIO

- Encerrada a discussão do parecer, será o mesmo submetido à votação nominal e aberta, não sendo permitidas, então, questões de ordem, nem encaminhamento de votação (art. 23, caput, da Lei

1.079/1950).

Se a deliberação do plenário for pela procedência das denúncias, considerar-se-ão decretadas as acusações pela ALEAM, ressaltando que o quórum qualificado para esse fim é de 2/3 (dois terços) dos Deputados estaduais (art. 23, § 1°, da Lei 1.079/1950) (Quórum

previsto no art. 52, par. único, da Constituição da República, conforme decidido pelo STF na ADI 1.628-8/SC).

- Caso não seja alcançado esse quórum qualificado, serão consideradas improcedentes as denúncias e impronunciados os acusados, arquivando-se os autos.

15º PASSO: DOS EFEITOS DA DECISÃO DE PRONÚNCIA

- São efeitos imediatos do decreto da acusação dos denunciados a suspensão do exercício das suas funções, com afastamento dos cargos, e redução da metade dos seus subsídios, até julgamento final pelo tribunal especial (art. 23, §5°, e art. 77 da Lei 1.079/1950).

16º PASSO: DA INTIMAÇÃO DOS DENUNCIADOS

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- Decretadas ou não as acusações dos denunciados, serão os mesmos intimados imediatamente pela Mesa Diretora, por intermédio de ato praticado pelo 1º Secretário (art. 23, § 2°, da Lei 1.079/1950).

17° PASSO: DOS ATOS SUBSEQUENTES

- Em caso de decretação da acusação dos acusados por 2/3 dos membros da ALEAM, far-se-á remessa dos autos ao Tribunal Especial definido no § 3º do art. 78 da Lei 1.079/50, a ser composto por 5 deputados estaduais eleitos pelo plenário da ALEAM e 5 desembargadores, estes escolhidos por sorteio no Pleno do TJ/AM, cujas reuniões serão presididas pelo presidente do TJ/AM, que só terá direito a voto em caso de desempate (art. 78, § 3°, da Lei

1.079/1950).

Após todas essas colocações nos autos da ADI, comprovadas por cópias dos respectivos documentos juntadas aos autos judiciais, demonstrou-se categoricamente a impossibilidade fática de enquadramento desses processos à fundamentação, bem como à parte dispositiva da decisão liminar acima transcrita.

No dia 26 de maio de 2020 a liminar deferida nos autos da ADI foi levada ao referendo do Pleno do TJ/AM, oportunidade na qual a Procuradoria-Geral da ALEAM realizou sustentação oral defendendo que não apresentava qualquer objeção à ratificação da liminar proferida pelo eminente relator, uma vez que a própria ALEAM já havia afirmado a inconstitucionalidade de qualquer norma estadual que disponha sobre o processo de impeachment, postulando-se, porém, que fosse feita a ressalva pela Corte de que a decisão liminar não alcançava os processos por crime de responsabilidade em curso contra o Governador e Vice-Governador do Estado.

Após os debates na sessão plenária, a medida liminar proferida na ADI fora referenda pela Corte por maioria de votos, constando, contudo, a ressalva sobre a possibilidade do prosseguimento dos processos por crime de responsabilidade com supedâneo na Lei Federal 1.079/1950, o que se comprovou robustamente ser

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exatamente o caso dos processos em curso da ALEAM contra o Governador e Vice-Governador do Estado.

Eis a ementa do acórdão:

EMENTA: REFERENDO EM MEDIDA CAUTELAR. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL. CRIMES DE RESPONSABILIDADE. DIREITO PENAL E PROCESSUAL. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO. REGIMENTO INTERNO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA VINCULANTE 46 DO STF. ADI N° 4.771/AM. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE COM REDUÇÃO PARCIAL DE TEXTO. INADEQUAÇÃO DA NORMA INFRALEGAL. VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS DA MEDIDA CAUTELAR. DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR. POSSIBILIDADE. REFENDO DO PLENÁRIO. PRIMEIRA SESSÃO SUBSEQUENTE. MANUTENÇÃO DA DECISÃO.

1 - A despeito da imposição legal de observância da cláusula de reserva de plenário para a concessão da medida cautelar, além da prévia oitiva das partes, o próprio Supremo Tribunal Federal, com base no poder geral de cautela e considerando a impossibilidade de o legislador prever todas as hipóteses concretas de urgência postas à apreciação judicial, vem acolhendo a possibilidade do Relator decidir monocrática e liminarmente as medidas cautelares em controle concentrado, exceto nos períodos de recesso forense e férias, e desde que haja eminente potencialidade lesiva no caso de manutenção da norma. Possibilidade de contraditório diferido. Precedentes do STF e TJAM citados.

2 - A urgência na apreciação do caso se justifica pela atual vigência e consequente eficácia normativa do Regimento Interno da Assembleia Legislativa na condução dos trabalhos do Poder Legislativo em matéria de crimes de responsabilidade, em franco desrespeito à decisão do Supremo Tribunal Federal na ADI n° 4.771/AM, relatada pelo E. Min. Luiz Edson Fachin, em que o Ministro concluiu, monocraticamente e com base em diversos precedentes vinculantes, pela inconstitucionalidade com redução parcial de texto dos arts. 28, inciso XXI, e 56 da CEAM.

3 - O enunciado da Súmula Vinculante nº 46 do STF não deixa dúvidas quanto ao entendimento consolidado de que a previsão das condutas típicas configuradoras do crime de responsabilidade e o estabelecimento de regras que disciplinem o processo e julgamento

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dos agentes políticos, sejam eles federais, estaduais ou municipais, são da competência legislativa privativa da União e devem ser tratados por lei nacional especial (conforme arts. 22, inciso I, e 85, parágrafo único, da CF/88).

4 - A matéria legislativa encontra-se suficientemente regulamentada pela Lei Federal nº 1.079/1950, que define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento, inclusive contra Governadores e Secretários dos Estados em seus arts. 74 a 79.

5 - Nada obstante o entendimento clássico de que os atos jurídicos

interna corporis não são passíveis de controle judicial pela via da ação

direta, o Supremo Tribunal Federal expressou no julgamento da ADI nº 4.587/GO, Relator Min. Ricardo Lewandowski, que os dispositivos de Regimento Interno das Assembleias Legislativas podem ser objeto de ADI desde que possuam caráter normativo e autônomo, criando direitos não compreendidos no ordenamento constitucional.

6 - Mesmo em juízo de cognição sumária não exauriente, como é próprio nas liminares em medida cautelar, é possível antever o caráter normativo autônomo dos referidos arts. 21, inciso XI, 51, inciso I, alínea “e”, 170, inciso II, 176, 177, 178 e 179 da Resolução Legislativa n° 469/2010 (Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas – RIALEAM), que, muito além de reger o funcionamento interno do Poder Legislativo, acabaram por normatizar o rito processual, os prazos, o quórum, a criação de órgãos especiais internos e a definição de atribuições nos processos por crime de responsabilidade, bem como alargaram o rol de sujeitos passivos para abarcar autoridades públicas não descritas na norma federal especial(Lei nº 1.079/1950).

7 - Constata-se presente o requisito do fumus boni iuris necessário para a concessão da liminar em medida cautelar. O perigo de lesão irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora) consiste na possibilidade de submissão imediata do Chefe do Poder Executivo, em conjunto com o Vice-Governador, a um processo de impeachment por crime de responsabilidade em possível desacordo com o ordenamento jurídico vigente.

8 – O dispositivo da decisão defere a medida cautelar especificamente para suspender a eficácia dos arts. 21, inciso XI, 51, inciso I, alínea “e”, 170, inciso II, 176, 177, 178 e 179 da Resolução Legislativa n° 469/2010 (Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas – RIALEAM), bem como para, também,

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crime de responsabilidade que tenham como base os referidos dispositivos do Regimento Interno.

9 – Não há vedação para o prosseguimento do processo, atribuição

inerente ao Poder Legislativo estadual, caso adote a legislação consagrada como correta pelo Supremo Tribunal Federal: a Lei nº 1.079/1950.10 – Decisão monocrática referendada.

Como podemos depreender do item 9 da ementa, não incide qualquer vedação para o prosseguimento do processo por crime de responsabilidade contra o Governador e Vice-governador do Estado, porquanto estão inteiramente fundamentados na Lei 1.079/1950.

Por fim, cabe ressaltar que quanto à questão da possibilidade de o Vice-governador poder ou não ser submetido a processo por crime de responsabilidade, trata-se de questão atinente à tipicidade da conduta, que deverá ser analisada na ocasião da emissão do parecer da comissão especial sobre o recebimento da denúncia, inclusive após apresentação de defesa prévia por parte deste denunciado, na qual poderá suscitar tal questão.

Ressalta-se que tal argumento ainda não foi objeto de enfretamento no processo de impeachment do Vice-Chefe do Executivo, e que a decisão de recebimento preliminar da denúncia feita pelo Presidente da ALEAM, ateve-se ao preenchimento dos requisitos do art. 76 da Lei 1.079/1950, deixando as demais questões para serem analisadas na fase competente, pela Comissão Especial, consoante se verifica do seguinte trecho:

Estabelecidas estas notas introdutórias, passo ao exame do recebimento da denúncia em análise, em caráter estritamente perfunctório e o detendo com relação às exigências meramente

formais de que se deve revestir a denúncia, citadas no art. 76 da Lei Federal 1.079/1950.

Com efeito, com base no art. 22 da Lei 1.079/1950, a comissão

especial a ser eleita pelo plenário da Casa também deve elaborar

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um parecer acerca da admissibilidade da denúncia, no prazo de 10

dias, que depois será submetido ao plenário para votação.

Entendo que havendo previsão legal para realização de um juízo de admissibilidade a cargo do plenário, o qual deve ser mais aprofundado que o juízo de recebimento da denúncia feito nesta ocasião, nada impede que se deixe para a comissão especial a

análise mais detida dos aspectos de admissibilidade da denúncia, quando da elaboração do parecer que irá orientar a votação do plenário.

Vale ressaltar que a decisão do Presidente da ALEAM, nesse ponto, está em conformidade com o art. 218, §§ 1° e 2°, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que foi aplicado subsidiariamente ao caso concreto para fundamentar o recebimento da denúncia de que trata o art. 19 da Lei 1.079/1950. Eis o que dispõe esses dispositivos do RICD:

Art. 218. É permitido a qualquer cidadão denunciar à Câmara dos Deputados o Presidente da República, o Vice-Presidente da República ou Ministro de Estado por crime de responsabilidade.

§ 1° A denúncia, assinada pelo denunciante e com firma

reconhecida, deverá ser acompanhada de documentos que a comprovem ou da declaração de impossibilidade de apresentá-los, com indicação do local onde possam ser encontrados, bem como, se for o caso, do rol das testemunhas, em número de cinco, no mínimo.

§ 2° Recebida a denúncia pelo Presidente, verificada a existência dos requisitos de que trata o parágrafo anterior, será lida no expediente da sessão seguinte e despachada à Comissão Especial eleita, da qual participem, observada a respectiva proporção, representantes de todos os Partidos. (grifo do original)

§ 3° Do despacho do Presidente que indeferir o recebimento da denúncia, caberá recurso ao Plenário.

Percebe-se que os requisitos mencionados no § 1° do art. 218 do RICD são os mesmos do art. 76 da Lei 1.079/1950, ao qual deve ater-se o juízo de admissibilidade,

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de cunho essencialmente político do Presidente da Casa Legislativa, exatamente como procedeu o Presidente da ALEAM.

Portanto, todas as demais questões poderão ser suscitadas na defesa prévia dos denunciados, que serão objeto de devida análise pela comissão especial no parecer de recebimento da denúncia, o qual irá subsidiar a decisão do Plenário.

III - CONCLUSÃO

Pelo exposto, com base nos fundamentos acima, respondo a consulta formulada pelo Presidente da ALEAM, no sentido de não haver vedação para o prosseguimento dos processos por crime de responsabilidade instaurados no âmbito desta Casa Legislativa em face do Governador e Vice-governador do Estado do Amazonas, conforme ressaltado pela decisão do Pleno do TJ/AM, no julgamento da medida cautelar nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade n°

4002725-08.2020.8.04.0000, desde que observada estritamente o disposto na Lei Federal

1.079/1950, consoante orientação abundante desta Procuradoria-Geral e estritamente observadas na condução dos ditos processos.

Ademais, recomenda-se agilidade na tramitação e votação do Projeto de Resolução Legislativa nº 18/2020, que revoga os dispositivos regimentais impugnados na citada ADI.

Ressalta-se, ainda, a necessidade de acolhimento do Parecer n° 096/2020 desta Procuradoria-Geral, que dispõe sobre o rito processual a ser observado no processo de

impeachment, com a aprovação do respectivo anexo, no qual contém o passo a passo a

ser observado no rito processual, segundo estabelece a Lei Federal 1.079/1950. É o parecer, que submeto à superior consideração.

Manaus, 06 de julho de 2020

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Vander Laan Reis Goes

Procurador-Geral

Lena Márcia Souza de Albuquerque

Procuradora-Geral Adjunta

Robert Wagner Fonseca de Oliveira

Procurador da Procuradoria Judicial

Gerson Diogo da Silva Viana

Procurador da Procuradoria de Apoio Parlamentar

Alcebíades de Leiros Cavalcante de Oliveira

Procurador da Procuradoria de Estudos e Pesquisas Jurídicas

Sarah Oliveira Cervantes

Procuradora da Procuradoria de Pessoal

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