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RECUPERAÇÃO DE MATA CILIAR DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO PASSO FUNDO GUAÍBA / BR parte I

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RECUPERAÇÃO DE MATA CILIAR DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO PASSO FUNDO – GUAÍBA / BR – parte I

Lisiane Becker, Luana Teixeira, Fernanda Lopes e Janete Guterres

Prefeitura Municipal de Guaíba / Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente Organização Não Governamental Projeto Mira-Serra

Lisiane Becker Rua Ferreira Viana, 885/311 Bairro Jardim Botânico – Porto Alegre CEP: 90670-100 ecologus@terra.com.br meioambiente@guaiba.rs.gov.br 4800794 / 98428939

Área Temática:

Gestão Ambiental e de Recursos Hídricos

Trabalho apresentado, sem publicação:

Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba (2002) Semana Municipal da Água / ULBRA-Guaíba (2003)

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RECUPERAÇÃO DE MATA CILIAR DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO PASSO FUNDO – GUAÍBA / BR – parte I

Lisiane Becker, Luana Teixeira, Fernanda Lopes e Janete Guterres Resumo

Este trabalho descreve a etapa inicial e os respectivos resultados do piloto desenvolvido no bairro Pedras Brancas – Guaíba, tendo como foco o açude utilizado pela comunidade. A área em questão integra a sub-bacia hidrográfica do arroio Passo Fundo, para a qual a Prefeitura Municipal elaborou um anteprojeto, publicado como apêndice na divulgação da Lei Municipal nº 1730/2002. Com esta iniciativa, o gestor público pretende garantira perpetuação dos valores hidrológicos, ecológicos e estéticos da sub-bacia do Arroio Passo Fundo. A partir de demanda por plantio de vegetação ciliar, emanada da Escola Municipal José Carlos Ferreira, no bairro Pedras Brancas, houve priorização do diagnóstico sócio-econômico e ambiental local, visando à estabilidade das ações mediatas. Assim sendo, a pesquisa envolveu a participação de vários segmentos da sociedade, cujos resultados indicam que a amostra populacional estudada quer a melhoria do seu ambiente, mas que esta seja empreendida por terceiros.

Palavras-chave: Mata ciliar, Bacia hidrográfica, Guaíba Introdução

A partir da Lei nº 10.350/94, ficou estabelecida a divisão do Estado do Rio Grande do Sul/ Brasil, em três Regiões Hidrográficas – Bacia do Uruguai, Bacias Litorâneas e Bacia do Guaíba - visando ao processo da gestão das águas.

A Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba abrange uma área de 496km2, sendo formada não

só pela contribuição de outras hidrobacias, mas também pelas águas dos arroios situados em suas margens. Desta forma, o município de Guaíba, com 99,9% da sua área inclusa nesta Bacia Hidrográfica, contribui com três sub-bacias, dentre elas a do Arroio Passo Fundo.

A condição das águas na foz do Arroio Passo Fundo, quanto à densidade de coliformes fecais, está nos limites da classe 2. Sabe-se, no entanto, que a manutenção da qualidade da água que emana de uma sub-bacia hidrográfica, (está diretamente relacionada com 1) o efeito da mata ciliar, através das funções hidrológica e ecológica e, 2) a atividade antrópica. Neste contexto e considerando que a sub-bacia do Arroio Passo Fundo é a única inserida totalmente no território guaibense, acreditamos ser importante à implantação de estratégias relativas à conservação desta área de deflúvio.

Com a sanção da Lei Municipal nº 1730 de GUAÍBA (2002), a Secretaria Municipal da Agricultura e Meio Ambiente – SMAMA, elaborou uma publicação no formato brochura, anexando nesta divulgação a proposta de trabalho relativa à “restauração (lato senso) da mata ciliar da sub-bacia hidrográfica do arroio Passo Fundo”.

Outrossim, o anteprojeto como descrito na publicação do município, foi apresentado na reunião ordinária do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba – com registro em ata - onde recebeu apoio de algumas categorias ali representadas.

Concomitantemente, no mesmo ano, a SMAMA foi procurada pela professora Syrlei Rossi Dellamora, Escola Municipal José Carlos Ferreira, na busca de auxílio para a revitalização do entorno do açude no bairro Pedras Brancas. Assim sendo, devido ao apelo daquela comunidade escolar, ao potencial turístico e paisagístico bem como à sua localização hidro-geográfica, a SMAMA resolveu iniciar os trabalhos na sub-bacia do arroio Passo Fundo com um piloto naquele açude.

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Metodologia

Como marco do início das atividades (outubro de 2002), houve uma reunião entre a SMAMA e alunos do grupo autodenominado por “Juventude a Mil”, da Escola Municipal José Carlos Ferreira na própria sede escolar. Nesta, foram explicitadas as razões para um diagnóstico da situação sócio-econômica e ambiental atual, antes de abordar a necessidade do plantio de espécies arbóreo-arbustivas no entorno do açude. Foi acordado que seria necessária a aplicação de um inquérito na população limítrofe ao manancial hídrico. Deste modo, contatou-se a ONG Projeto MIRA-SERRA que desenvolve estudo similar na bacia hidrográfica do rio dos Sinos, no sentido de auxiliar a condução deste trabalho. Além disto, a ONG possui filiados e estagiários também na cidade de Guaíba, inclusive mantendo convênio com o complexo ULBRA.

O inquérito sócio-econômico-ambiental contemplou 43 questões – 39 objetivas / 4 subjetivas, agrupadas por área temática: sócio-economia, saúde, sanitarismo e meio ambiente. O questionário foi aplicado em 15 dias por 33 estudantes do grupo “Juventude a Mil” em residências no entorno do açude (n = 100 residências).

A sistematização dos inquéritos foi realizada em 2003, pela MIRA-SERRA, SMAMA e estagiários da ULBRA na ONG. O resultado foi apresentado em seminário da semana municipal da água, no auditório da ULBRA-unidade Guaíba.

Em etapa subseqüente (2004), procedeu-se estudo expedito da fauna e da flora na área em questão. Contribuíram na ação as seguintes entidades: SMAMA, ONG MIRA-SERRA, o complexo ULBRA (via estagiários conveniados) bem como a METROPLAN.

Todas as etapas do trabalho foram documentadas fotograficamente. Resultado e Discussão

Os resultados obtidos na população limítrofe ao açude do bairro Pedras Brancas, é semelhante ao que ocorre no restante do município: invasões de áreas verdes e/ou loteamentos irregulares. Isto fica evidente com a dimensão obtida para os terrenos, que variaram de 50m² a 3360m², embora 71% dos entrevistados tenham se identificado como proprietário registrado. Outra razão para as dimensões discrepantes reside no fato da localidade estar dividida entre a área urbana e rural. Este aspecto é relevante para os demais itens, pois os hábitos urbanos parecem se mesclar com tradição rural, fortemente cultivada neste município.

Foram registrados 16 casos de hepatite, 17 de helmintoses, 18 doenças de pele, 27 ocorrências de diarréia e vômitos e um caso de leptospirose – patologias que podem estar associadas à água (ROUQUAYROL, 1988). No período de 1 ano, 15% das famílias realizou E.P.F., sendo que 6 exames foram positivos. Interessante observar a semelhança destes resultados com os obtidos por BECKER-ZUKAUSKAS (1993) em seu estudo conduzido no Lami – Porto Alegre: 73% das crianças analisadas não haviam realizado E.P.F em 12 meses. Entretanto, 50% da amostra apresentou enteroparasitas quando foi submetida ao exame.

A água de beber em 61% dos casos é da CORSAN e em 35% é retirada do açude. Foram adotadas a filtragem (24%), a cloração local (2%) e a fervura (9%). O depósito com tampa foi o modelo para ao armazenamento da água (74%), sendo a limpeza realizada mensalmente (16%).

Ainda há consumo de leite de tambo não fervido, porém a maioria consome o leite pasteurizado (67).

Houve registro de criação de galináceos (40), de suínos (3), bovinos (3) e caprinos (2). Há contato entre crianças e animais domésticos em 22 casos, porém o contato também é permitido com os animais de abate em 16 vezes. Os animais foram encontrados perto da água

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Resíduos orgânicos (49) e resíduos sólidos (87) foram encaminhados para a coleta regular do lixo, mantida pela Prefeitura Municipal.

A dieta alimentar continha os elementos básicos, embora o peixe seja citado só uma vez, mesmo com a proximidade da fonte. O cultivo de vegetais tem pouco agrotóxico (5) e nenhum corretivo. São cultivados temperos (51), chás (50), frutíferos (43), alface / repolho (31), feijão (25), milho (24), entre outros. O alimento é pré-lavado (13) e cozido em fogão a gás (88) ou a lenha (51), sendo a carne bem cozida (91). Esta provém do açougue (89) e de abatedouros incertos (7).

Em relação ao meio ambiente, os resultados dos itens relativos à fauna silvestre atingiram percentual semelhante aos obtidos por BECKER (2003) para respostas incorretas ou não respondidas. O pouco conhecimento (52,04%) da flora nativa também foi constatado. Foram reconhecidos como protegidos pela legislação: nascentes, mata nativa, tatu (provavelmente pelo costume da caça) e a figueira (motivo de várias autuações neste município). Para SÉGUIN (2000) o desconhecimento da Lei não exime o infrator da responsabilidade sobre o dano ambiental sendo. Portanto, pode-se inferir sobre as implicações ambientais e legais advindas da escassa formação/ informação ambiental neste município.

O açude foi considerado poluído (n=84), porém com usos possíveis para banho, lavagem do vestuário, irrigação e pesca (n=48).

O entorno do açude apresenta espécies arbóreas nativas (por exemplo: Casearia sylvestris, Sebastiana commersoniana, Mimosa bimucronata, Rapanea sp), porém com predomínio da exótica Eucaliptus sp, Pinus sp e Lagestroemia indicam. A vegetação inclui exemplares arbustivos como a carqueja e bromeliáceas (ananás, gravatá) bem como introduzidas no local por um morador: Azalea indica e Salvia splendens. O açude apresenta várias espécies de macrófitas em abundância, sugerindo a presença de grande quantidade de material orgânico (Figuras 1 e 2).

A megafauna nativa é a mesma descrita para a região costa doce / carbonífera (BECKER, 2001-2004), com predomínio da avifauna (como Jacana jacana, Pitangus sulfuratus, Machetornis rixosus).

Conclusão

O açude é sub-aproveitado e a comunidade poderia ser capacitada para geração de emprego e renda em seu ambiente domiciliar. Também é necessário que a população passe a desenvolver atitudes cidadãs advindas da sensibilização e formação ambiental. A efetivação das etapas subseqüentes deste estudo é imprescindível, pois os dados até então obtidos, já estão sendo utilizados como subsídio para outros trabalhos na comunidade.

Referência bibliográfica

BECKER-ZUKAUSKAS, Lisiane. Infecção Experimental em Ratos Albinos Wistar (Rattus norvegicus BERKENHOUT, 1769) com Giardia KUNSTLER, 1882 de origem Humana e Murina. Porto Alegre: PUCRS, 1993. Dissertação (Mestrado em Biociências), faculdade de Biociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

BECKER, Lisiane. Educação Ambiental no Zoológico Municipal de Guaíba. São Paulo: Publicações Avulsas do Instituto Pau Brasil de História Natural. N°6, p.101-117, mar-2003.

BECKER, Lisiane. Área Verde – O assunto é... Jornal O Guaíba, Guaíba. 2001 a 2004. GUAÍBA. Código Municipal do Meio Ambiente. Guaíba: Câmara Municipal, 2002.

SÉGUIN, Elida. Direito Ambiental: nossa casa planetária. Rio de Janeiro: Forense, 2000. ROUQUAYROL, Maria Zella e col. Epidemiologia & Saúde. 3.ed. Rio de Janeiro: Medsi,

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Referências

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