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MÓDULO I 1 NOÇÕES BÁSICAS ESSENCIAIS À PERÍCIA AMBIENTAL

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Academic year: 2021

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MÓDULO I

Este curso tem como objetivo contribuir com a difusão dos conhecimentos, técnicas e modos de aplicação da Perícia Ambiental no contexto brasileiro. Nos diversos módulos procura-se mostrar os procedimentos de como fazer uma Perícia Ambiental e a sua importância quando bem feita, não só como ferramenta para avaliação de danos ambientais, mas também pelos impactos positivos para a proteção do meio ambiente propiciado à sociedade.

O público-alvo do curso são os estudantes, empresários, profissionais autônomos, associações e organizações que trabalham com a área ambiental, ou não, e desejam conhecer mais sobre este tema.

1 NOÇÕES BÁSICAS ESSENCIAIS À PERÍCIA AMBIENTAL

1.1 PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL

O homem possui necessidades básicas para sua sobrevivência e diariamente busca a satisfação dessas necessidades, sejam elas fisiológicas, de segurança, sociais, de estima ou de autorrealização. No entanto, com o passar do tempo começaram a surgir conflitos entre os homens, que eram resolvidos entre as próprias partes envolvidas, usando dos meios possíveis para fazer valer sua vontade sobre a do oponente, já que o que valia naquela época era a máxima: “olho por olho, dente por dente”.

Com o avanço da sociedade foi-se percebendo que podia ser criado outro meio para resolver os conflitos. Os estados começaram a chamar para si essa responsabilidade e criaram leis baseadas nos princípios morais da época.

Por meio do aperfeiçoamento, baseado em experiências do cotidiano, esses princípios passaram a ser mais fortes e amplos, versando sobre os mais variados temas que eram de interesse comum da sociedade e do Estado. A essa Ordem Jurídica que estava sendo criada para dirimir os conflitos deu-se o nome de Direito.

Com a evolução tecnológica o ser humano foi capaz de entender o meio ambiente à sua volta e assim perceber seus efeitos e as consequências que seus

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atos tinham sobre a natureza. Como atualmente a natureza não consegue se recompor com a mesma velocidade com que os seres humanos a exploram, o Direito – que constitui-se no estabelecimento de regras pelo próprio grupo e em seu interesse, criando assim um complexo de regulamentos que conforme o tempo podem receber inovações para se adequar ao surgimento de novas necessidades – acabou por atender às necessidades da natureza, resultando assim no Direito Ambiental, que prima pela utilização racional dos recursos naturais e do meio ambiente.

O Direito Ambiental busca regular a interação do ser humano com o meio ambiente e, se necessário, intervir com sanções para os que desobedecem as leis. Essas punições podem ser de várias formas, desde a perda da liberdade até o pagamento de multa. A base do Direito são os princípios, são os pilares que sustentam e servem como guia na criação de leis. Eles são tão importantes no direcionamento do Direito que se uma lei for feita em desacordo com algum princípio ela será inválida.

O ramo do Direito Ambiental também possui seus princípios, que além de serem moldados pelas leis brasileiras também possuem influências internacionais, provenientes dos acordos e tratados internacionais dos quais o Brasil faz parte. Os princípios mais conhecidos do Direito Ambiental são:

• Princípio da precaução: Previsto no artigo 225 da Constituição Federal, ele cuida do controle de precaução que o Poder Público pode exercer para controlar os meios e técnicas de uso de substâncias ou objetos que trazem risco à saúde do ser humano e do meio ambiente. O objetivo é evitar que novas substâncias químicas ou até mesmo inovações tecnológicas sejam usadas sem a devida precaução, causando danos ambientais.

• Princípio da prevenção: É uma continuação do Princípio da Precaução e firma os cuidados que devem ser tomados para evitar danos ambientais decorrentes de tecnologias ou substâncias já existentes, que se utilizadas de modo errôneo podem acarretar danos. Esse princípio resultou na criação das licenças ambientais que são obrigatórias para a instalação e operação de atividades potencialmente poluidoras.

• Princípio da publicidade: Também conhecido como Princípio da Informação, tem a finalidade de promover a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, no que diz respeito a expandir o conhecimento por meio da educação ambiental. Também exige que sejam abertos os processos que tenham relação ao meio ambiente, nisso incluídos processos de

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licenciamentos ambientais. Este princípio está descrito no artigo 225, parágrafo 1º da Constituição.

• Princípio da responsabilização do dano ambiental: É a responsabilidade que o poluidor enfrenta de reparar e indenizar por meio de multas as áreas afetadas quando, mesmo usando de meios lícitos, por motivo de negligência ou imperícia, acaba por provocar danos ao meio ambiente.

• Princípio da função socioambiental da propriedade: As propriedades não dão aos seus donos o direito de a usarem como quiserem. Seu uso deve estar sempre de acordo com as leis ambientais. A finalidade do princípio é fazer com que as propriedades não se tornem um peso para a sociedade ao serem instaladas em local impróprio, como, por exemplo, dentro de uma reserva florestal, ou que soltem poluentes acima do permitido. Este princípio foi estabelecido pelo Código Civil, artigo 1228.

• Princípio do poluidor pagador: Possui dois aspectos, o primeiro que obriga a indenizar todo e qualquer dano que o poluidor tenha causado e, o segundo, que o poluidor pague por todas as medidas e licenças necessárias para não causar danos ou deixar os níveis de sua poluição dentro do aceitável. Internacionalmente, esse princípio também está englobando o mercado dos créditos de carbono, no qual empresas poluidoras precisam comprar os créditos equivalentes a reduções certificadas de emissões para poder continuar em funcionamento. Sua previsão está no artigo 225, parágrafo 3º da Constituição Federal.

• Princípio do desenvolvimento sustentável: Tem por ideal o crescimento das cidades de modo ordenado e com a utilização racional dos recursos naturais, sem que se corra o risco de esgotá-los ou de comprometê-los com poluentes, permitindo assim a sua continuidade

para as próximas gerações. É referido no artigo 4º da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, também conhecida como Lei do SNUC.

• Princípio da cooperação internacional: Pretende a união de diversos países por meio de convenções e tratados internacionais para firmarem metas conjuntas de proteção do meio ambiente. A participação dos países é voluntária e só se torna obrigatória quando o país decidir por fazer parte e assinar, se comprometendo com as metas conjuntas.

Muitos dos princípios acima estão estabelecidos no artigo 225 da Constituição Federal, que discorre sobre o meio ambiente, assim torna-se

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fundamental uma leitura detalhada do mesmo, que consta no extrato abaixo:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente por meio de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

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práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, artigo 225, 1988).

1.1.1 Conceito de Meio Ambiente

O campo de atuação da Perícia Ambiental é o meio ambiente, assim é fundamental conceituar este termo. A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938 de 1981, define em seu artigo 3º: “Meio ambiente é o conjunto de condições, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Analisando o conceito acima, percebemos que o meio ambiente é tomado como uma entidade natural e dinâmica, com características próprias e particulares. Já outros autores possuem conceitos mais abrangentes para meio ambiente que englobam a

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divisão do mesmo em quatro meios, como veremos futuramente. José Afonso da Silva conceitua o meio ambiente como “a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”.

O conceito de meio ambiente é muito abrangente, pois engloba tudo que há na superfície terrestre. Assim sendo, surge a divisão deste conceito em quatro meios diferentes:

Meio Ambiente Artificial: o espaço urbano construído, tanto fechado, como aberto. Exemplo: praças, edifícios, ruas, etc.

Meio Ambiente Natural: a natureza. Exemplo: o solo, a água, o ar, a flora, a fauna, etc.

Meio Ambiente Cultural: obra do homem e do seu intelecto, exemplo: o patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico.

Meio Ambiente do Trabalho: relacionado com os aspectos sanitários ou de saúde pública do meio em que as pessoas trabalham. Exemplo: escritórios, construções civis, órgãos públicos, etc.

A figura 1 exemplifica os diferentes meios e a relação entre eles. Analisando esta figura percebemos que o meio ambiente é uma parte essencial de nossas vidas e do qual também fazemos parte. Vivemos nosso cotidiano no meio ambiente, assim os problemas que o afetam, consequentemente, também nos afetam, por exemplo: a falta de rede de coleta e tratamento de esgoto sanitário, o ar poluído, os lixões, a falta de arborização urbana, etc.

O artigo 225 da Constituição Federal expressa que o meio ambiente é passível de proteção, pois é essencial à qualidade de vida, e que cabe à coletividade e ao poder público o dever de defendê-lo e preservá-lo. Essa afirmação é muito importante, pois demonstra que existe o compromisso brasileiro com o meio ambiente, principalmente em termos legislativos.

1.1.2 Legislação Ambiental

É fundamental para um perito ambiental conhecer a legislação da área, principalmente a pertinente ao caso periciado, pois a legislação fornece o embasamento necessário para a identificação das não conformidades que podem ser registradas durante a perícia. No Brasil, a legislação ambiental é ampla, com inúmeras leis, resoluções e portarias, no entanto, antes de falar especificamente sobre os seus aspectos mais relevantes precisamos introduzir

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alguns conceitos:

FIGURA 1 - ABRANGÊNCIA DO CONCEITO DE AMBIENTE

FONTE: Sánchez, 2006.

1.1.2.1 Competência ambiental

Competência legislativa: é a competência atribuída aos entes da Federação (estados, municípios) para fazer leis. Ou seja, são os limites impostos para cada ente federativo na capacidade de legislar sobre determinadas matérias. As competências legislativas para assuntos ambientais estão descritas na Constituição e podem ser brevemente resumidas como:

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Privativa: A União (ou seja, o Governo Federal) é a única responsável por redigir as leis que dizem respeito à água, energia, jazidas, energia nuclear e minas (art. 21 da Constituição). Já os estados podem legislar sobre temas não vedados pelo art. 25 da Constituição. Os municípios podem legislar no que não foi citado anteriormente e pelo art. 30 da Constituição no que for do interesse local.

Concorrente: Os estados podem legislar, se a União não tiver feito. No caso de a União produzir uma lei no mesmo conteúdo, sua lei prevalece. A competência se dá nas áreas de pesca, florestas, fauna, caça, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição, proteção do patrimônio paisagístico e responsabilidade por danos ao meio ambiente.

Suplementar: Os municípios podem legislar no que lhes couber ou for de interesse local, conforme o art. 30 da Constituição.

Assim, podemos observar que a competência ambiental legislativa se divide por categoria de importância, sendo as mais importantes e arriscadas, como a energia nuclear (que possui um grande risco ambiental), matéria privativa da União.

1.1.2.2 Política ambiental brasileira

A Lei nº 6.938, de 1981, também conhecida como Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), possui um duplo objetivo: apresentar a Política Nacional do Meio Ambiente, e os seus instrumentos, e constituir o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). O objetivo da PNMA é estabelecido no artigo 2º da referida lei:

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. (LEI 6.938, 1981).

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I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as

suas formas;

II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.

Em seu artigo 9º a referida Lei apresenta os instrumentos de proteção ambiental da Política Nacional de Meio Ambiente brasileira:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II - o zoneamento ambiental;

III - a avaliação de impactos ambientais;

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;

V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia,

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voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

VI - § 1 - a criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e as de relevante interesse ecológico, pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal;

VI - § 2 - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;

VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.

X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;

XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzilas, quando inexistentes;

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais;

XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros.

Além de instituir os instrumentos de proteção ambiental brasileiros, a Lei nº 6.938 também constituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente, também conhecido como CONAMA. Os extratos abaixo estabelecem a constituição do SISNAMA e as atribuições do

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CONAMA.

Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:

I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais;

II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;

III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;

IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;

V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;

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responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas

jurisdições;

§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.

§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.

Art. 8º Compete ao CONAMA:

I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;

II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional.

III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso, mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA;

IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental;

V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo

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Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes; VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.

Por meio da leitura do extrato acima podemos observar que uma das atribuições do CONAMA é estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle ambiental. Essa atribuição é colocada em prática por intermédio das Resoluções do CONAMA, regulamentações de caráter técnico que visam cumprir o determinado pelo primeiro instrumento de proteção ambiental: “I - estabelecimento de padrões de qualidade ambiental”.

1.1.2.3 Licenciamento ambiental

Na legislação ambiental brasileira as atividades potencialmente poluidoras, como as indústrias, são sujeitas ao licenciamento ambiental, conforme determina a resolução CONAMA nº 237/1997 e outras legislações federais, estaduais e municipais. Essas leis estipulam que é obrigação do empreendedor buscar o licenciamento ambiental junto ao órgão competente, desde as etapas iniciais do planejamento de seu empreendimento e instalação até a sua efetiva operação.

O licenciamento ambiental de atividades potencialmente poluidoras também é um dos Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, e sua principal função é conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação do meio ambiente. Na resolução normativa CONAMA nº 237/97, o licenciamento ambiental é definido como:

O procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades que utilizam recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares

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e as normas técnicas aplicáveis ao caso. (CONAMA nº 237, 1997).

A licença ambiental é um documento com prazo de validade definido, no qual o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas pela atividade que está sendo licenciada. Ao receber a licença ambiental, o empreendedor assume os compromissos para a manutenção da qualidade ambiental do local em que a sua atividade se instala.

Ou seja, podemos concluir que qualquer projeto que possa desencadear efeitos negativos (impactos ambientais) no meio ambiente precisa ser submetido a um processo de licenciamento ambiental, pois este é a principal ferramenta que a sociedade tem para controlar a manutenção da qualidade do meio ambiente, o que está diretamente ligado com a saúde pública e com boa qualidade de vida para a população.

Assim sendo, conclui-se que o licenciamento ambiental é o instrumento que o poder público possui de controlar a instalação e operação das atividades, visando preservar o meio ambiente para as sociedades atuais e futuras. Uma série de processos faz parte do licenciamento ambiental, que envolve tanto aspectos jurídicos, como técnicos, administrativos, sociais e econômicos dos empreendimentos que serão licenciados.

Nos extratos abaixo da resolução normativa CONAMA Nº o 237/97 observa-se a seguinte hierarquia de licenças e o seguinte procedimento para o

licenciamento ambiental:

Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:

I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;

II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos

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aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;

III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.

Art. 10º - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas:

I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;

II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade;

III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias;

IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;

VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências

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públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;

VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.

1.1.2.4 Estudos ambientais

No âmbito do processo de licenciamento ambiental, muitos documentos técnicos e estudos ambientais são solicitados visando dar embasamento teórico e prático ao licenciamento da atividade em questão. Os principais documentos técnicos solicitados em um processo de licenciamento ambiental são: Requerimento - Caracterização do Empreendimento, Termo de Referência, Estudos Ambientais (EIA/RIMA, PCA, RCA, etc.), Projeto Básico Ambiental (PAE, PGRS, PRAD, Programas de monitoramento, educação ambiental, etc.).

Assim, em uma Perícia Ambiental é fundamental levantar os documentos técnicos e estudos ambientais que existem sobre o caso periciado, pois os mesmos podem fornecer o embasamento necessário para uma melhor escolha dos métodos de amostragem e execução da perícia, conforme veremos nos próximos módulos. Dentre os estudos ambientais, é muito importante conhecer o de Avaliação de Impacto Ambiental, chamado de Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto ao Meio Ambiente, ou EIA/RIMA. Estes dois documentos, que constituem um conjunto, objetivam avaliar os impactos ambientais decorrentes da instalação de um empreendimento e estabelecer programas para monitoramento e mitigação desses impactos.

A obrigação da elaboração de um estudo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), na forma de um EIA/RIMA, é imposta apenas para algumas atividades com potencial altamente poluidor, pelos órgãos licenciadores competentes (estadual, municipal e o IBAMA) e pela legislação pertinente, como a Resolução CONAMA nº 001 de 1986 (vide figura 2), no âmbito do processo de licenciamento ambiental.

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