“ZULUSA”, DE PATRÍCIA BASTOS
FAIXA A FAIXA POR DANTE OZZETTI
1. Canoa Voadeira (Allan Carvalho e Ronaldo Silva – Belém/ Icoaraci-‐PA)
Toda sonoridade do disco foi baseada no resultado que obtivemos na produção dessa faixa. A percussão em primeiro plano, com a voz da Patrícia que passeia solitária, num plano próprio. Os demais instrumentos são escritos em forma de linhas solitárias. O sentido harmônico se dá, a partir das somatórias dessas linhas e não como base harmônica tradicional (em blocos).
Voz: Patrícia Bastos
Acordeon: Toninho Ferragutti Flauta e flauta baixo: Marta Ozzetti Violão: Dante Ozzetti
MPC e baixo-‐synth: Du Moreira Vento: Marcelo Pretto
Caixa de marabaixo sem esteira, xequerê, guizo, terrabuco, bateria Trio Manari
2. u amassu i u dubradú (Dante Ozzetti e Joãozinho Gomes -‐ São Paulo/Macapá)
Essa música foi composta em cima do batuque. A linha melódica da parte A é exatamente a inflexão rítmica extraída desses elementos, o quitum do amassador e o tracatá do dobrador -‐ são os sons do batuque, ritmo herdado pelos negros do Curiaú, comunidade quilombola do Amapá. Uma malha de violões rítmicos está incluída no arranjo, no sentido de fazer o contraponto com a percussão, junto com o baixo, são os únicos elementos acrescentados a percussão.
Voz e vocais: Patrícia Bastos Violões: Dante Ozzetti
MPC e baixo elétrico: Du Moreira
Matraca, ganzá, curimbó, curimbinho, caixa, djembê, candira Trio Manari
3. Zulusa (Celso Viáfora e Joãozinho Gomes -‐ São Paulo/Macapá)
É um marabaixo, ritmo característico da comunidade quilombola de Mazagão Velho, na primeira alusão aos portugueses -‐ Mazagan era a cidade lusitana no Marrocos, que foi transferida em sua totalidade para a mata brasileira do Amapá, às margens do rio Mutuacá, na fuga da guerra entre mouros e cristãos.
A proposta da malha rítmica dos violões se repete nessa faixa, que incorpora também uma flauta.
Voz e vocais: Patrícia Bastos Violões: Dante Ozzetti Flauta: Marta Ozzetti
4. Linha Cruzada (Leandro Dias e Carla Cabral – Belém/Belém)
Tema que remete a umbanda, de negritude presente na região -‐ O estado do Amapá é o que mais tem influência negra na Amazônia -‐ de arranjo mais incorpado, que acompanha a densidade da letra e harmonia.
Voz e vocais: Patrícia Bastos Violões: Dante Ozzetti
Acordeon: Toninho Ferragutti MPC e baixo elétrico Du Moreira
Caixa de marabaixo, sementes, curimbó com baqueta, caracrachá, conga de madeira, bateria Trio Manari
5. Boi de Rua (Floriano e Jorge Andrade – Belém/Belém)
Boi, ritmo e dança praticada por toda a Amazônia, que chega com forte influência também no estado do Maranhão. Nessa faixa, focada em Belém, faz alusão ao arrastão do Pavulagem e o Cordão do Peixe-‐Boi, que sai nas ruas e nas praças da cidade.
O arranjo mantém a percussão típica do boi que é praticado no estado do Pará, e propõem a mistura com outros elementos, nos violões, que são típicos do choro paraense que é de grande tradição no estado, que tem elementos próprios, que traz influência do merengue e outros ritmos regionais.
Voz e vocais: Patrícia Bastos Violões: Dante Ozzetti Clarinete: Zé Pitoco Baixo elétrico: Du Moreira
Curimbó, tronco de curimbó com baqueta, onça, matraca, djembê, caracrachá, pandeirão, caixa de marabaixo, bateria Trio Manari
6. Incantu (Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes – Macapá/Macapá)
É uma lenda contada por Joãozinho Gomes em linguagem de corruptela e o arranjo, baseado em elementos indígenas.
Os instrumentos de percussão foram tocados de uma só vez do começo ao fim da música, para que tivesse mais consistência de interpretação, e não somente de base rítmica, assim o resultado é de uma música com mais respiração e caminha junto com os dizeres da voz.
Os violões e o baixo acompanham essa direção.
Voz e vocais: Patrícia Bastos Violões: Dante Ozzetti Baixo elétrico: Du Moreira
Caixa de marabaixo sem esteira, bilha, flexatônica, bateria Trio Manari
7. Miss Tempestade (Vitor Ramil e Ricardo Corona -‐ Porto Alegre/Curitiba)
É um fado apresentado pelo próprio compositor, quando interado da direção dada ao projeto e foi gravada nos moldes do fado tradicional. Marca a influência lusitana no sotaque dos nortistas, em particular dos amapaenses e paraenses, nos “s” chiados. Estes praticam, no Brasil, o português denominado “correto”, nas conjugações e outras aplicações.
Voz: Patrícia Bastos Violões: Dante Ozzetti Violão 7 cordas: Italo Peron
Guitarra portuguesa: Ricardo Araújo Violino: Luiz Amato
8. No Laguinho (Paulo Bastos -‐ Macapá)
É o lamento típico do marabaixo, feita pelo compositor amapaense, discorre sobre a transferência dos negros do centro da cidade de Macapá para os Campos do Laguinho, lugar que hoje é o maior centro da cultura do povo amapaense. Acrescida de um ladrão de marabaixo (Aonde tu vais rapaz?), que são versos que os negros criavam para marcar o cotidiano. Como não sabiam ler e escrever, essa linguagem era a forma de comunicação e tentativa de preservação da cultura. O ladrão de marabaixo é praticado até hoje, e faz parte das festas anuais que ocorrem na cidade de Macapá.
A percussão foi toda gravada pelo grupo Raízes do Bolão, do Curiaú, em Macapá.
Voz e vocais: Patrícia Bastos Violões: Dante Ozzetti Violão: Manoel Cordeiro Baixo elétrico: Du Moreira
Caixas de marabaixo: Raizes do Bolão Caixa de marabaixo: Paola Bastos
Caixa de marabaixo, panela, caxixi: Paulo Bastos
Caixa de marabaixo, ganzá, barrica,curimbinho, prato chinês, frigideira, candira, djembê Trio Manari
9. Causou (Dante Ozzetti e Luiz Tatit -‐ São Paulo/São Paulo)
Cacicó, ritmo da fronteira do Amapá com as Guianas. Faz uma alusão bem humorada à zona de descaso, prostituição e a exploração das mulheres existente no local.
A instrumentação é original do ritmo e é acrescida de guitarrada, que é a combinação de linhas complementares de guitarras, muito praticada na região das fronteiras e também em Belém, no Pará.
Voz e vocais: Patrícia Bastos Violão: Dante Ozzetti
10. Mais Uma (Felipe Cordeiro e Júnia Vale -‐ Belém/Icoaraci-‐PA)
Cúmbia, ritmo esteve presente em todas as fases da vida da Patrícia, principalmente na infância, composta especialmente para este projeto, gravada com instrumentação típica e aqui também com elementos de guitarrada.
Voz e vocais: Patrícia Bastos
Guitarra, voz e baixo elétrico: Felipe Cordeiro Guitarra: Manoel Cordeiro
Guiro, bongô, maraca, timbales, conga, cowbell, bateria Trio Manari
11. Mal de Amor (Val Milhomem e Joãozinho Gomes -‐ Macapá/Macapá)
Marabaixo, música muito conhecida, que foi gravada anteriormente pelo grupo Senzalas, do Amapá. A percussão foi gravada em Macapá, pelo grupo Raizas do Bolão.
Participação especial vocal em Rosa Branca Floriano Voz e vocais: Patrícia Bastos
Violão: Dante Ozzetti Charango: Manoel Cordeiro Violão 7 cordas: Italo Peron Baixo elétrico: Du Moreira
Caixas de marabaixo: Raizes do Bolão Caixa de marabaixo: Paulo Bastos
Caixa de marabaixo, ganzá, xequerê, pandeirão Trio Manari
12. Rodopiado (Ronaldo Silva -‐ Icoaraci-‐PA)
Originalmente uma embolada, é uma recriação que discorre sobre a Ilha do Marajó e suas lendas e crendices. Tem a participação de Marcelo Pretto no poema escrito pelo compositor paraense. O ritmo, é criado em cima da letra, e procura dar suporte ao quase canto falado.
Voz: Patrícia Bastos
Participação especial: Marcelo Pretto Violões: Dante Ozzetti
MPC e baixo elétrico Du Moreira
Curimbó, xequerê, curimbinho, caixa de marabaixo, prato sobre a caixa com vassoura, djembê Trio Manari
13. O Batuque (Amadeu Cavalcante e Joãozinho Gomes -‐ Macapá/Macapá)
Originalmente um marabaixo gravado pelo grupo Senzalas, aqui se apresenta totalmente recriado eletronicamente por Du Moreira, mas que é elaborado sobre as matizes originais gravadas pelo grupo Raízes do Bolão, em Macapá e do Trio Manari, em Belém. Incorpora samples de instrumentos acústicos de percussão extraídos de outras faixas desse disco.
A letra faz referência à expansão da cultura amapaense, o que direcionou a conduta do tratado eletrônico.
Voz e vocais: Patrícia Bastos Voz: Marcelo Pretto
Arranjo, edição e MPC: Du Moreira
MPC com sons de caixa de marabaixo: Paulo Bastos, Amassador, dobrador, pandeirão: Raizes do Bolão, Voz baixo: Marcelo Pretto
Percussões: Trio Manari
14. Ribeirinho (Guinga e Paulo César Pinheiro -‐ Rio de Janeiro/Rio de Janeiro)
Composta nos anos 80, interpretada no Festival da TV Manchete, por Leila Pinheiro, essa música nunca foi gravada. Presente na memória da Patrícia, foi um resgate junto aos compositores, e consolida os caminhos vividos nesse disco.
O instrumental é proposto com o piano sutil e cristalino de Heloisa Fernandes, em conversa e envolvimento com a voz.
Voz: Patrícia Bastos Piano: Heloisa Fernandes