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PERFIL DE LIDERANÇA DOS TREINADORES DE BASQUETEBOL DE SANTA CATARINA

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PERFIL DE LIDERANÇA DOS TREINADORES DE BASQUETEBOL DE SANTA CATARINA

Júlia Helena de Oliveira Lima – Acadêmica do Curso de Educação Física Alexandra Folle – Professora Orientadora Centro de Ciências da Saúde e do Esporte – Universidade do Estado de Santa Catarina

RESUMO: o objetivo do presente estudo foi analisar o perfil de liderança dos treinadores de basquetebol feminino sub19 do estado de Santa Catarina, considerando a autopercepção de liderança dos treinadores e o perfil de liderança percebido pelas atletas. Participaram do estudo oito equipes de basquetebol feminino sub19 participantes dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina, sendo oito treinadores e 78 atletas. Na coleta de dados utilizou-se a Escala de Liderança Revisada para o Esporte, versões autopercepção dos treinadores e percepção das atletas (LOPES, 2006). O tratamento estatístico dos dados foi realizado por meio de frequência e percentual. Os resultados revelaram que os treinadores percebem-se com um perfil de liderança voltado para Treino-instrução (75%) e Autocrático (62,5%), enquanto as atletas os percebem com um perfil de liderança com prioridade para Reforço positivo (67,9%) e Democrático (19,2%). Conclui-se que no estilo interação o foco do treinamento do basquetebol feminino sub19 em Santa Catarina está voltado para rendimento e informações técnico-táticas. No estilo decisão os treinadores se autopercebem fazendo uso da autoridade pessoal para tomar as decisões com pouca ou nenhuma participação de suas atletas, enquanto estas percebem que seus treinadores permitem sua participação nas decisões da equipe, respeitando e aceitando suas opiniões.

Palavras Chaves: Liderança. Treinadores. Atletas. Basquetebol.

ABSTRACT: The objective of this study was to analyze the leadership profile of the women´s basketball coaches U17 of the state of Santa Catarina, considering the self-perception of coaches' leadership and leadership profile perceived by the athletes. Study participants were eight women's basketball teams participating in the Joguinhos Abertos of SC, eight coaches and 78 athletes. The study was characterized as a descriptive approach with quantitative data, and analysis was performed by means of frequency and percentage. The coaches are perceived with a profile of leadership training-oriented instruction (75%) and Autocratic (62.5%), while the athletes perceive them with a leadership profile with priority to positive reinforcement (67.9%) and Democratic (19.2%).

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INTRODUÇÃO

A liderança representa a direção e a orientação dada a uma organização que provém da vida interior e dos hábitos de um líder. Essas características são ressaltadas e planejadas de acordo com a visão pessoal, os modos de agir e as convicções do indivíduo (LAPIERRE, 1995).

Uma equipe e seu líder formam um importante ambiente de formação. No caso específico do ambiente esportivo, destaca-se a importância da liderança dos técnicos na motivação, nas atitudes e nos comportamentos de seus atletas. A influência que treinadores líderes possuem, tanto em seus discursos quanto em suas atitudes geram uma resposta a quem os observa, os admira e naturalmente procura imitá-los ou espelhar-se naquilo que mais os atraiu (COLE, 2003).

Simões et al. (2007) reforça que o esporte de competição cria um ambiente importante para a formação da personalidade juvenil e para a transmissão da cultura esportiva. Essa concepção demonstra que poderiam existir relações diretas entre o comportamento ideológico da liderança dos treinadores e o desempenho real de equipes esportivas. Portanto, a influência que os líderes (treinadores) detêm sobre seus liderados (atletas) pode ser percebida nas atitudes e nos comportamentos dentro e fora das quadras, relevando a importância da postura, do carisma e dos estilos de personalidade do técnico.

Nesta perspectiva, o técnico enquanto líder tem uma responsabilidade muito grande perante seus atletas, visto que ele torna-se, muitas vezes, o espelho do cotidiano de vários adolescentes e exemplo de regras a serem seguidas, nas quais as atitudes morais, esportivas e sociais estão cada vez mais baseadas na sua influência (CRUZ, 1997). Simões et al. (2007, p. 04) complementa que “A experiência tem mostrado que o papel do professor de Educação Física como técnico e líder seria, provavelmente, umas das variáveis mais importantes para influenciar o comportamento dos seus liderados”.

A influência dos estilos de liderança pode ser vista e entendida como algo positivo quando se tem um treinador-líder democrático, com qualidades como respeito aos atletas e ideologias não centralizadoras (CINTRA FILHO, 2000). Por outro lado, técnicos-líderes que possuem traços agressivos e vocábulos autoritários para com seus atletas tendem a levar os mesmos a agirem com certo descontrole

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emocional e agressividade, tanto dentro quanto fora das quadras, formando certa identidade com essas características.

No Brasil, alguns pesquisadores (SIMÕES; RODRIGUES; CARVALHO, 1998; SAMULSKI, 2002; COSTA, 2003; SONOO; HOSHIRO; VIEIRA, 2008) vêm procurando desenvolver linhas de pesquisas relacionadas à liderança em atividades esportivas, baseados nos estudos de Chelladurai (1978) e seu modelo de liderança para o esporte.

Neste contexto, percebendo a importância da influência dos treinadores e de sua liderança sobre seus atletas e buscando colaborar com a ampliação de estudos sobre a temática, este estudo buscou analisar o perfil de liderança dos treinadores de basquetebol feminino sub19 do estado de Santa Catarina, considerando a autopercepção de liderança dos treinadores e o perfil de liderança percebido pelas atletas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa dos dados. A pesquisa descritiva, segundo Gressler (2004), descreve sistematicamente os fatos e as características de uma determinada população ou área de interesse. A pergunta ligada à pesquisa descritiva consiste em descobrir “o que é?” sendo geralmente pesquisas que envolvem números elevados de elementos interpretativos combinados. Elas são usadas para compreender fenômenos e situações presentes, justificar, comparar e avaliar dados, além de identificar problemas.

A população deste estudo foi composta pelos treinadores e atletas das equipes de basquetebol sub19 feminino do Estado de Santa Catarina.

A amostra foi constituída pelos treinadores e atletas das equipes de basquetebol sub19 feminino, classificadas para a fase estadual dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina. Destaca-se que esta etapa foi constituída por 12 equipes, das quais oito disponibilizaram-se a participar do estudo. Desta forma, participaram do estudo oito treinadores (seis homens e duas mulheres), com idade entre 27 e 55 anos, todos formados em Educação Física e com tempo de atuação no basquetebol, variando entre três e 35 anos. Além disso, participaram do estudo 78 atletas de basquetebol com idade entre 14 e 19 anos.

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A tabela 1 apresenta a descrição resumida das características dos treinadores e das atletas participantes deste estudo:

Tabela 1 - Características dos treinadores e das atletas de basquetebol sub19 feminino do estado de Santa Catarina

Treinadores n % Atletas n %

Sexo Sexo

Masculino 6 75 Feminino 78 100

Feminino 2 25

Idade Idade

Até 35 anos 4 50 14 a 16 anos 50 64,1 Acima de 36 anos 4 50 17 a 19 anos 28 35,9

Formação Tempo de atuação

Graduado 4 50 2 a 5 anos 43 55,1 Pós-graduado 4 50 6 a 11 anos 35 44,9

Tempo de atuação Posição

Até 15 anos 4 50 Armadora 26 33,3 Acima de 16 anos 4 50 Lateral 28 35,9

Pivô 24 30,8

Total 08 100 Total 78 100

Na coleta de dados do presente estudo foram utilizados os seguintes instrumentos:

 Escala de Liderança Revisada para o Esporte (ELRE) – Versão autopercepção dos treinadores: traduzido do Leadership Scale of Sports (LSS) e validado para o português por Lopes (2006), o qual analisou o modo como os treinadores de basquetebol feminino avaliam sua liderança;

 Escala de Liderança Revisada para o Esporte (ELRE) – Versão percepção das atletas: traduzido do Leadership Scale of Sports (LSS) e validado para o português por Lopes (2006), o qual avaliou o perfil de liderança dos treinadores de basquetebol percebido pelas atletas.

Ambos os questionários são compostos de 60 perguntas em escala Likert (1 = nunca; 5 = a sempre), destacando-se que por meio dessa escala as perguntas são

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agrupadas em dois estilos e seis dimensões. O estilo de decisão é composto pelas dimensões autocrática (oito questões) e democrática (doze questões), enquanto o estilo interação é composto pelas dimensões de treino-instrução (10 questões), consideração situacional (10 questões), reforço (12 questões) e suporte social (oito questões) (LOPES, 2006).

Abaixo segue o quadro representativo das características dos treinadores em cada dimensão:

Quadro 1: Características dos treinadores em cada dimensão dos estilos decisão e interação (adaptado de LOPES, 2006).

Estilo decisão Características do treinador

Autocrática Uso da autoridade pessoal para tomar as decisões com pouca ou nenhuma participação dos atletas.

Democrática Permite a participação dos atletas nas decisões da equipe, respeita e aceita os direitos dos jogadores.

Estilo interação Características do treinador

Treino-instrução Foco na melhora do rendimento do atleta, através do planejamento e da estruturação das atividades. Fornece instruções técnicas e táticas.

Consideração situacional

Considera as características individuais dos atletas (maturação, habilidade) para nortear o trabalho.

Reforço Reconhece e recompensa o rendimento dos jogadores.

Suporte social Valorização do bem-estar dos jogadores, buscando promover um clima positivo nas relações interpessoais da equipe.

O projeto de pesquisa foi encaminhado para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina, sob o parecer 134/2010.

O contato com os treinadores das equipes de basquetebol sub19 feminino participantes dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina foi realizado no início da competição, quando foram explicados e descritos os objetivos do estudo e os procedimentos de coleta de dados, bem como foi solicitada a assinatura dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos treinadores e pelas atletas.

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No caso de atletas menores de idade, os treinadores, enquanto responsáveis pelas mesmas durante a referida competição, assinaram o TCLE como responsáveis por estas, permitindo a participação deste grupo no estudo.

Entregou-se para cada equipe, no primeiro dia de competição, um envelope, contendo 13 questionários (um para o treinador e 12 para as atletas), os quais foram recolhidos pelos pesquisadores nos alojamentos ou nos ginásios de competição, conforme combinado com cada delegação.

Para proceder à análise descritiva dos dados coletados, inicialmente, criou-se pontos de cortes a partir da escala Likert inicial do questionário, resultando em quatro categorias: raramente, ocasionalmente, frequentemente e sempre. Neste sentido, o tratamento estatístico dos dados foi realizado por meio de frequência e percentual no programa estatístico SPSS versão 17.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O perfil de liderança dos treinadores de basquetebol feminino sub19 em Santa Catarina, na percepção de técnicos e atletas, pode ser observado nas tabelas 2 e 3.

No que se refere ao estilo interação (tabela 2), observa-se que a maioria dos treinadores se autopercebem mais com características voltadas para as dimensões Treino-instrução (75%) e Suporte social (62,5%), do que Reforço positivo (37,5) e Consideração situacional (12,5%). Por sua vez, as atletas percebem seus treinadores primeiramente com um perfil de Reforço positivo (67,9%), seguido de Treino-instrução (64,1%), além de perceberem que eles se utilizam pouco dos aspectos relativos ao Suporte social (43,6%).

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Tabela 2 – Perfil de liderança dos treinadores de basquetebol sub19 feminino em Santa Catarina – Estilo Interação

Treinador Atleta Estilo Interação n (%) n (%) Treino-instrução Ocasionalmente ---- ---- 03 03,8 Frequentemente 02 25,0 25 32,1 Sempre 06 75,0 50 64,1 Suporte social Ocasionalmente ---- ---- 14 17,9 Frequentemente 03 37,5 30 38,5 Sempre 05 62,5 34 43,6 Reforço positivo Ocasionalmente ---- ---- 02 02,6 Frequentemente 05 62,5 23 29,5 Sempre 03 37,5 53 67,9 Consideração situacional Ocasionalmente ---- ---- 02 02,6 Frequentemente 07 87,5 28 35,9 Sempre 01 12,5 48 61,5

Diante dos resultados encontrados, observa-se que os treinadores de basquetebol apresentam um perfil para a dimensão Treino-instrução, com um foco maior na melhora da performance das atletas, um treinamento ‘duro e exigente’ voltado para o rendimento, o planejamento, a estruturação e o direcionamento das atividades, priorizando informações técnicas e táticas da modalidade (COSTA, 2006; LOPES, 2006; LOPES; SAMULSKI; NOCE, 2004).

Neste sentido, as evidências encontradas no presente estudo demonstram que os treinadores possuem a direção do treinamento nesses aspectos do estilo de interação, assemelhando-se com os resultados de pesquisas realizadas com treinadores de futebol categorias de base (COSTA; SAMULSKI; COSTA, 2009) e do Campeonato Brasileiro Série A (COSTA, 2006). Além de treinadores do nado sincronizado (ÁRDUA 2007), de diferentes modalidades esportivas da cidade de

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Maringá (PR) (SONOO; HOSHIRO; VIEIRA , 2008) e de handebol participantes dos Jogos Abertos do Paraná (CRUZ, GOMES E DIAS, 1997; GOMES, 2009).

Referir-se às atletas de modo com que enriqueça a vivência no esporte, proporcionando bons recursos técnicos e táticos não é o grande problema em questão do estilo autopercebido com maior frequência pelos treinadores (Treino-instrução). O que se deve observar com atenção na condução das sessões de treinamento e no momento das competições é que a maioria das atletas envolvidas nesta pesquisa é menor de 16 anos (64,1%) e que apenas cinco destas já competiram em nível nacional. Deste modo, deve-se tomar cuidado para que as atletas não interessadas em alto-rendimento não se afastem do esporte e da modalidade por excesso de treinamento com os aspectos do Treino-instrução.

Ao ampliar esta discussão, ressalta-se o estilo Suporte social. Essa dimensão tem como objetivo valorizar o bem-estar das jogadoras, buscando promover um clima positivo nas relações interpessoais da equipe, tendo o treinador destacando mais os valores humanos em detrimento das questões técnicas e táticas da modalidade (COSTA, 2006; LOPES, 2006; LOPES; SAMULSKI; NOCE, 2004).

Verifica-se que os treinadores classificam-se, em segundo plano, utilizadores das características deste estilo. No entanto, suas atletas acreditam que esses aspectos sejam os menos utilizados por eles. Rocha e Cavalli (2006) descrevem que os treinadores têm maior tendência de se observar em uma ótica mais positiva na qual suas atletas os vêem. Somando ao citado, cada vez mais se reforça que as atitudes morais, esportivas e sociais dos atletas estão baseadas na influência do treinador (GOMES, 2005), por isso, esses líderes devem fazer um bom uso de sua liderança e saber que estão influenciando direta e indiretamente suas atletas, tanto nos treinos quanto nos jogos.

As atletas de basquetebol, apesar de concordam que os seus treinadores fazem grande uso dos aspectos da dimensão Treino-instrução, acreditam que eles utilizam-se mais de aspectos do Reforço positivo, sendo essa caracterizada pelo fato de o treinador reconhecer e buscar recompensar o rendimento de seus jogadores (COSTA, 2006; LOPES, 2006; LOPES; SAMULSKI; NOCE, 2004). Tais resultados se assemelham ao do estudo de Cruz e Gomes (2009) com atletas adultos de handebol do estado do Paraná e de Gomes (2005) com atletas de várias modalidades e cidades de Portugal. Todavia, contrariam os apresentados por Alba

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(2009) com atletas de times profissionais de basquetebol masculino, os quais avaliam que seus treinadores utilizam-se pouco de estratégias de Reforço positivo.

O estilo Consideração situacional, que ressalta as características individuais dos atletas (maturação, habilidade) e leva em consideração os fatores situacionais (tempo, indivíduo, ambiente, time, jogo) para nortear o trabalho (COSTA et al., 2006; LOPES, 2006), foi o que menos os treinadores de basquete feminino se percebem (12,5%). Já suas atletas acreditam que esse estilo seja o penúltimo em utilização pelos treinadores (61,5%). Esta evidência contraria os resultados encontrados no estudo de Costa, Samulski e Costa (2009), os quais demonstraram que a maioria dos treinadores de futebol das categorias de base percebe-se fortemente com as características deste estilo.

A tabela 3 apresenta o perfil de liderança dos treinadores de basquetebol sub19 feminino no que ser refere ao estilo decisão, verificando-se que os treinadores se autopercebem em maior escala como autocráticos (62,5%). Porém, suas atletas, os identificam com um estilo de decisão mais democrática (19,2% sempre e 50,0 frequentemente). Deste modo, os resultados evidenciam certa discordância na percepção de treinadores e atletas com relação ao perfil de liderança relacionada ao estilo de decisão dos treinadores de basquetebol feminino sub19.

Tabela 3 – Perfil de liderança dos treinadores de basquetebol sub19 feminino em Santa Catarina – Estilo Decisão

Treinador Atleta Estilo decisão n (%) n (%) Democrático Raramente ---- ---- 01 01,3 Ocasionalmente ---- ---- 23 29,5 Frequentemente 05 62,5 39 50,0 Sempre 03 37,5 15 19,2 Autocrático Raramente ---- ---- 03 03,8 Ocasionalmente ---- ---- 47 60,3 Frequentemente 03 37,5 26 33,3 Sempre 05 62,5 02 02,6

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O estilo de decisão autopercebido pelos treinadores foi o Autocrático, no qual se enfatiza um perfil de liderança com uso da autoridade pessoal para tomar as decisões com pouca ou nenhuma participação dos atletas (COSTA, 2006; LOPES, 2006; COSTA, 2003). Tais informações reforçam as divulgadas por Costa, Samulski e Costa (2009), Costa (2003), Simões et al. (2007), Costa et al. (2006) e Cruz e Gomes (2009).

Destaca-se que o lado positivo na utilização desse perfil está na necessidade de rapidez de resultados para a equipe, ou seja, o treinador deve usar de suas experiências e tomar decisões rápidas para chegar a uma vitória sem que precise e queira consultar outrem. Por sua vez, o negativo trata-se de não permitir a interação com o grupo e de sacrificar, em alguns casos, a integridade física e emocional dos membros em função do alcance dos objetivos (CRUZ; GOMES, 2009). Neste sentido, Sonoo, Hoshiro e Vieira (2008) enfatizam que este é o estilo mais aceito no contexto esportivo profissional, tanto pelos treinadores quanto pelos atletas.

No entanto, as atletas de basquetebol sub19 de Santa Catarina não observam seus treinadores deste modo, percebendo-os mais democráticos que autocráticos, ou seja, que eles permitem a participação delas nas decisões da equipe, respeitando e aceitando suas opiniões.

O estilo Democrático possui vantagens, como alta racionalidade nas decisões, melhor compreensão, posse das decisões e melhor execução. Porém, sofre as desvantagens de demandar mais tempo para conhecer o grupo e de necessitar de uma boa coesão grupal (CRUZ; GOMES, 2009).

Os resultados referentes à percepção das atletas em relação ao estilo de decisão dos treinadores assemelham-se aos apresentados no estudo de Sonoo, Hoshiro e Vieira (2008), no qual também se constatou que atletas de diversas modalidades percebem seus treinadores mais democráticos que autocráticos.

Neste contexto, Sonoo, Hoshiro e Vieira (2008) e Cruz e Gomes (2009) relatam que o estilo democrático é o de preferência dos atletas, considerando que ele deixa as afinidades de ambas às partes em um nível mais alto e mais coeso.

Para tanto, observa-se que os treinadores deste estudo percebem-se líderes que tomam as decisões sozinhos e não dividem as escolhas e decisões com suas atletas. No entanto, as atletas discordam que isso ocorra com tanta frequência, interpretando-os como treinadores que possibilitam a tomada de decisões pelos membros da equipe. Esse caso pode ser explicado pelo fato de as mesmas obterem

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carinho e possuírem admiração por seu líder ou percebendo as “escolhas sem muita abertura de opinião” um processo natural da liderança de seu treinador.

Em termos de preferência de estilo de decisão de treinadores, Costa (2006) verificou que o sexo feminino prefere treinadores com estilo Democrático mais acentuado em vista da preferência Autocrática do masculino. Além disso, Simões et al. (2007) indica que entre as garotas os treinadores detêm uma liderança um pouco mais Democrática quando se compara aos atletas masculinos.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos, em função dos objetivos estabelecidos e das discussões decorrentes, possibilitam as conclusões que se seguem:

Os treinadores de basquetebol sub19 feminino de Santa Catarina se autopercebem com um perfil de liderança voltado para Treino-instrução e Suporte social, no que se refere ao estilo interação.

As atletas percebem seus treinadores utilizando mais de aspectos das dimensões Reforço positivo e Treino-instrução, reforçando que o foco do treinamento do basquetebol feminino sub19 em Santa Catarina está voltado para rendimento e informações técnico-táticas.

Referindo-se ao estilo decisão, enquanto os treinadores se autopercebem como Autocráticos, fazendo uso da autoridade pessoal para tomar as decisões com pouca ou nenhuma participação de seus jogadores, suas atletas os observam como Democráticos, ou seja, para elas seus treinadores permitem participação nas decisões da equipe, respeitando e aceitando suas opiniões.

Os resultados obtidos nesse estudo somam-se às demais pesquisas de liderança no esporte, acrescentando informações e ressaltando a importância da liderança do treinador na vida das atletas e também no desenvolvimento da modalidade de basquetebol.

Diante disso, sugere-se a realização de estudos que busquem um aprofundamento na possível influência do estilo de liderança do treinador nas atitudes das atletas, tanto dentro quanto fora de quadra. Pode-se utilizar apenas uma dessas equipes e realizar entrevistas para melhor identificar a ligação dos membros da equipe e saber se a liderança do treinador está somando ou dividindo suas atletas.

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REFERÊNCIAS

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