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RELATÓRIO APELADO: FAZENDA NACIONAL RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS - 3ª TURMA VOTO

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RELATÓRIO

O Senhor DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELO NAVARRO: Cuida-se de apelação interposta contra sentença que julgou parcialmente procedentes pedidos para declarar indevida apenas glosa da despesa médica referente ao recibo emitido por "Valgrênio Pereira Oliveira Sá", no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), e, em conseqüência, determinar a anulação do lançamento do crédito tributário, assim como eventuais multas, decorrentes da glosa da referida despesa médica.

Nas razões recursais, alega o recorrente que a falta de endereço nos recibos não é motivo suficiente para negar as glosas pretendidas na declaração do imposto de renda e julgar totalmente procedente os pedidos.

Contrarrazões apresentadas pela manutenção da r. sentença. Éo relatório.

VOTO

O Senhor DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELO NAVARRO: Em exame apelação interposta contra sentença que julgou parcialmente procedentes pedidos para declarar indevida apenas glosa da despesa médica referente ao recibo emitido por "Valgrênio Pereira Oliveira Sá", no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), e, em conseqüência, determinar a anulação do lançamento do crédito tributário, assim como eventuais multas, decorrentes da glosa da referida despesa médica.

Nas razões recursais, alega o recorrente que a falta de endereço nos recibos não é motivo suficiente para negar as glosas pretendidas na declaração do imposto de renda e julgar totalmente procedente os pedidos.

Não obstante as explanações desenvolvidas pelo ilustre Magistrado a quo, a meu ver, assiste razão à recorrente.

As bem-elaboradas motivações esposadas pela parte recorrente, em sua apelação datada de 04/12/2014, encontram-se em perfeita harmonia com a posição deste Relator, pelo que as transcrevo como razões de decidir:

PROCESSO Nº: 0800086-85.2014.4.05.8304 - APELAÇÃO APELANTE: OTONI NOGUEIRA FILHO

ADVOGADO: BERNARDO CRUZ ROSA ALENCAR DE SÁ APELADO: FAZENDA NACIONAL

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS -3ª TURMA

PROCESSO Nº: 0800086-85.2014.4.05.8304 - APELAÇÃO APELANTE: OTONI NOGUEIRA FILHO

ADVOGADO: BERNARDO CRUZ ROSA ALENCAR DE SÁ APELADO: FAZENDA NACIONAL

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS -3ª TURMA

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"2.1. Ofensa ao art. 8º, inciso II, da Lei nº 9.250/95 e ao art. 80, § 1º, I e II, do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99) - Ilegalidade das glosas referentes às deduções com despesas médicas:

Sustenta o Juízo de primeiro grau que somente um dos recibos colacionados pelo contribuinte obedecia aos requisitos do art. 8º, §2º, III, da Lei nº 9.250/1995, enquanto os outros três recibos não serviriam para comprovação das despesas médicas pelo fato de estarem completos, ou seja, por não indicarem o endereço da clínica médica, de forma que estes três recibos não poderiam justificar a dedução do imposto de renda pessoa física, como prova o trecho da sentença a seguir:

'No caso em tela, observo que apenas um dos recibos apresentados em sede administrativa pela parte autora (Id. 4058304.496296), após ser notificada pela Receita Federal, continha todos os requisitos exigidos pelo art. 8º, §2º, III, da Lei n.º 9.250/1995 - nome do prestador do serviço, CPF ou CNPJ e endereço.

Assim, do ponto de vista formal, a conduta da Receita Federal não se mostrou em desconformidade com a lei e os princípios norteadores do direito, em especial o da ampla defesa e contraditório, eis que oportunizou a defesa administrativa da parte autora. Todavia, o não reconhecimento da validade de três dos quatro recibos apresentados pelo autor se deu em estrita obediência à legislação aplicável.

Ora, tanto o primeiro recibo acostado no anexo Id. 4058304.496296, emitido por "Psicoclin", no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), quanto o terceiro, emitido por "Centro Médico Clínico", no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), e o quarto, emitido por "CEMES", no valor de R$ 3.000,00, não possuem endereço.

Já o segundo recibo, no valor de R$ 1.000,00, emitido por "Valgrênio Pereira Oliveira Sá", do contrário, possui todos os elementos necessários ao seu reconhecimento - nome, CPF/CNPJ e endereço.'

Em outras palavras, a falta do endereço nos recibos foi a única justificativa encontrada pelo magistrado para não declarar a nulidade completa do ato administrativo de lançamento tributário, ou seja, os recibos continham o "nome, o CPF ou CNPJ, e o carimbo do médico", mas a falta do endereço impossibilitava o reconhecimento da idoneidade da documentação.

Conquanto a documentação comprobatória de despesas médicas tenha que conter o nome, o endereço e o número de inscrição no CPF ou CNPJ de quem recebeu o pagamento (art. 8º, III, da Lei nº 9.250/95), é oportuno enfatizar que não existem modelos específicos para tais documentações, bastando que o contribuinte demonstre por qualquer meio idôneo os gastos em que ele incorreu, mesmo que não sejam atendidas todas as especificações solicitadas pela Receita Federal, como demonstram o aresto abaixo transcrito:

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. GLOSA. DESPESAS MÉDICAS.

- Em que pese o fato de nos recibos efetivamente não constar o endereço do consultório, assim como a inscrição do cirurgião em seu órgão de classe, tenho que a declaração por ele apresentada supre as exigências legais, tendo em vista que corrobora a veracidade dos valores e da efetiva prestação dos serviços. [TRF da 4ª Região - Primeira Turma - AMS 200470010013760, Rel. Des. Maria Lúcia Luz Leiria, j. 04.05.2005, DJ: 06.07.2005] (grifos nossos)

O Tribunal Regional Federal da 5ª Região reconhece a possibilidade de utilização de recibos médicos para fins de dedução do imposto de renda mesmo nos casos em que a clínica médica, ou o médico, estão em situação irregular perante a Receita Federal, uma vez que o direito de

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dedução do contribuinte, reflexo direto do princípio da capacidade contributiva, não pode ser vulnerado por formalismos ou pelos erros cometidos por terceiros:

TRIBUTÁRIO - IMPOSTO DE RENDA - DESPESAS MÉDICAS - COMPROVAÇÃO - CLÍNICA MÉDICA INEXISTENTE - IMPROVIMENTO.

1. Comprovados os gatos por meio de apresentação dos recibos passados pela clínica, a circunstância de esta se encontrar irregular perante o fisco, não autoriza a glosa da declaração de rendimentos do contribuinte que corretamente fez a dedução das despesas.

2. Apelação e remessa oficial improvidas. [TRF da 5ª Região - Segunda Turma - AMS 78667/PE (200083000009570), Relator Des. Federal Walter Nunes da Silva Júnior (Convocado), j. 04.06.2002, DJ: 15.04.2003] (grifos nossos)

Com efeito, ainda que a documentação coligida não contenha todas as informações (e.g.: endereço), comprova-se aqui que os documentos juntados pelo contribuinte não podem ser desconsiderados por pequenos erros formais, que não maculam a idoneidade da documentação, de modo que a mera falta do endereço não tem o condão de impossibilitar o seu uso como documentação hábil a ensejar a dedução dos gastos com a saúde da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física.

Portanto, é forçoso concluir que todas as glosas que foram efetuadas são absolutamente ilegais, de modo que é indiscutivelmente necessária a reforma da sentença ora combatida a fim de decretar a nulidade do ato administrativo de lançamento tributário, já que todas as despesas médicas foram devidamente comprovadas à luz das exigências estabelecidas no art. 8º, II, alínea 'a', e § 2º, II, da Lei nº 9.250/95 e no art. 80, § 1º, I e II, do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99) e da jurisprudência dominante dos tribunais pátrios.

Enfim, demonstrado os fundamentos jurídicos que embasam a sua pretensão, à luz do fundamento doutrinário e jurisprudencial diluído no decorrer desta peça, somente resta ao apelante aguardar que Vossas Excelências comunguem do entendimento que foi minuciosamente esposado e, consequentemente, que deem total procedência ao apelo, acolhendo o pedido que se segue em todos os seus termos.

3. DO PEDIDO:

Diante do exposto, espera e requer a Apelante que essa ilibada Corte de Justiça determine a reforma parcial da sentença ora combatida, tendo em vista que basta ao contribuinte demonstrar por qualquer meio idôneo os gastos despendidos com despesas médicas (AMS 2004.70.01.001376-0/PR), já que inexiste modelo específico de documentação para fins de dedução dos gastos com a saúde da base de cálculo do imposto de renda e pelo fato da mera falta de endereço não ter o poder de inutilizar a documentação coligida, invertendo ao final o ônus da sucumbência ou, no mínimo, arbitrando-a como recíproca."

Assim, corroboro, na íntegra, as assertivas desenvolvidas nas fundamentações supra, sendo, pois, desnecessários quaisquer acréscimos ao acima delineado.

Esse é o posicionamento que sigo, por entender ser o mais coerente, pelo que hão de prosperar as alegações da parte recorrente.

Diante disso, dou provimento à apelação para julgar totalmente procedente a ação.

Inversão dos ônus sucumbenciais, devendo a recorrida pagar ao autor a verba honorária de R$1.000,00 (hum mil reais).

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Écomo voto.

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. DESPESAS MÉDICA. RECIBO SEM ENDEREÇO DO EMITENTE. DEMAIS REQUISITOS EXISTENTES. NÃO-OCORRÊNCIA DE MOTIVO SUFICIENTE PARA NÃO ACEITAÇÃO. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS.

1. Apelação contra sentença que julgou parcialmente procedentes pedidos para declarar indevida apenas glosa da despesa médica referente ao recibo emitido por "Valgrênio Pereira Oliveira Sá", no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), e, em conseqüência, determinar a anulação do lançamento do crédito tributário, assim como eventuais multas, decorrentes da glosa da referida despesa médica.

2. Conquanto a documentação comprobatória de despesas médicas tenha que conter o nome, o endereço e o número de inscrição no CPF ou CNPJ de quem recebeu o pagamento (art. 8º, III, da Lei nº 9.250/95), há que se registra que não existem modelos específicos para tais documentações, bastando que o contribuinte demonstre por qualquer meio idôneo os gastos em que ele incorreu, mesmo que não sejam atendidas todas as especificações solicitadas pela Receita Federal.

3. Ainda que o recibo não contenha todas as informações (e.g.: endereço), restou comprovado que os documentos juntados pelo contribuinte não podem ser desconsiderados por pequenos erros formais, que não maculam a idoneidade da documentação. A mera falta do endereço não tem o condão de impossibilitar o seu uso como documentação hábil a ensejar a dedução dos gastos com a saúde da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física - IRPF.

4. Precedentes desta Corte Regional e do egrégio TRF da 4ª Região. 5. Apelação provida.

ACÓRDÃO

Decide a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, dar provimento à apelação, nos termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigráficas PROCESSO Nº: 0800086-85.2014.4.05.8304 - APELAÇÃO

APELANTE: OTONI NOGUEIRA FILHO

ADVOGADO: BERNARDO CRUZ ROSA ALENCAR DE SÁ APELADO: FAZENDA NACIONAL

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS -3ª TURMA

PROCESSO Nº: 0800086-85.2014.4.05.8304 - APELAÇÃO APELANTE: OTONI NOGUEIRA FILHO

ADVOGADO: BERNARDO CRUZ ROSA ALENCAR DE SÁ APELADO: FAZENDA NACIONAL

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS -3ª TURMA

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Referências

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