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A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO SUPORTE PARA O PROCESSO DE COMBINAÇÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL: CASO DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

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A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO SUPORTE PARA O PROCESSO DE COMBINAÇÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL: CASO DA IGREJA

PRESBITERIANA DO BRASIL

Jesualdo Dantas Sousa1 Ângela Patrícia Linard Carneiro2

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo levantar discussão sobre o uso da tecnologia da informação como suporte à transferência de conhecimentos dentro de uma entidade religiosa. Para melhor compreensão o trabalho faz uma definição do termo conhecimento e em seguida mostra os processos de conversão do conhecimento, tendo como referência o modelo de criação do conhecimento apresentada por Nonaka e Takeuchi aplicado a um estudo de caso da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB). Os dados foram coletados por meio de entrevistas com dois pastores representantes da Igreja, e os resultados mostram que, nesse caso, a tecnologia da informação tornou o conhecimento mais acessível, além de ampliar sua difusão interativamente, contribuindo para o benefício de todos.

Palavras-chave: Gestão do Conhecimento. Combinação do Conhecimento. Igreja

Presbiteriana do Brasil. Tecnologia da Informação.

ABSTRACT

This paper aims to raise the discussion about use of information technology to support knowledge transfer within a religious entity. For better understanding the paper makes a definition of the term knowledge and then shows the knowledge conversion processes, having as reference the model of knowledge creation by Nonaka and Takeuchi, applies a case study of the Presbyterian Church of Brazil (IPB). The data were collected through interview with two pastors church representatives, and the results show that information technology became more affordable, as well as knowledge extends him its dissemination interacting, contributing the benefit of all.

Keywords: Knowledge Management. Knowledge Combination. Presbyterian Church of

Brazil. Information Technology.

1 INTRODUÇÃO

A gestão do conhecimento, desde a década de 90, tem sido um dos principais objetos de estudo e debates dentro das organizações. Com a globalização e o desenvolvimento acelerado da tecnologia, não há dúvidas de que as discursões levantadas em torno desse tema mostram cada vez mais o quão à utilização do conhecimento e o seu compartilhamento são indispensáveis para o atual contexto social, político e econômico.

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Discente do curso de Administração na Faculdade Leão Sampaio – jesualdo.ds@gmail.com 2

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Para alcançar posições de destaques num mercado cada vez mais competitivo, as organizações ao longo dos anos passaram a investir fortemente em recursos tecnológicos, assim como também, em estudos de como gerir o conhecimento com o uso da tecnologia da informação.

As instituições religiosas, em sua estrutura de governança, já se assemelham às demais organizações, embora não contemplem em seus objetivos a lucratividade focada pelas empresas de cunho comercial.

Este trabalho levanta discussões acerca do gerenciamento do conhecimento em uma organização religiosa, tendo como suporte a tecnologia da informação (TI) no processo de combinação do conhecimento.

Assim, neste estudo de caso de natureza qualitativa, percebe-se que a Igreja Presbiteriana do Brasil utiliza todo potencial da T I no processo de geração de conhecimento, mais especificamente na sua combinação, disseminando-o por todos os níveis hierárquicos dessa organização religiosa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O conhecimento

Muitos filósofos inclusive Platão e Aristóteles se dedicaram a esse assunto em muitas de suas discursões, assim como também muitos outros filósofos ao longo da história ainda procuram uma definição adequada. Alguns escritores trazem uma definição poética a respeito do conhecimento como é o caso de Toffler (1990 apud NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 5) proclamando que: “[...] o conhecimento é a fonte de mais alta qualidade e a chave para a futura mudança de poder [...]”.

Mas o conhecimento tem várias definições:

[...] Pode significar informação, conscientização, saber, cognição, sapiência, percepção, ciência, experiência, qualificação, discernimento, competência, habilidade prática, capacidade, aprendizado, sabedoria, certeza e assim por diante. A definição depende do contexto em que o termo é empregado [...]. (SVEIBY, 1998, p. 13)

Neste contexto, o conhecimento não é um fator puro e simples, é caracterizado como uma mistura de vários elementos, é fluido e também estruturado, é intuitivo, sendo por tanto difícil de expressar em palavras e de ser entendido de maneira lógica. Ele está dentro dos

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indivíduos, onde é parte de sua complexidade e imprevisibilidade (DAVENPORT; PRUSAK, 2003).

O conhecimento é caracterizado como parte integrante de uma pessoa, grupo ou empresa, Boff (2001) afirma que ele é resultado da interpretação da informação e da sua utilização para alcançar alguns objetivos, como gerar novas ideias, solucionar problemas ou tomar decisões. Ele passa a existir a partir do momento em que a informação é interpretada e compreendida por alguém, sendo por tanto resultado da aprendizagem e experiências que poderão ser utilizada em várias situações.

Segundo Davenport e Prusak (1998) o conhecimento é uma troca de experiências, valores e informação, que permite avaliar e inserir novas experiências e informações dentro da organização. Para estes autores a origem do conhecimento está na mente das pessoas e deve ser reconhecido e administrado adequadamente.

O conhecimento é constituído como um eixo estruturante do desempenho das sociedades, regiões e organizações. Dentro deste contexto surgem diversas expressões que incluem este termo como: sociedade do conhecimento, redes de conhecimento e trabalhadores do conhecimento. Por meio disso pode ser constatado que a gestão do conhecimento é determinada através da capacidade das sociedades, regiões, organizações e pessoas saberem lidar com o ambiente mediante rápidas transformações e complexidade que são fatores que caracterizam a passagem do milênio (TERRA, 2000).

Esse mesmo autor acrescenta que o conhecimento das organizações é o elemento mais importante, apesar de não ser contabilizado nos sistemas econômicos financeiros tradicionais. Também ele é representado de forma indireta por indicadores de mercado, crescimento e rentabilidade, porém não aparece nos balanços patrimoniais. Em seus estudos este autor expõe que as empresas que procuram manter uma boa gestão do conhecimento são líderes de seus mercados, bem como apresentam um maior envolvimento com o mercado externo.

Mediante a aplicação do conceito de conhecimento ele pode ser caracterizado como conhecimento tácito e conhecimento explícito. Mas, para melhor compreensão deve-se conhecer os tipos de conhecimento que pode ser caracterizados como conhecimento tácito e conhecimento explícito.

2.2 Conhecimentos tácito

Nonaka e Takeuchi (1997) apresentam algumas diferenças entre o conhecimento tácito e conhecimento explícito, onde o conhecimento da experiência tende a ser tácito, físico e

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subjetivo, o conhecimento tácito é criado “aqui e agora” dentro de uma situação prática e específica.

O conhecimento tácito é algo escondido, mas pode ser expresso com dificuldade sendo pessoal ao autor e difícil de formalizar, dificultando sua transmissão e difusão. Conclusões,

insights e palpites subjetivos incluem-se nessa categoria de conhecimento. Além disso, o

conhecimento tácito está fundamentado nas ações, experiências, emoções, valores e ideias de um indivíduo (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Pereira (2004) afirma que o conhecimento tácito é difícil de verbalizar, mas pode ser expresso através de habilidades baseadas na ação e não pode ser reduzido a regras e receitas. No que diz respeito à organização dentro de uma empresa o conhecimento tácito exerce um papel vital, porque o processo de inovação das empresas ocorrerá pela estimulação de algum modo do conhecimento tácito de seus membros.

Mas, o conhecimento tácito sozinho não agrega valor para a organização, existe também o conhecimento explícito e os dois não são elementos separados, pois um complementa o outro, através de interações, onde realizam trocas nas atividades criativas dos seres humanos. A gestão do conhecimento está baseada no pressuposto crítico de que o conhecimento do indivíduo é criado e expandido por meio da relação social entre o conhecimento tácito e conhecimento explícito, tal interação ocorre entre as pessoas e não apenas em um único indivíduo, este processo de interação é chamado de “conversão de conhecimento” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

2.3 Conhecimento explícito

Já o conhecimento da racionalidade tende a ser explícito, metafísico e objetivo, e lida com conhecimentos passados sendo guiado para uma teoria independente do contexto. (NONAKA; TAKEUCHI, 1997)

De acordo com Bukowitz e Williams (2002) o conhecimento explícito é fácil de ser expresso através da linguagem e outras formas de comunicação, utilizando os recursos visuais, sonoros e corporais. Miranda (1999, p. 287) diz que “o conhecimento explícito é o conjunto de informações já citadas em algum suporte (livros, documento etc.) e que caracteriza o saber disponível sobre o tema específico”.

Já o conhecimento explícito é algo formal e sistemático que pode ser expresso pelas palavras e números, sendo facilmente detectado através de dados simplificados, fórmulas

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científicas, procedimentos codificados e também princípios universais (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Neste contexto os dois tipos de conhecimento: tácito e explícito apresentam uma íntima relação, Pereira (2004) confirma a ideia de que tais conhecimentos são complementares, e nesse sentido, as organizações devem a aprender a converter o conhecimento tácito em conhecimento explícito. Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que a inovação ocorre a partir do momento em que há interação entre o conhecimento explícito e o conhecimento tácito. A esse processo dá-se o nome de espiral do conhecimento e é primeiro passo para a sua gestão.

2.4 Gestão do conhecimento a partir da Espiral do conhecimento

A gestão do conhecimento tem como principal desafio a aquisição e a transferência do conhecimento pessoal do trabalhador (tácito) e do conhecimento explícito num processo de transformação interativa e em espiral (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Partindo do pressuposto de que a origem do conhecimento se dá pela interação entre conhecimento tácito e conhecimento explícito Nonaka e Takeuchi (1997) postularam quatro formas distintas de conversão do conhecimento, que são: socialização (conhecimento tácito em conhecimento tácito), externalização (conhecimento tácito em conhecimento explícito), combinação (conhecimento explícito em conhecimento explícito) e internalização (conhecimento explícito em conhecimento tácito), é o que se observa na figura 1.

Figura 1- Espiral do Conhecimento

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E quando esses elementos são transformados por meio das ações dos indivíduos resultam em competências valorizadas, onde é capaz de gerar benefícios sociais e econômicos que estimulam o desenvolvimento, e também é um veículo essencial para a inovação (TOMAÉL et al. ,2005).

A informação desempenha um papel importante nas empresas, pois esta é uma estratégia essencial para multiplicar a sinergia dos esforços que se transformam em resultados. Também é importante para a obtenção de vantagens competitivas, já que se isolar os fatores tradicionais como terra, mão de obra e recursos financeiros, não irá garantir a competitividade (DRUCKER, 1992, apud TOMAÉL et al. ,2005).

Nesse contexto, para Bukowitz e Williams (2002, p. 17) gestão do conhecimento é: “o processo pelo qual a organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital intelectual.”

E, para Terra (2000) gestão do conhecimento é, em seu significado atual, um esforço para fazer com que o conhecimento de uma organização esteja disponível para aqueles que dele necessitem com o objetivo de aumentar o desempenho humano e organizacional.

Para Nonaka e Takeuchi (1997, p.67), o “conhecimento humano é criado e expandido através da interação social entre conhecimento tácito e o conhecimento explícito”. Essa interação que os autores chamam de conversão do conhecimento, seria um processo social entre indivíduos que se expande em termos de qualidade e quantidade.

Para melhor compreensão de conhecimento através da espiral é importante detalhar cada etapa:

O processo de socialização é a transmissão do conhecimento tácito entre indivíduos, como modelos mentais e especialidades técnicas, compartilhando suas experiências por meio da observação e da prática (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Esse é um processo complexo, pois, o conhecimento tácito inclui todo o acúmulo de conhecimento arraigado, e, portanto, poderá ser impossível de fazer uma separação do modo de agir de cada indivíduo (DAVENPORT; PRUSAK, 2003).

A externalização segundo Nonaka e Takeuchi (1997), é um processo em que o conhecimento tácito é convertido em conceito explícito. Isso se dá através de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses e modelos. Entre os quatro modelos de conversão de conhecimento a externalização é fundamental no processo de criação do conhecimento, pois origina novos conceitos explícitos a partir do conhecimento tácito.

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Para Choo (2003, p. 39) a externalização ou exteriorização “é a atividade fundamental para a construção do conhecimento”, pois cria conceitos novos e explícitos a partir do conhecimento tácito.

Quando se pretende descrever uma imagem é utilizada a linguagem na forma escrita, sendo este um meio de transformar o conhecimento tácito em explicito (EMIG, 1983 apud NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

No processo de criação do conceito pode ser observado a externalização da conversão do conhecimento, pois este se dá pelo diálogo ou pela reflexão coletiva. O método mais utilizado na criação de conceitos é a combinação da dedução e indução, sendo este um analítico, porém há ocasiões em que não é possível utilizar tal método, o que leva ao emprego de métodos não analíticos, surge então como opção a metáfora e analogia (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

O processo de combinação é caracterizado como um processo de organização de conceitos dentro de um sistema de conhecimento. Este processo inclui a combinação de grupos diferentes de conhecimento explícito. Esta troca de informação é realizada por meio de documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação computadorizadas. Quando ocorre uma reconfiguração de informações (pela classificação, acréscimo, combinação e da categorização do conhecimento explícito), poderá originar novos conhecimentos (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Para Choo (2003) a combinação caracteriza-se pela disseminação de conhecimento explícito, reunido por vários meios. Dessa forma as pessoas tem a capacidade de trocar e combinar seus conhecimentos por meio de conversas telefônicas, reuniões, memorandos e outros. A informação contida em repositórios é classificada e organizadas de diversas formas, a fim de originar novos conhecimentos.

Mediante estes processos tem-se aborda o exemplo da Kraft General Foods:

A Kraft General Foods analisa os dados coletados nos pontos-de-venda não apenas para descobrir o que vende e o que não vende, mas também para criar novas maneiras de aumentar as vendas. O método de análise de dados da Kraft classifica lojas e compradores em seis categorias, de modo que o sistema pode apontar quem compra o que e em que loja. Esse mesmo sistema oferece aos supermercados informações detalhadas e imediatas, que lhes permitem determinar promoções de venda. (CHOO, 2003, p. 39-40)

O processo de conversão do conhecimento por meio da combinação pode ser observada no contexto dos negócios, quando os gerentes de nível médio desmembram e operacionalizam métodos empresariais, conceitos de negócios ou conceitos de produtos. A partir de conhecimentos explícitos várias informação e os conhecimentos codificados,

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permitem que as gerências de nível médio desempenhe um papel crítico no que diz respeito a criação de novos conceitos. A utilização de redes de comunicação computadorizada, bem como de dados em larga escala podem facilitar esse modo de conversão do conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Para Sveiby (1998) o processo de combinação do conhecimento é sistêmico e combina diversas partes de conhecimento explícito para gerar novos conhecimentos, através da análise, categorização e reconfiguração da informação.

Por fim, a internalização é caracterizada como o processo de incorporação do conhecimento explícito ao conhecimento tácito Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que este processo está relacionado com o “aprender fazendo”. Ainda de acordo com estes autores o processo de internalização ocorre por meio da verbalização e diagramação do conhecimento, onde se utiliza de documentações que auxiliam os indivíduos a internalizarem suas experiências, fazendo com que aumentem seu conhecimento tácito, pois permitem que haja a transferência do conhecimento explícito para as outras pessoas, assim elas poderão vivenciar de forma indireta as experiências de outros indivíduos.

Segundo Pereira (2004) a internalização ocorre pela incorporação das experiências adquiridas pelos indivíduos por meio de outras formas de construção do conhecimento, sendo representada por modelos mentais ou rotinas de trabalho comuns, onde é adquirido sob a forma de documentos ou formas históricas.

Nesse tipo de conversão é recomendado melhorias no que diz respeito aos incentivos para leituras e estudo de vários registros e documentos que fazem relação com as atividades exercidas (SILVA; RESENFELD, 2003).

2.5 Tecnologias da Informação

A tecnologia exerce um papel importante na difusão e aumento da velocidade de transferência de conhecimentos. A tecnologia da informação possibilita que o conhecimento explícito extraído de um indivíduo se torne passível de ser utilizado por outros. Também colabora na codificação do conhecimento e na sua geração (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).

Com o advento do mundo moderno a tecnologia tem alcançado tanto a sociedade como as organizações de forma que passou a dominá-las. Rosini e Palmisano (2003) dizem que a tecnologia está inserida em toda parte: nos eletrodomésticos; na comunicação por internet e satélite; nos aparelhos eletrônicos como fax, vídeo, telefones e microcomputadores; e dentre outros. O processo de desenvolvimento tecnológico não se limita apenas no ambiente

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doméstico, pois ele é muito mais evidente dentro das organizações, onde utiliza a tecnologia para promover mudanças constantes, até em questões básicas como arquivos ou ativo imobiliário.

Segundo Walton (1994) a tecnologia da informação compreende uma diversidade de produtos (hardwares e softwares) que se difundem com facilidade e tem como objetivo gerenciar dados e informações através das funções de coleta, armazenamento, processamento e acessibilidade para o controle de equipamentos e processos de trabalho, como também para conectar pessoas, funções e organizações. A TI também colabora na produção e na disseminação da comunicação, de forma a tornar os processos mais ágeis

2.6 Tecnologia da Informação como suporte à combinação do conhecimento

A tecnologia da informação (TI) é um elemento fundamental para o sucesso de projetos do conhecimento. A finalidade da TI é receber todo o conhecimento da organização, seja ele existente nas pessoas ou em documentos e ampliá-los de forma que todos da organização tenham acesso facilmente (DAVENPORT; PRUSAK, 2003).

O suporte que a TI oferece, segundo os mesmos autores, é a capacidade de transmissão rápida, possibilitando que o conhecimento dos membros de qualquer organização sejam sabidos e utilizados por outros.

De acordo com Angeloni (2008) o gerenciamento do conhecimento é caracterizado como a utilização dos mecanismos que asseguram a integração do conhecimento em novos produtos de serviços. Neste sentido a TI é o diferencial, pois se dentro de uma organização não houver uma cultura que esteja ligada ao aproveitamento e utilização do conhecimento por meio das terminologias não valeria a pena ter um investimento na criação desse conhecimento.

Para ajudar na estruturação, armazenamento e compartilhamento do conhecimento as organizações utilizam os recursos de comunicação da internet, através da utilização das intranets corporativas. Este sistema dá privilégios a informação interna para obter uma organização auxiliando a codificação e transferência do conhecimento. As intranets são redes privadas de comunicação, a qual faz uso do mesmo padrão de comunicação da internet. É considerado o local adequado para o processo de compartilhamento de informações. (CARVALHO, 2000 apud ANGELONI, 2008).

O fomento da gestão do conhecimento nas organizações está baseado no uso de comunidades virtuais de prática, porém para que o conhecimento organizacional forneça

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resultados e atribuam valor ao negócio é necessário outras etapas serem estruturadas e consolidadas (ANGELONI, 2008).

Para Tapscott (1997) a informação ao ser digitalizada e compartilhada nas redes digitais, possui uma diversidade de possibilidades, na qual uma grande quantidade de dados podem rapidamente ser comprimidos e transmitidos, podendo ser usados por uma infinidade de indivíduos nas mais variadas ocasiões.

As mais diversas formas de informação podem combina-se e gerar novos saberes, criando, por exemplo, documentos em multimídias, sendo possível armazená-los e recuperá-los, instantaneamente em qualquer local do mundo (ROSINI; PALMISANO, 2003).

3 IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL (IPB, 2014)

Buscando fazer um aprofundamento do conhecimento a respeito de como a tecnologia da informação é usada como suporte para o processo de combinação do conhecimento, teve-se um estudo de caso da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB).

As informações que constam nesta seção foram transcritas do site da Igreja Presbiteriana do Brasil, por ser a fonte mais adequada e seguras para coleta desses dados.

A origem histórica do presbiterianismo se deu por volta do século XVI por ocasião da Reforma Protestante. Porém, a fundação da Igreja Presbiteriana do Brasil aconteceu no ano de 1859, como resultado dos trabalhos dos missionários da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos.

A IPB está presente em todo o território nacional contribuindo para a formação religiosa e social do povo brasileiro, compartilhando sua forma de governo, teologia e estilo de vida comunitária. A sua estrutura pode ser representada pelo organograma visto na Figura 2, onde os grupos regionais tratam dados e informações que são passadas à uma instância hierárquica superior e assim sucessivamente, até chegar os Conselhos.

Dos Conselhos as informações são repassadas aos Presbitérios e destes aos Sínodos, até chegar ao Supremo Concílio onde definem-se estratégias e tomam-se decisões acerca dos assuntos pertinentes à IPB.

As decisões tomadas retornam aos níveis hierárquicos em forma de decretos que são assimilados por todos que participam da Igreja, mantendo a união e a combinação dos conhecimentos gerados ao longo de toda IPB.

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Figura 2- Organograma Nacional da IPB

Fonte: IPB (2014)

Observa-se que a estrutura é bem hierarquizada, o que sugere a princípio burocracia, mas na verdade, trata-se de gerenciamento, organização e respeito aos grupos formados em todos os níveis e lugares atendidos pela IPB.

4 METODOLOGIA

Para atingir o objetivo deste trabalho, o modelo de investigação adotado foi um estudo de caso pela conveniência da pesquisa, ou seja, pela proximidade entre pesquisador e objeto de pesquisa. Segundo Prodanov e Freitas (2013) um estudo de caso consiste na coleta e análise de dados de um grupo ou indivíduo, para o estudo de suas características de acordo

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com o assunto abordado. Para o Triviñus (1987, p. 133) o estudo de caso “é uma categoria de pesquisa cujo objetivo é uma unidade que se analisa aprofundadamente”.

Foi utilizada uma abordagem qualitativa, que de acordo com Vieira e Zouain (2006) não utiliza instrumentos estatísticos na sua análise de dados, contudo a sua base possui conhecimentos teórico-empíricos abrindo espaço para caracteriza-los como dados científicos.

Os dados Foram coletados por meio de duas entrevistas feitas nas casas de dois pastores representante da Igreja Presbiteriana do Brasil em Juazeiro do Norte, Ceará, nos dias 28 de abril e 01 de maio de 2014. As entrevistas foram norteadas por um mesmo roteiro semiestruturado sobre a influência da tecnologia da informação para a combinação do conhecimento dentro dos níveis de hierarquias da Igreja Presbiteriana do Brasil. Foram feitas diversas anotações à medida que os questionamentos eram respondidos.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quando questionados a respeito da gestão do conhecimento na IPB ambos os pastores responderam que a instituição tem utilizado diversos recursos tecnológicos para que o conhecimento chegue a todos os seus membros de forma clara e precisa, tendo como finalidade o cumprimento de diversas responsabilidades. Na concepção dos pastores entrevistados, a gestão do conhecimento é a transmissão do conhecimento por meio de diversos recursos de forma a abranger o seu alcance visando o bem da coletividade. As falas de ambos revelam que o processo de combinação do conhecimento é o mais utilizado.

Na entrevista com os pastores identificou-se que a IPB é uma entidade religiosa de amplitude nacional, com um sistema de governo de características corporativas, tendo como principal veículo de transferência do conhecimento a TI. Com esta são disseminados livros, resoluções, cartas pastorais, materiais didáticos como revistas de estudos bíblicos, jornais, relatórios de atividades, documentos doutrinários contendo os conhecimentos centrais da fé cristã. Os documentos são digitalizados e ficam acessíveis aos níveis hierárquicos da instituição mostrando que a combinação do conhecimento é uma preocupação da IPB.

Quando questionados acerca da importância da tecnologia como suporte ao processo de combinação do conhecimento, o estudo mostra que para a Igreja Presbiteriana do Brasil a tecnologia se tornou essencial, pois, tem a capacidade de difundir o conhecimento de maneira rápida e precisa em qualquer lugar e em qualquer hora (PASTOR 1).

De acordo com o que foi apresentado pelos pastores, ao longo da sua história, a IPB valorizou todas as formas de difusão do conhecimento conforme a sua época e conjuntura

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social e dentro do contexto pós-moderno tem feito uma boa utilização da tecnologia da informação usando ferramentas como: Sites, blogs, Rádio Web, TV Web, Cadastro de membros online por meio do Sistema Integrado, todas as atas e resoluções disponíveis online, programas na TV aberta e redes sociais (PASTOR 2).

Portanto, os questionamentos levantados aos pastores entrevistados mostram que a Igreja Presbiteriana do Brasil apresenta preocupação ao lidar com a combinação do conhecimento e tem trabalhado para que a disseminação do conhecimento beneficie a todos os seus membros, se utilizando das ferramentas da TI para isso.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados da pesquisa mostram que a combinação através da transferência é o processo mais importante, sendo o responsável pela agilidade e viabilidade da compreensão do conhecimento, deixando-o mais acessível a todos aos seus membros, independentemente do nível hierárquico da IPB.

O sucesso da comunicação dentro da igreja é uma consequência do uso adequado da TI como ferramenta essencial à instituição. A tecnologia da informação mostrou-se fundamental para que as informações chegam em tempo real por diversos meios (tv, rádio, internet e celular), contribui para a formação de novos conhecimentos explícitos e tácitos.

Concluindo, apesar de este trabalho apresentar informações de uma única instituição religiosa, ele pode ser utilizado como fonte para futuras pesquisas em qualquer outra organização seja ela religiosa ou não, contribuindo para identificar pontos positivos ou negativos nos processos de conversão do conhecimento e da importância da tecnologia da informação como suporte nesses processos.

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Referências

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