• Nenhum resultado encontrado

RESUMO. Palavras-chave: Armazenamento, sementes, equipamento modificador de atmosfera.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "RESUMO. Palavras-chave: Armazenamento, sementes, equipamento modificador de atmosfera."

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

EFEITO DE UM EQUIPAMENTO MODIFICADOR DE ATMOSFERA NO

ESTABELECIMENTO DE FUNGOS EM SEMENTES DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris

L.) EM AMBIENTES DE ELEVADA TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA

Flávio Meira Borém1, Roberto Ferreira da Silva2, Tetuo Hara3, José da Cruz Machado4

RESUMO

Sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) foram armazenadas em condições de elevada temperatura e umidade relativa na presença e ausência de um equipamento modificador de atmosfera com o objetivo de avaliar o efeito deste equipamento no estabelecimento de fungos de armazenamento nas sementes. Observou-se que o equipamento modificador de atmosfera foi capaz de inibir o desenvolvimento de fungos em sementes não deterioradas localizadas próximas ao equipamento.

Palavras-chave: Armazenamento, sementes, equipamento modificador de atmosfera.

ATMOSPHERE MODIFIER EQUIPMENT EFFECT IN THE ESTABLISHMENT OF FUNGI IN BEAN SEEDS (Phaseolus vulgaris L.) STORED UNDER HIGH

TEMPERATURE AND RELATIVE HUMIDITY ABSTRACT

Bean seeds (Phaseolus vulgaris L.) were stored under high temperature and relative humidity conditions with and without modifier device in order to evaluate its effect on the establishment of storage fungi in the seeds. It was observed that the atmosphere modifier equipment was capable to inhibit the fungi development in non deteriorated seeds which were located near the atmosphere modifier equipment.

Keywords: Storage, seeds, atmosphere modifier equipment.

INTRODUÇÃO

No processo tradicional de produção de feijão, grãos e sementes são normalmente armazenados em condições ambientes.

Nestas condições, ocorrem freqüen-temente alterações nas características físicas e fisiológicas que depreciam a qualidade dos referidos produtos.

A capacidade de manutenção da viabilidade e do vigor das sementes durante o armazenamento é influenciada por muitos

fatores tais como: grau de umidade das sementes, umidade relativa e temperatura do

ambiente de armazenamento, fatores

genéticos, atividade de microrganismos e insetos, tratamento com fungicidas e inseticidas, composição gasosa da atmosfera de armazenamento, danificações durante a

colheita, processamento e secagem

(Delouche, 1968; Sartori, 1971; Wendt, 1986; Novembre, 1987; Chamma, 1988; Faria, 1990).

Protocolo 21 2000 45 de 12/08/2000

1

Professor Adjunto do Departamento de Engenharia da UFLA, D.S. em Produção Vegetal,. E-mail: borem@ufla.br, Caixa Postal 37, Campus Universitário, Lavras, MG. CEP 37.2000-000

2 Pesquisador Titular do CCTA – UENF, Ph.D em Fitotecnia,. E-mail: roberto@uenf.br 3

Professor Titular do DEA – UFV, M.S. em Eng. Agrícola,. E-mail: thara@mail.ufv.br

4

(2)

De acordo com as mais recentes exigências do mercado consumidor, quanto ao

controle de qualidade, um produto é

considerado satisfatório, quando atende aos padrões mínimos de qualidade estabelecidos. Observa-se, neste sentido, que com o advento da ISO 14000, a tendência internacional é a exigência do desenvolvimento de novas

tecnologias de produção, visando

prioritariamente à questão ambiental.

Neste contexto, torna-se necessário o desenvolvimento de novas metodologias ou mesmo o aprimoramento daquelas já existentes para a produção e o processamento de produtos

agrícolas minimizando ou evitando,

preferencial-mente, o uso indiscriminado de produtos tóxicos.

Segundo Hara et al. (1990), um novo sistema de armazenamento que utiliza um equipamento que retira partículas fúngicas da

atmosfera, é capaz de conservar as

características desejáveis de produtos agrícolas, dispensando a utilização de substâncias químicas. Os autores, no entanto, não esclarecem quais as alterações que este equipamento provoca nas características do ar e quais os seus efeitos na manutenção da qualidade de sementes. Borém et al. (1998), estudando o funcionamento deste equipamento e seus efeitos no ar, concluíram que a oxidação de propágulos de fungos é a causa mais provável dos efeitos relatados na literatura (Hara, 1991; Baez, 1993). Além disso, concluíram que o equipamento emite CO2 e

causa ionização do ar.

Borém (1998), avaliando o efeito do equipamento modificador de atmosfera na qualidade de sementes de feijão, relata que não foi possível observar diferenças significativas entre os valores médios da germinação e do vigor das sementes em função da presença do equipamento modificador de atmosfera, em razão da redução do grau de umidade para valores em torno de 13% b.u. O autor relata, entretanto, que foi possível observar que a porcentagem de sementes com infestação de

insetos no container com equipamento

modificador de atmosfera foi significativamente menor do que no container com equipamento modificador de atmosfera recoberto.

Estudos de Borém et al. (1999) indicaram também que a porcentagem de

sementes com fungos de campo foi

significativamente reduzida ao longo do período de armazenamento independentemente das condições de armazenagem utilizadas. Por outro lado, a porcentagem de sementes com

fungos de armazenamento aumentou

significativamente ao longo do tempo, tanto no armazenamento com equipamento modificador de atmosfera, como no armazenamento com

equipamento modificador de atmosfera

recoberto. A porcentagem de fungos no ar de armazenamento aumentou em ambos os tratamentos. Os autores são de opinião que a drástica redução da umidade observada nas sementes em ambos os containers foi limitante ao desenvolvimento dos fungos, impedindo, assim, observar, com clareza, o efeito do equipamento modificador de atmosfera sobre o

desenvolvimento desses microrganismos.

Admitem ser necessário estudar os efeitos do equipamento em condições que não limitassem o desenvolvimento dos fungos.

Diante dos resultados inconclusivos observados nos trabalhos já desenvolvidos sobre a eficácia do equipamento modificador de atmosfera, conduziu-se o presente trabalho. O objetivo foi avaliar o efeito do referido equipamento no estabelecimento de fungos de

armazenamento em sementes de feijão

armazenadas em condições de altas

temperaturas e umidade relativas.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido no

Laboratório de Fitotecnia do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, em Campos dos Goytacazes, RJ, no período de novembro a dezembro de 1998.

Foram montados dois ensaios: no primeiro, amostras de 100g de sementes inoculadas e não inoculadas com Aspergillus flavus foram mantidas durante 10 dias em germinadores sob temperatura de 30 ºC e umidade relativa acima de 90 %, na presença e na ausência do equipamento modificador de atmosfera. No armazenamento com a presença do equipamento modificador de atmosfera, todas as amostras inoculadas foram colocadas distantes 2 cm do aparelho. Já as amostras não inoculadas foram colocadas à cerca de 30cm do equipamento.

Para a inoculação das sementes usou-se uma suspensão de esporos de Aspergillus flavus contendo 106 esporos.mL-1. A suspensão foi preparada a partir de uma solução 5 % de triton 0,3% para garantir a homogeneidade dos esporos e sua aderência ao tegumento das sementes.

A germinação dos esporos foi avaliada em microscópio por meio da contagem do

(3)

número de esporos germinados em meio ágar após 12 horas de incubação em BOD a 25 ºC.

Foram usadas três amostras de 100 g de sementes tratadas com a suspensão de esporos e outras três amostras de 100 g de sementes tratadas apenas com a solução de triton. Para a inoculação adicionou-se 1 mL da suspensão

para cada 100g de amostra com

homogeneização em saco plástico. Em seguida, cada amostra foi colocada em tela de arame e levada para os germinadores.

Após o período de 10 dias de armazenamento, foram avaliados: ocorrência de fungos nas sementes, contagem do número de esporos e grau de umidade das sementes.

Para a detecção dos fungos nas sementes usou-se o método de incubação em Papel de filtro, conforme descrito por Neergaard (1977). Foram usadas quatro repetições de 16 sementes.

A avaliação foi feita em lupa binocular, considerando-se apenas a presença de espécies de Aspergillus. Foram atribuídas notas de zero a três de acordo com a densidade de inóculo nas sementes, a saber:

0 – sementes livres de fungos;

1 – sementes exibindo pequenas colônias de fungos visíveis somente com lupa;

2 – sementes exibindo grandes colônias de fungo visíveis sem o uso da lupa e cobrindo uma área inferior a 50% da superfície da semente;

3 – sementes com elevado grau de deterioração com colônias de fungos cobrindo uma área superior a 50% da superfície da semente.

Para avaliar a presença de fungos nas sementes em função da densidade de inóculo, foi calculado o Índice de Ocorrência (IO) a partir da fórmula de “Mc Kinney” (Equação 1), a qual fornece uma média ponderada da ocorrência do fungo nas sementes.

POT.Nmáx

.100 N . PO IO

Eq (1) em que, IO – índice de ocorrência (%); PO – porcentagem de ocorrência; N – nota;

POT – porcentagem de ocorrência total; N máx – nota máxima.

A contagem de esporos foi feita em uma alíquota da suspensão obtida a partir da

lavagem e extração de esporos de 10 sementes amostradas aleatoriamente de cada repetição. Para a extração dos esporos, agitou-se durante 2 minutos, em vortex, um tubo de ensaio que continha as sementes e 10 mL de solução de triton 0,01 %. A suspensão obtida foi transferida para outro tubo de ensaio.

A contagem do número de esporos foi feita em câmara tipo “Neubauer” diretamente a partir de uma alíquota da suspensão. Os resultados foram expressos em números de esporos.mL-1.

Ao final do armazenamento,

determinou-se o grau de umidade de acordo com a Regra para Análise de Sementes (Brasil, 1992)

O segundo ensaio (Figura 1) foi

simultaneamente instalado em dois

germinadores: um germinador que contém o equipamento modificador de atmosfera e o outro, sem o equipamento. Em ambos os casos, as amostras de sementes de feijão foram armazenadas sob temperatura de 30ºC e umidade relativa acima de 90% durante 10 dias. Neste ensaio (Figura 1), os tratamentos foram dispostos em um fatorial (2 x 2 x 2 x 2) formado pelos seguintes fatores: semente deteriorada e semente não deteriorada; semente inoculada e semente não inoculada, armazena-mento com o equipaarmazena-mento modificador de atmosfera e armazenamento sem o equipamento modificador de atmosfera; sementes próximas do equipamento cerca de 2cm e afastadas cerca de 30cm. Cada unidade experimental foi replicada duas vezes.

As sementes deterioradas foram obtidas a partir de amostras de feijão com 18% de umidade mantidas no ambiente em sacos de polietileno por um período de 30 dias. Foram consideradas como sementes não deterioradas aquelas sementes mantidas em câmara fria a 5 ºC sem apresentar nenhum sinal visível de presença de fungos.

Cada unidade experimental constituiu-se de 75g de sementes. As sementes das unidades experimentais inoculadas receberam 0,75 mL de uma suspensão de esporos de A. flavus contendo 106 esporos.mL-1 diluídos em solução 5% de triton 0,3%. As sementes das unidades experimentais que não foram inoculadas receberam apenas 0,75 mL da solução pura de triton.

Deve-se ressaltar que não nenhum desenvolvimento visível de micélio foi observado sobre as sementes inoculadas

(4)

modificador de atmosfera, enquanto nos demais tratamentos, este crescimento foi intenso. Com o equipamento modificador de atmosfera Sem o equipamento modificador de atmosfera Sementes localizadas a 30 cm do equipamento Sementes localizadas a 2cm do equipamento Germinador 1 Germinador 2 Legenda:

Semente deteriorada inolculada Semente deteriorada não inoculada Semente não deteriorada inoculada Semente não deteriorada não inoculada

Figura 1. Representação esquemática do segundo ensaio

Nesse ensaio, procedeu-se somente a

contagem do número de esporos. Para avaliar a quantidade de esporos, foram retiradas três amostras de 10 sementes para lavagem em solução de triton 0,01 %. As sementes foram colocadas em tubos de ensaio juntamente com a solução de triton e agitadas em vortex durante 2 minutos. Em seguida, a suspensão foi coletada em um segundo tubo de ensaio e as sementes eliminadas. Amostras da suspensão foram retiradas para contagem do número de

esporos numa câmara Neubauer em

microscópio óptico.

Os resultados de potencial de inóculo foram expressos em número de esporos.mL-1.

A umidade das sementes antes do período de armazenamento e após ele foi determinada de acordo com as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992).

Os resultados das variáveis observadas foram analisados, utilizando-se o programa SAS para análise estatística e o teste “F” para avaliar a significância de cada fator e suas interações. As médias dos tratamentos significativos foram comparadas a partir da diferença mínima significativa (DMS) calculada para cada variável dependente estudada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Primeiro Ensaio

Neste ensaio, como as sementes que

receberam inoculação foram colocadas

próximas aos aparelhos no tratamento com equipamento modificador de atmosfera e as sementes sem inoculação ficaram afastadas cerca de 30cm, ocorreu um confundimento entre os efeitos da inoculação e da posição das sementes.

O índice de ocorrência de Aspergillus sp. nas sementes com armazenadas na presença e na ausência do equipamento modificador de atmosfera em condições artificiais são apresentados na Tabela 1. Nota-se que o índice de ocorrência de Aspergillus sp. nas sementes inoculadas foi significativamente maior, ao nível de 5% de probabilidade (P>0,05), do que o índice de ocorrência desse fungo nas sementes não inoculadas, independentemente da presença do equipamento modificador de atmosfera. Entretanto, o índice de ocorrência de Aspergillus sp. nas sementes inoculadas armazenadas com equipamento modificador de atmosfera foi significativamente menor (P>0,05) do que o índice de ocorrência do fungo nas sementes inoculadas e armazenadas sem o equipamento. Por outro lado, não foram observadas diferenças significativas (P>0,05) entre as médias do índice de ocorrência das sementes não inoculadas armazenadas com e sem o equipamento.

(5)

Tabela 1. Índice de Ocorrência (IO), em porcentagem, de Aspergillus sp. detectado em sementes de

feijão, após dez dias de armazenamento a 30 ºC e UR de 95%, na presença e na ausência do equipamento modificador de atmosfera

Armazenamento Índice de Ocorrência (%)

Semente inoculada Semente não inoculada

Com equipamento Sem equipamento 46,81 70,96 30,52 28,25 DMS: Diferença mínima significativa : 12,12

Na Tabela 2 é apresentada a análise de variância dos resultados do teste de sanidade.

Utilizando-se o teste F para comparar as médias do índice de ocorrência observou-se que todos os fatores, inclusive a interação, foram

significativos ao nível de 5 % de probabilidade (Tabela 2).

Na Tabela 3 encontram-se os valores da contagem do número de esporos. A análise de variância dos dados observados é apresentada na Tabela 4.

Tabela 2. Análise de variância dos resultados do teste de sanidade no primeiro ensaio

Fonte GL QM F P Modelo 3 1.136,99 20,64 * Equipamento 1 417,37 7,58 * Inoculação 1 2.515,18 45,67 * Equipamento x Inoculação 1 478,42 8,69 * Erro 8 55,08 - -

* Significativo, pelo teste “F” ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 3. Número de esporos totais em amostras de sementes armazenadas com temperatura de 30 ºC

e UR de 95 %, na presença e na ausência do equipamento modificador de atmosfera

Armazenamento Número de Esporos.mL-1

Semente inoculada Semente não inoculada

Com equipamento Sem equipamento 1,21 106 6,70 106 3,78 106 4,65 106 Diferença mínima significativa (DMS): 2,42 106

Tabela 4. Análise de variância dos resultados da contagem do número de esporos totais

Fonte GL QM F P Modelo 3 1,55 1013 7,04 * E.M.A 1 3,02 1013 13,74 * Inoculação 1 2,09 1011 0,09 ns E.M.A. x Inoculação 1 1,60 1013 7,28 * Erro 8 2,20 1012

 Significativo, pelo teste “F” ao nível de 5% de probabilidade. Na Tabela 3, observa-se que as

sementes armazenadas com equipamento

modificador de atmosfera apresentaram uma contagem média significativamente (P>0,05) menor de esporos do que aquelas sem o equipamento. Entretanto, não se observaram diferenças significativas (P>0,05) entre as médias do número de esporos das sementes inoculadas. Por outro lado, a interação entre o

efeito do equipamento modificador de

atmosfera e o efeito da inoculação foi

significativa (Tabela 4). A média de contagem de esporos nas sementes inoculadas do tratamento com equipamento modificador de

atmosfera foi significativamente menor

(P>0,05) do que a média de esporos nas sementes sem inoculação do mesmo tratamento. No entanto, para as sementes armazenadas sem o equipamento modificador de atmosfera, as médias de contagem de esporos com inoculação

e sem inoculação não diferiram

(6)

Na Tabela 5, são apresentados os valores médios do grau de umidade das sementes após dez dias de armazenamento em condições controladas na presença e na

ausência do equipamento modificador de atmosfera. No início do armazenamento, as sementes apresentavam 18% (b.u.) de umidade.

Tabela 5. Grau de umidade (%) de sementes de feijão após 10 dias de armazenamento em ambiente

com temperatura de 30 ºC e UR de 95%, na presença e na ausência do equipamento modificador de atmosfera

Armazenamento Grau de Umidade (%)

Semente inoculada Semente não inoculada

Com equipamento Sem equipamento 18,0 24,9 20,4 23,9 Observa-se que os maiores valores de

umidade correspondem às sementes com maior nível de deterioração e que as sementes inoculadas armazenadas na presença do

equipamento modificador de atmosfera

permaneceram com o mesmo valor inicial de umidade.

A partir desses resultados, percebe-se que o equipamento modificador de atmosfera apresentou efeito somente nas sementes que foram inoculadas. Entretanto, estas sementes

estavam localizadas mais próximas ao

equipamento.

Os resultados deste primeiro ensaio, em

razão da ausência da casualização, acarretando um confundimento entre a inoculação e a

posição das sementes em relação ao

equipamento modificador de atmosfera, foram considerados preliminares, levando à realização de um segundo ensaio.

Segundo ensaio

Os resultados da contagem do número de esporos na superfície das sementes após dez dias de armazenamento são apresentados na Tabela 6. A análise de variância dos resultados observados é apresentada na Tabela 7.

Tabela 6. Número de esporos.mL-1 de suspensão, obtidos a partir de 10 sementes de feijão após 10 dias de armazenamento a 30 ºC e UR de 95%, na presença e na ausência do equipamento modificador de atmosfera

Número de Esporos . mL-1 Localização das

sementes

Deterioração Inoculação Com equipamento Sem equipamento

Próximas 2cm do equipamento Deteriorada Inoculada 4,77 106 13,0 106 Não Inoculada 3,65 106 14,0 106 Não Deteriorada Inoculada 1,16 106 14,0 106 Não Inoculada 1,00 106 2,71 106 Afastadas 30cm do equipamento Deteriorada Inoculada 16,0 106 5,84 106 Não Inoculada 13,0 106 8,32 106 Não Deteriorada Inoculada 8,96 106 2,16 106 Não Inoculada 5,88 106 2,91 106

Diferença mínima significativa (DMS): 7,53 106 Na Tabela 6, observa-se que, em média, a menor contagem de esporos ocorreu nas

sementes próximas ao equipamento

modificador de atmosfera, confirmando os resultados observados no primeiro ensaio.

A partir da análise de variância (Tabela

7), observa-se que os únicos fatores

significativos (P>0,05) foram a deterioração e a interação do equipamento modificador de atmosfera com a localização.

Observa-se na Tabela 6 que o número de esporos sobre a superfície das sementes

deterioradas foi significativamente maior (P>0,05) do que na superfície das sementes não deterioradas, independentemente dos demais fatores. Além disto, esse número de esporos foi significativamente menor (P>0,05) nas sementes localizada próxima ao equipamento modificador de atmosfera no tratamento que

utilizou este equipamento durante o

armazenamento. No armazenamento sem o

equipamento modificador de atmosfera

ocorreram contagens de esporos

(7)

localizações. Esses valores, porém, relacionaram-se todos com as sementes não deterioradas.

Na Tabela 8, são apresentados os valores do grau de umidade das sementes após o segundo ensaio em condições artificiais. Semelhantemente ao teste anterior, os maiores valores de umidade correspondem aos

tratamentos cujas sementes apresentaram maior nível de deterioração. Observa-se que, em média, o grau de umidade das sementes

localizadas próximas ao equipamento

modificador de atmosfera manteve-se próximo ao valor inicial de 18% (b.u.).

Tabela 7. Análise de variância dos resultados da contagem do número de esporos totais do segundo

ensaio Fonte GL QM F P Modelo 15 5,16 1013 3,64 * Deterioração ( D ) 1 1,93 1014 13,63 * Equipamento (E) 1 9,59 1012 0,68 ns D x E 1 3,53 1009 0,00 ns Inoculação ( I ) 1 2,87 1013 2,02 ns D x I 1 1,73 1013 1,22 ns E x I 1 8,00 1006 0,00 ns D x E x I 1 2,43 1013 1,71 ns Localização ( L ) 1 9,11 1012 0,64 ns D x L 1 4,23 1012 0,30 ns E x L 1 4,01 1014 28,25 * D x E x L 1 9,28 1012 0,65 ns I x L 1 1,02 1013 0,72 ns D x I x L 1 9,14 1012 0,64 ns E x I x L 1 4,53 1013 3,19 ns D x E x I x L 1 1,31 1013 0,93 ns Erro 16 1,42 1013

* Significativo, pelo teste “F” ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 8. Grau de umidade das sementes de feijão após 10 dias de armazenamento a 30ºC e UR de

95% na presença e na ausência do equipamento modificador de atmosfera Grau de umidade (%)

Bloco Sementes Com E.M.A. Sem E.M.A.

Próximo 2cm do equipamento

Deteriorada inoculada 18,5 29,3

Deteriorada não inoculada 16,9 29,5

Não deteriorada inoculada 17,9 30,8

Não deteriorada não inoculada 16,9 28,5

Afastado 30cm do equipamento

Deteriorada inoculada 22,3 26,1

Deteriorada não inoculada 22,5 28,5

Não deteriorada inoculada 21,2 25,1

Não deteriorada não inoculada 21,6 25,1

Os resultados desse teste confirmam as observações preliminares do teste anterior, esclarecendo o efeito dos fatores confundidos no primeiro ensaio, inoculação e localização. Assim, a localização das sementes próximas ao

equipamento modificador de atmosfera

apresentou-se como o fator que provocou as diferenças observadas.

A partir desses resultados, verificou-se portanto, que o equipamento modificador de atmosfera apresentou um efeito restrito às suas proximidades e que foi incapaz de impedir o desenvolvimento dos fungos de sementes já

deterioradas, apresentando efeito somente em sementes não deterioradas.

Esta observação é coerente ao considerar que a provável causa dos efeitos de redução do desenvolvimento de fungos ocasionados por esse equipamento relatados na literatura é a oxidação de propágulos de microrganismos conforme foi proposto por Borém et al. (1998). Uma vez infectada, a semente não será beneficiada pela presença do equipamento modificador de atmosfera, pois a oxidação dos propágulos presentes no ar apenas diminui a

(8)

probabilidade de infecção por reduzir a quantidade de inóculo no ambiente.

CONCLUSÕES

Com base nos resultados deste trabalho concluiu-se que o equipamento modificador de

atmosfera foi capaz de impedir o

desenvolvimento de fungos em sementes não deterioradas localizadas próximas 2 cm do equipamento e foi incapaz de impedir o desenvolvimento dos fungos tanto em sementes já deterioradas localizadas próximas ao equipamento como em todas as sementes localizadas a cerca de 30 cm do aparelho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Baez, J.E.A. Efeito de um equipamento

modificador de atmosfera na conservação de grãos de milho. Viçosa: UFV, Imprensa

Universitária, 1993. 51p. (Tese de

Mestrado).

Borém, F.M. Efeito de um equipamento

modificador de atmosfera no armazena-mento e na qualidade de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.). Campos dos

Goytacazes: UENF, 1998. 108p. (Tese de Doutorado).

Borém, F.M.; Hara, T.; Silva, R.F. Alterações químicas e físicas provocadas no ar de

armazenamento por um equipamento

modificador de atmosfera. Revista

Brasileira de Armazenamento, Viçosa -

MG, v.23, n.1, p.16-27, 1998.

Borém, F.M.; Silva, R.F.; Hara, T. ; Machado, J.C. Ocorrência de fungos no ar e em sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.)

armazenadas em ambientes com

equipamento modificador de atmosfera.

Ciência e Agrotecnologia. Lavras-MG,

v.23, n.2, p.195-202, 1999.

Brasil, Ministério da Agricultura e do Abastecimento Regras para análise de

sementes. Brasília, MARA, 1992, 365p.

Chamma, H.M.C.P. Maturação de sementes

de feijão “aroana” (Phaseolus vulgaris L.) e sua influência sobre o potencial de armazenamento. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz”

da Universidade de São Paulo, 1988. 86p. (Tese Mestrado)

Delouche, J.C. Physiology of seed storage. In: Corn and Sorghum Research Conference, 23. Washington, Proceedings, 1968, p.83-90.

Faria, L.A.L. Efeitos de embalagens e de

tratamento químico na qualidade de sementes de algodão (Gossypium hirsutum L.), feijão (Phaseolus vulgaris L.), milho (Zea mays L.) e soja (Glycine max (L.) Merrill) armazenadas sob condições ambientes. Lavras: Escola Superior de

Agricultura de Lavras, 1990. 122p. (Tese Mestrado).

Hara, T. Oxidation process offers different approach to storage. World Grain, v.9, p.19-21, 1991.

Hara, T.; Baggio, D.; Fiorenzano, Jr. A.; Seródio, R.S.; Abreu, J.M.; Ribeiro, N.C.A. Armazena-mento de cacau comercial em contêiner equipado com esterilizador de ar termo-iônico. Anais da II Convenção Nacional da ABRAPÓS. Boletim Brasileiro

de Pós-Colheita. Curitiba, ABRAPÓS,

p.4-31, 1990 (Edição especial).

Neergaard, P. Seed pathology. London, McMillan Press, 1977, 1887p.

Novembre, A.D.L.C. Tratamento fungicida e

conservação de sementes de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.). Piracicaba: Escola

Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz” da Universidade de São Paulo, 1987. 147p. (Tese Mestrado).

Sartori, M.R. Deterioration of bean seeds

(Phaseolus vulgaris L.) and its consequences. Mississippi: Mississippi

State University, 1971, 61p. (Tese

Mestrado).

Wendt, V. Avaliação do nível de ocorrência de

Colletotrichum lindemuthianum (SACC e MAGN.) BRI e CAV, em sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) utilizadas por agricultores do município de Lavras-MG e efeito do tratamento fungicida no armazenamento de sementes. Lavras:

Escola Superior de Agricultura de Lavras, 1986, 67p. (Tese Mestrado).

Referências

Documentos relacionados

A diminuição significativa da quantidade de sintomas vocais consolidou que a participação dos educadores no programa, especificamente nos grupos avançados, gerou

No capítulo três, “Comentário e autoria”, inicio descrevendo o funcionamento dos comentários produzido em ambientes virtuais, mais precisamente na parte

sub- tilis strains as expression systems of heterologous proteins for subunit vaccines, the genes encoding hy- brid spore coat proteins were integrated into specific sites at

A seguir, propomos um quadro com os culturemas pertencentes à categoria Âmbitos Culturais: Patrimônio Cultural, encontrados na notícia, lembrando que estamos confrontando

(Fuvest 2005) Três grandes placas P, P‚ e Pƒ, com, respectivamente, cargas +Q, -Q e +2Q, geram campos elétricos uniformes em certas regiões do espaço. A figura 1 abaixo mostra

Em função dessas reflexões, selecionamos o conteúdo “Membranas celulares e as trocas com o meio” para desenvolver uma sequência didática baseada no Ensino Explícito

o jato de água (Fig. 8 I); a luz mantém-se dentro do jato de água pois vai incidindo na superfície de separação com o ar sempre com um ângulo maior que o angulo critico de

As demonstrações do resultado, do resultado abrangente, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa individuais e consolidadas de 31 de dezembro de 2012 e