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Transcrição da entrevista do grupo 1:

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Academic year: 2021

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Transcrição da entrevista do grupo 1:

Duração: aproximadamente 30 Minutos Elementos do grupo: F1 – 16 anos, masculino F2 – 16 anos, masculino A – 14 anos, feminino C – 15 anos, feminino M – 15 anos, feminino (…)

Mediador – Gostaria que me contassem as vossas experiências de assaltos ou tentativas de assaltos.

F1 – Em 2006, até me lembro do dia, foi a 16 de Abril de 2006. Sai da escola e ia para casa da minha mãe. A caminho da estação, numa rua estreita, estavam 1 rapaz com, mais ou menos, 18 anos e uma rapariga. O rapaz pensou que olhei para a namorada dele e começou a dizer “ouve lá, estás a olhar para a minha namorada” e eu “não, não estou”. Entretanto eu parei para atar os sapatos e eles continuaram a andar. Só que o rapaz voltou para trás e a rapariga ficou lá no fundo da rua. Ele disse-me para lhe dar o telemóvel e eu pedi-lhe que ou menos me desse o cartão do telemóvel. Ele deu e foi-se embora com a rapariga. Passado pouco tempo encontro a rapariga no comboio e de vez em quando também a vejo ao pé da casa da minha mãe, mas finjo que nada aconteceu. A – A mim foi em Setembro deste ano, estava a sair da escola e quando cheguei à porta de casa estava a pôr a chave na porta da rua quando um rapaz, com uns 16 anos,

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abordou-me com uma navalha e pediu-me o telemóvel. Ainda lhe pedi o cartão, ele deu-me e lá seguiu o caminho dele.

M – Fora da escola nunca fui roubada. A única situação foi mesmo aqui na escola, no ano passado. Deixei a mala no cacifo, e desapareceu. E ainda por cima foi só a mim porque o cacifo tinha lá mais mochilas. De valor só lá tinha o telemóvel.

C – Roubaram-me uma vez, quando andava na minha antiga escola. Costumava haver actividades e deixa-mos as mochilas todas juntas e uma rapariga ficou encarregue de olhar por elas. Só que ele em determinada altura deve ter-se distraído e quando voltei já não tinha o telemóvel na mochila. E depois disso, já tive uma tentativa de assalto aqui na Amadora. Estava a sair da escola e estava a ir em direcção à paragem do autocarro. Estava sozinha na paragem e dois rapazes (talvez um pouco mais velhos que eu) aproximaram-se de mim (e outro ficou mais longe só a ver) e perguntaram-me as horas e disse-lhes que não tinha relógio. Eles perguntaram se tinha telemóvel para ver as horas e eu fui ver e disse-lhes. Eles viram que o telemóvel não era nada de especial e perguntaram se tinha dinheiro e eu disse que não. Mostrei-lhes a carteira e depois arrumei, mas eles devem ter reparado que era da Nike, pediram outra vez para mostrar e eu disse que não. Depois vi que um deles estava a por a mão no bolso, e fiquei com medo que fosse uma navalha. O que vale é que apareceu uma senhora na e eles foram-se embora.

F2 – A mim, foi à 3, 4 anos, tinha eu 13 anos. Estava a ir para a escola, na descontra e mais à frente estavam dois rapazes (também pela minha idade) sentados num banco. Eu olhei para eles e vi que um estava a fazer sinal com a cabeça, a apontar para mim, para o outro. Eu comecei a pensar que, se calhar, me iam assaltar. Quando passo por eles, um diz-me “Hei tu, tens horas”, e eu disse que sim e disse que horas são. Ele agradeceu e

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perguntou onde é que eu morava, eu respondi “que morava ali ao fundo”. E ele, “ mas ali onde?”, e eu “ali naquelas casas”.

C – E disseste-lhe?

F2 – Eu disse, fiquei com medo. E ele depois disse “deixa-me ver o teu chapéu” e eu “está aqui (apontando para a cabeça) não estás a ver?”. Depois pediu-me para lhe dizer outra vez as horas, eu tirei-o do bolso, ele agarrou-o e começa-mos os dois a puxa-lo. Ele conseguiu ficar com o telemóvel, e o outro tirou-me o chapéu e fugiram os dois, e eu não fui atrás porque tive medo. Depois comecei a chorar e fui para a escola.

Mediador – Tiveram a contar várias situações diferentes nas quais os assaltantes estavam, ou não, armados, era um, dois ou três indivíduos… De modo geral, como é que acham que as pessoas se devem comportar numa situação de assalto?

F1 – Eu acho que a pessoa que está a ser assaltada não devia resistir, devia entregar tudo o que lhe pedissem para não acontecer o pior (serem agredidos).

(todos abanam a cabeça, concordando com a resposta de F1) F2 – Ou então, se vir alguém na rua, pedir socorro…

F1 – Pois, claro, claro…

C – Hoje em dia as pessoas na rua não fazem nada, eu já assisti duas vezes a assaltos e nem eu, nem ninguém fez alguma coisa para impedir. Uma das vezes ainda fomos atrás do rapaz (que era mais novo que nós e não parecia estar armado) mas não o apanhamos. F2 – E o pior é que eu fui assaltado, eram para aí 2 e tal e nessa altura não passam carros.

Mediador – M, como do grupo foste a única que não foi assaltada fora da escola, o que achas que farias se tivesses numa situação dessas?

M – Eu acho que ficava cheia de medo e dava tudo o que quisessem. Mas se soube que não estava armado, não tinha medo.

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A – Pois, se eu soubesse que não estava armado também não tinha medo e não dava nada, mas eu sabia que estava. Não, mas eu acho que ficava com medo na mesma. No meu caso, mesmo que não tivesse armado, eu não tinha por onde fugir porque eu estava contra a parede.

Mediador – Acham que é diferente para uma pessoa se for a 1ª ou 4ª vez que está a ser assaltado?

M – Quanto mais vezes for, já sabe o que há-de fazer. F1 – Pois…

F2 – Na primeira vez, a pessoa não deve resistir porque é uma coisa que nunca aconteceu mas na segunda já pode resistir.

Mediador – Mesmo se tiver armado?

F2 – se estiver armado não convém, mas se não vir nenhuma arma…

C – Acho que quantas mais vezes forem assaltadas, menos medo vai ter, porque já estão habituadas. Da primeira vez a pessoa fica sempre traumatizada com a situação, sem saber o que fazer na altura. Também depende das pessoas porque, se forem muitas vezes assaltadas, podem ficar com medo de sair à rua.

A – Se uma pessoa for 4 vezes assaltada já sabe o que há-de fazer, esconder as coisa. Mediador – Que consequências uma situação destas teve para vocês, ou acham que poderá ter?

M – A mim não teve porque depois encontraram o rapaz que tinha a minha mala. Mediador – Mas imagina que eras assaltada na rua…

M – Ia-me trazer despesas porque comprei as coisas e fiquei sem elas.

F1 – Eu agora ao sair da escola ponho sempre o telemóvel nas meias ou noutro sítio escondido.

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F2 – Eu ando com o meu no bolso e se me quiserem tirar eu sinto. Se deixar na mochila posso deixa-la em qualquer lado e é mais fácil tirarem-mo.

C – Eu ando com dois, um na mochila e o outro no bolso. Se roubarem levam só um. Mediador – O que significa para vocês perderem os vossos bens materiais (como telemóvel, mp3, dinheiro…) durante um assalto na rua?

C – Depende do valor do dinheiro e do telemóvel, mas mais vale ficar sem as coisas do que tentar reagir e depois ficar com marcas (ser agredida).

M – Pois, mais vale ficar sem as coisas, dos que sem a vida. A – A minha opinião é a mesma que a delas.

F2 – Eu fiquei triste, podia ter fugido, sei lá…

C – Nessas situações a pessoa bloqueia, fica sem saber o que fazer…

F2 – Pois, eu só falei com eles por medo, senão tinha passado por eles e ido embora. Uma vez tentaram fazer o mesmo e eu desprezei e fui-me embora. Eram 4 sentados no muro e começaram a chamar-me, eu disse-lhes “vou aí porquê? não vos conheço de lado nenhum” e continuei a andar, eles começaram a vir atrás de mim e eu pensei que era melhor começar a correr porque não havia movimento na rua, mas depois começaram a passar carros e vinha também uma senhora na minha direcção e quando olhei para trás já se iam embora.

Mediador – E mais alguém passou por alguma situação parecida a esta?

F1 – Mais ou menos, era para aí uma da manha e eu e mais uns três amigos vínhamos de uma festa da nossa igreja e ia-mos para o comboio. De repente vimos ao fundo da rua um grupo de uns 15 rapazes a vir atrás de nós e voltamos para trás, descemos uma rua e nunca mais os vimos.

Mediador – Qual é a ideia que têm sobre a segurança dos locais na rua onde passam frequentemente?

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M – Normalmente as ruas por onde passo tem sempre movimento, por isso, acho que é seguro.

C – Eu passo muitas vezes na rua onde o F1 foi assaltado. Costuma ter pouco movimento mas corta-me caminho para a estação. Uma vez fiquei com medo de lá passar porque a rua estava sem ninguém e vinham uns rapazes a passar, mas não aconteceu nada.

F2 – Onde fui assaltado, acho que é mais perigoso nas horas mortas, entre as 13 e 15, fora isso, à sempre trânsito e até filas.

A – Na minha passa sempre carros mas na hora de almoço a rua fica sempre mais parada.

F1 – Mas a tua rua não é muito segura

C – A, olha que os carros passam lá sempre rápido e não param.

A – Sim eu sei. Agora a rua está a ficar pior frequentada mas o meu tio está sempre no café lá na rua e as pessoas que lá vão são sempre as mesmas.

C – Mas a tua rua não é segura, é muito escondida… F1 – E pouco movimentada.

A – Agora não é….

C – Acho que nunca foi, sempre teve pouco movimento.

Mediadores – Então pelo que percebo, quanto mais movimentada as ruas forem mais seguros se sentem.

Todos – Sim…

C – A minha rua é pouco movimentada mas sei que lá não me vão assaltar quem for lá do bairro, só gente de fora…

F1 – Mas não é porque as pessoa que estão a assistir ao assalto vão fazer alguma coisa, é mais porque os assaltantes têm medo se a rua estiver com muita gente.

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F2 – Sim, se tiver muita gente eles não assaltam, mas se só tiverem 2 ou 3 pessoas… F1 – Mas eu já assisti a um assalto quando estavam muita gente à volta mas acho que é menos provável.

Mediador – O que pode ajudar a diminuir a possibilidade de ser assaltado na rua? M e C – Não andarem com as coisas à mostra, mp3, telemóvel…

C – Hoje em dia mais vale andar com um telemóvel da treta do que um topo de gama que chame à atenção.

F1 – E andar sempre com mais um amigo. C – E não andar com muito dinheiro na carteira. F2 – E tentar andar sempre acompanhado. C – Mas mesmo assim, andar acompanhado…. F1 – Sim, mas sentes-te melhor, mais seguro.

Mediador – E em relação às vossas coisas quais são os maiores cuidados que costumas ter?

M – É o andar sempre com dois telemóveis

F1 – Eu só ando com dinheiro quando preciso de almoçar na escola e não ando com o meu mp3 na rua. E nunca ponho as chaves de casa, nem o dinheiro ou telemóvel na mochila, andam sempre comigo.

Referências

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