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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL CAMPUS ARAPIRACA UNIDADE EDUCACIONAL DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS SERVIÇO SOCIAL - BACHARELADO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL CAMPUS ARAPIRACA

UNIDADE EDUCACIONAL DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS SERVIÇO SOCIAL - BACHARELADO

MARIA JESSICA FERREIRA ANDRÉ

A MULHER NA SOCIEDADE CAPITALISTA: “CONSIDERAÇÕES SOBRE A DESIGUALDADE DE GÊNERO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO”

PALMEIRA DOS ÍNDIOS 2018

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Maria Jessica Ferreira André

A mulher na sociedade capitalista: “considerações sobre a desigualdade de gênero nas relações de trabalho”

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social, da Universidade Federal de Alagoas, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Profa. Ma. Heline Caroline Eloi Moura

Palmeira dos Índios 2018

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Universidade Federal de Alagoas – UFAL Campus Arapiraca

Bibliotecário Responsável: Nestor Antônio Alves Junior CRB - 4 / 1557

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Dedico este trabalho ao meu criador

que sempre me proporcionou

sabedoria e uma caminhada de paz. Sem ele jamais teria chegado aqui.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que permitiu que tudo isso acontecesse ao longo da minha vida, e não somente na minha jornada acadêmica, mas em todos os momentos.

A minha irmã Geovana e meu esposo Allan pela ajuda na elaboração e apoio e incentivo nas horas difíceis de cansaço e desânimo.

Aos meus pais Edvânia e Gilvan que me instigaram na busca pelo conhecimento.

A Professora Ms. Olívia Monteiro pelo empenho dedicado à elaboração deste trabalho.

A Professora Heline Moura pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas correções e incentivo.

Agradeço a Professora Ms. Karina Duarte e Professora Dr. Marli Araújo e demais professores que contribuíram de forma direta e indireta para a elaboração deste trabalho.

Enfim, a todos que passaram por minha vida, e de forma um tanto desagradável ou não, contribuíram para o meu crescimento como ser social.

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“É impossível progredir sem mudança, e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada”.

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RESUMO

O presente estudo tem como principal objetivo, fazer uma análise sobre o processo que colocou a mulher em uma posição de inferioridade, desde a sociedade primitiva até os dias atuais. Para a realização desta pesquisa foi utilizado o método materialismo-histórico-dialético, a pesquisa documental e bibliográfica por intermédio dos autores como Saffioti (1987,1978 e 2004), Cisne (2014), Engels (2012), Karl Marx (2013), e a pesquisa exploratória e descritiva que possibilitaram maior aproximação do objeto. Sendo assim, foi necessária a análise do processo de inferioridade da mulher, através da sociedade patriarcal, que conforme os costumes advindos da propriedade privada mantém o fortalecimento do domínio do homem e a permanência do capitalismo na contemporaneidade. Mediante isso, foi analisado os fundamentos do papel da mulher na sociedade primitiva que originou a desvalorização da mesma a colocando sob desigualdade de gênero. Todavia, as reflexões postas neste trabalho nos levam a entender que o sistema dominante impede a materialização de um mundo em que homem e mulher sobrevivam sobre gênero humano.

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ABSTRACT

The main purpose of this study is to analyze the process that placed women in a position of inferiority, from the primitive society to the present day. For the accomplishment of this research the materialism-historical-dialectical method was used, the documentary and bibliographical research through the authors like Saffioti (1987,1978 and 2004), Cisne (2014), Engels (2012), Karl Marx (2013), and the exploratory and descriptive research that made possible a closer approximation of the object. Thus, it was necessary to analyze the process of inferiority of women, through the patriarchal society, which according to the customs derived from private property maintains the strengthening of the domination of man and the permanence of capitalism in contemporary times. Through this, it was analyzed the foundations of the role of the woman in the primitive society that originated the devaluation of the same placing it under gender inequality. However, the reflections put forward in this work lead us to understand that the dominant system prevents the materialization of a world in which man and woman survive on human gender.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 9

2 DIVISÃO DE CLASSES E A CONDIÇÃO DA MULHER NO CAPITALISMO

2.1 O surgimento de classes sociais e o papel da mulher na sociedade

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2.2 A desvalorização da mulher no capitalismo 17

2.3 Desigualdade de gênero na atualidade 21

3 A MULHER NAS RELAÇÕES DE TRABALHO 26

3.1 Desigualdade de gênero nas relações de trabalho 26

3.2 Conceito de patriarcado e conservadorismo 31

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 35

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como proposta geral analisar de forma crítica a mulher na sociedade capitalista. Ao fazer essa análise, podemos refletir sobre o sistema capitalista vinculado ao patriarcado que colocam a mulher em uma posição inferior ao homem, mantendo seu domínio e reprodução social que implica em uma concentração maior de capital.

Mediante isso, os métodos utilizados neste trabalho foram de grande importância para a compreensão e elaboração do debate sobre a problemática posta. Com isso, foi utilizado o método materialismo-histórico-dialético que permite aprender sobre a essência do objeto partindo da sua aparência. Como também, a pesquisa bibliográfica e documental, fazendo o uso de artigos científicos e livros que contribuíram na compreensão da dimensão da problemática, pelos quais, foi necessário formas de enfrentamento, possibilitando abrangência sobre o objeto durante a elaboração da pesquisa. Além da pesquisa exploratória e descritiva que possibilitou maior aproximação, facilitando a análise do objeto.

Para a elaboração deste trabalho foi utilizado alguns autores como Engels (2012) para compreender a comunidade primitiva e o surgimento das classes, Saffioti (1987, 1978 e 2004) para analisar a inferiorização da mulher, desde o seio familiar ao seu ambiente de trabalho, Cisne (2014) para entender o poder da ideologia patriarcal, além de outros autores que foram de extrema importância para a elaboração do objetivo proposto.

Com isso, o trabalho foi estruturado em dois capítulos, cada um com subitens. O primeiro capítulo, intitulado “Divisão de Classes e a Condição da Mulher no Capitalismo”, está dividido em três subitens. O primeiro subitem abordará o processo da sociedade primitiva em que se originou a divisão social do trabalho, a divisão de classes e a compreensão do papel da mulher na sociedade. O segundo subitem vai abordar o momento em que o trabalho e o papel da mulher passou a ser desvalorizado na sociedade. Por fim, o terceiro subitem abordará a desigualdade de gênero nas esferas pública e privada nos dias atuais.

O segundo capítulo, intitulado “A Inferiorização da Mulher”, foi dividido em dois subitens. O primeiro subitem abordará o controle sobre o corpo e a desigualdade

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nas relações de trabalho. O segundo subitem vai discorrer sobre as profissões masculinizadas e os conceitos sobre o patriarcado e conservadorismo.

Por fim, a relevância desta temática para a sociedade se manifesta na produção de conhecimento diante dessa análise, que nos permite debater sobre a mulher na sociedade, nas relações de classe, na divisão sexual do trabalho e nos interesses do sistema capitalista e do patriarcado. Assim como, também, é importante para o gênero feminino mostrar a sociedade os conflitos enfrentados em seu cotidiano, seja no lar ou em seu ambiente de trabalho.

Assim, essa pesquisa, também, se torna relevante para o curso de Serviço Social, em que os profissionais veem a necessidade em fazer debates sobre a mulher, como forma de mostrar que, assim como os demais grupos, a mulher enfrenta o preconceito e a desigualdade social.

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2 DIVISÃO DE CLASSES E A CONDIÇÃO DA MULHER NO CAPITALISMO

Neste capítulo abordaremos acerca do processo da sociedade primitiva em que ocorreu a divisão da sociedade em classes sociais economicamente desiguais, da inserção da mulher no mundo industrial, para assim, compreendermos como ocorreu esse processo que fez grande uso do trabalho feminino nas fábricas e ao mesmo tempo, da exploração e violação sobre o seu corpo e suas escolhas.

Para isso, foi realizado uma análise histórica do momento em que surgiu a divisão social do trabalho e de classes, com o objetivo de entendermos esse processo que originou o domínio do homem sobre a mulher, impondo regras que deveriam ser seguidos por gerações. E assim, fazer reconhecer a trajetória de desafios enfrentados pelo gênero feminino em seu cotidiano, sendo esta apoiadora ou não da busca de reconhecimento como força necessária para a sociedade, obtendo a igualdade de direitos.

Com isso, buscou-se compreender a desigualdade de classe e a forma como o poder patriarcal tenta de todas as formas separar a mulher da esfera pública, dando apenas o direito de ser mãe e cuidadora. Dessa forma, chegaremos a uma melhor compreensão sobre a divisão de classes, os motivos da opressão voltada para a mulher e a forma como lidam.

Por fim, demonstrar que o domínio sobre a mulher ainda é forte, principalmente, por vivermos em uma sociedade patriarcal, onde quem possui o poder é o homem.

2.1 O surgimento de classes sociais e o papel da mulher na sociedade

Iniciaremos esse item contextualizando a forma de organização da sociedade na comunidade primitiva, pois, é a partir desse estágio de desenvolvimento da humanidade que encontramos os fundamentos históricos e teóricos que justificam a diferença e relação de desigualdade na sociedade. Para isso, recorremos aos estudos de Engels, em “A origem da Família, da propriedade privada e do estado”, especialmente o capítulo denominado “Da barbárie à civilização” que subsidiam o entendimento deste objeto.

Na comunidade primitiva os indivíduos viviam como nômades, em busca dos meios para a sua sobrevivência. Estes mantinham sua organização em tribos, nas

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quais, eram subdivididas para a formação de novos grupos. Era uma forma de controle do aumento populacional entre eles, e de controle de conflitos. Conforme se dividiam para a formação de outros grupos, se tornava uma convivência simples sem distinções de classes.

Engels (2012) relata que os conflitos que viessem a existir poderiam por fim a tribo, mas, se porventura chegasse ao fim, não seria motivo para escravizar os indivíduos. Entre os primitivos não havia o ato de dominação. Uns ajudavam aos outros, mantendo uma boa convivência entre os grupos e tribos.

Com o tempo, descobriram a possibilidade do cultivo de sementes e do pastoreio de animais, então, passaram a se fixar em um único lugar. Ao se fixar em determinadas áreas que possibilitassem a caça e os meios para a sobrevivência, houve a divisão do trabalho “[...] a divisão do trabalho é absolutamente espontânea: só existe entre os dois sexos” (ENGELS, 2012, p. 200). Essa divisão não se baseava no número de indivíduos de cada tribo, mas nos dois sexos existente. Com isso, dividiam suas atividades entre homem e mulher, e assim, sobreviviam sem nenhuma exploração, apenas com a divisão de trabalho que cada indivíduo poderia exercer em contribuição a sua tribo.

O homem vai à guerra, incumbe-se da caça e da pesca, procura as matérias-primas para a alimentação, produz os instrumentos necessários para a consecução dos seus fins. A mulher cuida da casa, prepara a comida é confecciona as roupas: cozinha, fia e cose. Cada um manda em seu domínio: o homem na floresta, a mulher em casa(ENGELS, 2012, p. 200).

Devido ao exercício da busca de suprimentos se perceberam na necessidade de se dividirem para a execução das atividades que pudessem suprir as necessidades das tribos. Foi através dessa necessidade que houve a divisão de trabalho entre homem e mulher. Para os primitivos, a divisão entre os sexos facilitava a sobrevivência entre eles.

A divisão de trabalho era baseada na força física e não por competência/capacidade. Mesmo ocorrendo essa divisão espontânea entre os sexos na sociedade primitiva, a primeira divisão social do trabalho não se originou nesse momento, mas quando o homem passou a domesticar os animais. O que antes era produzido para a troca com indivíduos da mesma tribo, com a descoberta da domesticação de animais e a criação de gado, as tribos adiantadas fizeram desse

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processo a sua ocupação, realizando a troca de mantimentos com tribos diferentes, tendo em vista que produziam mais que as outras tribos se mantendo em vantagem aos demais. Segundo Engels (2012):

Essas tribos pastoris não só produziam víveres em maior quantidade como também em maior variedade do que o resto dos bárbaros. Tinham sobre eles a vantagem de possuir mais leite, laticínios e carnes; além disso, dispunham de peles, lãs, couros de cabra, fios e tecidos, cuja quantidade aumentava à medida que aumentava a massa das matérias-primas. Isso tornou possível, pela primeira vez, o intercâmbio regular de produtos (ENGELS, 2012, p. 201).

Através dessa nova produção feita pelas tribos mais avançadas, o que antes se mantinha entre si, passou a ser realizada a troca com indivíduos diferentes, devido a isso, Engels (2012) explica que houve o destaque das tribos pastoras, por manterem uma nova produção que gerava uma quantidade de mantimento maior, o que possibilitou o desenvolvimento da troca entre produtores.

O que antes era propriedade do fruto de consumo próprio passou a ser propriedade privada. E diante desse processo de troca, o produto que era oferecido às tribos vizinhas, era o gado. Como não existia uma moeda de troca, teriam que utilizar algo que pudesse servir de valor na troca dos produtos.

O principal artigo oferecido pelas tribos aos seus vizinhos era o gado; o gado chegou a ser mercadoria pela qual todas as demais eram avaliadas, mercadoria que era recebida com satisfação em troca de qualquer outra; em outra palavra: o gado desempenhou as funções de dinheiro, e serviu como tal, já naquela época (ENGELS, 2012, p. 202).

Dada as condições no desenvolvimento de novas produções, e a troca com as demais tribos, o homem fez desse processo o seu trabalho, devido à produção acima do necessário para a sua manutenção. Assim, se fez necessário mais mão de obra para o desenvolvimento da produção. Com isso, “[...] passou a ser conveniente conseguir mais força de trabalho, o que se logrou através da guerra; os prisioneiros foram transformados em escravos” (ENGELS, 2012, p. 203). Com essa nova modalidade, e as novas condições históricas que estavam postas aos indivíduos, através dessa abertura para a troca entre os indivíduos de diferentes tribos e a escravidão, surgiu às classes. Esta foi à primeira sociedade a ser dividida em classes, passando a ser, “senhores e escravos, exploradores e explorados”.

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Com esse novo processo advindo da propriedade privada e a divisão de classes ocorreu a destruição do direito materno, em que “[...] foram abolidos a filiação feminina e o direito hereditário materno, sendo substituído pela filiação masculina e o direito hereditário paterno” (ENGELS, 2012, p. 76). A partir disso, o homem tomou a direção do seu lar, mantendo a posição de chefe. Dessa forma, a busca do mantimento para a família, a produção da mercadoria e o excedente adquirido por meio da produção pertencia ao homem. À mulher cabia, apenas, o consumo do que esse obtinha, mas não a posse da propriedade.

O “selvagem” — guerreiro e caçador — se tinha conformado em ocupar o segundo lugar na hierarquia doméstica e dar precedência à mulher; o pastor, mais “suave”, envaidecido com a riqueza, tomou o primeiro lugar, relegando a mulher para o segundo. E ela não podia reclamar. A divisão do trabalho na família havia sido a base para a distribuição da propriedade entre homem e a mulher (ENGELS, 2012, p. 203).

Diante disso, verifica-se que na sociedade primitiva, mesmo com a divisão do trabalho entre os sexos existentes não existia a exploração, mas uma forma de contribuição com a tribo/grupo. Mas, com o avanço histórico do homem ao descobrir um modo de produzir mais, podendo estabelecer a troca, abstraindo o excedente da sua produção, sujeitando a exploração do homem pelo homem, a mulher se encontrou numa posição de consumir o que homem obtinha do seu trabalho, sem manter nenhuma relação com o trabalho exercido fora do âmbito familiar. Ou seja, a mulher estava sob desigualdade de gênero, estabelecido no momento que o trabalho do homem se tornou essencial para a manutenção da família.

Dessa forma, a atividade exercida pela mulher passou a ser insignificante. De acordo com Engels (2012) mesmo diante da propriedade privada, a formação e divisão do trabalho na família permanecia igual, apenas com uma diferença. Como o homem fez do seu modo de produção o seu trabalho, e deste obtinha o sustento para a sua família, o trabalho exercido pela mulher dentro do lar passou a ser socialmente insignificante, por não ter um valor de produção de bens de consumo materiais. Assim, passava a ser percebido com uma obrigação. Sendo assim:

A emancipação da mulher e sua equiparação ao homem são e continuaram sendo impossíveis, enquanto ela permanecer excluída do trabalho produtivo social e confinada ao trabalho doméstico, que é um trabalho privado. A emancipação da mulher só se torna possível quando ela pode participar em grande escala, em escala social, da produção, e quando o trabalho

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doméstico lhe toma apenas um tempo insignificante (ENGELS, 2012, p. 204).

Diante disso, é perceptível que a mulher só poderia alcançar sua emancipação no momento de sua inserção nas indústrias modernas, que além de permitir o seu trabalho, também o exige, e assim, através do trabalho fora do seu âmbito familiar, as atividades domésticas destinadas à mulher passa a ser uma indústria pública, e/ou um trabalho insignificante, diante da sua atuação nas indústrias.

Com o progresso do modo de produção, da ordem estabelecida a sociedade sendo dividida em classes, e a supremacia efetiva do homem, os indivíduos passaram para um nível superior a barbárie. Foi o momento que o homem fez a descoberta do ferro e passou a utilizá-lo como instrumento para a agricultura e o artesanato. E com o tempo, e o aperfeiçoamento do uso dos metais, foi possível produzir mercadorias com mais qualidade, obtendo aumento da riqueza. Então, “[...] um trabalho tão variado já não podia ser realizado por um só indivíduo e se produziu a segunda grande divisão social do trabalho: o artesanato se separou da agricultura” (ENGELS, 2012, p. 205). Através dessa separação ocorreu o aumento da força de trabalho do homem, o aumento das mercadorias para a troca, e o aumento da troca entre produtores. Os escravos que eram comercializados começaram a ser distribuídos nos campos e nas oficinas, atuando na agricultura e no trabalho manual que abriu as fronteiras para o comércio.

Com o surgimento do comércio, ocorreu a terceira divisão do trabalho, e uma nova classe que não estava voltado para a produção, mas, para a troca. Era a classe de comerciantes. Estes lidavam com a venda das mercadorias.

Além do surgimento dessa nova classe, veio o dinheiro. O novo meio de dominação do produto e da sua produção. Através disso:

O comerciante tratou de tornar claro que todas as mercadorias, e com elas os seus produtores, deviam prostrar-se ante o dinheiro. Provou de maneira prática que as demais formas de riqueza não passavam de quimeras, em face dessa genuína encarnação da riqueza como tal (ENGELS, 2012, p. 209).

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Através da moeda de valor as mercadorias passaram a ser vendidas por dinheiro, e com isso, veio o empréstimo, os juros, a comercialização de terras, e assim, uma sociedade que se encontrava diante de uma grande divisão do trabalho, e dividida em classes, sobrevivendo à dominação do Estado.

O Estado que antes era dos senhores de escravos passava a ser o Estado de senhores de servos. “[...] o Estado feudal foi o órgão de que se valeu a nobreza para manter a sujeição dos servos e camponeses dependentes” (ENGELS, 2012, p. 216). Ou seja, um Estado em que os escravos ou servos sobreviviam do trabalho árduo nas terras dos seus senhores sem receber salário pelo seu trabalho.

Dessa forma, através do poder que os senhores, indivíduos de uma linhagem nobre, tinham sobre os seus servos e sobre as terras, é possível compreender que o Estado feudal possuía um poder político que era baseado na importância da propriedade territorial, diferente do Estado moderno que é um “[...] instrumento de que se serve o capital para explorar o trabalho assalariado” (ENGELS, 2012, p. 216). Com isso, é perceptível todas as mudanças ocorrentes desde operíodo primitivo até os dias de hoje. Das variadas formas utilizadas para a sobrevivência, e das organizações atribuídas por estes indivíduos, mediante as condições históricas postas que acarretaram na grande divisão social do trabalho e de classes, e no fundamento do papel da mulher na sociedade.

2.2 A desvalorização da mulher no capitalismo

Para isso, utilizaremos o estudo de Karl Marx em “O capital”, mais precisamente, o capítulo quatro que tem como título “A transformação do dinheiro em capital”, que retrata com bastante precisão o surgimento do capitalismo.

A princípio, Marx (2013) destaca que a circulação das mercadorias, ou seja, o comércio é o ponto de partida histórico que emerge o capital. Pois, através da circulação da mercadoria o produto final abstraído será o dinheiro. Sendo assim, “[...] esse produto final da circulação das mercadorias é a primeira forma de manifestação do capital” (MARX, 2013, p. 289). O modo como ocorre à mercadoria e sua finalidade gera o capital, devido à valorização do valor comercial em que se obtém a crescente riqueza. Essa riqueza faz do seu possuidor um capitalista, em que “[...] sua pessoa, ou melhor, seu bolso, é o ponto de partida e de retorno do dinheiro” (MARX, 2013, p. 296). De forma simples, o capitalista compra a força de trabalho

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para o aumento de sua produção, que aumenta a circulação da mercadoria gerando uma grande riqueza.

Comprar para vender, ou, mais acuradamente, comprar para vender mais caro, D-M-D', parece ser apenas um tipo de capital, a forma própria do capital comercial. Mas, também o capital industrial é dinheiro que se transforma em mercadoria e, por meio da venda da mercadoria, retransforma-se em mais dinheiro” (MARX, 2013, p. 299).

Através da compra de uma produção por um valor menor, é possível vendê-la por um valor superior ao pago e dessa forma gerar um lucro maior dessa produção. Assim, ocorre também nas indústrias, em que a mão-de-obra barateada contribuirá com o aumento da produção fazendo com que o capitalista obtenha um lucro maior ao valor pago para a sua produção.

A partir disso, Marx (2013) explica que no momento em que o capitalista encontra o trabalhador como vendedor da sua força de trabalho, o capital tem desde seu primeiro surgimento, um novo processo de produção.

Conforme vai ocorrendo as mudanças no mercado mundial, e as transformações no modo de produção, vão se efetuando as exigências de bases mais avançadas que facilite a produção e a qualidade da mercadoria. Sendo assim:

A medida que a concentração dos instrumentos se desenvolve, desenvolve-se também a divisão, e vice-versa. Eis o que faz com que qualquer grande invenção na mecânica seja seguida de uma maior divisão de trabalho, e cada crescimento na divisão do trabalho conduza, por seu lado, a novas invenções mecânicas (MELLO, 1999, p. 90).

Através dessa concentração de instrumentos para a produção e o surgimento de mecanismos que pudessem ser utilizados, a divisão do trabalho se intensifica devido a maior utilidade desse novo instrumento de produção, se desfazendo aos poucos da força física para o desenvolvimento da produção. Por isso, o homem criou as máquinas para atenderem as exigências postas ao mercado, pois:

A máquina é um mecanismo que, após ser colocado em movimento, realiza com suas ferramentas as mesmas operações que um trabalhador realizava

formalmente [manualmente] com ferramentas semelhantes. É

originariamente desta parte da maquinaria, a máquina-ferramenta (e não do motor/força motriz ou da cadeia de transmissão), que parte o fundamento

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de toda essa radical transformação no modo capitalista de produção, desencadeada a partir do final do século XVIII (MELLO, 1999, p. 91).

Com a introdução das máquinas e o avanço do mercado mundial ocorreu a transformação do modo de produção capitalista, desencadeado pelarevolução industrial.

Apreende-se que durante o século XVIII, no período da Revolução Industrial, tem-se uma mudança significativa na forma de organização da produção. A introdução da máquina possibilitou a inserção de mulheres, jovens e crianças, como forma de trabalho com menores custos. De modo que, a mulher é inserida nos espaços produtivos a fim de diminuir os custos da produção, recebendo salário inferior aos homens.

O intuito da inserção das mulheres, jovens e crianças não estava baseado, apenas, no baixo custo da produção, mas, pela necessidade de mãos pequenas que pudessem manusear as máquinas modernas do meio industrial, que surgia para colaborar com o crescimento da produção, estabelecendo maior qualidade do produto e um grande acúmulo de riqueza nos bolsos capitalistas.

Saffioti (1978) explica que antes de adentrar nas indústrias, as mulheres das camadas trabalhadoras já exerciam atividades de diversas áreas, que poderia ser no campo, manufatura e minas. O que era ensinado e exercido no ambiente familiar, considerado um trabalho doméstico, era, exatamente, o trabalho exercido nas indústrias após sua inserção no mundo industrial.

A necessidade de inserir as mulheres no mundo industrial, lhe permitiu a possibilidade de ser independente do homem. Como a sua inserção em meio às máquinas não fora uma escolha, mas uma necessidade de mão de obra, ocorreram mudanças que invalidava sua independência, como o prolongamento da sua carga horária de trabalho, além de um salário inferior ao salário pago ao homem e o empecilho da sua atuação em determinados setores voltados, apenas, para o sexo masculino.

Enquanto a produtividade do trabalho é baixa (isto é, enquanto o processo de criação da riqueza social é extremamente lento) não se impõe à sociedade a necessidade de excluir as mulheres do sistema produtivo (SAFFIOTI, 1978, p. 19).

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Mediante a necessidade de mão de obra com baixo custo, a sociedade não tinha o objetivo de retirar a mulher do meio produtivo, todavia, esta receberia o mesmo tratamento dado ao homem, sem obter facilidade ou tratamento especial por ser mulher.

Diante das dificuldades postas à mulher no meio produtivo, é possível compreender que a opressão e as diferenças sociais possui referência na superioridade e força física que colocava o homem como indivíduo essencial na produção. Sendo assim, Saffioti (1987) esclarece que as diferenças sociais entre homem e mulher tem início desde o nascimento, pois, o esperado, quando se descobre a gravidez é que o bebê seja menino, caso contrário, se tornará grande decepção da família. A cultura patriarcal aconselha sempre que o primeiro recém-nascido seja menino e assim honrará a família por estar nascendo mais um homem para manter o domínio. “[...] como a maioria das mulheres é constituída por machistas, que acreditam na sua inferioridade e na sua superioridade masculina, muitas gestantes desejam filhos do sexo masculino” (SAFFIOTI, 1987, p. 68). O que prevalece não é a escolha da mulher, mas, o que a ideologia dominante deseja. O controle adquirido sobre a mulher pelo sexo masculino é tão intenso, que apesar de todas as mudanças na sociedade, ela tem que sobreviver aos cuidados de como ser uma moça recatada, preservando a sua virtude e se privando de todos os sentidos aguçados do seu corpo, se mantendo casta para conseguir um esposo “[...] a virgindade passa a ser imprescindível para a mulher destinada a esposa, com o que o desenvolvimento de sua sexualidade fica comprometido pela expressão que acompanha esta situação” (LESSA, 2012, p 13). É um costume antigo advindo das fases da barbárie até o dia de hoje, em que segundo a propriedade privada, a mulher deveria se manter casta para o usufruto da sua sexualidade com o seu esposo. Pois, caso perdesse sua castidade antes do casamento seria uma desonra para a família.

Assim como as moças solteiras, a mulher casada se encontrava numa posição de respeito ao marido, mantendo sua sexualidade somente para ele. Pois, conforme os costumes do matrimônio monogâmico, só o chefe da família obtinha o livre arbítrio para usufruir de sua liberdade sexual com outras mulheres. Engels (2012) explica que:

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Ao homem, igualmente, se concede o direito à infidelidade conjugal, sancionado ao menos pelo costume (o Código de Napoleão outorga-o expressamente, desde que ele não traga a concubina ao domicílio conjugal), e esse direito se exerce cada vez mais amplamente, à medida que se processa a evolução da sociedade (ENGELS, 2012, p. 83).

Somente o homem tinha o direito à infidelidade. A mulher cabia apenas os cuidados domésticos e o respeito ao seu companheiro. Diante disso, Cisne (2014) esclarece que:

Se o companheiro tem aventuras amorosas ou uma relação amorosa estável fora do casamento, cabe à esposa resignar-se. Não deve ela, segundo a ideologia dominante, revidar na mesma moeda. A esposa, na medida em que se mantém fiel ao marido, ainda que este lhe seja infiel, recebe aprovação social (CISNE 2014, p 35).

Assim, entendemos que o controle sobre o corpo da mulher e sobre suas vontades é tratado com naturalidade, em que esta mantém a honra perante a sociedade se estiver conforme a ideologia dominante, e também, ensina a cultura da mulher se privar do seus desejos para satisfazer os desejos do homem, dessa forma, será respeitada pela sociedade.

Com isso, nota-se que o domínio da cultura patriarcal sobre a mulher, advém do controle do mais forte sobre o mais fraco. O homem como o poder maior, contribuirá com o domínio. A mulher considerada como menor, trará grande acúmulo de riquezas para o capitalismo. “[...] a propriedade privada é essa relação de exploração que faz com que os trabalhadores produzam toda a riqueza social e essa riqueza seja expropriada pela classe exploradora” (TONET; LESSA, 2012, p. 13). Assim, a classe trabalhadora produz a riqueza e a classe exploradora toma essa riqueza para si.

Com isso, podemos perceber que as regras atribuídas pela propriedade privada favorece somente ao homem, trazendo qualificação à mão de obra masculina e desqualificando o trabalho feminino. Mas, este é um assunto que será abordado no próximo item, diante das desigualdades que permanecem até os dias atuais.

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2.3 Desigualdade de gênero na atualidade

O gênero, segundo Saffioti (2004), é um conceito aberto podendo ser utilizado como argumento crítico do conceito de patriarcado que possui como característica o domínio e exploração da mulher pelo homem.

Por muito tempo, mediante a desigualdade de gênero, a mulher foi mantida sobre a dominação por parte da sociedade, como forma de mantê-la apenas no ambiente doméstico. Saffioti (2004) explica que o gênero é um conceito aberto podendo ser utilizado como argumento crítico ao conceito de patriarcado que possui como característica o domínio e exploração da mulher pelo homem. Sendo assim, o domínio sobre a mulher impediria sua inserção no meio produtivo e ausência no âmbito familiar, pois, segundo Rago (2013) o trabalho da mulher fora de casa acarretaria na destruição de sua família, tornando os laços mais frouxos entre os indivíduos, devido o crescimento das crianças sem a presença da mãe, “[...] as mulheres deixariam de ser mães delicadas e esposas carinhosas, se trabalhassem fora do lar” (RAGO, 2013, p. 585).Pois, ao saírem de seu ambiente familiar, lidando com a desigualdade social do seu gênero em um ambiente de predominância masculina, a mulher poderia adquirir características que não correspondessem ao seu sexo, se desfazendo da sua feminilidade. Sendo assim, acreditava também, que o trabalho fora do lar faria com que estas perdessem interesse pelo casamento e pela maternidade. Pois, ao descobrirem a possibilidade de independência do homem, estas procurariam formas de se qualificar para obter prestígio em uma nova área de atuação, se desprendendo de uma vida de obediência e submissão na esfera privada de seu lar.

Por esses motivos, cabia ao homem o trabalho a busca pela manutenção da família, e a mulher os cuidados com o lar. Engels (2012) retrata na família, o homem como burguês e a mulher representada como proletário, devido às atribuições dadas na divisão social do trabalho e da família. Pois, diante das opressões enfrentadas, o proletariado não se manifesta exceto, quando os privilégios de classes são suprimidos, “[...] de igual maneira, o caráter particular do predomínio do homem sobre a mulher na família moderna, assim, como a necessidade e o modo de estabelecer uma igualdade social efetiva entre ambos” (ENGELS, 2012, p. 97).

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Igualdade essa, que pode ser alcançada com nitidez no momento que o homem e a mulher tiverem, por lei, direitos absolutamente iguais.

Diante disso, “[...] o patriarcado não se resume a um sistema de dominação, modelado pela ideologia machista. Mais que isso, ele é também um sistema de exploração” (CISNE, 2014, p. 50). Pois, assim como o capitalismo explora a classe proletária, o homem explora e domina a mulher através de abusos e humilhação no ambiente de trabalho, como forma de mostrar que o lugar da mulher é em casa cuidando do lar e educando os filhos.

A sociedade investe muito na naturalização desse processo. Isto é, tenta fazer crer que a atribuição do espaço doméstico à mulher decorre da sua capacidade de ser mãe. De acordo com este pensamento, é natural que a mulher se dedique aos afazeres domésticos, aí compreendida a socialização dos filhos, como é natural sua capacidade de conceber e dar à luz (SAFFIOTI, 1987, p 8).

A sociedade naturaliza a atribuição da mulher ao espaço doméstico devido a capacidade concedida a mulher por natureza, de gerar vidas e por ser consideradas frágeis e doces, características atribuídas ao gênero feminino.

Como forma de demonstrar que a mulher possuía atribuições voltadas para o ambiente doméstico, “[...] um grande número de mulheres trabalhavam nas indústrias de fiação e tecelagem, que possuía escassa mecanização; elas estavam ausentes de setores como metalurgia, calçados e mobiliário, ocupados por homens” (RAGO, 2013, p. 580). Através disso, o patriarcado presente nas fábricas queriam demonstrar que mesmo presente no meio produtivo o trabalho exercido pela mulher estava voltado às atribuições realizadas em seu âmbito familiar.

Segundo Rago (2013) apesar do grande número de mulheres nas indústrias, não é possível afirmar que estas passaram a substituir os homens conquistando o meio produtivo. Pelo contrário, vão sendo mandadas embora devido à evolução no mudo industrial e a incorporação da mão de obra masculina.

As barreiras enfrentadas pelas mulheres para participar do mundo dos negócios eram sempre muito grandes, independentemente da classe social a que pertencessem. Da variação salarial à intimidação física, da desqualificação intelectual ao assédio sexual, elas tiveram sempre de lutar contra inúmeros obstáculos para ingressar em um campo definido – pelos homens – como “naturalmente masculino (RAGO, 2013, p. 581).

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Os obstáculos postos ao gênero feminino se apresentavam de diversas formas no ambiente de trabalho. Além da desqualificação da mão de obra, enfrentavam o assédio e o abuso em seu cotidiano de trabalho nas fábricas.

Saffioti (1987) descreve que as trabalhadoras eram obrigadas a ter relações de caráter sexual com seu patrão, a fim de preservar seu trabalho. Estes se utilizavam desse procedimento no intuito de manter o domínio sobre as operárias ou mulheres de baixo grau de escolaridade. E assim, demonstravam que o domínio das fábricas partia do gênero masculino, podendo ser patrão ou operário, e que as mulheres mesmo inseridas no meio produtivo deviam a estes a submissão, e por isso, sofriam a inferiorização do gênero feminino nas fábricas.

Os obstáculos enfrentados pelo gênero feminino não se resumia, apenas, ao meio produtivo, mas iniciava com o discurso insistente da classe dominante de que o trabalho da mulher era dentro do lar, assumindo o papel de mãe, esposa e cuidadora de seus filhos.

Em conformidade a este pensamento, percebe-se que, “[...] a sociedade delimita, com bastante precisão, os campos em que pode operar a mulher, da mesma forma como escolhe os terrenos em que pode atuar o homem” (SAFFIOTI, 1987, p. 8). Sendo assim, a classe dominante estabelece fronteiras que delimitam a atuação da mulher no meio produtivo.

A modernidade proporcionou mudanças no meio em que vivemos, fazendo grandes transformações nas indústrias, em que substituiu a força física pelas máquinas, que colaborou com o crescimento da produção em curto espaço de tempo. Mas, não modificou os costumes advindos das gerações passadas, que mantém o controle e domínio sobre a mulher, buscando formas de privá-las ao seu ambiente doméstico. Por estes motivos, “[...] o movimento feminista ao longo da sua história trouxe a tona discussões e lutas que, obviamente estavam ligadas aos interesses das mulheres, mas que também confrontavam diretamente o capital” (CISNE, 2014, p. 16). A realidade impõe a necessidade de tomar posição e se contrapor a uma sociedade que mesmo diante do modernismo, ainda vive diante do conservadorismo da cultura patriarcal que tem comoque a mulher nasceu com a missão de gerar filhos, contribuindo no aumento populacional que serviria de mão de obra nas indústrias, proporcionando um alto índice de riqueza.

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É perceptível que alguns costumes prevalecem na sociedade atual, desde a ligação do gênero feminino com o meio doméstico, ao homem como relação de força e poder. Obviamente, isso remete a uma reflexão do quanto os indivíduos atuais estão ligados com as gerações passadas devido a sua cultura patriarcal que estabelece a privação da mulher a um trabalho relacionado somente ao ambiente doméstico. Enquanto que, ao homem, estabelece o livre arbítrio para usufruto da sua liberdade sexual e social do trabalho, podendo atuar em diversas áreas sem nenhuma problematização com o conservadorismo. Mediante as circunstâncias, a mulher vive a mercê das escolhas advindas da ideologia dominante sobrevivendo a um cotidiano de dominação. Mas, esse é um assunto que abordaremos no capítulo seguinte.

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3 A MULHER NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

Neste capítulo serão abordados as dificuldades enfrentadas pelo gênero feminino na contemporaneidade, levando em consideração as diferenças citadas no capítulo anterior, que diante das transformações na sociedade, ainda se mantém firme no mundo atual.

Para isso, foram realizadas pesquisas que pudessem esclarecer às formas de tratamento voltadas a mulher, fazendo abordagens sobre a desigualdade de gênero nas relações de trabalho, discorrendo sobre as profissões masculinizadas, por serem considerados essencialmente masculinos, e fazendo a compreensão sobre os conceitos de patriarcado e conservadorismo.

E assim, trazer ao conhecimento da sociedade às dificuldades enfrentadas pela mulher e as desigualdades que se mantém firme no meio produtivo e social.

3.1 Desigualdade de gênero nas relações de trabalho

Dada às desigualdades sociais no cotidiano do gênero feminino, se faz necessárias abordagens sobre as desigualdades na relação de trabalho, em que as mulheres sofrem preconceito e limite de atuação.

Com isso, Rago (2013) explica que no meio industrial com o avanço da industrialização e a incorporação da força de trabalho masculina, as mulheres passavam a ser expulsas das fábricas. Além de que:

No momento em que a industrialização absorveu várias das atividades outrora exercidas na unidade doméstica – a fabricação de tecidos, pão, manteiga, doces, vela, fósforo – desvalorizou os serviços relacionados ao lar. Ao mesmo tempo, a ideologia da maternidade foi revigorada pelo discurso masculino: ser mãe, mais do que nunca tornou-se a principal missão da mulher (RAGO, 2013, p. 591).

Mediante a desvalorização dos serviços relacionados ao lar, houve a necessidade da retirada das mulheres das fábricas. Foi o modo que a ideologia dominante utilizou para fortalecer o discurso de que a mulher nasceu com a missão de ser mãe. Pois, “[...] procurava estabelecer rígidas fronteiras entre a esfera pública, definida como essencialmente masculina, e a privada, vista como lugar natural da esposa-mãe-dona de casa e dos filhos” (RAGO, 2013, p. 591). Ou seja,

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estava sendo estabelecida uma fronteira para demarcar os limites à mulher, concedendo somente o espaço doméstico.

Rago (2013) esclarece que os obstáculos enfrentados pela mulher não era limitado, apenas, no processo do meio produtivo, mas no seio familiar, em que “[...] os pais desejavam que as filhas encontrassem um ‘bom partido’ para casar e assegurar o futuro” (RAGO, 2013, p. 582). Isso acabava indo contra a vontade de trabalhar fora do lar, e de obter êxito nas profissões, “[...] não socializar informações importantes era uma boa estratégia, e os homens se valiam dela procurando preservar seu espaço na esfera pública e desqualificar o trabalho feminino” (RAGO, 2013, p. 582). O homem procurava meios de manter a mulher distante da esfera pública, pois o intuito era o fortalecimento da força masculina, e não o crescimento da força feminina em um espaço essencialmente masculino.

Assim, como forma de fortalecer as fronteiras estabelecidas para limitar a mulher do espaço doméstico, Rago (2013) explica que:

A medicina fundamentava essas concepções em bases científicas, mostrando que o crânio feminino, assim como toda a sua constituição biológica, fixava o destino da mulher ser mãe e viver no lar, abnegadamente cuidando da família. Muitos repetiam convictos os argumentos do médico italiano CesareLombroso: “O amor da mulher pelo homem não é um sentimento de origem sexual, mas uma forma destes devotamentos que se desenvolvem entre um ser inferior e um ser superior (RAGO, 2013, p.592).

Através desse discurso, buscava comprovar que o sentimento da mulher pelo homem era apenasuma comprovação do homem como um ser grandioso, de força maior, que estava destinado a esfera pública por ser o superior, enquanto que a mulher pertencia à esfera privada se dedicando à família. Era o modo que o patriarcado utilizava para manter firme o conservadorismo e a ideologia da classe dominante. Sendo assim:

O espaço público moderno foi definido como esfera essencialmente masculina, da qual as mulheres participavam apenas como coadjuvantes, na condição de auxiliares, assistentes, enfermeiras, secretárias, ou seja, desempenhando as funções consideradas menos importantes nos campos produtivos que lhes eram abertos (RAGO, 2013, p. 603).

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Assim, com os campos que sobraram para as mulheres, atuando no papel de ajudante, a mão de obra feminina sofre desqualificação no mercado de trabalho que tem o homem como principal opção nos cargos de grande importância. E “[...] mesmo quando as mulheres conquistam as mesmas ocupações que os homens, existem diferenças significativas” (MATTOS et al., 2015, p.270) diferenças que são perceptíveis quando se trata dos cargos mais valorizados e dos melhores salários.

São diversas profissões, cargos e atividades a serem executados, algumas exigem o esforço físico, psicológico, e outros exigem o trabalho em grupo, ou o comando sobre um grupo.

Os campos profissionais presentes na sociedade são abertos ao público. Mas, a dominância do patriarcado e as formalidades exigidas pelo capital possuem a sua escolha, independente da especialização e experiência do candidato ao cargo. Principalmente, quando se trata de uma concorrência entre o homem e a mulher. O homem está sempre à frente, ocupando a maioria das vagas que poderiam ser destinadas a mulher, ao negro, ao LGBT.

Torna-se visível que diante das escolhas profissionais os indivíduos têm como base os papéis construídos socialmente. Pois:

Ao escolherem uma profissão, os homens buscam cargos nos quais eles possam desenvolver habilidades como empreendedorismo, autonomia e liberdade. Assim, o que os homens buscam, através do trabalho, é alcançar o máximo desempenho e produtividade, o êxito profissional, o reconhecimento e recompensas. Já na esfera feminina do trabalho, o que se pode perceber é que as mulheres tendem a transferir as características femininas para a esfera pública e conciliar a vida profissional com a vida familiar (MATOSet al., 2015, p. 270).

É perceptível com as escolhas dos campos profissionais que os indivíduos migrem para os campos que correspondam conforme as atribuições dadas aos gêneros femininos e masculinos. Dessa forma, o homem se desenvolva conforme o desempenho e produtividade que o permita o reconhecimento de ser o melhor, e de força maior. E a mulher tende a desempenhar atividades que estão voltadas ao cuidado e proteção. Ou seja, ao ambiente familiar. Pois, como se percebe, as profissões, em sua maioria, são destinadas ou consideradas, apenas para homens. “[...] há campos profissionais, por exemplo, destinados, exclusivamente ou quase, aos homens” (SAFFIOTI, 1987, p. 71). É o modo que ideologia machista encontrou

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para manter o homem sempre à frente. Por isso, quando se trata de cargos importantes e prestígio, só homens são escolhidos para ocupá-los.

Diante das profissões voltadas, essencialmente ao gênero masculino, ou seja, masculinizadas, permanecem algumas profissões que podem ser desempenhadas por mulheres, por se tratar de campos profissionais menos importantes e que exige delicadeza e cuidado. Diante disso, Saffioti (1987) explica que as mulheres tendem a se desenvolver nas profissões voltadas para o ensino, o cuidado com a saúde e com as crianças. Pois, em sua maioria as formações são, praticamente, dedicadas a família. A mulher pode se formar em medicina, mas, seu destino final após a formação não está voltada as salas cirúrgicas, mas aos consultórios estéticos, pediátricos, etc. Profissões que correspondem às atribuições dadas às mulheres pela sociedade de domínio machista e conservador.

Desde pequenas as crianças ouvem de seus pais o que vão ser quando crescer e, geralmente, para as filhas, os pais impõem que sejam professoras, pediatras, veterinárias, mas não as incentivam a buscar cargos como engenharia civil, ciência da computação, etc. A ideologia dominante busca implantar suas raízes desde a infância, para que ao chegar à fase adulta, a criança siga o que foi posto.

A penetração da ideologia das classes dominantes nas cabeças dos membros das classes dominadas permite o processo de domesticação da mão de obra se desenvolva no seio da própria família, pois enquanto a menina tender a repetir o papel de mãe, o menino tomará o pai como modelo (SAFFIOTI, 1987, p. 85).

Dessa forma, ao implantar na cabeça de uma criança o papel a seguir na fase adulta, fará com que esta realize o que foi proposto durante a sua infância. Assim, a menina aprende no seio familiar os papéis de submissão, enquanto que ao menino é ensinado os papéis de superioridade. Essas são as diferenças que contribuem com que haja a divisão social, pois:

A diferenciação de ocupações entre os sexos, tem se sustentado na dicotomia qualificação x qualidades. Este é o cerne da divisão sexual do trabalho, que considera o homem enquanto ser qualificado, ou seja, que se torna apto para desenvolver suas atividades na esfera pública, enquanto que a mulher apenas “desenvolve suas qualidades naturais”, reproduzindo na esfera pública aquilo que perfeitamente seria desenvolvido no âmbito doméstico (MATTOS et al., 2015, p. 270).

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Essas diferenças permeiam no desenvolvimento dos indivíduos devido às práticas de ensino, que durante a infância passam a implantar as desigualdades de gênero, em que a menina está ligada ao âmbito familiar, devido à natureza que lhe foi dada. E o menino, está voltado para as funções com maior valor social. Devido a essas qualificações estabelecidas ente os sexos, “[...] as próprias mulheres naturalizam a banalização de sua qualificação e desvalorizam o seu próprio trabalho” (MATTOS et al., 2015, p. 271). Essa desvalorização do próprio trabalho é decorrente da desigualdade de gênero estabelecida desde a infância, por parte do patriarcado que limita a mulher ao espaço doméstico, a colocando em uma posição inferior ao homem.Devido essa inferioridade, ao migrar para um campo profissional considerado para homens, no primeiro processo seletivo, a mulher obtendo sua aprovação é colocada em cargos que não exige liderança ou um salário superior ao do homem. Pois, “[...] a divisão sexual do trabalho está no centro do poder que os homens exercem sobre as mulheres” (MATTOS et al., 2015, p. 271). Com isso, as mulheres são colocadas ou expostas a cargos de menor importância.

A mulher pode estudar engenharia civil, como pode estudar geologia. Mas quando chega o momento de procurar emprego, enfrentará, seguramente, a discriminação. “Não fica bem para uma mulher frequentar uma obra e lidar com peões da construção civil”, diz-se. Tampouco é conhecida como própria para uma mulher a profissão de geóloga (SAFFIOTI, 1987, p. 71).

O patriarcado e o conservadorismo não admite que a mulher, tenha um salário igual ou superior ao do homem, mas, que o homem seja superior a esta, seja no salário, no cargo, e na liberdade de atuar em diversas áreas, enquanto que a mulher é designada a uma condição inferior, sem a liberdade de escolha.

Ao enfrentar a ideologia de que as mulheres não podem atuar em campos profissionais considerados masculinos, e adentrar nesse meio, a mulher sofre o preconceito por parte dos colegas de trabalho. Pois o machismo busca insistir que a mulher não possui atribuições para exercer atividades voltadas para a classe masculina. É uma forma de manter a heterogeneidade entre homem e mulher “[...] graças a essa heterogeneidade, as classes dominantes podem, facilmente, dividir movimentos reivindicatórios destas categorias sociais, de modo a enfraquecê-los” (SAFFIOTI, 1987, p. 87). E o modo utilizado para enfraquecer as classes em posição inferior, é estabelecendo limites de atuação em determinadas áreas.

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Se o gênero feminino prosseguir permitindo que a classe dominante continue ditando o seu campo de atuação e estabelecendo limites, dificultará ainda mais a busca pela liberdade de escolha e igualdade de direitos, dando continuidade à opressão enfrentada pelas mulheres em seu cotidiano. Pois, o patriarcado presente nos dias atuais continua com o mesmo seguimento, tratando o homem como ser superior e a mulher como inferior.

3.2 Conceito de patriarcado e conservadorismo

O patriarcado presente no cotidiano feminino, seja nas esferas pública ou privada, toma proporções de fortalecimento mesmo com todas as transformações ocorridas na sociedade.

Saffioti (2004) discorre que o patriarcado é uma doutrina política de contrato. Para uma compreensão acerca do contrato, recorre a outros autores que explicam sobre o ato de dominação do homem sobre a mulher está relacionado a um 'pacto original'. Assim, “[...] o contrato social é uma história de liberdade; o contrato sexual é uma história de sujeição. O contrato original cria ambas, a liberdade e a dominação” (SAFFIOTI,2004, p. 53). Ou seja, liberdade do homem e sujeição da mulher.

A sujeição que o autor se refere é o que denominamos de submissão. Uma característica atribuída ao gênero feminino pela sociedade patriarcal, desde o seu modo primitivo quando ocorreram as divisões de trabalho até os dias atuais.

Sendo assim, Saffioti (2004) explica que a ideologia de gênero, precisamente patriarcal, se restringe a esfera privada. Conforme este pensamento, o patriarcado não está relacionado a esfera pública ou não possui relevância. Contudo, “[...] do mesmo modo como as relações patriarcais, suas hierarquias, sua estrutura de poder contaminam toda a sociedade, o direito patriarcal perpassa não apenas a sociedade civil, mas impregna também o Estado” (SAFFIOTI, 2004, p. 54). Ao contaminar o Estado, impregna na sociedade a ideologia dominante da supremacia masculina, que obtém o predomínio do homem sobre a posição que se encontra no meio social e a dominação do meio produtivo, através de atividades que passam a ser essencialmente masculinas, oferecendo ao gênero feminino atividades com menor valor social.

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Devido a contaminação patriarcal na sociedade, a mulher se encontra em uma posição inferior ao homem, sofrendo limite de atuação no meio produtivo, por meio do 'favoritismo' social que causa desqualificação do trabalho feminino e a valorização do trabalho masculino. Essa desqualificação do trabalho ocorre pelas diferenças biológicas entre os sexos que estabelece ao homem a força e inteligência para atuar com o trabalho braçal ou atividades de grande prestígio, e a mulher é estabelecido a fragilidade podendo atuar em atividades que não exigem força física e grande valor social.

É perceptível que o patriarcado tem o homem como centro, isso leva a uma análise sobre o contrato original que “[...] mostra o caráter masculino do contrato original, ou seja, é um contrato entre homens, cujo objetivo são as mulheres. A diferença sexual é convertida em diferença política, passando a exprimir ou em liberdade ou em sujeição” (SAFFIOTI, 2004, p. 55). Essa diferença política é baseada na votação para a escolha de aplicação social, prevalecendo como palavra final a decisão masculina, podendo obter interferência da Igreja, devido a religião presente no meio político, que remete ao conservadorismo.

O conservadorismo, segundo Silva, indica substantivo e adjetivo. Tem como função conservar e qualificar práticas e ideias. Analisando com uso comum, “[...] conservadorismo está ligado à pretensão de manter intacta, de conservar, portanto, de rejeitar o novo e o apelo à mudança, visto como riscos à ordem instituída” (SILVA, 2010, p. 53). Conforme sua derivação e função percebe-se a importância do conservadorismo para o patriarcado, como forma de manter o proposto a sociedade espalhando a supremacia masculina e conservando essa ideologia no meio social e produtivo.

O emprego costumeiro do termo conservadorismo tem uma carga emotiva forte, pois abrange aspectos amplos da sociedade e diz respeito a uma postura individual em interação com outros indivíduos e instituições. Assim, o indivíduo “x” pode ser rotulado de conservador por seus gostos e opiniões que indicam um apego a tradição e resistência ao novo (SILVA, 2010, p. 53).

Como exemplo dessa interação entre os indivíduos e o apego a tradição, temos os costumes patriarcais que tem repassado por gerações e se mantém firme nos dias atuais. Costumes que rotula o homem como ser superior e a mulher como inferior. Uma tradição que fortalece o domínio do homem sobre a mulher, de forma,

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que coloca o gênero feminino numa posição de sujeição, como citado anteriormente, proporcionando um cotidiano de dificuldades e preconceito, no intuito de limitar a sua atuação ou participação no meio social e produtivo.

Através do reconhecimento sobre o significado ou conceito de patriarcado e conservadorismo, é possível compreender as formas como cada um influencia e carrega tradições que insistem em se manter no mundo atual. Para o gênero masculino é de grande importância o seguimento da ideologia patriarcal com o pensamento conservador, devido o fortalecimento da ideologia dominante no meio produtivo e social que estabelece aos sexos atribuições conservadoras como forma de proporcionar a superioridade ao gênero de força.

Diante disso, se percebe a necessidade de contrapor-se a ideologia dominante que obtém o fortalecimento da dominação e controle sobre a mulher. É o momento de conscientizar parte do gênero feminino que aceita esse controle, sem lutar por seus direitos enquanto indivíduo da sociedade. E assim, construir estratégias políticas para a reivindicação e efetivação dos direitos do gênero feminino, colocando fim nas atribuições estabelecidas pela sociedade de caráter patriarcal e conservador, construindo assim, uma nova relação entre homem e mulher, de forma que ambos sobrevivam sobre o mesmo direito, não existindo mais a dominação de um sexo sobre o outro e acabando com as desigualdades sociais de gênero, seja no ambiente produtivo, social e familiar.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção desta pesquisa permitiu a compreensão acerca da opressão feminina, nos levando a sua origem e percorrendo as diversas mudanças do início até a contemporaneidade. Apesar das modificações ocorrentes, a opressão feminina se mantém viva e mais forte. E não obstante, continua carregada de todas as propriedades advindas da classe dominante e da introdução da propriedade privada, que trouxe costumes a serem seguidos pela sociedade.

Passamos de um mundo primitivo para uma era globalizada e impactada com o avanço tecnológico, que surgiu para contribuir com o processo produtivo e ao mesmo tempo dificultar as condições de vida da classe trabalhadora, pois, o capitalismo é uma ferramenta que explora a classe desfavorecida, e quanto mais consegue tirar da mão de obra dos trabalhadores mais desejam ter. Por isso, não se importam em substituir o homem pela máquina, devido à preocupação maior ser com a produção de riqueza, independente das necessidades das demais classes.

Ao decorrer da pesquisa foi possível à compreensão acerca dos desafios e dificuldades sofridas pelo gênero feminino, desde a primeira divisão do trabalho até a inserção no meio produtivo, momento marcante que proporcionou a possibilidade de independência, embora a desigualdade social entre os sexos, adquirido através do conservadorismo de uma sociedade patriarcal, mantenha o homem a frente da mulher, tratando-as como gênero inferior e submissa aos seus comandos.

A mulher sempre enfrentou diversas dificuldades em sua trajetória por ser do gênero feminino, e um dos maiores desafios ainda é o conservadorismo seguido do patriarcado, que trata a mulher como inferior estabelecendo um papel de submissão e dificultando mais a sua estadia no meio produtivo. Diante disso, a mulher fica exposta a desigualdade social que oferece um salário inferior ao do homem, a colocando sempre em segundo plano enquanto o homem prossegue com o poder nas mãos, estando sempre de forma continuada que o lugar da mulher continua sendo no âmbito familiar, e por ser um trabalho natural concedido pela natureza, à mulher deveria dedicar-se a sua atribuição.

Apesar de a mulher estar ocupando o mesmo espaço que o homem, as desigualdades se mantém firme entre os sexos, e o conservadorismo ainda presente

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na sociedade, mesmo após diversas transformações ocorridas no meio social, fortalece os costumes patriarcais.

A sociedade pode passar por diversas transformações, mas a ideologia dominante e o confronto de classes sempre estará presente nas esferas pública e privada. Os ditames repassados para serem seguidos são variáveis que não mudaram, pois, o capitalismo não admite igualdade social. A heterogeneidade é necessária para que o capitalismo mantenha o domínio sobre os indivíduos das classes desfavorecidas.

O preconceito com a mulher é nítido na sociedade, e mesmo ocupando cargos considerados para homens, não obtém respeito sendo tratadas com indiferença. Por mais que mostrem capacidade de estar no espaço masculinizado, vão continuar ouvindo que deveriam escolher algo menos agressivo, que não as coloque em risco devido sua fragilidade. A sociedade irá persistir no discurso que 'a mulher é frágil', por isso, a natureza impôs uma atividade que cabe perfeitamente a ela. Uma atividade que exige apenas o cuidado e proteção.

O patriarcado e o conservadorismo atribui ao gênero feminino a incapacidade de assumir o mesmo patamar, não obstante, as tratam como um objeto descartável podendo ser usado da maneira que quiserem. É a forma de tratamento que destroem muitas mulheres na sociedade.

Com isso, conclui-se que, o conservadorismo ainda existente na sociedade, dificulta bastante o alcance da igualdade social, de forma que possa colocar o fim no preconceito e inferiorização da mulher e das demais classes desfavorecidas da sociedade. Enquanto mantiverem o controle sobre as classes desfavorecidas, seguindo com a exploração e o fortalecimento da desigualdade social, a ideologia dominante jamais chegará ao seu fim.

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REFERÊNCIAS

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DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2006.

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LESSA, Sérgio. Abaixo a família monogâmica. São Paulo: Instituto Lukács, 2012. MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2013. MATTOS, Amalia Ivine Santana et al. Desigualdade de gênero: uma revisão narrativa. Revista Saúde.com, v.11, n. 3, p. 266-279, set. 2015. Disponível em: periodicos2.uesb.br/índex.php/rsc/article/view/372. Acesso em: 4 out. 2018.

MELLO, Alex Fiuza de. Marx e a globalização. São Paulo: Boitempo, 1999. SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004. (Coleção Brasil Urgente).

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SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. Petrópolis: Vozes, 1978.

SILVA, Antônio Ozaída.O pensamento conservador.Revista Espaço Acadêmico, Universidade Estadual de Maringá-PR, ano 9, n. 107, p. 53-55, abr. 2010.

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