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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES CURSO DE DESIGN ADRIELLE CARDOSO BARBOSA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ARTES CURSO DE DESIGN

ADRIELLE CARDOSO BARBOSA

VENDO O MUNDO COM OUTRAS CORES Um Estudo Sobre as Cores e o Daltonismo

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ADRIELLE CARDOSO BARBOSA

VENDO O MUNDO COM OUTRAS CORES Um Estudo Sobre as Cores e o Daltonismo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Design pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

ORIENTADORA: Prof. MSc. Lorena Gomes Torres De Oliveira

NATAL/RN 2019

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ADRIELLE CARDOSO BARBOSA

VENDO O MUNDO COM OUTRAS CORES Um Estudo Sobre as Cores e o Daltonismo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Design pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

ORIENTADORA: Prof. MSc. Lorena Gomes Torres De Oliveira

Aprovado em: 12 / 12 / 2019

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________ Profa. MSc. Lorena Gomes Torres De Oliveira

Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

_____________________________________________________________ Profa. MSc. Silvia Aparecida de Oliveira de Alencar Matos

Membro Externo

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte ______________________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por toda sua providência, pela condução neste tempo e por tudo que Ele me permitiu viver nesses anos de graduação.

Aos meus pais e meus familiares, que sempre acreditaram, se alegraram e me incentivaram, em especial aos meus avós, João e Maria do Socorro, por todo amor e carinho, por me darem toda assistência e serem meus maiores entusiastas, eu amo vocês infinitamente.

Aos meus amigos, Fernanda, Bárbara, Ivan, Rodolfo, Annie, Thais e Aline por todas as risadas nos momentos difíceis, por serem consolo tantas vezes ao longo deste processo. Vocês são os melhores!

A minhas formadoras Aracelly, Euclenes, Ilana e Priscila, por serem voz de Deus para mim, por serem tão compreensivas e atenciosas em meio as realidades vivenciadas neste tempo. Sou muito grata por todo cuidado e pela fiel intercessão neste caminho.

Ao Raul, por ser meu maior incentivador, por acreditar em mim mais do que eu mesma. Obrigado por toda paciência, por ser meu parceiro, conselheiro, meu ombro pra chorar, minha dupla nos melhores trabalhos gráficos e meu melhor amigo. Te amo meu bem, você é a pessoa mais incrível do mundo, tenho muita sorte em poder dividir a vida contigo.

A todos os que ajudaram direta e indiretamente na construção deste trabalho. Um agradecimento especial a todos os daltônicos e junto com eles os demais entrevistados. Vocês foram essenciais para a pesquisa e elaboração deste TCC e para os resultados obtidos e aqui apresentados. Em especial ao meu primo Alef. Obrigado por ser sempre tão solícito, fazer todos os testes que eu propunha, responder minhas perguntas e me ajudar a construir a base para que tudo isso acontecesse.

E as minhas incríveis professoras, Elizabeth, Hellena, Luiza, que muito me inspiram, vocês são mulheres, profissionais, pessoas maravilhosas, obrigado por tudo que eu pude aprender com cada uma de vocês. A Lorena, minha orientadora, por toda paciência neste processo de TCC, e por tudo que me transmitiu ao longo da graduação. E a professora Silvia Matos por aceitar o convite para compor minha banca desde o inicio e por todo direcionamento que só veio a acrescentar na construção deste trabalho.

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RESUMO

Este trabalho visa propor uma solução projetual de design que gere informação para a sociedade sobre o daltonismo. Para atingir os objetivos foi necessária uma pesquisa teórica sobre a cor, sua importância em nossas vidas, as descobertas feitas sobre o tema ao longo dos anos, a dificuldade que os daltônicos enfrentam para distinguir as cores ao seu redor e formas de acessibilidade. A partir da aplicação de ferramentas do Design Thinking buscou-se desenvolver a metodologia de projeto que auxiliará em toda pesquisa e no desenvolvimento do material proposto como resultado, tendo sempre como foco as pessoas que colaboraram durante todo o processo que se interessaram pelo tema e contribuíram para o desenvolvimento da pesquisa e na geração dos resultados. Como auxílio para ferramentas de Design Thinking, também utilizou-se neste trabalho dos métodos “roda de conversa” e "mapa mental" para auxiliar na geração de ideias através do design participativo. Ao final do projeto foram desenvolvidos cartazes com provocações relevantes sobre o daltonismo, com intuito de chamar a atenção da sociedade para este distúrbio que atinge 8% da população mundial a fim de disseminar a informação que por vezes parece ser negligenciada.

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ABSTRACT

SEEING THE WORLD WITH OTHER COLORS A Study of Colors and Color-Blindness

This work aims to propose a design solution that generates information for society about color-blindness. In order to achieve the goals, it was required theoretical research about color and its importance in our lives; also the discoveries made about color over the years, the difficulty that color-blinds people face in distinguishing colors around them and yet ways of accessibility. From the application of “Design thinking” tools, we sought to develop the design methodology that will assist in all research and development of the proposed material as a result, always focusing on the people who collaborated throughout the process who were interested in the topic and contributed to it, for the development of the research and the generation of results. As an aid to the “Design Thinking” tools, we also used in this work the “round of conversation” and “mind map” methods to assist in the generation of ideas through participatory design. At the end of the project, posters were developed with relevant provocations about color blindness, in order to draw society's attention to this disorder that affects 8% of the world's population in order to disseminate information that sometimes seems to be neglected.

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LISTA DE FIGURAS

1 - Círculo cromático demarcando as cores complementares. 16

2 - Demonstração do experimento de Isaac Newton. 17

3 - Círculo Cromático de Goethe. 18

4 - Amostras do sistemas de cores RGB e CMYK. 19

5 - Círculo cromático desenvolvido por Johannes Itten. 20

6 - Experimento desenvolvido por Albers em seu livro “A interação da Cor”. 22

7 - Aparelho óptico humano e sua divisão fisiológica. 24

8 - Aparelho óptico humano, demonstração da localização dos 25

bastonetes e cones. 9 - Os cones e as cores que ativam cada tipo de cone específico. 26

10 - Do lado esquerdo um semáforo normal e do lado direito um 30

semáforo adaptado segundo o Projeto de Lei nº 4.937/2009. 11 - Sinais de trânsito adaptados a partir do Projeto de Lei nº 467/2015. 31

12 - Simulação da visão normal e da visão dos 3 tipos mais 33

comuns de daltonismo. 13 - Teste Ishihara com números. 34

14 - Sistema ColorAdd. 35

15 - Paleta de cores sinalizada a partir do sistema ColorAdd. 36

16 - Sistema ColorAdd aplicado em etiquetas de roupas. 37

17 - Sistema ColorAdd aplicado em lápis de cor. 37

18 - Sistema ColorAdd aplicado em jogos. 38

19 - Sistema ColorAdd aplicado em sinalização e mapa para 38

transporte público. 20 - Metodologia Bootcamp bootleg. 40

21 - Metodologia adaptada a partir do método kit Bootcamp bootleg. 42

22 - Gráfico quantitativo com resultados obtidos a partir das entrevistas. 46

23 - Notas adesivas com palavras chave anotadas. 69

24 - questionamentos sobre o daltonismo. 50

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29 - Cartaz informativo sobre o daltonismo número 1. 57 30 - Cartaz informativo sobre o daltonismo número 2. 58 31 - Cartaz informativo sobre o daltonismo número 3. 59

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Demonstração de como a herança genética do gene do daltonismo 28 e passada para os descendente.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ……….11

2. REFERENCIAL TEÓRICO ………...………...….…………...… 14

2.1. Breve Histórico da Cor 13

2.2. Aparelho Óptico Humano e o Processo da Visão 23

2.2.1. O Olho e seu Funcionamento 23

2.2.2. A Visão em Cores 25

2.3. O Daltonismo 26

2.3.1. Uma Herança Genética 27

2.3.2. Deficiência Visual ou Não? 28

2.3.3. Leis e Acessibilidade 29

2.3.4. Vendo o Mundo com Outras Cores 32

3. METODOLOGIA .………... 40

3.1. APRENDENDO 44

3.1.1. Entrevistas Para Gerar Empatia 45

3.1.2. Roda de Conversa 47

3.2. DEFININDO 47

3.2.1. Compartilhar e Capturar Histórias 48

3.2.2. Saturar e Agrupar 49 3.3. IDEANDO 51 3.3.1 Brainstorm 51 3.4 CRIANDO 54 3.4.1 Desenvolvendo Sketchs 54 4. CONCUSÃO ..………... 60 5. DESDOBRAMENTOS FUTUROS...61 APÊNDICE………..………...………68

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1. INTRODUÇÃO

Nossa comunicação é altamente visual, e desde a nossa infância aprendemos códigos que auxiliam nesta comunicação. Letras, números e formas compõem os códigos que nos possibilitam interagir e desenvolver as mais distintas tarefas. Porém, existem diversas deficiências, como a cegueira, baixa visão e dislexia, que não permitem ou causam dificuldades para distinguir estes códigos.

A cor também é um importante código de comunicação, no dia-a-dia fazemos escolhas a partir do auxílio visual da cor. As cores estão nos semáforos que nos orientam a parar e seguir quando estamos dirigindo, em caso de incêndio ou outro transtorno em espaço público, as saídas de emergência e os extintores serão logo identificados na cor vermelha. Porém para cada cultura uma mesma cor pode carregar os mais diferentes significados, além disso, a percepção das cores também pode ser afetada por algumas deficiências na visão, uma delas é o daltonismo.

O daltonismo causa distorções ou variações na percepção das cores. Segundo o ministério da saúde cerca de 8% da população mundial é afetada pelo daltonismo, e muitos não sabem que possuem tal doença. É comum que seu diagnóstico ocorra na infância, quando as crianças passam a ter mais contato com o aprendizado sobre as cores, mas por não ser uma deficiência com o diagnóstico prévio obrigatório, o daltônico pode viver sem ao menos saber que carrega tal anomalia genética.

Trataremos aqui exatamente sobre as maneiras de desmistificar o daltonismo, abordando o assunto de forma interdisciplinar, para reconhecer diversos pontos de vista, tanto clínicos, como das pessoas com o distúrbio. Buscando assim entender como o design pode contribuir para a acessibilidade dos daltônicos e a conscientização da sociedade, para que entendamos como colaborar para um mundo mais igualitário, menos preconceituoso e mais acessível.

Cresci rodeada por uma família onde o daltonismo é um distúrbio recorrente e isso sempre me despertou muita curiosidade. Não me recordo bem quando foi a primeira vez em que ouvi falar do termo ou escutei conversas sobre a dificuldade do

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não é daltônica, mas é portadora do gene do daltonismo. Ele sentia certa dificuldade e sofria preconceito na época da educação infantil, desde então, sempre me inquietou o que acontecia para que ele visse diferente, e como ele via. Essa foi a maior motivação para a pesquisa e o desenvolvimento deste trabalho, os daltônicos com quem convivi minha vida inteira e todos aqueles que eu não conheço, mas que com certeza me influenciam indiretamente.

Já dentro da graduação de Design, o assunto voltou à tona por meio da disciplina de “Uso da Cor no Design”, abordamos o daltonismo como tema de discussão, onde pude contribuir com minha experiência pessoal por conviver com tantos daltônicos.

Assim, esse trabalho tem como objetivo geral desenvolver um material informativo, para a conscientização e esclarecimento sobre o daltonismo, apoiada no Design Participativo do Design Thinking a partir do método kit Bootcamp bootleg, buscando analisar o mundo e as cores sob o olhar de daltônicos, e de pessoas que convivem com os mesmos, para juntamente com eles, desenvolver uma propostas para a criação deste material informativo, levando sempre em conta as experiências e os problemas vivenciados pelo usuário final, que é não só o daltônico, mas também a população que desconhece o daltonismo.

Já os objetivos específicos são, avaliar materiais inclusivos preexistentes, leis e outras ideias à serem implementadas para a melhoria na inclusão dos daltônicos, para junto com os daltônicos buscar melhorias para os mesmos, através do Design Thinking; levantar questionamentos e discussões sobre o daltonismo, tanto para as pessoas com o distúrbio, como para a sociedade em geral, que desconhece do que realmente se trata.

Tendo em vista os objetivos e os aspectos supracitados como norteadores, partiu-se para o desenvolvimento do trabalho, que foi estruturado em cinco capítulos, sendo eles, 1 - capítulo introdutório, 2 - capítulo com toda a base teórica que deu embasamento para o desenvolvimento do trabalho, 3 - capítulo de apresentação e aplicação da metodologia 4 – capítulo com as conclusões e o 5 – desdobramentos fulturos.

No capítulo a seguir (capitulo 2) será apresentado um breve histórico sobre a história da cor, as primeiras descobertas e sua evolução ao longo dos séculos. Pretende-se, portanto, nesse primeiro momento, unir a história e a teoria. Além disso, será abordado o processo pelo qual vemos as cores, como e porque a visão

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dos daltônicos é afetada. E também alguns projetos que buscam a inclusão e acessibilidade para os daltônicos.

No capítulo 3 serão apresentadas as metodologias e o caminho projetual que deverá ser seguido ao longo do processo de coleta de dados, desenvolvimento do material proposto e os resultados obtidos.

Nos capítulos 4 e 5 finalizamos com uma breve conclusão e o que se almeja para os desdobramentos futuros deste trabalho.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico do trabalho apresenta um levantamento bibliográfico acerca da cor e do daltonismo, anomalia genética hereditária, que afeta a visão cromática. Serão abordadas as primeiras descobertas e novas teorias sobre a cor, um estudo sobre os aspecto fisiológico pelo qual enxergamos as cores, analisando a visão de maneira clínica, para compreendermos com maior clareza os princípios da visão em cores e como esse processo é afetado em uma pessoa que possui daltonismo. Também serão abordadas as técnicas já desenvolvidas para o diagnóstico da deficiência e materiais adaptados para daltónicos. Além disso, trataremos de projetos de lei, que buscam implementar maneiras de tornar a deficiência mais discutida e gerar soluções para problemas encontrados no dia-a-dia por pessoas daltônicas.

2.1. Breve Histórico da Cor

Iremos aqui apresentar alguns estudos sobre as cores realizados ao longo dos anos e por diversos pesquisadores das mais distintas áreas. Como tratam em seus livros Guimarães (2004) e Silveira (2011), o estudo da cor e tudo que envolve o mundo cromático como o enxergamos, não é algo “novo”, e nem foram poucos os que se propuseram a investigar mais profundamente as cores e o processo pelo qual as enxergamos.

Guimarães (2004) cita uma infinidade de nomes que muito contribuíram para os primeiros estudos da cor, para o seu avanço e desenvolvimento. Entre eles estão Platão, Aristóteles, Euclides, Pitágoras na idade antiga. Da Vinci e Newton no século XV. Goethe no século XVIII. Thomas Young, Maxwell. Mais recentemente no século XX, Kurt Koffka, Max Wertheimer, Wolfgang Köhler, Ludwig Wittgenstein, Georg Seurat, Paul Klee, Johannes Itten, Wassily Kandinsky, Josef Albers, Piet Mondrian e Sergei Eisenstein e muitos outros.

Todos esses nomes citados representam a infinidade de pesquisadores, em suas áreas distintas, que dedicaram estudos sobre a cor, sobre a visão e a óptica, e mudaram ao longo dos séculos, a história e o entendimento dos efeitos das cores sobre nós. Entre eles estão: pintores, filósofos, matemáticos, físicos, químicos, fisiologistas, psicólogos, artistas plásticos, designers e cineastas.

Assim podemos compreender, e afirmar, que o estudo da cor e as suas teorias, é temática interdisciplinar, gerando conteúdo para as mais diversas áreas

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de estudos. Aqui serão abordadas algumas das descobertas feitas por esses pesquisadores, para que possamos compreender com clareza os temas abordados ao longo do processo.

Leonardo Da Vinci (1452 e 1519) foi um dos principais pintores do Renascimento italiano. Além de pintor, era pesquisador de outras diversas áreas, mas ainda voltado para a pintura, foi um dos primeiros a desenvolver um estudo sobre as cores, que direcionava à criação de uma Teoria da Cor. Desenvolveu o

“Tratatto della Pittura”, reunindo anotações com conteúdos sobre: “elementos

básicos da óptica, da física, da química e da filosofia” (SILVEIRA, 2011, p. 22). Em seus escritos Da Vinci descreveu como obter as cores desejadas a partir de misturas, tratou sobre a fisiologia da percepção visual. Chegou a dissecar olhos de cadáveres para descrever cada componente da visão, as suas respectivas funções.

Desafiando a versão clássica do século III a. C., em que o geômetra grego Euclides propagou a ideia de que saíam raios dos olhos para capturar o objeto observado, Leonardo propõe uma nova teoria sobre como os olhos percebem os objetos, escrevendo que não era possível que os olhos emitissem raios visuais, pois isso levaria um tempo que não era notado no ato de percepção visual. (SILVEIRA, 2011, p. 22)

Como aborda Silveira (2011), Da Vinci também escreveu sobre as cores primárias e essenciais. Antes dele, na Idade Média, Leon Battista Alberti, havia descrito e justificado sua de quatro cores essenciais, em união à teoria dos quatro elementos.

No “Tratatto della Pittura”, Da Vinci descreveu as cores primárias, e as chamou de “cores simples”. Eram elas o branco, o amarelo, o verde, o azul, o vermelho e o preto. Para ele essas cores seriam primárias, pois não poderiam ser feitas pela mescla de outras cores (DA VINCI, 1982).

A partir dessa definição, temos três cores primárias físicas e três químicas, e acrescenta-se a elas o preto e o branco. Em contraponto, a nova “Teoria da Cor determina que se as geratrizes forem o vermelho, o amarelo, o verde e o azul, tanto as cores-luz quanto as cores-pigmento podem ser obtidas através delas”

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Da Vinci ainda escreveu sobre as cores complementares (são as cores que geram mais contraste entre si, dentro do círculo cromático são as cores opostas no círculo. Por exemplo, o violeta e o amarelo são cores complementares como vemos na figura 1). E sobre contrastes simultâneos (definição dada à busca do olho para equilibrar as cores que vemos, ao focarmos o olhar em uma cor, logo o olho busca as cores complementares ao seu redor, a procura de um equilíbrio na visão como um todo). Esses estudos mais tarde influenciaram Goethe e Chevreul em suas pesquisas e descobertas sobre a cor.

Figura 1 - Círculo cromático demarcando as cores complementares. Fonte: Autora, 2019.

De acordo com Silveira (2011), conforme citado por Carreira (2000), Da Vinci acreditava “que todo objeto colorido participa da cor do objeto que lhe rodeia”. E bem antes da teoria descrita por Newton, de que o branco a somas de sete cores Leonardo também abordava o assunto.

A afirmação de que o branco é a somática de outras cores foi feita por Leonardo muito antes de Newton. O que a física chama hoje de síntese aditiva, Leonardo já havia descoberto, provando ser o branco a soma de duas cores complementares. Toda teoria cromática dos tempos modernos baseia-se nesta descoberta. (SILVEIRA, 2011, p. 25)

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No século XVII, as definições do fenômeno cromático passaram a ser mais precisas com as pesquisas e descobertas de Isaac Newton (1664 - 1727), que se dedicou à estudar luz e cor. Com um prisma de vidro triangular, fez experimentos com a luz e as cores que eram projetadas, como demonstrado na figura 2. Outros já haviam descoberto que ao passar um feixe de luz pelo prisma, eram gerados espectros coloridos, mas Newton analisou não somente as cores geradas, mas também o fato da dispersão e da composição da luz branca, chegando assim a conclusão de que, a luz branca, ou a luz solar, era composta várias cores (SILVEIRA, 2011).

Figura 2 - Demonstração do experimento de Isaac Newton. Fonte: museovirtual.csic.es

A partir dos experimentos realizados, Newton constatou que a luz branca se separava em diferentes cores, pois sofria desvios em seus componentes ao passar pelo prisma, e esses desvios se devem ao fenômeno da refração. As pesquisas de Newton sobre os fenômenos cromáticos o levou à compreender que as cores manifestadas no objetos, existem a partir da luz que os mesmos absorvem e refletem.

No que se referem aos estudos cromáticos, os trabalhos de Newton são considerados atualmente um marco no desenvolvimento da ciência da cor. A chamada ciência da cor está contida na Teoria da Cor e é definida como o estudo dos aspectos físicos da cor. (SILVEIRA, 2011, p. 30)

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um escritor de literatura, mas por praticar pintura e desenho se deteve também ao estudo das cores, e a partir dos seus conhecimentos literários e pesquisas sobre o fenômeno cromático, dedicou-se por longos anos a escrita da “Doutrina das Cores”.

Em seus estudos Goethe elaborou seu círculo cromático, apresentado na figura 3, no qual propôs superar o sistema desenvolvido por Newton. Goethe utilizou-se dos seus conhecimentos nas áreas de ciências naturais para explicar o fenômeno das cores sob o ponto de vista artístico. Seu círculo cromático é composto por cores pigmento, diferente do experimento de Newton que expunha as cores luz (QUEIROZ, 2017).

Figura 3 - Círculo Cromático de Goethe (1810). Fonte: acorsimplificada.com.br

Muitas das experimentações feitas por Goethe são contrárias as descobertas de Newton, a “Doutrina das Cores” chega a ser polêmica e analisada como uma disputa sob os dois pontos de vista, o “idealismo alemão de Goethe e a ótica mecanicista de Newton” (SILVEIRA, 2011, p. 31). Por anos Goethe se dedicou a estudar os experimentos de Newton com o prisma, mas por mais que observasse os resultados das cores obtidas em uma parede branca ele não se convenceu das teorias Newtonianas de que a luz branca se divide em outras cores.

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Para Goethe, a luz era o ser mais simples, indivisível e homogêneo conhecido e, sendo assim, ela não poderia ser dividida em luzes coloridas como afirmava Newton, pois uma luz colorida seria sempre mais escura que uma luz incolor. (SILVEIRA, 2011, p. 31)

As teorias discordam entres si, pois o tema era abordado de maneiras distintas e sob pontos de vistas bem diferentes. Newton desenvolveu seus estudos sobre a cor para estabelecer a produção da cor como fenômeno físico, e Goethe defendia que o fenômeno cromático também existia além da física. Em suas pesquisas Goethe foi além da afirmação de que a cor surgia da luz branca, e estudou os aspectos fisiológicos que envolvem a visão e como vemos as cores (GUIMARÃES, 2004).

Ambos estavam corretos, porém sob pontos de vista distintos, pois um desenvolvia pesquisas sobre o fenômeno da cor luz, e o outro da cor pigmento. Hoje discorremos sobre o assunto de forma mais ampla e assertiva, de modo que é compreensível a existência de ambos os pontos de vista. Como vemos na figura 4, são chamadas de cores luz, as cores do sistema RGB (a sigla corresponde às iniciais das cores Red (vermelho), Green (verde) e Blue (azul). É um sistema aditivo de cores, utilizado em tela como: monitores, celulares, tablets, telas de TV e etc.), e cores pigmento, as cores do sistema CMY (a sigla corresponde às iniciais das cores

Cian (ciano), Magenta (magenta), Yellow (amarelo). É um sistema subtrativo de

cores que possibilita a criação de cores ilimitadas e é utilizado em materiais impressos).

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Ainda sobre os estudos da cor se destacam, explorando uma nova perspectiva, Johannes Itten (1889 - 1967) e Josef Albers (1888-1976). Itten nasceu em Thun na Suíça, se formou e lecionava para o ensino elementar, em 1909 iniciou seus estudos sobre as artes e em 1913 mudou-se para a Alemanha para estudar pintura, após se formar montou em Viena sua própria escola de arte. Em meados de 1919 foi convidado por Gropius para lecionar na nova escola de arte e design, a Bauhaus onde desenvolveu grande parte de seus experimentos aperfeiçoando seus estudos sobre a cor (CABRAL, 2012).

Alguns de seus estudos o levou a criar um círculo cromático buscando estabelecer algumas relações entre as cores, “sendo possíveis combinações harmônicas definidas pela disposição de figuras geométricas no círculo como retângulos, quadrados, triângulos equiláteros e isósceles” (CABRAL, 2012, p. 18).

O círculo de Itten, representado na figura 5, é composto por 12 cores. A composição parte das 3 cores primárias: azul, vermelho e amarelo, essas cores são dispostas dentro do triângulo. Em volta do triângulo se encontram as cores secundárias: verde, laranja e roxo, que são os resultados das misturas das cores primárias. Além delas ele dispõe de cores terciárias, que teoricamente seriam formadas a partir da mistura de uma cor primária com uma secundária (QUEIROZ, 2017).

Figura 5 - Círculo cromático desenvolvido por Johannes Itten (1971). Fonte: alinefranca.com.br

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Itten assume uma escolha pessoal quanto artista e teórico, indicando que os círculos cromáticos são concebidos de acordo com sistemas de cores que demonstram interesses específicos de sua análise pessoal, não havendo assim, um modelo único, verdadeiro e definitivo quanto ao sistema de cores. Itten defendia que essa construção era pessoal e desenvolvida a partir de gostos e experiências particulares (LUFT, 2018).

Itten acreditava que as qualidades subjetivas dos alunos revelavam o caminho para o seu desenvolvimento profissional. Toda essa postura de ensino refletiu-se também na sua didática da cor. Itten considerava a preferência individual em relação às cores (harmonia subjetiva) informação de grande importância para o autoconhecimento do aluno. Esse autoconhecimento seria justamente a consciência das tendências pessoais direcionadas a determinadas cores, revelando não apenas o gosto subjetivo do estudante, mas também suas habilidades, seu temperamento e suas limitações. (BARROS, 2016, p. 218)

Se tratando de cor e percepção Josef Albers dedicou anos de estudo ao assunto. Albers nasceu na Alemanha em 1888. Em 1915 se formou como professor de arte, lecionava e atuava como artista. Como estudante, frequentou a Bauhaus de 1920 a 1923, sendo aluno de Johannes Itten. Ao se formar, tornou-se professor na Bauhaus até o encerramento da escola em 1933. Em 1963 teve seu livro Interaction

of Color (A interação da cor) publicado pela primeira vez (BARROS, 2006).

Para Albers seria impossível estudar as cores isoladamente, pois elas sempre estão inseridas em um contexto mais amplo, onde os objetos ou figuras sempre são percebidos em contraste com o plano de fundo. Sendo assim ele ressalta a importância de trabalhar com um “contexto cromático”, considerando as proporções entre as áreas da cor e a adequação aos objetivos da composição cromática (BARROS, 2006, p. 221).

A cor é o meio mais relativo dentre os utilizados na arte. Para usá-la de forma eficaz, temos que reconhecer que a cor sempre engana. Por exemplo, a partir de efeitos cromáticos diferentes, podemos fazer com que duas cores iguais pareçam diferentes ou que duas cores diferentes pareçam iguais ou quase iguais (ALBERS, 2009, p. 3).

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Figura 6 - Experimento desenvolvido por Albers em seu livro “A interação da Cor”. Fonte: Albers (2009).

Na figura 6 vemos comprovada a afirmação de Albers de que a cor é um meio relativo, ela é a soma do que se encontra também ao seu redor. Na figura vemos que os quadrados centrais parecem ser de duas cores diferentes, quando na verdade são iguais. Essa ilusão é causada pela variação das cores ao fundo, que os fazem parecer diferentes (ALBERS, 2009).

Albers apresenta em seu livro diversos outros experimentos com a cor, os contrastes e as combinações, o que nos faz perceber a relatividade das cores e a forma como as vemos, ele reafirma o que dizia Itten, sobre a cor ser meio de expressão pessoal, ter efeitos particulares sobre os indivíduos e carregar peso e mensagens distintas para diferentes pessoas e culturas(LUFT, 2018).

Sendo assim correto afirmar que a cor é simbolismo, significado. Vemos as cores como pertencentes aos objetos, a natureza, a tudo que se encontra ao nosso redor, mas na verdade a cor é percepção. Nem todas as pessoas enxergam da mesma forma, as cores tem tonalidades diferentes a partir da luz que irradia sobre elas, e tudo isso molda a forma como vemos as cores. Cada croma carrega um significado, mas este significado na verdade não está ligado só a cor, mas também em quem a vê. O que compões o significado da cor é repertorio, cultura, história, geografia, contexto (FERNANDES,2006).

É notável que as teorias relacionadas à percepção da cor, ao longo dos anos foram desenvolvendo-se, modificando-se e aperfeiçoando-se. E como citado anteriormente, os mais diversos estudiosos, das mais distintas áreas, passaram a enxergar as cores não apenas como uma realidade física, química, ou neurológica,

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mas sim, como assunto interdisciplinar, que abarca não apenas essas, mas várias outras áreas de pesquisa, e que reinventam-se diariamente ainda hoje.

Ao analisar essa gama e amálgama de teorias de origens diversas, indo da filosofia à psicologia da percepção, passando pela fisiologia, física e estética etc., percebi que os pressupostos de uma teoria não invalidam a

priori os das outras, e, dessa forma, fui levado a considerar o fenômeno

cromático como um processo amplo, a exigir um estudo de natureza interdisciplinar. (GUIMARÃES, 2004, p. 3)

Seguindo a linha de interdisciplinaridade, a seguir a cor será tratada de forma fisiológica, esclarecendo como a visão das cores acontece, passando por todo aparelho óptico, até chegar aos nossos receptores neurológicos que transformam as cores que vemos.

2.2. Aparelho Óptico Humano e o Processo da Visão

Da Vinci foi um dos pioneiros no estudo da anatomia de olhos humanos para melhor entendimento do fenômeno da visão, de 1500 até os dias atuais muitos outros pesquisadores se debruçaram sobre o tema e chegaram a descobertas mais concretas, mesmo assim, muitos especialistas no assunto afirmam que ainda não é possível dizer que atingimos um conhecimento completo do complexo funcionamento da visão. A seguir iremos abordar o aparelho ótico, apresentando sua divisão anatômica, seu funcionamento e o processo pelo qual enxergamos as cores.

2.2.1. O Olho e Seu Funcionamento

Nosso olho funciona como uma câmera obscura composta por lentes, que transmitem os “raios luminosos para a parede interna oposta ao orifício” e assim as imagens são captadas (GUIMARÃES, 2004, p.6). Na figura 7 é apresentada uma divisão completa do aparelho óptico, ela será necessária para compreender melhor o funcionamento da visão, de maneira fisiológica, como será tratado a seguir.

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Figura 7 - Aparelho óptico humano e sua divisão fisiológica. Fonte: cerpo.com.br

A formação do globo ocular é composta por três camadas principais; a esclerótica, a coroide e a retina, como apresentado na figura 7. A esclerótica é a que dá a forma arredondada ao olho, é a membrana branca do olho, mostra-se mais transparente no centro e a isso denominamos córnea, já na parte posterior, a esclerótica reveste o nervo óptico, nervo esse que leva os impulsos visuais até o cérebro.

Já a membrana coroide, é pigmentada, vascular e mais fina. Ao ultrapassar a córnea a luz atravessa a coroide por um orifício, a pupila. A pupila é envolta pela íris (parte circular e com pigmentação dos olhos) é ela que regula a entrada de luz com movimentos de contração. Logo atrás da pupila está o cristalino, responsável por convergir os raios luminosos para a retina. O cristalino é cercado pelos músculos ciliares, que se alargam e aumentam a refração do cristalino para focalizar em determinada imagem (GUIMARÃES, 2004; SILVEIRA, 2011).

A membrana que envolve a parede interna do globo ocular é a retina, ela é fotossensível e composta de várias camadas, dentre elas a camada nervosa, que é formada por diversas ramificações do nervo óptico. A camada nervosa é a responsável pela visão. Constituída por, em média, 130 milhões de células, sendo elas 100 milhões bastonetes (sensíveis à luz e à sua mudança, porém sem

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sensibilidade à cor) e aproximadamente de 3 milhões de cones (sensíveis a cores e formas), como demonstrado a figura 8.

Figura 8 - Aparelho óptico humano, demonstração da localização dos bastonetes e cones. Fonte: cmsatisloh.com.br

Os bastonetes se localizam em sua maioria na periferia da retina, enquanto os cones predominam no centro, que denomina-se fóvea retiniana. Da fóvea retiniana provem o nervo óptico, a esse ponto denominamos, ponto cego, pois não existem cones nem bastonetes. Existe ainda na fóvea retiniana um depressão, com cerca de 0,4 mm de diâmetro, onde se concentra a maior parte de cones, é chamada de fóvea centralis e as imagens projetadas nessa depressão serão sempre mais nítidas (GUIMARÃES, 2004; SILVEIRA, 2011).

2.2.2. A Visão em Cores

O processo da visão em cores depende de pigmentos que estão presentes nos três tipos de cones que possuímos. Cada tipo de cone, possui um tipo de pigmento. Os três tipos de cones são ativados separadamente pelo comprimento da onda da luz, sendo um receptor da luz vermelha (R), outro da luz verde (G), e outro da luz azul (B), como representado na figura 9. A percepção das mais distintas cores se dá pela quantidade relativa de cada tipo de cone que é ativado, e assim todas as cores são construídas ao passar pela retina (GUIMARÃES, 2004;

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Figura 9 - Demonstração dos cones e das cores que ativam cada tipo de cone específico. Fonte: ricardocanha.blogspot.com

Após cada cone ser ativado ele converte o sinal luminoso em sinal elétrico e envia, pele nervo óptico, ao córtex cerebral, onde a visão cromática será interpretada (MELO; GALON; FONTANELLA, 2014). Em uma pessoa que possui daltonismo, esse processo é afetado pela falta de um ou mais tipos de cones, ou porque o indivíduo produz menor quantidade de algum dos pigmentos necessários para formular a visão das cores (CASARIN, 2015).

2.3. O Daltonismo

A visão pode ser distorcida por diversas deficiências, distúrbios ou anomalias genéticas. O daltonismo (também conhecido como discromatopsia ou cegueira parcial das cores) é um desses distúrbios e faz com que a visão das cores seja afetada e distorcida.

O transtorno foi descrito pela primeira vez pelo físico John Dalton (1766 - 1844). No ano de 1794 ele publicou um estudo onde falava sobre a dificuldade que ele e o irmão possuíam para distinguir certas cores. Daí surge o termo daltonismo, em homenagem a John Dalton, que foi o primeiro a pesquisar e escrever sobre a doença (CASARIN, 2015).

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A seguir iremos tratar do daltonismo, apresentando informações sobre o erro genético que causa este distúrbio, as primeiras e mais recentes descobertas sobre o assunto.

2.3.1. Uma Herança Genética

Denomina-se herança genética o processo pelo qual a célula ou o organismo recebe e carrega informações adquiridas pelas células ou organismos que as geraram. Sendo assim, a herança genética constitui-se na transmissão das características que são passadas de pais para filhos e que podem ser recorrentes por gerações. Tais características se explicam pelas informações genéticas que recebemos e são transmitidas pelos cromossomos X e Y (CASARIN, 2015).

Os cromossomos X e Y carregam em suas extremidades pequenas regiões equivalentes que no processo da meiose são emparelhadas. O cromossomo X possui apenas uma parte não equivalente ao Y, essa parte é responsável por conter vários genes que exercem controle sobre diversas funções no organismo, dentre elas a produção dos pigmentos das células da retina, que possibilitam a visão das cores. Se os genes transmitidos carregarem alguma mutação genética, podem ocorrer distúrbios, como o daltonismo (CASARIN, 2015).

O gene é uma sequência de nucleotídeos distintos que compõem um cromossomo. Cada gene é responsável por codificar uma determinada cadeia polipeptídica. O gene é composto por uma sequência de DNA (ácido desoxirribonucléico) e RNA (ácido ribonucléico). O RNA é responsável pela síntese de proteínas da célula, incluindo as da retina (GENETICS HOME, 2015).

Os genes alelos (genes que ocupam o mesmo lócus em cromossomos homólogos e estão envolvidos na determinação de uma mesma característica) podem aparecer em dose dupla nas mulheres, pois são carregados pelo cromossomo X, enquanto o homem só apresenta um deles. Sendo assim a mulher pode ser homozigota (possuir dois genes alelos idênticos, ambos afetados pela anomalia genética) ou heterozigota (possuir os genes alelos distintos, um afetado pelo pela anomalia e o outro não). Na tabela 1 encontra-se descrito o fator hereditário e a porcentagem dos descendentes que podem ser daltônicos ou apenas

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Tabela 1 - Demonstração de como a herança genética do gene do daltonismo é passada para os descendente.

Fonte: Autora, 2018.

Isso explica o fato da maior parte das pessoas daltônicas serem homens, pois o homem só necessita de um alelo recessivo ligado ao sexo para que o daltonismo se manifeste, já que os cromossomos masculinos correspondem a X e Y e apenas o X carrega o fator recessivo. Nas mulheres este distúrbio só ocorrerá se os alelos ligados aos dois cromossomos X forem afetados pelo gene do daltonismo (CASARIN, 2015 apud LINHARES; GEWANDSZNAJDER 2010). Apesar do senso comum afirmar que não existe daltonismo em pessoas do sexo feminino, vemos na tabela acima que por mais que seja raro, é possível que as mulheres também sejam afetadas.

2.3.2. Deficiência Visual ou Não?

Por mais que boa parte dos daltônicos se considere portador de uma deficiência visual, por não conseguir distinguir as cores, pela lei, o daltonismo não é considerado deficiência.

Romani (2016) aborda a deficiência visual e apresenta leis que contemplam seus portadores. De acordo com o Decreto de Lei n.5.296 de 2004 no Brasil são reconhecidas 5 categorias de deficiência, sendo elas: física, intelectual, auditiva, visual e múltipla. O Decreto citado define deficiência visual como:

deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que

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significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência

simultânea de quaisquer das condições anteriores. (Decreto de Lei n.5.296 de 2004, cap. 2, art. 5, seção I c).

Os portadores de daltonismo, seja ele em grau mais leve ou mais grave, não são citados no decreto, que abrange apenas os seguintes tipos de deficiência visual: a cegueira e a baixa visão. Ainda não existe nenhuma lei especificamente voltada para os portadores de discromatopsia, mesmo com a criação de alguns projetos de lei, referentes a melhorias urbanas, como será apresentado no tópico posterior, tendo sido desenvolvidos, nenhum deles foi implementado até o momento.

2.3.3. Leis e Acessibilidade

Vivemos na época da acessibilidade, crescemos ouvindo falar sobre as mudanças que o mundo precisa sofrer para que todas as pessoas com deficiência sejam incluídas. Os projetos de acessibilidade buscam igualar a todos, possibilitando o desempenho das mais distintas atividades no dia-a-dia para as pessoas com deficiência ou não. Porém, mesmo sendo um assunto tão discutido e trabalhado, por vezes as ideias não saem do papel, e algo que poderia mudar completamente a vida de pessoas que tenham alguma limitação, simplesmente não vem a se tornar realidade, por falta de interesse ou investimento do poder público e privado.

Até 2012, muitos daltônicos não conseguiam autorização para retirar sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Casarin (2015) relata que, hoje, o código de trânsito brasileiro inclui os daltônicos a partir de uma iniciativa de inclusão social, criada em 2012, que garante o direito de ir e vir à todas as pessoas, o CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito), na resolução 425 de 27/11/2012 determina que o motorista não precisa identificar as cores vermelha, amarela e verde para conduzir um veículo, pois é possível aprender a posição da luz que se acende no semáforo.

Mesmo assim, esse assunto ainda gera muitos questionamentos e discordâncias entre pesquisadores e médicos. Alguns afirmam que pessoas com

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mostrou que metade dos participantes cometeram erros no teste, que sugeria a dificuldade de conduzir um veículo por maior chance de envolvimento em acidentes (MELO; GALON; FONTANELLA, 2014).

Na Lei nº 9.503, de 1997, em vigor atualmente, os semáforos necessitam ser constituídos pelas cores: vermelho, amarelo e verde, que sinalizam, respectivamente: parar, atenção e seguir. Porém, como vimos ao longo desse trabalho, os indivíduos com qualquer grau de discromatopsia são afetados negativamente em alguns âmbitos, inclusive no trânsito, por não terem uma distinção das cores adequada. Sendo assim, trataremos a seguir de alguns projetos de leis que mudariam totalmente a vida de pessoas com deficiência na visão cromática. Possibilitando o fim das discordâncias sobre o fato de: daltônicos provocam mais acidentes no trânsito ou não?

O Projeto de Lei nº 4.937 de 2009, buscava auxiliar os daltônicos ao acrescentar formatos geométricos às lentes dos semáforos. O projeto consistia em manter as cores e as posições dos semáforos atuais, mas diferenciar cada foco de luz a partir de figuras geométricas, sendo: um círculo para o vermelho, um triângulo para o amarelo e um quadrado para o verde, como demonstrado na figura 10. Foi sugerido que, a mudança poderia ser feita colocando um adesivo com as formas geométricas sobre as lentes coloridas que já existentes, porém foi observado que a medida não seria totalmente eficaz, já que o diâmetro das lentes é pequeno, o que tornaria as figuras imperceptíveis à longa distância.

Figura 10 - Do lado esquerdo um semáforo normal e do lado direito um semáforo adaptado segundo o Projeto de Lei nº 4.937/2009.

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Buscando aprimorar o projeto acima citado, foi desenvolvido o Projeto de Lei nº 467, de 2015, que pretendia alterar o Anexo II da Lei nº 9.503, de 1997, que compõe o Código de Trânsito Brasileiro, sobre o formato da sinalização semafórica. Esse projeto propõe fazer com que os sinais de trânsitos sejam diferenciados por formas geométricas, além das cores, assim como no projeto anterior, porém, as formas geométricas não seriam aplicadas sobre os semáforos já existentes, mas cada uma das lentes semafóricas, além de ter uma cor específica, também teria uma forma diferente, sendo: o foco vermelho - quadrado, o foco amarelo - Triangular e o foco verde - Circular, podendo ser aplicados na vertical ou na horizontal, como vemos na figura 11.

Figura 11 - Sinais de trânsito adaptados a partir do Projeto de Lei nº 467/2015. Fonte: Autora, 2018.

Ambos os projetos acima citados nunca foram implementados, sob justificativa dos altos custos que isso causaria ao governo. Porém, seria de essencial valor a implantação de leis e programas de inclusão que realmente possibilitem pessoas daltônicas desenvolver toda e qualquer tarefa, principalmente no que se refere ao trânsito, pois, por meio de relatos, é comprovado que esse é o aspecto em que os indivíduos com alguma distorção na visão cromática mais se queixam, a dificuldade e esforço que precisam fazer para se orientar ao dirigir.

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execução. Sendo assim este trabalho contará com os exemplos citados acima apenas como forma de absorção de experiência e coleta de dados. E veremos a seguir o desenvolvimento de um sistema que foi criado para auxiliar neste processo inclusivo.

2.3.4. Vendo o Mundo com Outras Cores

Segundo Gordon (1998) cerca de 6% a 10% da população masculina e 0,4% a 0,7% da feminina é afetada pelo daltonismo em seus diversos níveis, tendo a maioria mais dificuldade na percepção das cores vermelha e verde. Neiva (2008) também relata que 10% da população mundial é portadora de algum tipo de discromatopsia, e que o gênero masculino é mais afetado, representando cerca de 8% dos casos (GOMES, et al., 2016).

Como abordado no tópico 2.3.1. Uma Herança Genética, a visão cromática depende de células fotossensíveis a luz que recebem a informação luminosa, e a envia para o cérebro para que ele decodifique, todo esse processo pode ser afetado pelo fator genético gerando defeitos congênitos na visão cromática. Segundo Melo, Galon e Fontanella, (2014) esses defeitos congênitos são divididos entre três principais tipos, são eles: o tricromatismo anômalo, que acontece quando uma das três fotopsinas tem seu espectro de absorção de luz deslocado para outro comprimento de onda, os dicromatismo, gerado quando há ausência de um dos tipos de fotopsinas e o monocromatismo, condição muito rara que acontece quando só existe a presença de apenas uma das fotopsinas, normalmente a azul. Nas situações de tricromatismo anômalo, o defeito de visão cromática costuma ser menos intenso.

Ainda dentro das divisões das nomenclaturas das discromatopsias, utiliza-se prefixos gregos representando o primeiro o segundo e o terceiro - “protos”, “deuteros” e “tritos” - que determinam as cores vermelha, azul e verde, nessa ordem, cores essas que correspondem aos três tipos de cone (BRUNI; CRUZ, 2006).

Sendo assim, segundo Melo, Galon e Fontanella (2014), o tricromatismo anômalo pode ser do tipo protanomalia, deuteranomalia ou tritanomalia; o dicromatismo pode ser do tipo protanopia, deuteranopia ou tritanopia. Na figura 12 temos uma demonstração de como os portadores de cada discromatopsia enxergam.

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Figura 12 - Simulação da visão normal e da visão dos 3 tipos mais comuns de daltonismo. Fonte: jornalcomunicacaoufpr.com.br

Os defeitos no eixo vermelho-verde são mais comuns, defeitos envolvendo os cones azuis são raros, por isso é mais frequente que os daltônicos sejam protanômalos ou tritanômalos, ou seja, tem dificuldade em distinguir as cores vermelha e verde (COLE, 2007).

Normalmente a suspeita do daltonismo surge na infância, exatamente no período em que a criança está aprendendo as cores, aproximadamente por volta dos 2 ou 3 anos de idade (CUNHA; SANTOS CRUZ, 2016). Torna-se mais simples o diagnóstico se os familiares são cientes de que portam o gene anômalo que causa o daltonismo, mas é importante fazer o teste para confirmar a presença da anomalia.

Existem alguns testes, já bem popularizados, que podem ajudar no diagnóstico do daltonismo. O mais comum é o Teste Ishihara, feito a partir da observação de cartões contendo imagens construídas por pontilhados de várias tonalidades como vemos na figura 13. Os pontos que constituem cada imagem formam números ou formas e de acordo com o teste, o indivíduo deve observar cada imagem por apenas 3 segundos e desvendar o número ou forma que se

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Figura 13 - Teste Ishihara com números. Fonte: martinezdecarneros.com

Como citado por Cunha e Santos Cruz (2016), além do teste Ishihara, também existem exames que podem ser realizados por médicos, como a eletrorretinografia, por exemplo, que serve para avaliar a resposta elétrica do olho aos estímulos luminosos. Mas ainda assim, hoje não é comum a busca de um diagnóstico precoce, porém seria de suma importância para que a criança fosse integrada sem constrangimentos a dinâmica de sala de aula e melhorasse seu desempenho escolar sem ser prejudicada.

O daltonismo não tem cura, portanto um daltônico jamais vai poder distinguir as cores como a maior parte das pessoas, pois eles possuem uma percepção própria sobre o croma. Mas existe um código elaborado para distinção das cores que facilita a vida de pessoas daltônicas. O sistema chama-se ColorAdd, e é apresentado com sistema universal de identificação de cores a partir de símbolos. O sistema é formado por 5 símbolos, que são: 1 - triângulo retângulo com inclinação para baixo: significando a cor azul, 2 - reta inclinada: significando a cor amarela, 3 - triângulo retângulo com inclinação para cima: significando a cor vermelha, 4 -

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quadrado vazado: significando a cor branca, 5 - quadrado preenchido: significando a cor preta. Esses símbolos permitem a identificação das três cores primárias; azul, amarelo e vermelho, e também o branco e o preto, como apresentado na figura 14. E as combinações entre esses símbolos, possibilitam a sinalização de uma infinidade de cores, como mostra a figura 15.

Figura 14 - Sistema ColorAdd. Fonte: coloradd.net/code.asp

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Figura 15 - Paleta de cores sinalizada a partir do sistema ColorAdd. Fonte: coloradd.net/code.asp

Soluções como o sistema ColorAdd buscam a inclusão social e independência dos daltônicos, sendo proposta a aplicação em etiquetas de roupas, como mostrado na figura 16, lápis de cor, apresentado na figura 17, jogos, como o exemplo da figura 18, mapas e guias de transporte público, demonstrado na figura 19, dentre outras coisas que normalmente são simbolizadas ou significadas apenas por cores. É uma solução simples, mas que facilita e possibilita atividades diárias em que se faz necessária a distinção das cores.

É válido ressaltar que o sistema ColorAdd poderia receber uma revisão e aprimoramento quanto as nomenclaturas das cores que dispõe, e comparado a grande gama de cores existentes, ele ainda é limitado em quantidade, mas já é de grande valia ver as possibilidades geradas pelo sistema e as propostas de aplicações apresentadas que veremos a seguir, pois ressaltam a simplicidade da ferramenta na aplicação e sua funcionalidade em diversos objetos e meios.

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Figura 16 - Sistema ColorAdd aplicado em etiquetas de roupas. Fonte: coloradd.net/code.asp

Figura 17 - Sistema ColorAdd aplicado em lápis de cor. Fonte: coloradd.net/code.asp

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Figura 18 - Sistema ColorAdd aplicado em jogos. Fonte: coloradd.net/code.asp

Figura 19 - Simulação do sistema ColorAdd aplicado em sinalização e mapa para transporte público. Fonte: coloradd.net/code.asp

Os exemplos acima citados, exploram diversas áreas aonde o sistema

ColorAdd poder ser aplicado. A partir das possibilidades geradas pelo ColorAdd

surge o desejo de vê-lo em uso, de disseminar a informação que viria a contribuir para diversas tarefas executadas por daltônicos. Em meio às pesquisas e entrevistas tornou-se perceptível que muitos ainda desconhecem o sistema e sua

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proposta de sinalização as cores, mas ao mesmo tempo ao serem apresentados ao

ColorAdd e suas possibilidades, gerou-se grande simpatia do público entrevistado e

o desejo de que ele realmente fosse implementado aos mais diversos objetos.

Por meio das informações coletadas em entrevistas surge a ideia de um material informativo que venha não só para conscientizar sobre o daltonismo. Propõe-se então a criação de uma cartilha cartazes e informativos sobre o daltonismo e as ferramentas desenvolvidas para auxiliar os daltônicos. Visando atingir toda e qualquer pessoa, o material seria desenvolvido para poder circular livremente entre locais como; hospitais, postos de saúde e escolas e universidades, locais estes em que normalmente se encontraria este tipo de informação.

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3. METODOLOGIA

O método aplicado busca no design thinking o auxílio das ferramentas necessárias para o desenvolvimento projetual no processo de design. As etapas que constituem o método visam a participação das partes interessadas no desenvolvimento do projeto desde as etapas iniciais. Para tal, foi utilizado como base a estrutura proposta pelo método do design kit Bootcamp bootleg, documento criado pelo Stanford University Institute of Design (2009-2012), que é formado por uma coleção de ferramentas projetuais aplicadas em processos de design thinking. Na construção do método proposto por Stanford, como vemos na figura 20, o processo de Design consiste em cinco etapas que direcionam a criação de ideias, análise de propostas, visando assim encontrar as melhores soluções para os problemas encontrados.

Figura 20: Metodologia Bootcamp bootleg.

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Para o desenvolvimento do projeto foram propostas algumas adaptações ao método supracitado, visando atender da melhor forma as necessidades específicas deste projeto, tendo como fator determinante para tais mudanças observar para entender a relação e a visão da sociedade sobre o daltonismo e o daltônico. Para, a partir da problematização gerada, propor um material informativo à ser produzido a fim de esclarecer alguns dos maiores questionamentos sobre o daltonismo, esse material será posteriormente apresentado e receberá sugestões para possíveis melhorias, em seguida serão feitas as devidas correções se assim for necessário.

Para que o método escolhido venha a corresponder com os resultados esperados, é necessário se deter ao processo e não apenas ao resultado final. Segundo Brown (2010), é preciso ver o design como um percurso, um caminho que é percorrido em busca da resolução do problema, almejando atender as necessidades e desejos das pessoas, sendo assim, as soluções projetuais não acontecem a partir de um único pensamento, elas surgem ao longo do processo metodológico.

A partir desse pensamento foi desenvolvido o método aqui apresentado. Ele subdivide-se em cinco fases, são elas: Aprendendo, Definindo, Ideando, Criando, Testando. As nomenclaturas apresentadas derivam do modelo de Standford (2009-2012) e foram traduzidas para o português, sendo algumas revisadas para melhor adequação ao processo de criação do projeto aqui proposto. Dentro das cinco etapas citadas existem subetapas (1 a 7) descritas com suas ferramentas, as técnicas projetuais e os resultados esperados de cada etapa. A fase de testes é parte integrante do método proposto, mas devido às limitações de tempo, optou-se por desenvolvê-la futuramente, apresentaremos aqui o desenvolvimento da etapa Aprendendo a etapa Criando e seus respectivos resultados.

Na página a seguir está representado o redesenho do método, figura 21. O modelo idealizado apresenta um caminho horizontal a ser percorrido, mas as etapas do método dispõem da possibilidade de interação entre elas, possibilitando assim, o projetista ir e vir durante o processo de criação. Essa possibilidade favorece o desenvolvimento cíclico do design, gerando ideias e incentivando à criatividade em todas as etapas do processo metodológico a ser percorrido.

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Figura 21 - Metodologia adaptada a partir do método kit Bootcamp bootleg. Fonte: A autora, 2019.

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A seguir serão detalhadas as fases do método nos tópicos 3.1 ao 3.5, segundo a ordem de execução do método demonstrado na figura acima. Aqui serão apresentadas as ferramentas e técnicas selecionadas com base no método de Standford e algumas outras fontes metodológicas que foram necessárias para o desenvolvimento deste trabalho.

3.1 APRENDENDO

Na primeira fase do processo almeja-se, conhecer o público para o qual se está projetando, aprender e entender seu ponto de vista. Para isso é necessário que o designer tenha um olhar de estrangeiro, a ideia é observar sem interferir. Este projeto busca a criação de um material informativo sobre o daltonismo e que possa atingir à toda sociedade, para isso foram delimitados 3 grupos focais, a fim de melhor organizar a dinâmica do trabalho de pesquisa.

Os grupos são: 1. daltônicos;

2. familiares e ou amigos de pessoas daltônicas; 3. educadores.

A partir de avaliações, conversas e questionários com os grupos citados acima, propõe-se construir alguns pontos de vista sobre o assunto, sobre as necessidades e realidades do dia-a-dia dos daltônicos e das pessoas ao seu redor. Para cada grupo específico foi necessária uma abordagem distinta, mas sempre por meio de questionários, buscando gerar diálogos abertos a fim de melhor observar e entender cada realidade particular.

A partir dos questionários, partimos para as rodas de conversas, buscando criar diálogos uns com os outros e entender mais um pouco de como as realidades eram enfrentadas pelos entrevistados que são daltônicos, e os questionamentos que iam sendo criados pelos seus amigos e familiares a fim de melhor compreender como é ver o mundo e suas cores de uma forma diferente. Abaixo, segue a explicação de cada ferramenta do design proposta para esta etapa e seus resultados.

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3.1.1 Entrevistas Para Gerar Empatia

O principal objetivo aqui é conhecer o público para o qual nos propomos criar. Ao observar e buscar compreender suas escolhas, comportamentos, críticas e sugestões, podemos assim identificar suas reais necessidades e discernir as possíveis abordagens por meio do design (STANDFORD, 2009-2012).

Trazemos como guia para as entrevistas, uma lista de perguntas abertas, disponíveis no apêndice. Uma entrevista investigativa feita a partir de questões abertas é uma importante ferramenta para a coleta de dados qualitativos, esses dados levantam questões sempre priorizando as percepções pessoais dos entrevistados (ROSA; ARNOLDI, 2008). Para a execução de tais entrevistas utiliza-se uma lista com questões redigidas previamente e que serão aplicadas da mesma forma para todos os entrevistados, tendo como resultados respostas aberta e diálogos sobre experiências pessoais.

O objetivo pretendido com este tipo de entrevista, é que as pessoas falem abertamente sobre os questionamentos que foram levantados, muitas vezes esses questionamentos são o ponto de partida para um diálogo mais abrangente, assim eles participam concretamente da construção do discurso do projeto. Nesta etapa o papel do entrevistador é o de encorajar as histórias, mas sem interferir, deixar que as pessoas falem sem sugerir respostas ou outros pontos de vista às questões.

Os voluntários daltônicos foram convocados a partir da divulgação da pesquisa nas redes sociais, Facebook e Instagram, e por indicações de seus amigos e familiares. Para entender da melhor forma os entrevistados nesta fase seria necessário o maior número possível de daltônicos para falar sobre suas realidades e assim colaborar com o trabalho. Ao final, foram entrevistadas oito daltônicos, entre jovens e adultos, com idades entre 15 e 40 anos, sendo sete homens e uma mulher. Entrevistas na íntegra no apêndice 1.

Juntamente com os primeiros entrevistados (os daltónicos) vieram seus amigos e familiares. Foram entrevistadas quatro pessoas que fazem parte do dia-a-dia dos daltônicos entrevistados, e por fim foram entrevistados três educadores, sendo dois professores e a diretora da escola. Todos os diálogos foram gravados e transcritos posteriormente e a seguir. A transcrição das entrevistas com amigos e familiares encontra-se no apêndice 2 e com os educadores no apêndice 3.

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As entrevistas foram feitas com públicos citados anteriormente, cada um desses públicos gerou uma percepção nova e que encaminhou o processo de pesquisa e criação deste trabalho até o seu objetivo final.

Já nas primeiras entrevistas pode-se constatar a grande desinformação sobre o daltonismo. Três educadores se disponibilizaram a uma conversa acerca deste assunto, destes, dois desconheciam totalmente o termo. “Daltonismo? Tem a ver com síndrome de down né?!” Essa foi uma das frases ouvidas após uma breve conversa sobre o trabalho proposto após questionar se a diretora da escola já ouvira falar sobre daltonismo.

A partir dessa e de outras experiências tornou-se perceptível o nível de desinformação com o qual seria necessário lhe dar, e alguns questionamentos sobre a área de abordagem inicial deste trabalho passaram a surgir. A princípio era almejado elaborar um material que tratasse do daltonismo de maneira informativa para os alunos da educação infantil, algo como jogos educativos, porém ao perceber que os educadores eram os primeiros a não estarem preparados, passou-se a cogitar outros métodos de abordagem, algo que de alguma forma atingispassou-se um público mais amplo.

As entrevistas com os daltónicos foram produtivas e instrutivas. Porém também foi perceptível certo nível de desinformação, alguns por possuírem um grau de daltonismo mais leve nunca buscaram nenhum tipo de diagnóstico ou informações sobre o distúrbio. O fato de não ver as cores como as outras pessoas nunca incomodou o Gabriel de 21 anos, ao ponto de levá-lo a querer descobrir o que existe de diferente com a sua visão, ele simplesmente disse aceitar e evitar ter que responder perguntas relacionadas ao assunto. Já outros ao descobrirem que eram daltônicos trataram de pesquisar sobre o distúrbio, suas causas e possíveis meios de diferentes interações com as cores, o João Carlos, por exemplo, descobriu o Color Add quando ele foi lançado em 2010 e comprou o lápis de cor com aplicação dos símbolos do método, ele relata que desde o início quando decidiu estudar e aprender sobre o sistema gostaria de vê-lo em uso.

As entrevistas feitas com os amigos e familiares dos daltônicos seguiram na mesma linha de desinformação, foi notável um interesse dos familiares

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deboche. Na figura 22 vemos ilustrados nos gráficos alguns resultados obtidos através das entrevistas anteriormente citadas e disponíveis nos apêndices 1, 2 e 3.

Figura 22: Gráfico quantitativo com resultados obtidos a partir das entrevistas. Fonte: Autora 2019.

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3.1.2 Roda de Conversa

A ferramenta roda de conversa é comumente utilizado por vazios meios de pesquisa, a fim de gerar diálogos entre grupos ou indivíduos com pensamentos ou pontos de vista distintos, fazendo com que as opiniões de todos sejam apresentadas e discutidas em um ambiente onde as questões possam ser tratadas sem pré-julgamentos, aqui o designer tem o papel de mediador da conversa, sempre incentivando, mas não interferindo no processo. O objetivo é ter as pessoas não apenas como parte do problema, mas como co-criadores das possíveis soluções que podem lhes beneficiar (MELO; CRUZ, 2014).

Após as entrevistas individuais com cada um dos participantes de todos os grupos da pesquisa (daltônicos, familiares ou amigos e educadores), foram propostos alguns encontros para promover as rodas de conversa. O objetivo lhes foi explicado e alguns se disponibilizaram a colaborar com mais esta etapa do trabalho. Buscou-se ao formar os grupos ter os três grupos na conversa, e como o principal objeto de estudo é o daltonismo fez-se necessário que houvesse uma quantidade maior de daltônicos nas rodas de conversa, pois notou-se que as realidades entre eles eram distintas, cada um tinha uma forma de encarar o daltonismo e a forma como lidar com isso.

Foi feita uma roda de conversa que contou com cinco participantes, sendo três daltônicos, uma amiga de um dos daltônicos e um educador, mais o mediador. Os diálogos foram gravados e posteriormente transcritos, eles se encontram na íntegra no apêndice 4.

A coleta de informações nesta etapa foi de grande importância para os próximos passos da metodologia. Muitos questionamentos foram levantados e todos serviram para validar o discurso de que existe uma grande desinformação sobre o assunto. Todos os participantes dos três grupos (daltônicos, familiares ou amigos e educadores) tinham muitas dúvidas básicas sobre o assunto. Para alguns daltônicos a descoberta do daltonismo só surgiu em meio ao trabalho aqui apresentado, antes disso existia apenas o conhecimento de que se enxergava diferente de outros, mas não se sabia ao certo o que seria aquilo.

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