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Academic year: 2021

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ENSINO DE HISTÓRIA E TOPONÍMIA NO MUNICÍPIO DE CORRENTINA-BA: UMA POSSIBILIDADE DE APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS?

RENATO SÉRGIO DE PAULA SODRÉ1

ANDERSON DANTAS DA SILVA BRITO2

Resumo

O presente trabalho surgiu do interesse em contribuir com o Ensino de História no município de Correntina-BA a partir da análise de parte de sua toponímia. Nesse sentido, objetivamos pensar como essa toponímia possibilitaria o desenvolvimento de aprendizagens significativas no Ensino Fundamental – Anos Finais. Para este olhar que exige uma formação de professor-pesquisador em História (AZEVEDO, 2012) trabalharemos com o método modelo taxeonômico (DICK, 1996) e com imaginários toponímicos (BRITO, 2012) para analisar os objetos que constituem alguns topônimos de Correntina-BA. O olhar sobre a História Local (BARBOSA, 2006) nos permitiu observar diálogos possíveis com uma História Nacional que também está presente em algumas espacialidades do município, fator este que pode favorecer ao desenvolvimento de aprendizagens significativas (SEFFNER, 2013) através do Ensino de História.

Palavras-Chave: Ensino de História; toponímia; aprendizagens significativas.

Introdução

A palavra toponímia deriva do grego topos= lugar e onoma= nome, ou seja, nome do lugar. Saber a origem do nome de lugares (ruas, rios, casas etc) que estão no entorno da pessoa é essencial para a prática do ensino de História, pois é uma coisa que está presente na vida cotidiana do indivíduo.

Topônimos são nomes de lugares, e nomear lugares é uma atividade muito antiga. Os relatos bíblicos já registram nomes de países, regiões, reinos, montes, planícies e cidades. A localização espacial é inerente à vida humana. Saber onde se está, ou aonde se quer chegar, ou de onde partiu, é, muitas vezes, um conhecimento, importante, não raras vezes essencial à própria sobrevivência” (FAGGION & MISTURINI, 2014, p. 143).

O estudo da toponímia é de extrema importância no âmbito do Ensino Fundamental, principalmente nos últimos anos onde os estudantes estão em fase de transição da infância para

1 Estudante de graduação – curso História, modalidade: Licenciatura (UFOB) – email:

agrilouloudo.srs@gmail.com

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adolescência, período propício para aprofundar consciências históricas. A Base Nacional Comum Curricular enfatiza esses aspectos da vida cotidiana do aluno.

As questões que nos levam a pensar a História como um saber necessário para a formação das crianças e jovens na escola são as originárias do tempo presente. O passado deve impulsionar a dinâmica do ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental é aquele que dialoga com o tempo atual. (BRASIL, 2017, p. 397)

Uma toponímia para o Ensino de História no município de Correntina-BA: possibilidade para aprendizagens significativas?

Sob a perspectiva do professor-pesquisador, o estudo da toponímia pode ser uma ferramenta para aprofundar as suas pesquisas e o ensino ministrado na sala de aula no âmbito das histórias local, estadual, nacional e geral.

Ensinar é uma tarefa complexa. O exercício da docência pressupõe um agente responsável pela orientação de práticas, transmissão de informações, descoberta de novos dados, bem como alguém que aprende e por caminhos os mais diversos, de acordo com seus estágios de desenvolvimentos cognitivos e interesses, por exemplo. Em outras palavras, ensino e aprendizagem caminham juntos e o processo exige relação entre saberes e envolve pessoas em posturas interpessoais. (AZEVEDO, 2012, p.110)

Outra característica importante na relação toponímia e ensino de História dos imaginários que cercam os topônimos de Correntina é que o nome de uma rua ou logradouro não surgiu do nada, sempre existindo motivações que levaram a fomentar uma mentalidade que desembocou de alguma forma num imaginário local.

Assim, entendemos que o imaginário está intrinsicamente associado as denominações da cena política republicana em sua primeira fase no Rio grande do Norte, sendo topônimos elementos alicerçantes da instituição

imaginaria da sociedade. Ainda segundo Castoriadis o “nome de um

indivíduo”, pessoa, coisa, lugar ou o que quer que seja remete ao oceano interminável do que esse indivíduo é, numa relação pela qual o seu nome, na medida em que se refere virtualmente à totalidade das manifestações deste individuo ao longo da sua existência, em parte traduz o imaginário de uma especialidade. (BRITO, 2012, p. 27)

Ainda segundo BRITO (2020, p. 116) a utilização da toponímia no ensino de História pode ser embasada naquilo que é denominado de identidade histórica que visa favorecer um maior protagonismo dos estudantes em suas espacialidades locais.

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Nesse sentido, a identidade histórica pode fornecer aos topônimos uma vida com sentido temporal de continuidade entre o passado, o presente e o futuro. De tal compreensão emerge o trabalho de desenvolvimento da consciência histórica, realizado muitos por via das práticas de narração histórica. (BRITO 2020, p. 116)

No âmbito do estudo da História local, os imaginários toponímicos ajudarão trazer elementos integralizados entre a História de Correntina e as histórias da Bahia e do Brasil, sendo assim não permitindo que a História local fique com um viés exclusivista como aponta Barbosa (2009):

Não é incomum nos municípios a apresentação de material didático sobre a história local- em geral apostilas, com um viés muitas vezes bairrista, no qual se menospreza o que não é do local, superestima-se a história oficial que destaca cidadãos ilustres e que aborda a cultura circunscrita à folclorização exacerbada expressa com datas expressa com datas comemorativas e cuja concepção de local se expressa como um espaço desarticulado de quaisquer outros. (BARBOSA, 2009, p. 65)

A História local não pode ser objeto de ensino de forma isolada, ela tem que dialogar com as outras histórias. Assim, pelos elementos toponímicos a História de Correntina pode dialogar com a História do Brasil. Guarinello (2003, p.50) afirma que quanto mais vasto o contexto, mais cheio de riqueza será, porém se houver limitações arbitrárias haverá risco de relacionar coisas sem aproximação ao objeto.

É impossível para um historiador entender o passado sem formas. Mas deveríamos está muito conscientes de sua arbitrariedade, porque elas não são inocentes ou totalmente inofensivas. Por exemplo, a história tradicional do Brasil reforçou a identificação da elite com a Europa e ajudou a apagar as raízes africanas e indígenas do país. Ainda hoje, os índios nativos brasileiros não têm, praticamente, nenhuma História. Isto significa que todas as formas produzem, ao mesmo tempo, memória e esquecimento, visibilidade e invisibilidade. (GUARINELLO, 2003, p. 50)

O recorte espacial é o município de Correntina, localizado na região Oeste da Bahia, no território de identidade da Bacia do Rio Corrente. Nessa perspectiva, estudar Correntina é um “convite” a adentrar nos aspectos da História através das suas primeiras toponímias, uma vez que a localidade se chamava Freguesia de Nossa Senhora da Glória do Rio das Éguas e a partir de 1891 passou a se chamar pelo atual nome de Correntina.

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Com a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, houve uma movimentação política no país com intuito de sanar essas brigas e confusões regionais. Daí a um ano e meio, em 5 de maio de 1891, pelo Ato Estadual nº 319, assinado pelo governador da Bahia José Gonçalves da Silva, o município foi restaurado, voltando a categoria de Vila e, agora, com o nome de Vila de Correntina, deixando para trás o Rio das Éguas. A Nossa Senhora da Glória ficou agora apenas como padroeira do município. (BAIANO, 2006, p.63) Sobre a mudança do topônimo do rio que banha a cidade de Correntina, Baiano (2006) aponta incongruências nos relatos orais e os documentos geográficos.

Segundo Pedro Guerra, a partir de então o rio deixou de ser das Éguas e recebeu a denominação de Rio Correntina. Na verdade, não encontrei um documento que comprovasse enfaticamente essa tese. No entanto, todas as pesquisas, em mapas, documentos e inclusive na internet, pontuam esse rio como sendo rio Correntina. (BAIANO, 2006, p. 64)

Essas mudanças também ocorreram nas ruas da cidade, principalmente na primeira rua. Diz Baiano (2006, p. 70): “Quando os avós de Seo Pedro Guerra chegaram ao povoado, havia apenas a Rua da Mei’Água (atualmente a Gois Calmon), assim denominada porque os telhados de palha das casas tinham apenas uma queda d’água.”

Além da Rua Gois Calmon, existem outras ruas e logradouros com nomes de importantes políticos baianos, mostrando assim a influência que eles tiveram na vida política de Correntina, sobretudo a partir da década de (19)20.

A marca política desse período permanece até hoje em Correntina, na homenagem prestada por esse grupo político a esses líderes baianos e também ao Coronel Arthur Magalhães, aliado e amigo do Major Félix: ruas e praças foram denominadas de Góes Calmon, Vital Soares, Miguel Calmon e Arthur Magalhães (BAIANO, 2006, p. 90).

Nota-se como a História da Bahia influenciou no imaginário toponímico das ruas de Correntina, onde líderes do poder político estadual tiveram seus nomes eternizados nas ruas e logradouro da cidade como forma de agradecimento pelos serviços prestados pelo grupo político local dominante.

Metodologicamente, o presente trabalho sempre buscou elementos que pudessem integrar a História local com as histórias estadual e nacional através de algumas fotografias de ruas e logradouros de Correntina e as respectivas análises taexonômicas para cada

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denominação. O tratamento dessas fontes à luz da teorização de Seffner (2013) para aprendizagens significativas em História, destaca que:

Um ponto importante é a afirmação de que o ensino de História é um ensino de situações históricas. Mais do que nomes, datas e acontecimentos, o professor deve propiciar ao aluno a compreensão de como se estrutura uma dada situação, seja ela de revolução, eleição, “descoberta”, invasão, guerras de variados tipos, modos de viver, de trabalhar a terra, de estabelecer moedas e de comerciar com outras regiões, etc. É a partir de questões do mundo de hoje que o professor orienta seus alunos no estudo de situações do passado. Isto implica o reconhecimento, no mundo de hoje, de situações de guerra, de invasão, de “descobrimentos”, de estabelecimento de diretrizes econômicas, de acordos de paz, de desenvolvimento econômico, etc. Muitas dessas situações envolvem problemas que já foram enfrentados no passado, como por exemplo, problemas de abastecimento de água ou de alimentos, problemas de repartição de renda, questões relativas ao estabelecimento da duração da jornada de trabalho, definição de limites para o que pertence à esfera pública ou à esfera privada, critérios de divisão das terras para a agricultura, etc. Nesta medida, torna-se importante orientar o aluno a verificar recorrências, mudanças e permanências dentro de cada situação estudada. (SEFFNER, 2013, p. 51-52).

Ademais, a pesquisa deu-se através de registros fotográficos que fizemos in loco de elementos de identificação (placas) de ruas e logradouros do referido município e em seguida uma análise desses registros fotográficos para buscarmos elementos que pudessem ser utilizados no ensino de História, objetivando aprendizagens significativas viáveis pela problematização dos topônimos urbanos que elegemos como prioridade para o referido estudo.

Alguns resultados

Foram analisados os registros fotográficos das principais ruas e logradouros do centro da cidade. A partir da análise textual e iconográfica foi possível notar elementos das histórias local, estadual e nacional presentes nas espacialidades abordadas e também foi possível observar a esmagadora maioria de antropônimos (Rua Manoel Gregório, Praça Monsenhor André, Rua Gois Calmon, Praça Valderina Coimbra, Ponte Monsenhor André, Praça Filipe Santo, Travessa Claudionor Rocha, Rua Quintino Bocaiúva, Praça Raimundo Sales). Apenas três espacialidades não se enquadraram nessa categoria: Rua da Barragem (hidrotopônimo), Rua Bela Vista e Largo da Criança (nootopônimo).

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Considerações finais

Os registros fotográficos que fizemos, mostraram um potencial de muito valor de diálogo entre as histórias local, estadual e nacional ao destacarmos personagens importantes da política baiana (Gois Calmon, Miguel Calmon) que influenciaram na vida política de Correntina e foram homenageados com nomes de ruas. Vital Soares, conhecido nacionalmente, chegou a ser vice-presidente, mas não tomou posse devido ao golpe de estado de 1930 também foi homenageado com o nome de uma praça. Para além de outras denominações que podem muito bem justificarem a possibilidade de experimentação e desenvolvimento de aprendizagens significativas em História a partir do estuda dos topônimos revelando diversas historicidades dentro de determinados contextos temáticos e temporais.

Referências

AZEVEDO, Crislane Barbosa. A Formação do Professor-Pesquisador de História. Revista

Eletronica de Educação. São Carlos, SP: v.6, n.2. nov. 2012.

BAIANO, Helverton. História de Correntina. Goiânia: Independente, 2006.

BARBOSA, Vilma de Lourdes. Ensino de História Local: redescobrindo sentidos. Saeculum- Revista de História, n.15, 31 de dez. 2006.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.

BRITO, Anderson Dantas da Silva. Em nomes(s) dos interesses: imaginários toponímicos do Rio Grande do Norte na primeira República. Natal, RN. Ago. 2012.

_____. Pelo tempo, no espaço e com a língua: Toponímia, Identidade e ensino de História para/sobre o Alto Oeste Potiguar. In: Francisco Vieira da Silva; Leonardo Mendes Álvares; Lucas Andrade de Morais. (Org.). Discursos, Identidades e Ensino. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020.

DICK, M. V. de P. do A. A dinâmica dos nomes na cidade de São Paulo (1554-1897). São Paulo: ANNABLUME, 1996.

FAGGION, C. M. & MISTURINI, B. Toponímia e memória: nomes e lembranças na cidade. Linha D’Água. v7. n. 2. 2014.

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GUARINELLO, N. L. Uma Morfologia da História: As Formas da História Antiga. Politeia - História e Sociedade. v.3, n. 1, 2010.

SEFFNER, Fernando. Aprendizagens significativas em História: critérios de construção para atividades em sala de aula. In: GIACOMONI, M. P & PEREIRA, N. M. (org.s). Jogos e Ensino de História. Porto Alegre: Evangraf, 2013.

Referências

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