Com
m cm 'a,
sua tão
aguardada quato casscáve ova
coletânea, Bruno Toletno dá nal
mente a púbco o "lvro-arena, que,
cocebdo em
i959,
por mas de qua
tro décadas ra prover o o condutor
em sua sngular obra poétca Obra
tão mas soltára em nossas letras,
quanto à amplitude do sopro lírico
corresponde a substantva coerênca
ntelectual de um autor aparentado à
estrpe dos poetas-pensadores. No
novo volume, o vate dramátco, cra
dor do
paa
e da era-poeta
Kathana, é mas que nunca aquele
scha-psy
cuja erudção e mestra
cedo impunham-se à atenção de
espírtos do porte de Sant-John
Perse,
W Aude, Yves Boney e
ean Starobnsk, e em cujo fôlego
Antôno Houass rejava um poeta
maor sob a verve do "daleta e polê
mco dalogal.
Ao nterrogar desta vez "a vida
das rmas à luz da stóra das
déas, o autor nda seu
ps ag
numa rgoosa poétca, seguindo-a de
comovda elega a alguns dos grades
mestres a cujo convívo teve acesso.
Eserão mutas as ramfcações do tema
central de seu nstnte prólogo, mas
é numa complexa tea de sgnfcados
que a sngulardade da obra va unr
suas tensões: em
ç
d
ús,
a
reexão lírca sobre os contos da
prmera Reasceça busca denr os
termos de "uma possíve losoa da
orma. De Platão, Ploto e Sêneca, a
ccello, Dela Fracesca, Masacco, Da
Vermeer e ttos mas, uma
ugete aooa
" motra
ceebra cada vaor perene e cada bem
terminal, ciente de que "o coração her
dou a coisa efêmera,
//mas seu draa
é a razão, que o aclara ou queia .
E, de to, a haer ua chae para
a decação deste surpreendente "ara
zoado plástico-losóco-usical há
que ir uscá-la no tenso feixe de con
tráios e qe pea sia seu
"drama da razão: a alteatia às di
taduras a Daa Idéia supria u
"aih e aiss e que se ad
erte a ia nência do eteno no sensí
el, da luz pensada à luz cnceitua..
À
À
inusiada colocaçã send das ais
érteis, esta editora, que ponderou o
últio ecao de Dary Riei à
nação z-lhe eco:
"É deais que
aconteça ao Brasil u poeta assi.
BRUNO ToLENINO
BRUNO ToLENINO
naceu n Ri de
aneio e
i940.
i940.
Prêio Reelação de
Autor
ig6o,
ig6o,
c o aen d regie
iliar Giuseppe Ungaretti acolhe-o
e R oa Tradutor-intérprete junto à
Cunidade Econôica Européia,
possor nas universidades de Bristo
e de Essex e
i973
i973
assue a ireção
da Oxrd Poetry Now Na Euopa,
saudado como "um desses poucos
que ze a cultura de a época,
lança
Vrí \ín
n ((
Actuels, Paris,
i971
i971))
e
Abut the Hunt (
Abut the Hunt (
OPN Oxrd,
i978
i978))..
No Brasil desde
i993,
i993,
e
pu-icando extensa obra vernácul a Prê
mios Jabuti
i995,
i995,
Cruz e Souza
gg6
gg6
e
Renault
997,
997,
da Academia Bra
sileira de Letras Vive hoje na Ermd
da Serra da Piedade, Caeté, MG
Ü M U N D C M D É
Oas obs do ao: A ç o o o po A 1 AB o
H H A H KH HJ
Bruno Tolentino
MUNDO COMO IDÉA
Copyright © 2001 by Bruno Tolentino
Todos os direitos reseados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada Todos os direitos reseados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada
ou repruzida
ou repruzida em qualquer em qualquer meio o rma, seja mecânico meio o rma, seja mecânico ou eletrônico,ou eletrônico, tópia, gravaço etc
tópia, gravaço etc em apropriada oem apropriada ou estadu estada em sistema da em sistema de bacose bacos
de dads, sem a expressa autorição da editora de dads, sem a expressa autorição da editora
Pepação e evsão o Estúdio Sabiá Capa Paula Astiz
capa A caça de Paolo Uello Asholean M useu Oxrd© Corbis age s
Dados Iternacionais Catalogação na Pulicação (CIP) Dados Iternacionais Catalogação na Pulicação (CIP)
(Câmara
(Câmara BrasBrasileirileira a do Ldo L ivro, SP, ivro, SP, BrasBrasil)il)
Tolentino, Bruno, Tolentino, Bruno,
1940- mundo como Idéia : 19591999mundo como Idéia : 19591999 / BruBruno no ToenToentino. tino. SãoSão Paulo Gloo, 2002.
Paulo Gloo, 2002. ISBN 8525033405 ISBN 8525033405 1. Psia brasileira
1. Psia brasileira TítuloTítulo 01-1596
01-1596 CDD869915CDD869915 fndices para catáogo sistemático
fndices para catáogo sistemático
1 Psia Sculo 20: Literatura rasileira 869915 1 Psia Sculo 20: Literatura rasileira 869915 2. Século 20: Psia itratura rasilira 869915 2. Século 20: Psia itratura rasilira 869915
ireitos de edição e língua portuguesa adquiridos por Editora Globo S A
Av Jaguaré 1 485 05 34602 São Paulo SP
UMÁR
G Ê N E S E D VR
: U M PR G
O ceg o nu u m eio
. o beo inteig íe II. a uz en sa a uz conceitu a V. som ba a cane o ama a az ão m bio n bum V. o uoisibiista
V O uga e uma ata aia
V I . umo ao i e infotú nio
X. música as iéias, a imitaão a música
X.·noi
N M N E
V R PR
ME R : ÇÃ DE MDE
GE M
O esecto
gane ama enaa
ês íicas e aes aueaie
ma cet a caaa Aout the Hunt I e ite iece
e ntouctoy ymes
O cego e ezzo
I . ne eia e oomsbu y
V. O bdo de o lylee
O mgo d cve
ose ge ues Ni ccol d ole o Codoe o
obe o ríptico d tlh d cclo obe seu e o eqese em Snt Mri del oe Nic col d ole o, Codoie o
O cceo's ptic of the ttle
O s eques ot i Snt Mri del Fiore
Cie s de ole
O e Nles Crucifixion by scco
A Cel Coi o otomo
O Ao Aucdo
A cão d doze l Vozes d' Descid d Cuz
Poom os Co C e
e u c ory gel e de's sog
Vo dell Deposizione
e deix Floe t et leves Floece A lltett de uido Cvlci
vesss
e d os
O oe o bcão
Te Mchine of the World CA
e um qu el ces
A voz
O ólogo de e Vi e Vin
Au Colloque des Mo ses
L médu se mou euse
ypose
Le L is
IV. evoi
. voix
Leus voix
V 'osse . . .
Nos moses suclleux
. e s, c'es désue
. As ft Vléy V Au so e .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. V l'Auel de 'dée . . . X le .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . X ececeme .... . . . . X ével .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. X es deux Auod-fé As oetc . . . A estofe . . A dívd odígos . . . O te mvel O veme .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .
O Vemee's Te th of Din . . . A Rendei de ermeer o mo gle . . .
Ves sobe o s
ão de modelgem . . .
VR SE
G U N D : ÇÃ D
E REV S
Nl Obs t .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .
Ao vo Asss so
ssm .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .
m ofíco de sombs . ... . . . . . Fol com mges .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .
us esq uvs . . .
Cestes . . .
. No escuo . . . os colos . . .
CA . . .
Atms de sbel so . . .
m e od su
I I I Recorda ndo u m c lacórd io . 272
I Aeroporos 274
anasmagorias . . . 275
On l izabeh Jenning s Gowg ots . 278 Ins anâneo pósumo do po ea P aul C elan . . 279 O W. H. Audens l as ) birhda . . . . 280
Gacismos dalma . 282 O jogr al en can ado . . . 283
Vizinhos . . . 288
A a á sc ara mor uari a de Césa r Val lejo . . . 290
Ungarei à luz pensada . . . 294
Más cara moruária de Quasmodo . . . 296
No izi e delle C inque erre 298 alchi . . . 303
I G orgo e le Ci à 304 Lameno de Caim . . . 3 1 2 A eplic aço . . . 3 1 4 Dobrada à moda do moro . . . 323
Louor na b oa more d o menn o Joo Cabral . . . 326
A um cis ne na agonia . . . . 327 O Ctéo ao de Paul Valér . 337 ost-scptu a um a ra duço . 342 Velhos iges . . . 34 3 The Whirlings . . . 348
Os Ouonos . . . 349
Aneisões da lima anesala . . . 3 51 oward a Marian Hmn . . . 354 Segunda residênci a . . . 3 5 5 phaamum . . . 3 5 7 A end a 359 O pêssego 360 he Begonia . . . 364 A noie fria . . . 366
Ampliações de um ocaso em Súnion 372 Anigones Homecoming . . . 377
VR Ú
M : M ÇÃ D M
Ú S C
Cano, filh o da luz da zona arden e . . . 387 2. Cano o que amo e amo o que é moral . . . . . . 387
3 . No conai a ninguém que no vos creia 388
4. oda consolao que a mene quer 388
5 . O drama da razo Buscar o fio . . . 389
6. O real, fagmen o sepa rado . . . 389
7. Se a herana do Ocidene é uma agonia . . . 390 8. Alberi, ao recusar a esse rascunho . . . 390 9. Havia desde o Gioo essa enso . . . 391 udo se passa como se ao compor . . . 391 1 1. O drama da razo eige mais . . . 3 92
1 2. Conosco a hesiao da criau ra 392
1 3 . m Uc ce ll o a ens o des se dil ema . . . 393 14 . Porque perence ao insino naural . . . 393 15 . Na solido de cada pincelada . . . 394
16. no enano n' Hósta rofaada . . . . . 394
7. Houve ambém no jovem Bo icel li 395
1 8. Porqu e a m o que pinou La Drltta 395
19 . sranho imaginar já murcha a one . . . 39 7 2 0 . n o en ano dur ava, com o Maneg na . . . 397
21. Se Uccello fi o ldico profa . . . . . . 399
22. Penso, nauralmene, no Batsmo . . . 399 23 . m Arezzo é o fugaz que se proclama . . . . . . 400 24. Deiai me ce leb rar ud o o que morre . . . . 400 2 5. nre o insane e a arg ila va i passando 401 26. O un iverso , ao volar de seu des erro . . . . . . 4 1 27. Às vezes éme quase enador . . . . . . 402 28. No Ghir lan dai o, ec , a bele za . . . . . . . . 4 02 29. Os solenes pavões do Ghirlandaio . . . 403 30. A déia é u ma perf eia c onsruo . . . 403 3 1 . Co m efei o, há o legado de um asi o . . . . . . 40 4 32 . O me lh or croma is mo que há nas cen as . . . . . . . 40 4 3 3 . udo é smbol, o mundo é conseqüene . . . 405 34. Se é uma loucura confinar a vida . . . . . . . 405
35. A are va zia do in elec o pri vo 406
36. Masa ccio conhecia o Serafim . . . 40 6 37. Ah, leior que idolaras o conceio . . . 407
38 O conceio, o po imperial 40 39 A mene é uma colméia de noções 409 40 Masac cio no olara nunc a mais 409 4 Piero e a or do gênio floreni no 4 4 O Angélico brilhou sozinho, o cume 4 43 ra Gioanni amais desez do mundo 4 1 44 I magino o afresco que o Gio o 4 1 4 Com Andrea de Sao o ogo fezse 41 2 46 Porque o real se in saura pelo esc asso 4 1 2 4 Co ns ideran do And ea de errocc hio 4 3 48 Benozzo Gózzoli é que pina um êase 413 49 aseme esquecendo o Perugino 4 4 0 Na ca lm a, na poes ia , nas en anhas 4 4 5 m odo caso há arroubos de De Chiri co 4 5 Pois olemos a ela essa imposura 415 3 Com ef eio, a ecloso enascenisa 4 1 6
54 Dáse que esa sempr e uma f ida 416
Mas á so ho as de e ocar os mus 1 56 m odos, indo dos ca nais s ombrios 4 1 an Eyck, em quem o mundo e o absouo 4 1 8
8 E assim fez oda aqu ela muido 18
59 Dur ane o Qttrocnto a ciaua 49
60 sse ncial mene, a mene se a avoa 19
6 A pinura onada de repene 420 6 No gênio dduivo floenino 20
63 No há nada por trs de coi s algum 421
64 C omo o Noe o fzi ne ssa olnd 42
6 5 Como em ene a O baço do O ien 23 66 Talez fsse a iminência do dilúio 23
6 Abr ese amb igid de com o C accio 2
68 Abismeime uma ez, c omo se em pre c 42
69 P efigura-se a luz do Cana le o 425 0 Quano s fbuações do in oeo 42 1
doce obserar que nele dura 463 O mun do é mi nu ci oso e coossal 42 4 há erdadeiramene o eronese 42 Que se Venea lcança uma equço 28
6 J o sol lo quel lu 28 v sdo é quele se 29 8 suge, xod o el o de e 29 9 Ao mesmo emo, se be m m s de le v 30
80
o comeo d vése do ce 30 8 1 obd esc d, o segudo d 3 182 Ou melo, de um ovem N ved de 31
83 ão dos modos de ve, eu se; ms ceo 33
8
de um es o ode esão 338 Não se m dé, ms o fudo 3
86 Que fz e dese m udo qudo e 3
8 m, são modo s de ve , m s o o omo 3
8 8 O meo b oco eco 3
89
fs d o el, eus covddos 3 90 A esce eveleceu deess 3
9 1 O es o doxo ld 38
92 seme um doxo o ee 38 93 s ouve o e um xão 39 94 Ou o lâguido cesculo, boco 39
9 s o que Clude v em seu oee 0
96 e um mu do em ous s , ulmee 0
9 A vsã o be ífc ã o c be
98 omeeu ão fu o elâm go 1
99 O coão é o gde mgo 2 00 s é udo um odí go, um m ovme o 2
Úlmo Celeb- comgo, ó odos vós 3
GÊ N O V O UM Ó OGO
A Mi Reae
a we learn fom eperience depends on he kind of philoso phy we bring o e peience is heee useless o appeal o epe rience bere we sele, as well as we can, he philosophical ques ion [Sim ilarly he resul of ou his orical enquiries will depe nd on he philosophical views we have been holding bere we even began o look a he evidenc he philosophical quesion mus heree com e irs
C S WS, T lm o an
Ü
G O N U U M XÓ
RDIO
A RGOR, S LRO SR ML BDO, o sentencioso osaísmo de seu títuo sug eindo eocua es ao ogético -didt icas à l coenaue Nada mais onge do ovem que o concebeu bem antes de comea a ve-se tans muta no seu es itante au to
medida que ia tendo uga uma ta mutaão, acontecia-m e cons idea vaiantes e ucid ativa s do tio "O undo pel Idéia, "A Idéia em ve do M undo, etc ; todas conseguiam ag ava o osaísmo sem dissia o ma-entendido oncuí que só o evitaia caso aesentasse meutema-obema eo ado do avesso, coocando-o sob o disce de um títuo
ago mais s eduto, no cas o O Mundo como Rpto. ev e iusão ! N ão demoei em ecb e que cedi a, senão ao didtic o, cetam ente ao a oogético , e com um a de agavantes a de ecoe a uma noão como meo enfeite, e a de aisca desvia a atnão do eito do meu incia acica em esevea na emeitada, qua fsse um sentim eno de aa me ae s iscos coe o esíito seme que se o aboda o ea guiado o sua aces ta tendncia absta ão amufa com um títuo de cuno ceebatóio u texto nasci do da obsessão de uma ameaa , ademais de um subtef gio este tizante, seia uma taião incômoda eaidade das tenss que o consi
tuíam e sustinham
Poque o qu e desde o i nício f caizou o o as si m dize ner vo ótico de s tas e exes foam os ma efíci os da Id éi a, ovindos todos de abu sos m etodo ógicos que , foa é convi , e m nada af etam a osião caita que se me de cabe em todo eso cognitivo iuste viã de meus aaes queia-seou não, a Idé ia é o ine scave note magn ético no maa móve da av ent ua cognoscente eu texto não dis uta essa evid nc ia incon tovesa, ao cont io, adece sob o imacto desse so de meio-dia, aadoxmente o mais ca
az, senão mesmo o nico em gau de induzi meia-noite da aucinaão a
aquico nhe cid a, vocaci ona cegueia hum ana O cego nu ao so a ino d o on ceito, o ébio mesmeiza do ea Luz onceitua dou-o o descont ado é figua chave em nossa ineutve heana edíica, henica otanto E é esse esecto, ebento de uma aixão di-se-ia atvica, que onda o âmago e subeva o cento nervoso deste ivo obsessivo. Não ceio que tivesse odido esc eve nen hum dos outos se m ecuso a este ascun ho aa eo, a esta es écie de "negativo, ou al ter eo de cada um dees; gadua etato ocuto no sótã o ass ediado de uz ag ôni ca, Muo como Iia fi- me , estes aos todos, uma es éci e de eositóio obíquo, o ese ho convexo em qu e se movia i nqui sitivamente a somba conceitua de cada metfa que eu confiava ao ae No ivro-aena digadia va-me de enconto s minha s dvidas mais íntimas , mais iedut íveis , com e as utava o uma fo sofia da fma que me e mit isse exe ce sem m conscincia o grave, o difíci ofício daomo se v, não vivi exatamente infenso s seeias da Idéia, onge dispoiesis. so Po iss o mesm o cons tatei a que ont o eas ode m desv ia, obsc uece , obs tui até a mai s s ofida via de acesso intui ão do se, com que finuas o gam ata Pégaso a Anteu e vea-hes aos dois o esendo da rosa-mndi. É em nome da I déia que , séc uo aó s séc uo desd e os fins da Idade Média , vem-se hiotecando a aventua cognoscitiva a um emiismo s avessas, esécie de emanso esecuativo a substitui-se s eexidades da condião mota on ta um ta ce ni o, a vida do esí ito tem tido que escohe , basicamente, ente duas ostuas, só em aancia oost as ou bem "etia -se d a aena, de sativando suas tenses com a abdicaão de um mea culpa de sonâmbuo, tau toógica e fa tai sta , ou bem "aboe a intatve oacidade do ea num mov i mento de ebiez ativa, de cegueia ebede. Esta tima, agumenta meu texto, seia a rande t enta ão, o efgio o exce ncia e h mesmo quem o di a ines cave) da in quietude ocidenta Édio ode cega-se e o cego ode va ga uz matin a ou ceusc ua, s em meios de di stingui-as senão ea teidez m aio ou meno desta ou daquea caícia anônima vae dize avusa) na eideme, na
suefície aenas, do sensíve Ou ode ota o um quaque sucedâneo da noite , tancaf ia-se n o casaão mamóeo, io, vazio o io vazio d o conceito e ai oga com os Esc avos de Jó os in teminv eis caxa ngs do sistema es te teei mais a dize; do conceito per se como da meta, de esto) bastaia obsea que nada mais é que um instumento nobe, iuste, indisensve que sea, o que não ode é invete a eaão ente os meios e os fins
Oa qua ndo o oe como o substa to mesmo do conhecimento em vez do co ntraonto f rma que é noi te tumut uosa do sensí ve , aquee
enar viés da mente bem ode ser que ma se d conta de trocar o mundo
como- ta eo mundo-comoidéia. No entanto, sata aos ohos que sua re du ão a um jogo de concei tos assa eo e ncohi mento da com exa recarieda de do r ea , mediant e um esquarte jame nto dito anaítico q ue faz tabula rasa da unic idade do ser ; est e v-se red uzido a ouco mais que uma hiót ese aneste siada na mesa de oeaão "da s transf iguaes sem nome ó rio nos term os em que evoco, ao ong o do Liv ro Pimeiro , este as ecto cruc ia do mo derno da ma da razão, an tes de submet-o a um a anáise ago mais det ida no Livro timo da obra. Longe, ois, de uma aoogia, meu rosaico e atisso nante tít uo anu ncia u ma diagnose conontada s tensões e aos arad oxos de que se nutre a rosa cogno scen te, a vida do esír ito tende a cai tuar ante as sedues do conceito, o qua, or sua vez, entorece-a com fórmulas, méto dos e do gmas que nada mais ogra m aém de um a eitura retensament e "se gura, e ao cabo aenas redutiva, dos fundamentos do ser e das categorias doea. e a renncia do "sonâmbuo, mero recurso estetizante, ode ser que
nasa do que chamei a "investida d o amo ânico e ia- se de um aro xismo agônico, mas ainda vita, do esírito erexo), na segunda esécie, na ativa
escoa daquee renitente moedeio fso, o esírito ébio de uz conceitua,
há um soi si smo de iberado , a criatura de um o rguho étreo e irreversí ve é no atar do conceito que comea "a marmorizaão mora do ser
Para mehor erceber o que entendo or esse rocesso, que se imagine certa f igura descarnada a ura criatura da mente habitando o nore "sa ão das quatro janeas, cume da cássica morada de todos os aheamentos ante a uz moritura. É ai que a imecáe estatuária a que asira o homem conceitua modorra e sonha o comacente eir "imorta do sistema, esse gmeo i nconf ess o da not óia emb riaguez forma da "arte ura, da arte-ea arte. ais abai o, no orão da mansão es ndida, o oo de sombras étre as da edusa, o so negro do exíio, a noite ia. A ee descem, negociando a escadaria em esira da aostasia, ado a ado, o sonho do Beo e o esadeo
do Idea . I maginese um fr anco diáog o entr e os dois, ou en tre a I nocn cia e a xerin cia , ou ainda or que não entre o jove m eats e o velho B l e, tavez ante o s ortais do Éreo; e nqu anto aguarda m a tran sfigur aão ao teótica, a ceitam osar ara Pouss in , ou ar áud io, o Loreno, e conversam. Eu ou o ago ass im
! O pote no balcão 1 4 (ivro Prieiro) 2. Im 4.
Como i que a s estátuas d o poço da Medusa chegara m lá? Ainda em vivas ao descer
por que des ceriam? Porqe iste no ser ma obsc ravidade a lz disa
de m sol den te qe co biça o enta rdecer.
Mas nu m mu ndo de pedra?! mundo é uma conusa noção tmltuosa e há na oma um per
criatra do orulho que é quase ma recusa e vai levao a própia luz a areecer.
Voltariam de lá? Quem? odos, cada está tua com seu sol de menti a . Não sei porque morrer
é a nde embriaue da alma e ela anda à cata de se evadir de ser o q ue deixa de ser
Há uma estnha euoria na morte que não mata.
E eis q ue , ma l encetado o etor no a ete mund o e a sus "noes tumu tuosas , deparo-m e com outra sombra ilu ste, a do velo ê neca foi ele quem se referiu , plotin ian ame nte , a cet o moviment o do espí ito que, s em renuncia à autoco nsc iê nci a, deix -se rapta em amooso abndono a um modo de pe cepço que, fiel à etimologia, aquele agudo eírito latino apoxima da exem plar noço de rapto cum universo rapi r, a ambiço conceitua tende ao con trário dess e conse ntime nto, desse ato de humildade do inte lecto ante a in teireza da pecepço, e eg uese à s antíodas de toda e xper iênc ia do mundo enquanto rapto e assim az legitimam ente , conc ed-s e, visto que o conceit o, equanto uten sílio de ceto modo do conhecimento, busc a um def iniço de ddos e termos que fie uma "idéia do mundo, igo, um sua fisionomi fundada em tal ou tal c laridade certif ican te, inda quando li mitadoa e redu zida Até aí tudo bem , toda intrínseca unço s endo um d ireito a e xecer e ta que de peda e redenço no se a nunca n esse tipo de discuso, de qu e a treva, o abis mo, o destre, a do r a mote, em suma vêm-se banido s, subtraídos à equaço e postos ente paênteses, suspensos em epochê, como se diz nas M atemáti cas
O nevo da queto, que-me paece, etá no fato de que no há liço de teva no eino diut urno do conc eit o, todo ee opoto ao "i mpério do eal, aquee memo que, egundo o melho ummond, no que de nó de penda "no exite E, quando no exita, eá poque onde no há liço de
teva tam pouco ave rá "iço de coi a ba ante paa contona , po ex em p o, o qu e me paece a ga ve ju teza de ceta obeva ço de Pound a popói to da poe ia de Robet Fot, egundo eu compat iota " record o lie without intellectul interest or ny desire or nythin not in it Convenhamo que, num ponto ao meno , o autor d e A lume spento acet a em cheio nec l sine ob . . Vale dize em um chiscu, em a mediaçõe da teva, as "coi a no têm "ombra, e egue-e que nee tipo de "egito em inteee
intelectual ou ane lo algum pelo que o utap a e tampouco há de hav er liç o de mo dela gem digna do nome nenhuma, em todo cao, que no tenda ao que chamo a mamo izaço moa do e paa o homem con ceit ua a únic a ad misível epota à inquietaçõe da mente ante o fugaz, o pecáio, o elui
vo. E no que con tituiria ea "liç o, o que eia ea "modeag em além de um execício fmal de cunho e natureza quando muito imbóico? Enten doa, mai bem , po aquel a opea ço d a inte igência que tem cua, ante de tudo, da i ntatá vel e apa enteme nte infme ug osidade do ea, e que ao bu car fmare uma qualque imagem dele ó e legitima ao equiibar-lhe a
tenõe e o paadoxo de modo a etiv amente toca aquele neo v ital , aquela canatua viva da inguagem em que ignificado e ignificante reultam indi ociá vei potant o ignif icativ o É evidente que o epírito de conceito na da abe e nada que abe r dee equi íbrio, dee execício obetudo moal.
Bête no ire dete ivo e fime obtác uo a ee tipo de co neguimen to, o conce ito no q uer ouvir f ar de mete a mo na ma a i nforme a mode lar, an te pefere-he um modelo, contentandoe em compimi a vida do epíito na finua do epíito de itema Ete útimo, eminente batado da huma
na febre de ilu õe cet ificante , uge como uma oco ênc ia ecente no pen ame nto ociden tal , ma u a onipreença dede o apogeu hegemônico do Ide alimo Alem o c uja "omba etaia naque e eu con teâneo e coet âneo, o Romantismo à l Novlis e uta de um poceo vindo d e longe, aquel e me -5 O veredito pareeme apliável também ao último Drmmod, o e a partir de 1962 omeça a inventariar sua liço de oisas e, talvez porue insista em zê-lo ao vel dos ae dotários do otidiao atomizado, iiia o gradal ato-elipse de ses últimos vite anos A em le importe a sempre protelada dissso desse otesioso, remetoo ao me saio A espi l reentora, o Eplogo ediço deiit iva de minha oletânea de estré ia, Anulação Outs reparos, pp 26-29 (Topbooks, io de aeiro, 199)
mo que na Antigidade C láss ica se intit ulava Gnosis, e no por acaso iria pro ver, seno o substrato, certamente a mola mestra indispensável à "grande vi rada dos temp os hu man istas como o ço izer à obscura santinha pa ro eira da Catedral de Florença, destituída à primeira luda dos tempi nuovi Desde ento tem-se especulado, à saciedade em tempos recentes, sobre a
chamada "crise da repr esentaço Nos esgare s de p rosa qu e aqui se inic iam, o leitor verá que no ignoro a colocaço, mas que a tomo como o ponto de partida a um corpoa-corpo, verso-a-verso e olho-no-olho, com o mais insis tente dos espectros da criatura seu ascínio pela abstraço, pedra-de-toque de todo reducionismo idealista No me creio obscurantista e suspeito que
minhas reserv as ao r acio nalis mo antiano se jam m ais táticas do que constitu tivas ainal t ento pensa r há quarentan os e ainda no pude ispens ar o recur so ao conceito! Se bem que alguma coisa sempre me z sentir que quando
no arris co c on tradizer-me es bravejo em v o Por eemplo por sugesto de agner Carelli, redijo este postscriptum de mod o a zê- lo valer p or um in tróito ! Coo descu lpa por a gregar obscur i dades a penumbras, alego o intuito, em si mesmo dubitativo, de cilitar ao
lei tor o acesso às linhas m estras do livr o acil itá- lo sobretudo a quem se av en ture a começar sua leitura por este Prólogo, arriscando-se assim a deiar-se enredar nos meandros de uma tortuosa dissertaço resultante, linha a linha, das pro vocaçes de José Mário Pere ira já há alguns anos praticamente um co-autor deste livo Nas páginas que se seguem conto da gênese sbita e
da evoluç o vag arosa de um livo qu e, c oncebi do nos con bios da adolescên cia com a paranó ia , ac abaria por nascer e cresc er adado a ser vir d e arrimo de mília a toda minha obra Compondo- o, decompon doo e reco mpondo- o ao fio dos anos, busq uei entender como e por que tudo quanto se pr oponha traduzir o mundo o mundo-c omo-t al, a opacidade, os dados b rutos do real numa e atido de teorema termina por conc eitualizá-lo até o desigura men to, e svaziandoo de tod o sentido para situá lo além dos cinc o sentidos, no Xangrilá da ab straço em lugar da s aspere zas do real, uma eata, e ecutória e ilusória equaço
Resta q ue essa ancestral tentaço acaba por con igurar uma tirania que "suca a ábul a do ser, reduzindo-a a uma bulaço de labora tório incapaz de dizer do sensível, o conceito dele z mais uma noço, codiicando assim em termos abstratos nossa vital relaço com ele No curso dessa imperiosa 6. . Santa Repara Florea (Livro Prieiro)
opeao, a constante que a peside, o espíito de oguo, engenda o espíri to de sistema ceebado simu aco incapaz de fze mais do que pemutar o Rea pea I déia , ou , com o po cá já se ionizou, de toca o fato pea veso. No seia o meste da diaética a decaa que se os tos no concordassem
com sua teoia tanto pio seia paa ees? Mea out, tavez, mas nem po isso menos e veadora de ceto tipo de "io de modeag em aquea em que a Idéia, essa M edusa-só-cabea, ass ume- se capa z de f ixar tudo à cond i o de no te acess o a nad a, a na da de v ivo. eno que é o oor à mot e a inspi a essa coisa o renda, a mum ificao do r ea, sua substi tuio pea hip nose de um modeo , na meo das ipót eses marm oiz ante, e na pior delas ne m is so Conta to do autêntico r aciocínio, a camisa-de-a do sistema, supre mo de svio do g êni o ocidenta l ad vindo à o a mesma de seu tit ânic o, napo eô nic o autocor oament o, nega a paticuaidade do se , t oca-e os paado xos pea promessa de uma ataaxia que o que magnifica e só fz estutificá-o,
estatuaizando-o os conflitos cedem aos concei tos, o sujei to divocia- se do obje to, e a cria tua eba tiza da "o ho mem fica sem o mund o, pesa de uma abitrária ordenao peremptóia, o cego nu no casaro vazio.
esse ma espêndido o Ocidente padece agudamente desde a Ata Re
nascena. ucedera m-se os séculos, e ncontra ram-se e contras taram-se os es tios, sem que cada Zeiteist renunciasse à mesmíss ima meta e perene pemis sa estetiz ante e sut i, a medusifica o mamo izada de nossa ean a cá ssi ca insi st iu e esisti u, eni tente , ten az. a vez poque de f to exist a, tatuada na pobe ama e m susi s, seno na textua mesma do se enquant o nostag ia edê nica , como que u ma út ima basfêmia , aquea av assaadoa euf ia ante o es píito de abstao, nossa paix o da mote que no mata . . . Isto post o, que se atente bem poeta n o é mtre à penser e este ivro no pretende configurar mais uma teoi a, ante s te stemu nha de u ma esistên cia a tentaes des se tip o, de que seu autor tampouco f i poupado. Mas no cabe adia ntar mais , afina um exórdio é um mero conv it e. Caso o eit o o aceite , agua dam-no ce rca de quaenta mi paavas ainadas em mais de sete mi vesos, espao bastante
paa pemiti-e efeti sobe a petinência ou no de ceto tipo de semes em posa ouxa .. .
condio, é cao, de pesisti na ei tua da oba como o auto em sua f atua quem t em pessa? Cet amente no quem ao ongo d e quato décad as te imo u em fz e cabe nu m meo ain avo de me táfas e it mos meio miênio de ocidentais pepe xidades.II
B E LO I NE LI G ÍVEL
ENÃO EJMOS. Y Y I .. até parodia ndo meus maio res mas pouco i mporta se o que tenho a dizer já fi dito melhor mai s de um a vez vou dizê-lo de novo "Shll I sy it in? Em tod o caso no seria o autor do Est Cocr e sim um dos grandes de França a fzerme observar certa vez que to estet a quan to filós oo entre os primei ros medi adores do am bíguo no Ocide nte Pl ti no afirmav a ser preciso que a consc iê nci a que temos de nós mesmo s co nsi nta em abolir-s e para que de f ato alcanc emos po ssuir o objeto qu e an elamos ve r. Mas acres centav a que e ssa autocon sci ênc ia nece s sita paradoxalmente manter-se em si mesma de modo a que nela e com ela
amadure ça essa viso a que aspiramos. Medi tada a liç o fui constatand o que uma tal sucesso de in stantes contrastados in terpo ndo uma ragilíssim a pon te entr e o real e a perce pço do rea l no n os torna intei ramente donos nem do objeto contem plad o nem da noç o da idéia que nos faz emos del e c onti nuamos entr e seus dois pólos únicos certif icantes daquilo que somos e sem ele seguirí amos s end o. ratar-se -ia pois de uma possession du cur, semi il usória no primeiro ca so e dada a tornar -se no outr o po uc o ma is que u ma hipotética brevíssima renúncia tática. ma hesitaço portanto outra vez
aquele moto contínuo cuja descontinuidade ntu comprometeria desde o berço o dubitante pro je to cartesiano por e xemplo c om s uas c onheci das e intermináveis seqelas.
Ainda ass im a desaf iadora colocaço do autor de A Belea Intelivel me seri a frutuosa Quatro décadas atrás ao começ ar a pen sar este l ivro já se me afigurava que naqu ela operaço do e spírito adv ertia-se uma afirmaço da t em poralid ade e no m esm o ato um a fuga ao fugaz e com e fei to ain da hoje me parece que aquilo que exp erim entamos nesse m odo de aborda gem do real é
o anelo de abolir o tempo entr e dois i nstantes, dois reinos, duas mar gens . e ria, pois, na flui dez desse in tealo ins usten tável sedutor arroio célere ca paz de sugerir a imob ili dade d o Idea l , teria f rçosament e que ser nesse ilu sório ponto de conve rgênc ia en tre moto e stsis que se haveriam de c ruzar as diagonais do pensame nto e as da viso. no creio necessário tampouco que o grande pen sador-poeta se refe riss e à espec ificidade do ato pi ctóric o para ha er frmulado naquela passagem a mais sutil traduço ao temporal de uma arte tida por pertencer toda à s c atego rias do espaço a operaç o do espírito a que cham amos pi ntura, e sse "pensament o que se tor na olhar, par eceme ine vitavelmente nascer e depender dessa tenso.
Por outro lado, se mu ito lenta ment e, fis e-me zendo inevit ável suspeitar nessa imponderável operaço da mente ante o mundo um perigoso reverso à difícil nobreza do exercício contemplativo comecei a notar que ali precisa men te, no breve in tealo de uma he sita ço, vague avam e divagavam as pupilas da Me dus a a mais próxima metáf ra que ento pude achar para aquele ou tro olhar, aquele olhar-de-volta que, tornado pensamento, vai-se inevitavel
ment e c onc eitu alizando e no ra ro passando do jogo dos c oncei tos ao jogo de imagens, da Idéia ao sistema de idéias. ó anos mais tarde haveria de tentar
captar e descreer a natureza e as implicaçes desse processo, a um tempo nte de toda a a rte do Ocide nte pós-medi evo e seu principal obstácu lo; mas i bem cedo que o percebi no s termos em que o evoco neste l ivro, como con tendo " . . . essa tenso, / ess a duplic idade inconsciente / entr e o que o ol har percebe e diz à mente / e o pincel que reduz à traduço / do pensamento as cois as da viso. ª Bem ante s de buscar fi xá-lo em qualquer figura de lingua gem, eu já at ribuír a a enormidade daquele ri sco às t entaçes do olh ar medu sado pela Id éia . No caso, aliás, bem se poderia dizer também "pela idéia f ixa dado que , um a vez reconheci do como ta ngível esse perig o, o tema, ou an
tes, o problema em torno ao qual, à lenta maneira de um quartzo de cristal, se ir ia formando est e livro, no voltaria a deix ar-me em paz . Da in tuiço cada dia menos va ga de uma ame aça, eu viri a a deduzir que o pro cess o a que cha mo o mu ndo-c omo-i déia paralisa o prazer, o senti do mesmo do estar -no- mundo , na mesma medida em que seu temível poder de hipnose nos seduz com os
sortilégios de uma tela.
Mas como o fz, perguntava-se aquele adolescente, mediante que sub terfúgios o co nsegue? Perplexo, vi -me acu dido a tempo pelo tempo, como ob sessivamente o atesta o mais óbvio, monótono Leitmotiv de minha coletânea 8 . A Imitação Música 9 1 (Lio Útimo)
de estréi a em 96 3 a oniprese nte sombr a do tempo Q uero dizer que, aç u lado pelo natu ral aguçamento da ans iedade temporal próp rio aos anos de ju vência, aquele quase avô deste arremedo de poeta-ensaísta começaria seu
aprendizado o dram a da razo ao perceber que, mais cl arament e que e m to das as art es , na arte do visível o mund o-como -idéia apodera-se do real tratan do de substi tuí-lo pela ancestr al magia do número, con seqentemente min i miza ndo no cur so da op eraço rm al, e mediante e la, t oda incômoda aluso aos avatares da finitude no espaço de uma tela Felizmente, quanto mais es plêndido o resultado, mais curioso o olhar se torna quanto aos meios que o
permitiram Quanto ma is seguro o triunf frmal , quant o mais impercept íveis os andaimes do imponente edifício, mais intrigantes se tornam os meios, os
recurs os su tis de sse processo de substituiço do rea l pel o ideal , do ugaz pelo intemporal e do fini to pelo ininito ass im con siderado em sua f rmulaço enquanto ent e numérico, é c laro m todo caso , no me tar ou suspeit r, intuir, talvez, que ali estava mais uma tentadora ascese sob o disfarce e uma peculiar busca do Ideal, tanto mais esplêndida quanto mais inquietante lhe
parecia, p or exempl o, ao Jorge Lu is Borges daquela desc oncertante obra-p rima qu e o velho B andeira me havia empr estado à época, sua Hist d e l a eteidad. Anal, no nos hav íamos acost umado a identi ficar com ess a busc a just amen te aquilo que imemorialmente chamávamos o Belo? Lá estava eu outra vez numa encru zilhad a! Que fzer?
No sei o que fiz, mas posso dizer que no me restavam dúvdas ao dar finalmente por encetado este liv o mais de três décadas atrás o mu ndo-c omo idéia era a promessa de u m triun f rmal logra do ao preço de um a i mperio sa, autoritária aboliço da "lamentável escravatura do ser às intimaçes do
sensí vel o ser ainda servo de sua percepço d o real pelos s enti dos, coita do, nosso pobre e indefeso ser, a ser ou no libertado pela Áurea Lei da Ra zo Por f rtuna , q uem vê o esque leto deduz a ar ticu laço , e de repente sal tavame aos olhos que a I mperial R edentora chegava, por exemp lo , ao espaço de uma tela antes de tudo dela expulsando justamente "o tempo, ou seja, a
dimen so temporal in separáv el de toda ex periê nc ia se nsíel com a ag ravan te de q ue o ilustre "exi lado no era uma abstr aço, po is qu e no se trata va, digamos, de um tempo numérico, c omo na medid a, na rl d or ou numa lei tura pitag órica ds categor ias deste mund o Nada di sso tratav ase pu ra e si m plesmente daquele tempo fito de instantes a ir e vir entre duas margens, o
à míngua da insustentável stasis. ra esse loos tornado locus, esse tem-9 . nota número
po inseparável d lugar do real o que estava subentendido na nobre hesita ço "ploti niana da qua l di fici lme nte pod e prescin dir a contemplaço amo rosa a qual deseja possuir o ob jeto s em ouar detê-lo nessa "posse antes en volvendo-o na fugacidade constitutiva da istória do que fixando-o na parali sia daque la ilu so a ela aparenta da a prestigiosa " perspectiv a his tórica En veredei por aí e acabei por fig urarme a i stória como um a espécie de "mal diç o do tempo enf ermo se bem me lembra audácias de guri bem sei mas sei também q ue foi como f inal mente saí do estreito subterrâ neo das certe zas sis têm ica s
E ei s que a o recorda r-me tudo isso passados tantos anos sorrio e me in terpelo mas a que me vinh a àque la altura a i stória perspectiv a histórica po r quê? Talvez p orque tudo n a aventu ra humana sendo temporal "perspectiva no seria apenas uma leitura do espaço mas também um mergulho do olhar no tempo humano a partir daquele aqui-e-agora em que padece "o coraço enfermo porqu e viv e / do que morr e Tudo isso Yves B onn ey já o evocava num texto de que fzia acompanhar a primeira carta que me enviou em ju
nho de 9 59 se alguma coisa que ap reendemos do real é v erdade iro "cela est vi aussi bien pour ce réel quest le temps, dizia aquel e grande de França com a densi dade de sua voz ini mi tável Esse tempo do real que a ar tes da pala vra podem evocar de mil maneiras a pintura o exprimiria antes de tudo pela "pro un did ade dan do a en tende r que a invenço ou a r edes coberta da pers pectiva teria facilitado seu estudo e sua expresso Mas advertia a tempo aquele lúcido desafiador das esfinges da mente talvez no século o poeta pen sador mais bem armado ante as i nvestidas da ama Idéi a con tra a integ ri dade do Real e as signific açes da F orma el a a perspec tiva teria assi m com ecessiva acilidade investido o que é mera aluso com a gravidade e o peso de uma representaço histórica Ora a cada vez que nos persuadimos de que a História é a ftalidade da perspectiva resta ainda constatar que aí também uma vez mais alha-se perde-se a intuiço do ser e justamente porque sempre segundo a mes ma liço do poeta a pers pectiva atém-se a um úni co estado na situaço recíproca das coisas e com isso na arte da pintura ao menos ao s er levada a operar a um dado momento como que um "corte no
10 Cf O e XI : 2 (Lio Primeiro).
1 1 . Recém-p ublic d no Mercre Fnce de vereiro dquele no, trtv-se de um su conerênci profrid nte o Colge de Philosophe: "Le tes et l'intemporel dns l pein ture du Quttrocento " Pr versão definitiv, vej- se Lmpbable et atres esis (Glimrd, Col lection Foio-E ss is, Pris, 1 992 ) No presente ensaio como nos que he dão séquito, min hs referêncis o número d págin envim ess eição.
palpitante do Verbo como a fênix mítica como a luz moritua ressurgia dos escombros de um continente autodestrudo. E o fzia no exato instante e que pela primeira vez na História "nós as civilizaçes nos reconhecíamos enfim como coi sa mortal . Na ost ensiva contram o da incontornáv el frase com que Paul Valéry sobressaltara seus pares no Collge de France ("Nous a utrs ls civilizations nous savons maintnant nous somms mortlls, um jo vem poeta sem iluses celebrava precisamente essa finitude no corpo fio e
frágil de um a sala man dra qu e era també m e po r isso m esm o o embl ema da poes ia , do Verbo reencarna do entre o negrume de um fsso e a ag onia da luz Vejamos tomados quase todos ao intróito daquele livro-poema alguns de seus tantos momentos capitais.
La l um ire prof onde a be soin p ou r paratre dune terre ro uée et craquante de nui t.
Cest dun bois ténébreux que la flamme sexalte. I fut à la parol e mê me u ne matire
un inerte rivage au delà de tout chant.
I te faudra f ranchir l a mort pour que tu viv es La plus p ure pr ésence est u n san g répandu
[ . . ]
Je veux mabmer en toi vie étroite crie ouve. Je reste prs de toi ouve je téclaire.
Quand reparut la salamandre, le soleil était déjà trs bas sur toute terre
les alles se paraient de ce corp s rayonnant. [ .. . ]
Et déjà il avait rompu cette dernire
attache quest le coeur que lon touche dans lombre Tourné enc or à tout es vitres son vis age
si llu min a de ce s vieu x arbr es o moui [ .. . ]
Et je tai vue te rompre et jou ir dêtre morte ô plu s bell e que la f udre quand ell e tache les vitres blanches de ton sang.
no entanto enquanto gestava-se e vina à luz toda essa inigualável erup ço das ma is gra ves metáfr as do pensamento da um il dade do at o de pensar as f ragili dades co nst itu tivas do ser sua i mpl acável v ia dolorosa en quanto eclodia u m dos mais altos e pungentes momentos da pr ovada lírica eu ropéi a eodor Adorno andara se pergun tando com o ser ia pos sível fze r po esias depois de Ausc witz .. . u eultav a e ria a bandeir as despr egadas! Ria e relia em voz alta toda aquela obra-prima até que outra vez sombrio de tei moso retornav a a Berdi aff e a ieregaard . . udo no e nt anto mu dara de vez! Do russo de gênio ficar-me-iam belas e férteis dúvidas; do torturado di namarquês uma só pergunta insistente e to cabal quanto instrutiva a que coisa moritura a que aspecto por mais etreo ou mais corriqueiro do sen sível o concei to no vo ltara as co stas? ra-me im possív el no se cund ar o la mento de Bonnefy ante a aporia em que ardera o mestre de Copenague porque apesar de mina instante devoço àquele grande espírito devocional era mesmo verdade "Il dns l'homme conceptuel pond erava meu mis sivista "u n délissement un e postsie sns in d e ce qu i est Ce t bndon est ennui noisse désespoir Que l'on pense che Kierkerd jillissements de l joie l moins prue l plus pure .. . Instnts boulersnts dns ce tte oeu vre couleur de cendre . . . de tel les joies sont un e percée que l'esprit i te vers le diicile éel. Si jmis coeu ut privé des biens terestres et sépré de l 'objet sen sible p un détour inini c 'est bien celui trs ie de Kierkd qui vi t qu'il n'obtenit que l'essence et restit enclos dns le énérl Il combttit le systme. Mis le systme es t l tlité du concept seul bie n qu 'il it con n ..
No bastasse a perplea ecitaço que tudo isto me causava eu empa caria lo go adiante num a das m ais be las e perturb adoras rases do mesm o i eregaard segundo a qual a au sênc ia do olar na estatuária el ênic a seria um sinal de que a Grécia no avia compr eendido o instante . . . O i nstante! O que ele banava de lágr im as por no sabê -l o abit ar ou n unc a o bas ta nt e para fa zer mais que suspeitar uma elicidade que le escapava entre as mos esi tant es e os neurôn ios in cansáveis . . . ss e dom precio so e br eve i naferrável o instante mortal morituro majestoso em sua fugacidade nossa madrasta me elêni ca o teria desdenado! Aos de zoito anos e e m pleno redemoin o men tal que podia eu deduzir de to desconcertante intuiço? Que m algrado a in sistência de Aristóteles em favor da substância a arte grega era finalmente uma ipno se frmal um sono? Qua se três lus tros mai s tarde e u iria mai s lon ge ainda e a um tal etremo que viria a dize dela que ea o sono de um
sono ndymion adormec ido ao luar à luz f ria e lunar da Id ia . Reproduzo em seguida em precária traduço corrida dois ecertos de um teto meu dado a