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Bruno Tolentino - O Mundo Como Idéia

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Academic year: 2021

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(1)
(2)

Com

m  cm 'a,

sua tão

aguardada quato casscáve ova

coletânea, Bruno Toletno dá nal

mente a púbco o "lvro-arena, que,

cocebdo em

i959,

por mas de qua

tro décadas ra prover o o condutor

em sua sngular obra poétca Obra

tão mas soltára em nossas letras,

quanto à amplitude do sopro lírico

corresponde a substantva coerênca

ntelectual de um autor aparentado à

estrpe dos poetas-pensadores. No

novo volume, o vate dramátco, cra

dor do

paa

e da era-poeta

Kathana, é mas que nunca aquele

scha-psy

cuja erudção e mestra

cedo impunham-se à atenção de

espírtos do porte de Sant-John

Perse,

W 

Aude, Yves Boney e

ean Starobnsk, e em cujo fôlego

Antôno Houass rejava um poeta

maor sob a verve do "daleta e polê

mco dalogal.

Ao nterrogar desta vez "a vida

das rmas à luz da stóra das

déas, o autor nda seu

ps ag

numa rgoosa poétca, seguindo-a de

comovda elega a alguns dos grades

mestres a cujo convívo teve acesso.

E

serão mutas as ramfcações do tema

central de seu nstnte prólogo, mas

é numa complexa tea de sgnfcados

que a sngulardade da obra va unr

suas tensões: em

 ç

d

ús,

a

reexão lírca sobre os contos da

prmera Reasceça busca denr os

termos de "uma possíve losoa da

(3)

orma. De Platão, Ploto e Sêneca, a

ccello, Dela Fracesca, Masacco, Da

Vermeer e ttos mas, uma

ugete aooa

" motra

(4)

ceebra cada vaor perene e cada bem

terminal, ciente de que "o coração her

dou a coisa efêmera,

//

mas seu draa

é a razão, que o aclara ou queia . 

E, de to, a haer ua chae para

a decação deste surpreendente "ara

zoado plástico-losóco-usical há

que ir uscá-la no tenso feixe de con

tráios e qe  pea sia seu

"drama da razão: a alteatia às di

taduras a Daa Idéia supria u

"aih e aiss e que se ad

erte a ia nência do eteno no sensí

el, da luz pensada à luz cnceitua..

À

À

inusiada colocaçã send das ais

érteis, esta editora, que ponderou o

últio ecao de Dary Riei à

nação z-lhe eco:

 deais que

aconteça ao Brasil u poeta assi.

BRUNO ToLENINO

BRUNO ToLENINO

naceu n Ri de

aneio e

i940.

i940.

Prêio Reelação de

Autor

ig6o,

ig6o,

c o aen d regie

iliar Giuseppe Ungaretti acolhe-o

e R oa Tradutor-intérprete junto à

Cunidade Econôica Européia,

possor nas universidades de Bristo

e de Essex e

i973

i973

assue a ireção

da Oxrd Poetry Now Na Euopa,

saudado como "um desses poucos

que ze a cultura de a época,

lança

 Vrí  \í

n

n ((

Actuels, Paris,

i971

i971))

e

Abut the Hunt (

Abut the Hunt (

OPN Oxrd,

i978

i978))..

No Brasil desde

i993,

i993,

e

pu-icando extensa obra vernácul a Prê

(5)

mios Jabuti

i995,

i995,

Cruz e Souza

gg6

gg6

e

Renault

997,

997,

da Academia Bra

sileira de Letras Vive hoje na Ermd

da Serra da Piedade, Caeté, MG

(6)

Ü M U N D C M  D É 

(7)
(8)

Oas obs do ao: A ç o  o  o  po   A    1 AB o 

H H A H  KH    HJ   

(9)
(10)

Bruno Tolentino

 MUNDO COMO IDÉA

(11)
(12)

Copyright © 2001 by Bruno Tolentino

Todos os direitos reseados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada Todos os direitos reseados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada

ou repruzida

ou repruzida  em qualquer em qualquer meio o rma, seja mecânico meio o rma, seja mecânico ou eletrônico,ou eletrônico, tópia, gravaço etc 

tópia, gravaço etc  em apropriada oem apropriada ou estadu estada em sistema da em sistema de bacose bacos

de dads, sem a expressa autorição da editora de dads, sem a expressa autorição da editora

Pepação e evsão  o Estúdio Sabiá Capa Paula Astiz

  capa A caça de Paolo Uello Asholean M useu Oxrd© Corbis age s

Dados Iternacionais  Catalogação na Pulicação (CIP) Dados Iternacionais  Catalogação na Pulicação (CIP)

(Câmara

(Câmara BrasBrasileirileira a do Ldo L ivro, SP, ivro, SP, BrasBrasil)il)

Tolentino, Bruno, Tolentino, Bruno,

1940- mundo como Idéia : 19591999mundo como Idéia : 19591999 / BruBruno no ToenToentino. tino.  SãoSão Paulo  Gloo, 2002.

Paulo  Gloo, 2002. ISBN 8525033405 ISBN 8525033405 1. Psia brasileira

1. Psia brasileira TítuloTítulo 01-1596

01-1596 CDD869915CDD869915 fndices para catáogo sistemático

fndices para catáogo sistemático

1 Psia  Sculo 20: Literatura rasileira 869915 1 Psia  Sculo 20: Literatura rasileira 869915 2. Século 20: Psia itratura rasilira 869915 2. Século 20: Psia itratura rasilira 869915

ireitos de edição e língua portuguesa adquiridos por Editora Globo S A

Av Jaguaré 1 485  05 34602  São Paulo  SP

(13)
(14)

UMÁR

 G Ê N E S E D VR

 : U M PR  G 

  O ceg o nu  u m eio  

 . o beo inteig íe                                      II. a uz en sa a  uz conceitu a                             V.  som ba  a cane  o ama  a az ão                         m bio n bum                                      V. o uoisibiista                                      

V   O uga e uma ata aia 

V I . umo ao i e infotú nio                                

X.  música as iéias, a imitaão a música 

X.·noi 

N  M  N E



 V R PR

ME R :  ÇÃ  DE MDE

 GE M

O esecto                                             

 gane ama enaa                                    

ês íicas e aes aueaie 

ma cet a caaa                                          Aout the Hunt                                             I e ite iece                                       

 e ntouctoy ymes 

(15)

  O cego e ezzo   

I .  ne eia e  oomsbu y 

(16)

V. O bdo de o lylee 

 O mgo d cve 

ose ge ues       Ni ccol d  ole o Codoe o                              

 obe o ríptico d tlh d cclo                         obe seu e o eqese em Snt Mri del oe  Nic col d ole o, Codoie o                              

 O cceo's ptic of the ttle                          

   O  s eques  ot i   Snt Mri del Fiore 

Cie s de  ole   

O e Nles Crucifixion by scco 

A Cel Coi o otomo   

 O Ao Aucdo  

   A cão d doze l                                      Vozes d'  Descid d Cuz                             

Poom os Co C e  

 e  u c ory gel                   e de's sog            

    Vo dell Deposizione 

 e deix Floe                                  t et leves Floece                                 A lltett de uido Cvlci                               

vesss                                                

e d os 

O oe o bcão                                         

Te Mchine of the World CA 

e um qu el ces  

A voz  

O ólogo de e Vi e Vin 

Au Colloque des Mo ses 

  L médu se mou euse                                  

 ypose 

   Le L is                                           

IV. evoi    

(17)

 .   voix                                           

  Leus voix                                        

(18)

V 'osse . . .  

 Nos moses suclleux 

. e s, c'es désue 

 . As  ft Vléy    V  Au so e .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..   V  l'Auel de 'dée  . . .  X le .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .  X ececeme  ....  . .  .  .   X ével .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..  X es deux Auod-fé   As oetc  . . .    A estofe  .  .   A dívd   odígos  . . .    O te mvel  O veme .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .   

O Vemee's Te th of Din  . . .  A Rendei de ermeer o mo gle  . . . 

Ves sobe  o s 

ão de modelgem  . . . 

 VR SE

G U N D :  ÇÃ D

E REV S

Nl Obs t .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .  

Ao vo Asss so 

 ssm .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 

m ofíco de sombs  .   ...   . . .  .  .   Fol com mges .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .  

us esq uvs  . . .  

 Cestes  . . .  

. No escuo  . . .   os colos  . . . 

 CA    .  .  .  

(19)

Atms de  sbel  so  . . . 

  m e od su 

(20)

I I I  Recorda ndo u m c lacórd io  .  272

I Aeroporos  274

anasmagorias     . .  .  275

On l izabeh Jenning s Gowg ots  .  278 Ins anâneo pósumo do po ea P aul C elan  .   .  279 O W. H. Audens l as ) birhda   .  .    . .  280

Gacismos dalma  .   282 O jogr al en can ado  . . . 283

Vizinhos  . . . 288

A a á sc ara mor uari a de Césa r Val lejo . . . 290

Ungarei à luz pensada . . . 294

Más cara moruária de Quasmodo  . . . 296

No izi e delle C inque  erre 298  alchi  . . . 303

I G orgo e le Ci à 304 Lameno de Caim  . . . 3 1 2 A eplic aço  . . . 3 1 4 Dobrada à moda do moro . . . 323

Louor na b oa more d o menn o Joo Cabral  . . . 326

A um cis ne na agonia .  .  .  .  327 O Ctéo ao de Paul Valér  .  337 ost-scptu a um a ra duço  .  342 Velhos iges  . . . 34 3 The Whirlings  . . . 348

Os Ouonos  . . . 349

Aneisões da lima anesala . . . 3 51 oward a Marian Hmn . . . 354 Segunda residênci a  . . . 3 5 5 phaamum . . . 3 5 7 A end a  359 O pêssego 360 he Begonia  . . . 364 A noie fria . . . 366

(21)

Ampliações de um ocaso em Súnion 372 Anigones Homecoming . . . 377

(22)

VR Ú

  M :   M  ÇÃ D M

Ú S C 

 Cano, filh o da luz da zona arden e . . . 387 2. Cano o que amo e amo o que é moral . . . . . . 387

3 . No conai a ninguém que no vos creia 388

4. oda consolao que a mene quer 388

5 . O drama da razo  Buscar o fio . . . 389

6. O real, fagmen o sepa rado . . . 389

7. Se a herana do Ocidene é uma agonia . . . 390 8. Alberi, ao recusar a esse rascunho . . . 390 9. Havia desde o Gioo essa enso . . . 391  udo se passa como se ao compor . . . 391 1 1. O drama da razo eige mais . . . 3 92

1 2. Conosco a hesiao da criau ra 392

1 3 . m Uc ce ll o a ens o des se dil ema . . . 393 14 . Porque perence ao insino naural . . . 393 15 . Na solido de cada pincelada . . .  394

16.  no enano n' Hósta rofaada . . .  .   . 394

 7. Houve ambém no jovem Bo icel li 395

1 8. Porqu e a m o que pinou La Drltta 395

19 . sranho imaginar já murcha a one . . . 39 7 2 0 .  n o en ano dur ava, com o Maneg na  . . . 397

21. Se Uccello fi o ldico profa . . .  . . . 399

22. Penso, nauralmene, no Batsmo . . . 399 23 . m Arezzo é o fugaz que se proclama . . .  . . . 400 24. Deiai me ce leb rar ud o o que morre . . .  . 400 2 5. nre o insane e a arg ila va i passando 401 26. O un iverso , ao volar de seu des erro . . .  . . .   4 1 27. Às vezes éme quase enador . . .  . . . 402 28. No Ghir lan dai o, ec  , a bele za . .  . . .  . . . 4 02 29. Os solenes pavões do Ghirlandaio . . . 403 30. A déia é u ma perf eia c onsruo  . . . 403 3 1 . Co m efei o, há o legado de um asi o . . . . . . 40 4 32 . O me lh or croma is mo que há nas cen as . . . . . . . 40 4 3 3 . udo é smbol, o mundo é conseqüene . . . 405 34. Se é uma loucura confinar a vida . . .  . . . .  405

(23)

35. A are va zia do in elec o pri vo 406

36. Masa ccio conhecia o Serafim . . . 40 6 37. Ah, leior que idolaras o conceio . . . 407

(24)

38 O conceio, o po imperial                             40 39 A mene é uma colméia de noções                        409 40 Masac cio no  olara nunc a mais                         409 4   Piero e a or do gênio floreni no                          4   4 O Angélico brilhou sozinho, o cume                       4  43 ra Gioanni amais desez do mundo                 4 1 44  I magino o afresco que o Gio o                4  1 4   Com Andrea de Sao o ogo fezse                        41 2 46 Porque o real se in saura pelo esc asso                      4 1 2 4   Co ns ideran do And ea de errocc hio                       4  3 48 Benozzo Gózzoli é que pina um êase                     413 49 aseme esquecendo o Perugino                          4 4 0 Na ca lm a, na poes ia , nas en anhas                        4  4 5    m odo caso há arroubos de De Chiri co                    4  5    Pois olemos a ela essa imposura                        415  3  Com ef eio, a ecloso enascenisa             4 1 6

54  Dáse que esa sempr e uma f ida 416

   Mas á so ho as de e ocar os mus     1 56  m odos,  indo dos ca nais s ombrios                     4 1    an Eyck, em quem o mundo e o absouo                  4 1 8

8 E assim fez oda aqu ela muido 18

59  Dur ane o Qttrocnto a ciaua 49

60  sse ncial mene, a mene se a avoa 19

6 A pinura onada de repene                             420 6 No gênio dduivo floenino                             20

63 No há nada por trs de coi s algum 421

64  C omo o Noe o fzi ne ssa olnd 42

6 5  Como em  ene a   O baço do O ien              23 66 Talez fsse a iminência do dilúio                        23

6 Abr ese  amb igid de com o C accio 2

68  Abismeime uma  ez, c omo se em pre c 42

69 P efigura-se a luz do Cana le o                  425 0  Quano  s fbuações do in oeo               42 1

doce obserar que nele dura                            46

(25)

3  O mun do é mi nu ci oso e coossal                          42 4   há erdadeiramene o  eronese               42  Que se Venea lcança uma equço                       28

(26)

6 J o sol  lo quel lu                             28   v sdo é quele se                            29  8   suge, xod o el o de e                           29  9  Ao mesmo emo, se be m m s de le v                  30

80

o comeo d vése do ce                          30 8 1  obd  esc d, o segudo d                        3 1

82 Ou melo, de um ovem  N ved de 31

83 ão dos modos de ve, eu se; ms ceo 33

8

de um es  o ode  esão 33

8   Não se m dé, ms o fudo                          3

86 Que fz e dese m udo qudo  e 3

8   m, são modo s de ve , m s o o omo 3

8 8  O meo b oco eco  3

89

fs d o el, eus covddos                           3 

90 A esce eveleceu deess                        3

9 1  O es o  doxo ld 38

92   seme um doxo o ee              38 93  s ouve o e um xão                         39 94 Ou o lâguido cesculo, boco                        39

9  s o que Clude v  em seu oee 0

96  e  um mu do em ous s , ulmee                  0

9 A vsã o be ífc  ã o c be                                

98 omeeu  ão fu o elâm go  1

99 O coão é o gde mgo                          2 00 s é udo um odí go, um m ovme o 2

Úlmo Celeb- comgo, ó odos vós                        3

(27)
(28)

GÊ N     O V O 

UM  Ó OGO

A Mi Reae

(29)
(30)

a we learn fom eperience depends on he kind of philoso phy we bring o e peience   is heee useless o appeal o epe rience bere we sele, as well as we can, he philosophical ques ion  [Sim ilarly he resul of ou his orical enquiries will depe nd on he philosophical views we have been holding bere we even began o look a he evidenc he philosophical quesion mus heree com e irs 

C S WS, T lm o an

(31)
(32)



Ü

  G O N U  U M X

Ó

RDIO

A RGOR, S LRO SR ML BDO, o sentencioso osaísmo de seu títuo sug eindo eocua es ao ogético -didt icas à l coenaue Nada mais onge do ovem que o concebeu bem antes de comea a ve-se tans muta  no seu es itante au to

medida que ia tendo uga uma ta mutaão, acontecia-m e cons idea vaiantes e ucid ativa s do tio "O  undo pel Idéia, "A Idéia em ve do M undo, etc  ; todas conseguiam ag ava o osaísmo sem dissia o ma-entendido oncuí que só o evitaia caso aesentasse meu

tema-obema eo ado do avesso, coocando-o sob o disce de um títuo

ago mais s eduto, no cas o O Mundo como Rpto. ev e iusão ! N ão demoei em ecb e que cedi a, senão  ao didtic o, cetam ente ao a oogético , e com um a de agavantes a de ecoe a uma noão como meo enfeite, e a de aisca desvia a atnão do eito do meu incia acica em esevea na emeitada, qua fsse  um sentim eno de aa me ae s iscos  coe o esíito seme que se o aboda o ea guiado o sua aces ta  tendncia  absta ão amufa  com um títuo de cuno ceebatóio u texto nasci do da obsessão de uma ameaa , ademais de um subtef gio este  tizante, seia uma taião  incômoda eaidade das tenss que o consi

tuíam e sustinham

Poque o qu e desde o i nício f caizou o o  as si m dize ner vo ótico de s tas e exes foam os ma efíci os da Id éi a, ovindos todos de abu sos m etodo ógicos que , foa é convi , e m nada af etam a osião caita que se me  de cabe em todo eso cognitivo  iuste viã de meus aaes queia-seou não, a Idé ia é o ine scave note magn ético no maa móve da av ent ua cognoscente  eu texto não dis uta essa evid nc ia incon tovesa, ao cont io, adece sob o imacto desse so de meio-dia, aadoxmente o mais ca

(33)
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az, senão mesmo o nico em gau de induzi  meia-noite da aucinaão a

aquico nhe cid a, vocaci ona cegueia hum ana O cego nu ao so a ino d o on ceito, o ébio mesmeiza do ea Luz onceitua  dou-o  o descont ado  é figua chave em nossa ineutve heana edíica, henica otanto E é esse esecto, ebento de uma aixão di-se-ia atvica, que onda o âmago e subeva o cento nervoso deste ivo obsessivo. Não ceio que tivesse odido esc eve nen hum dos outos se m ecuso a este  ascun ho aa eo, a esta es écie de "negativo, ou al ter eo de cada um dees; gadua etato ocuto no sótã o ass ediado de uz ag ôni ca,  Muo como Iia fi- me , estes aos todos, uma es éci e de eositóio obíquo, o ese ho convexo em qu e se movia i nqui  sitivamente a somba conceitua de cada metfa que eu confiava ao ae No  ivro-aena digadia va-me de enconto s minha s dvidas mais íntimas , mais iedut íveis , com e as utava o uma fo sofia da fma que me e mit isse exe ce sem m conscincia o grave, o difíci ofício daomo se v, não vivi exatamente infenso s seeias da Idéia, onge dispoiesis. so Po iss o mesm o cons tatei a que ont o eas ode m desv ia, obsc uece , obs tui até a mai s s ofida via de acesso  intui ão do se, com que finuas o gam ata Pégaso a Anteu e vea-hes aos dois o esendo da rosa-mndi. É em nome da I déia que , séc uo aó s séc uo desd e os fins da Idade Média , vem-se hiotecando a aventua cognoscitiva a um emiismo s avessas, esécie de emanso esecuativo a substitui-se s eexidades da condião mota on ta um ta ce ni o, a vida do esí ito tem tido que escohe , basicamente, ente duas ostuas, só em aancia oost as ou bem "etia -se d a aena, de sativando suas tenses com a abdicaão de um mea culpa de sonâmbuo, tau toógica e fa tai sta , ou bem "aboe a intatve  oacidade do ea num mov i mento de ebiez ativa, de cegueia ebede. Esta tima, agumenta meu texto, seia a rande t enta ão, o efgio o exce ncia  e h mesmo quem o di a ines  cave) da in quietude ocidenta Édio  ode cega-se e o cego ode va ga  uz matin a ou ceusc ua, s em meios de di stingui-as senão ea teidez m aio ou meno desta ou daquea caícia anônima vae dize avusa) na eideme, na

suefície aenas, do sensíve Ou ode ota o um quaque sucedâneo da noite , tancaf ia-se n o casaão mamóeo, io, vazio  o io vazio d o conceito  e ai oga com os Esc avos de Jó os in teminv eis caxa ngs do sistema es te teei mais a dize; do conceito per se como da meta, de esto) bastaia obsea que nada mais é que um instumento nobe, iuste, indisensve que sea, o que não ode é invete a eaão ente os meios e os fins

Oa qua ndo o  oe como o substa to mesmo do conhecimento  em vez do co ntraonto f rma que é  noi te tumut uosa do sensí ve , aquee

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enar viés da mente bem ode ser que ma se d conta de trocar o mundo

como- ta eo mundo-comoidéia. No entanto, sata aos ohos que sua re du ão a um jogo de concei tos assa eo e ncohi mento da com exa recarieda de do r ea , mediant e um esquarte jame nto dito anaítico q ue faz tabula rasa da unic idade do ser ; est e v-se red uzido a ouco mais que uma hiót ese aneste  siada na mesa de oeaão "da s transf iguaes sem nome ó rio  nos term os em que evoco, ao ong o do Liv ro Pimeiro , este as ecto cruc ia do mo derno da ma da razão, an tes de submet-o a um a anáise ago mais det ida no Livro timo da obra. Longe, ois, de uma aoogia, meu rosaico e atisso nante tít uo anu ncia u ma diagnose conontada s tensões e aos arad oxos de que se nutre a rosa cogno scen te, a vida do esír ito tende a cai tuar ante as sedues do conceito, o qua, or sua vez, entorece-a com fórmulas, méto dos e do gmas que nada mais ogra m aém de um a eitura retensament e "se gura, e ao cabo aenas redutiva, dos fundamentos do ser e das categorias doea. e a renncia do "sonâmbuo, mero recurso estetizante, ode ser que

nasa do que chamei a "investida d o amo ânico e ia- se de um aro xismo agônico, mas ainda vita, do esírito erexo), na segunda esécie, na ativa

escoa daquee renitente moedeio fso, o esírito ébio de uz conceitua,

há um soi si smo de iberado , a criatura de um o rguho étreo e irreversí ve  é no atar do conceito que comea "a marmorizaão mora do ser

Para mehor erceber o que entendo or esse rocesso, que se imagine certa f igura descarnada  a ura criatura da mente  habitando o nore "sa ão das quatro janeas, cume da cássica morada de todos os aheamentos ante a uz moritura. É ai que a imecáe estatuária a que asira o homem conceitua modorra e sonha o comacente eir "imorta do sistema, esse gmeo i nconf ess o da not óia emb riaguez forma da "arte ura, da arte-ea arte. ais abai o, no orão da mansão es ndida, o oo de sombras étre as da edusa, o so negro do exíio, a noite ia. A ee descem, negociando a escadaria em esira da aostasia, ado a ado, o sonho do Beo e o esadeo

do Idea . I maginese um fr anco diáog o entr e os dois, ou en tre a I nocn cia e a xerin cia , ou ainda  or que não  entre o jove m eats e o velho B l e, tavez ante o s ortais do Éreo; e nqu anto aguarda m a tran sfigur aão ao teótica, a ceitam osar  ara Pouss in , ou ar  áud io, o Loreno, e conversam. Eu ou o ago ass im 

!  O pote no balcão  1 4 (ivro Prieiro) 2. Im 4.

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 Como i que a s estátuas d o poço da Medusa chegara m lá?  Ainda em vivas ao descer

  por que des ceriam?  Porqe iste no ser ma obsc ravidade a lz disa

de m sol den te qe co biça o enta rdecer.

 Mas nu m mu ndo de pedra?!   mundo é uma conusa noção tmltuosa e há na oma um per

criatra do orulho que é quase ma recusa e vai levao a própia luz a areecer.

 Voltariam de lá?  Quem?  odos, cada está tua com seu sol de menti a .    Não sei porque morrer

é a nde embriaue da alma e ela anda à cata de se evadir de ser o q ue deixa de ser

Há uma estnha euoria na morte que não mata.

E eis q ue , ma l encetado o etor no a ete mund o e a sus "noes tumu tuosas , deparo-m e com outra sombra ilu ste, a do velo ê neca  foi ele quem se referiu , plotin ian ame nte , a cet o moviment o do espí ito que, s em renuncia à autoco nsc iê nci a, deix -se rapta em amooso abndono a um modo de pe cepço que, fiel à etimologia, aquele agudo eírito latino apoxima da exem plar noço de rapto cum universo rapi r, a ambiço conceitua tende ao con trário dess e conse ntime nto, desse ato de humildade do inte lecto ante a in teireza da pecepço, e eg uese à s antíodas de toda e xper iênc ia do mundo enquanto rapto e assim az legitimam ente , conc ed-s e, visto que o conceit o, equanto uten sílio de ceto modo do conhecimento, busc a um def iniço de ddos e termos que fie uma "idéia do mundo,  igo, um sua fisionomi fundada em tal ou tal c laridade certif ican te, inda quando li mitadoa e redu zida Até aí tudo bem , toda intrínseca  unço s endo um d ireito a e xecer e ta que de peda e redenço no se a nunca n esse tipo de discuso, de qu e a treva, o abis mo, o destre, a do r  a mote, em suma  vêm-se banido s, subtraídos à equaço e postos ente paênteses, suspensos em epochê, como se diz nas M atemáti cas

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O nevo da queto, que-me paece, etá no fato de que no há liço de teva no eino diut urno do conc eit o, todo ee opoto ao "i mpério do eal, aquee memo que, egundo o melho ummond, no que de nó de penda "no exite E, quando no exita, eá poque onde no há liço de

teva tam pouco ave rá "iço de coi a ba ante paa contona , po ex em  p o, o qu e me paece a ga ve ju teza de ceta obeva ço de Pound a popói  to da poe ia de Robet Fot, egundo eu compat iota " record o lie without intellectul interest or ny desire or nythin not in it Convenhamo que, num ponto ao meno , o autor d e A lume spento acet a em cheio  nec l  sine ob .  . Vale dize em um chiscu, em a mediaçõe da teva, as "coi a no têm "ombra, e egue-e que nee tipo de "egito em inteee

intelectual ou ane lo algum pelo que o utap a e tampouco há de hav er liç o de mo dela gem digna do nome  nenhuma, em todo cao, que no tenda ao que chamo a mamo izaço moa do e  paa o homem con ceit ua a únic a ad misível epota à inquietaçõe da mente ante o fugaz, o pecáio, o elui

vo. E no que con tituiria ea "liç o, o que eia ea "modeag em além de um execício fmal de cunho e natureza quando muito imbóico? Enten doa, mai bem , po aquel a opea ço d a inte igência que tem cua, ante de tudo, da i ntatá vel e apa enteme nte infme ug osidade do ea, e que ao bu  car fmare uma qualque imagem dele ó e legitima ao equiibar-lhe a

tenõe e o paadoxo de modo a etiv amente toca aquele neo v ital , aquela canatua viva da inguagem em que ignificado e ignificante reultam indi ociá vei  potant o ignif icativ o  É evidente que o epírito de conceito na da abe e nada que abe r dee equi íbrio, dee execício obetudo moal.

Bête no ire dete  ivo e fime obtác uo a ee tipo de co neguimen to, o conce ito no q uer ouvir f ar de mete a mo na ma a i nforme a mode lar, an te pefere-he um modelo, contentandoe em compimi a vida do epíito na finua do epíito de itema Ete útimo, eminente batado da huma

na febre de ilu õe cet ificante , uge como uma oco ênc ia ecente no pen  ame nto ociden tal , ma u a onipreença dede o apogeu hegemônico do Ide alimo Alem o c uja "omba etaia naque e eu con teâneo e coet âneo, o Romantismo à l Novlis e uta de um poceo vindo d e longe, aquel e me -5 O veredito pareeme apliável também ao último Drmmod, o e a partir de 1962 omeça a inventariar sua liço de oisas e, talvez porue insista em zê-lo ao vel dos ae dotários do otidiao atomizado, iiia o gradal ato-elipse de ses últimos vite anos A em le importe a sempre protelada dissso desse otesioso, remetoo ao me saio A espi l reentora, o Eplogo ediço deiit iva de minha oletânea de estré ia, Anulação  Outs reparos, pp 26-29 (Topbooks, io de aeiro, 199)

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mo que na Antigidade C láss ica se intit ulava Gnosis, e no por acaso iria pro ver, seno o substrato, certamente a mola mestra indispensável à "grande vi rada dos temp os hu man istas  como o ço izer à obscura santinha pa ro eira da Catedral de Florença, destituída à primeira luda dos tempi nuovi Desde ento tem-se especulado, à saciedade em tempos recentes, sobre a

chamada "crise da repr esentaço Nos esgare s de p rosa qu e aqui se inic iam, o leitor verá que no ignoro a colocaço, mas que a tomo como o ponto de partida a um corpoa-corpo, verso-a-verso e olho-no-olho, com o mais insis tente dos espectros da criatura seu ascínio pela abstraço, pedra-de-toque de todo reducionismo idealista No me creio obscurantista e suspeito que

minhas reserv as ao r acio nalis mo antiano se jam m ais táticas do que constitu  tivas  ainal t ento pensa r há quarentan os e ainda no pude ispens ar o recur so ao conceito! Se bem que alguma coisa sempre me z sentir que quando

no arris co c on tradizer-me es bravejo em v o  Por eemplo por sugesto de agner Carelli, redijo este postscriptum de mod o a zê- lo valer p or um in tróito ! Coo descu lpa por a gregar obscur i dades a penumbras, alego o intuito, em si mesmo dubitativo, de cilitar ao

lei tor o acesso às linhas m estras do livr o acil itá- lo sobretudo a quem se av en ture a começar sua leitura por este Prólogo, arriscando-se assim a deiar-se enredar nos meandros de uma tortuosa dissertaço resultante, linha a linha, das pro vocaçes de José Mário Pere ira  já há alguns anos praticamente um co-autor deste livo Nas páginas que se seguem conto da gênese sbita e

da evoluç o vag arosa de um livo qu e, c oncebi do nos con bios da adolescên  cia com a paranó ia , ac abaria por nascer e cresc er adado a ser vir d e arrimo de mília a toda minha obra Compondo- o, decompon doo e reco mpondo- o ao fio dos anos, busq uei entender como e por que tudo quanto se pr oponha traduzir o mundo  o mundo-c omo-t al, a opacidade, os dados b rutos do real  numa e atido de teorema termina por conc eitualizá-lo até o desigura men to, e svaziandoo de tod o sentido para situá lo além dos cinc o sentidos, no Xangrilá da ab straço em lugar da s aspere zas do real, uma eata, e ecutória e ilusória equaço

Resta q ue essa ancestral tentaço acaba por con igurar uma tirania que "suca a  ábul a do ser, reduzindo-a a uma bulaço de labora tório incapaz de dizer do sensível, o conceito dele z mais uma noço, codiicando assim em termos abstratos nossa vital relaço com ele No curso dessa imperiosa 6. . Santa Repara  Florea (Livro Prieiro)

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opeao, a constante que a peside, o espíito de oguo, engenda o espíri to de sistema  ceebado simu aco incapaz de fze mais do que pemutar o Rea pea I déia , ou , com o po cá já se ionizou, de toca o fato pea veso. No seia o meste da diaética a decaa que se os tos no concordassem

com sua teoia tanto pio seia paa ees? Mea out, tavez, mas nem po isso menos e veadora de ceto tipo de "io de modeag em  aquea em que a Idéia, essa M edusa-só-cabea, ass ume- se capa z de f ixar tudo à cond i  o de no te  acess o a nad a, a na da de v ivo. eno que é o oor à mot e a inspi a essa coisa o renda, a mum ificao do r ea, sua substi tuio pea hip nose de um modeo , na meo das ipót eses marm oiz ante, e na pior delas ne m is so  Conta to do autêntico r aciocínio, a camisa-de-a do sistema, supre mo de svio do g êni o ocidenta l ad vindo à o a mesma de seu tit ânic o, napo eô nic o autocor oament o, nega a paticuaidade do se , t oca-e os paado xos pea promessa de uma ataaxia que o que magnifica e só fz estutificá-o,

estatuaizando-o os conflitos cedem aos concei tos, o sujei to divocia- se do obje to, e a cria tua  eba tiza da "o ho mem  fica sem o mund o, pesa de uma abitrária ordenao peremptóia, o cego nu no casaro vazio.

esse ma espêndido o Ocidente padece agudamente desde a Ata Re

nascena. ucedera m-se os séculos, e ncontra ram-se e contras taram-se os es  tios, sem que cada Zeiteist renunciasse à mesmíss ima meta e perene pemis sa estetiz ante e sut i, a medusifica o mamo izada de nossa ean a cá ssi ca insi st iu e esisti u, eni tente , ten az. a vez poque de f to exist a, tatuada na pobe ama e m susi s, seno na textua mesma do se enquant o nostag ia edê nica , como que u ma út ima basfêmia , aquea av assaadoa euf ia ante o es píito de abstao, nossa paix o da mote que no mata . . . Isto post o, que se atente bem poeta n o é mtre à penser e este ivro no pretende configurar mais uma teoi a, ante s te stemu nha de u ma esistên cia a tentaes des se tip o, de que seu autor tampouco f i poupado. Mas no cabe adia ntar mais , afina  um exórdio é um mero conv it e. Caso o eit o o aceite , agua dam-no ce rca de quaenta mi paavas ainadas em mais de sete mi vesos, espao bastante

paa pemiti-e efeti sobe a petinência ou no de ceto tipo de semes em posa ouxa .. .

condio, é cao, de pesisti na ei tua da oba como o auto em sua f atua  quem t em pessa? Cet amente no quem ao ongo d e quato décad as te imo u em fz e cabe nu m meo ain avo de me táfas e it mos meio miênio de ocidentais pepe xidades.

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II



B E LO I NE LI G Í

VEL

ENÃO EJMOS. Y Y I    ..  até parodia ndo meus maio res mas pouco i mporta se o que tenho a dizer já fi dito melhor mai s de um a vez vou dizê-lo de novo  "Shll I sy it in? Em tod o caso  no seria o autor do Est Cocr  e sim um dos grandes de França a fzerme observar certa vez que to estet a quan to filós oo entre os primei ros medi adores do am bíguo no Ocide nte Pl ti no afirmav a ser preciso que a consc iê nci a que temos de nós mesmo s co nsi nta em abolir-s e para que de f ato alcanc emos po ssuir o objeto qu e an elamos ve r. Mas acres centav a que e ssa autocon sci ênc ia nece s sita paradoxalmente manter-se em si mesma de modo a que nela e com ela

amadure ça essa viso a que aspiramos. Medi tada a liç o fui constatand o que uma tal sucesso de in stantes contrastados in terpo ndo uma  ragilíssim a pon te entr e o real e a perce pço do rea l no n os torna intei ramente donos nem do objeto contem plad o nem da noç o da idéia que nos faz emos del e c onti  nuamos entr e seus dois pólos únicos certif icantes daquilo que somos e sem ele seguirí amos s end o. ratar-se -ia pois de uma possession du cur, semi il usória no primeiro ca so e dada a tornar -se no outr o po uc o ma is que u ma hipotética brevíssima renúncia tática. ma hesitaço portanto outra vez

aquele moto contínuo cuja descontinuidade  ntu comprometeria desde o berço o dubitante pro je to cartesiano por e xemplo  c om s uas c onheci das e intermináveis seqelas.

Ainda ass im a desaf iadora colocaço do autor de A Belea Intelivel me seri a frutuosa  Quatro décadas atrás ao começ ar a pen sar este l ivro já se me afigurava que naqu ela operaço do e spírito adv ertia-se uma afirmaço da t em poralid ade e no m esm o ato um a fuga ao fugaz e com e fei to ain da hoje me parece que aquilo que exp erim entamos nesse m odo de aborda gem do real é

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o anelo de abolir o tempo entr e dois i nstantes, dois reinos, duas mar gens . e ria, pois, na flui dez desse in tealo ins usten tável  sedutor arroio célere ca paz de sugerir a imob ili dade d o Idea l , teria f rçosament e que ser nesse ilu sório ponto de conve rgênc ia en tre moto e stsis que se haveriam de c ruzar as diagonais do pensame nto e as da viso.  no creio necessário tampouco que o grande pen sador-poeta se refe riss e à espec ificidade do ato pi ctóric o para ha er frmulado naquela passagem a mais sutil traduço ao temporal de uma arte tida por pertencer toda à s c atego rias do espaço  a operaç o do espírito a que cham amos pi ntura, e sse "pensament o que se tor na olhar, par eceme ine vitavelmente nascer e depender dessa tenso.

Por outro lado, se mu ito lenta ment e, fis e-me zendo inevit ável suspeitar nessa imponderável operaço da mente ante o mundo um perigoso reverso à difícil nobreza do exercício contemplativo comecei a notar que ali precisa men te, no breve in tealo de uma he sita ço, vague avam e divagavam as pupilas da Me dus a  a mais próxima metáf ra que ento pude achar para aquele ou tro olhar, aquele olhar-de-volta que, tornado pensamento, vai-se inevitavel

ment e c onc eitu alizando e no ra ro passando do jogo dos c oncei tos ao jogo de imagens, da Idéia ao sistema de idéias. ó anos mais tarde haveria de tentar

captar e descreer a natureza e as implicaçes desse processo, a um tempo nte de toda a a rte do Ocide nte pós-medi evo e seu principal obstácu lo; mas i bem cedo que o percebi no s termos em que o evoco neste l ivro, como con tendo " . . . essa tenso, / ess a duplic idade inconsciente / entr e o que o ol har percebe e diz à mente / e o pincel que reduz à traduço / do pensamento as cois as da viso. ª Bem ante s de buscar fi xá-lo em qualquer figura de lingua gem, eu já at ribuír a a enormidade daquele ri sco às t entaçes do olh ar medu sado pela Id éia . No caso, aliás, bem se poderia dizer também "pela idéia f ixa  dado que , um a vez reconheci do como ta ngível esse perig o, o tema, ou an

tes, o problema em torno ao qual, à lenta maneira de um quartzo de cristal, se ir ia formando est e livro, no voltaria a deix ar-me em paz . Da in tuiço cada dia menos va ga de uma ame aça, eu viri a a deduzir que o pro cess o a que cha mo o mu ndo-c omo-i déia paralisa o prazer, o senti do mesmo do estar -no- mundo , na mesma medida em que seu temível poder de hipnose nos seduz com os

sortilégios de uma tela.

Mas como o fz, perguntava-se aquele adolescente, mediante que sub terfúgios o co nsegue? Perplexo, vi -me acu dido a tempo pelo tempo, como ob sessivamente o atesta o mais óbvio, monótono Leitmotiv de minha coletânea 8 . A Imitação  Música 9 1 (Lio Útimo)

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de estréi a em  96 3  a oniprese nte sombr a do tempo Q uero dizer que, aç u lado pelo natu ral aguçamento da ans iedade temporal próp rio aos anos de ju vência, aquele quase avô deste arremedo de poeta-ensaísta começaria seu

aprendizado o dram a da razo ao perceber que, mais cl arament e que e m to das as art es , na arte do visível o mund o-como -idéia apodera-se do real tratan do de substi tuí-lo pela ancestr al magia do número, con seqentemente min i miza ndo no cur so da op eraço rm al, e mediante e la, t oda incômoda aluso aos avatares da finitude no espaço de uma tela Felizmente, quanto mais es plêndido o resultado, mais curioso o olhar se torna quanto aos meios que o

permitiram Quanto ma is seguro o triunf  frmal , quant o mais impercept íveis os andaimes do imponente edifício, mais intrigantes se tornam os meios, os

recurs os su tis de sse processo de substituiço do rea l pel o ideal , do ugaz pelo intemporal e do fini to pelo ininito  ass im con siderado em sua f rmulaço enquanto ent e numérico, é c laro  m todo caso , no me tar ou suspeit r, intuir, talvez, que ali estava mais uma tentadora ascese sob o disfarce e uma peculiar busca do Ideal, tanto mais esplêndida quanto mais inquietante lhe

parecia, p or exempl o, ao Jorge Lu is Borges daquela desc oncertante obra-p rima qu e o velho B andeira me havia empr estado à época, sua Hist d e l a eteidad. Anal, no nos hav íamos acost umado a identi ficar com ess a busc a just amen te aquilo que imemorialmente chamávamos o Belo? Lá estava eu outra vez numa encru zilhad a! Que fzer?

No sei o que fiz, mas posso dizer que no me restavam dúvdas ao dar finalmente por encetado este liv o mais de três décadas atrás  o mu ndo-c omo idéia era a promessa de u m triun f rmal logra do ao preço de um a i mperio sa, autoritária aboliço da "lamentável escravatura do ser às intimaçes do

sensí vel  o ser ainda servo de sua percepço d o real pelos s enti dos, coita do, nosso pobre e indefeso ser, a ser ou no libertado pela Áurea Lei da Ra zo   Por f rtuna , q uem vê o esque leto deduz a ar ticu laço , e de repente sal tavame aos olhos que a I mperial R edentora chegava, por exemp lo , ao espaço de uma tela antes de tudo dela expulsando justamente "o tempo, ou seja, a

dimen so temporal in separáv el de toda ex periê nc ia se nsíel   com a ag ravan te de q ue o ilustre "exi lado  no era uma abstr aço, po is qu e no se trata va, digamos, de um tempo numérico, c omo na medid a, na rl d or ou numa lei tura pitag órica ds categor ias deste mund o Nada di sso  tratav ase pu ra e si m plesmente daquele tempo fito de instantes a ir e vir entre duas margens, o

 à míngua da insustentável stasis. ra esse loos tornado locus, esse tem-9  . nota número 

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po inseparável d lugar do real o que estava subentendido na nobre hesita ço "ploti niana  da qua l di fici lme nte pod e prescin dir a contemplaço amo rosa  a qual deseja possuir o ob jeto s em ouar detê-lo nessa "posse  antes en volvendo-o na fugacidade constitutiva da istória do que fixando-o na parali sia daque la ilu so a ela aparenta da a prestigiosa " perspectiv a his tórica En veredei por aí e acabei por fig urarme a i stória como um a espécie de "mal diç o do tempo enf ermo se bem me lembra audácias de guri bem sei mas sei também q ue foi como f inal mente saí do estreito subterrâ neo das certe zas sis têm ica s  

E ei s que a o recorda r-me tudo isso passados tantos anos sorrio e me in terpelo mas a que me vinh a àque la altura a i stória perspectiv a histórica po r quê? Talvez p orque tudo n a aventu ra humana sendo temporal "perspectiva no seria apenas uma leitura do espaço mas também um mergulho do olhar no tempo humano a partir daquele aqui-e-agora em que padece "o coraço enfermo porqu e viv e / do que morr e    Tudo isso Yves B onn ey já o evocava num texto de que fzia acompanhar a primeira carta que me enviou em ju

nho de  9 59 se alguma coisa que ap reendemos do real é v erdade iro "cela est vi aussi bien pour ce réel quest le temps, dizia aquel e grande de França com a densi dade de sua voz ini mi tável   Esse tempo do real  que a ar tes da pala vra podem evocar de mil maneiras a pintura o exprimiria antes de tudo pela "pro un did ade dan do a en tende r que a invenço ou a r edes coberta da pers pectiva teria facilitado seu estudo e sua expresso Mas advertia a tempo aquele lúcido desafiador das esfinges da mente talvez no século  o poeta pen sador mais bem armado ante as i nvestidas da ama Idéi a con tra a integ ri dade do Real e as signific açes da F orma  el a a perspec tiva teria assi m com ecessiva acilidade investido o que é mera aluso com a gravidade e o peso de uma representaço histórica Ora a cada vez que nos persuadimos de que a História é a ftalidade da perspectiva resta ainda constatar que aí também uma vez mais alha-se perde-se a intuiço do ser e justamente porque  sempre segundo a mes ma liço do poeta  a pers pectiva atém-se a um úni co estado na situaço recíproca das coisas e com isso na arte da pintura ao menos  ao s er levada a operar a um dado momento como que um "corte no

10  Cf O e XI  : 2 (Lio Primeiro).

1 1 . Recém-p ublic d no Mercre  Fnce de vereiro dquele no, trtv-se de um su conerênci profrid nte o Colge de Philosophe: "Le tes et l'intemporel dns l pein ture du Quttrocento " Pr  versão definitiv, vej- se Lmpbable et atres esis (Glimrd, Col lection Foio-E ss is, Pris, 1 992 ) No presente ensaio como nos que he dão séquito, min hs referêncis o número d págin envim  ess eição.

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palpitante do Verbo como a fênix mítica como a luz moritua ressurgia dos escombros de um continente autodestrudo. E o fzia no exato instante e que pela primeira vez na História "nós as civilizaçes nos reconhecíamos enfim como coi sa mortal . Na ost ensiva contram o da incontornáv el frase com que Paul Valéry sobressaltara seus pares no Collge de France ("Nous a utrs ls civilizations nous savons maintnant  nous somms mortlls, um jo vem poeta sem iluses celebrava precisamente essa finitude no corpo fio e

frágil de um a sala man dra qu e era també m e po r isso m esm o o embl ema da poes ia , do Verbo reencarna do entre o negrume de um fsso e a ag onia da luz Vejamos tomados quase todos ao intróito daquele livro-poema alguns de seus tantos momentos capitais.

La l um ire prof onde a be soin p ou r paratre dune terre ro uée et craquante de nui t.

Cest dun bois ténébreux que la flamme sexalte. I fut à la parol e mê me u ne matire 

un inerte rivage au delà de tout chant.

I te faudra f ranchir l a mort pour que tu viv es  La plus p ure pr ésence est u n san g répandu

[ . .  ]

Je veux mabmer en toi vie étroite crie ouve. Je reste prs de toi ouve je téclaire.

Quand reparut la salamandre, le soleil était déjà trs bas sur toute terre

les alles se paraient de ce corp s rayonnant. [ .. . ]

Et déjà il avait rompu cette dernire

attache quest le coeur que lon touche dans lombre Tourné enc or à tout es vitres son vis age

si llu min a de ce s vieu x arbr es o moui [ .. . ]

Et je tai vue te rompre et jou ir dêtre morte ô plu s bell e que la f udre quand ell e tache les vitres blanches de ton sang.

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 no entanto enquanto gestava-se e vina à luz toda essa inigualável erup ço das ma is gra ves metáfr as do pensamento  da um il dade do at o de pensar as f ragili dades co nst itu tivas do ser  sua i mpl acável v ia dolorosa  en  quanto eclodia u m dos mais altos e pungentes momentos da pr ovada lírica eu ropéi a eodor Adorno andara se pergun tando com o ser ia pos sível fze r po esias depois de Ausc witz .. . u eultav a e ria a bandeir as despr egadas! Ria e relia em voz alta toda aquela obra-prima até que outra vez sombrio de tei moso retornav a a Berdi aff e a ieregaard . . udo no e nt anto mu dara de vez! Do russo de gênio ficar-me-iam belas e férteis dúvidas; do torturado di namarquês uma só pergunta insistente e to cabal quanto instrutiva a que coisa moritura a que aspecto por mais etreo ou mais corriqueiro do sen sível o concei to no vo ltara as co stas? ra-me im possív el no se cund ar o la mento de Bonnefy ante a aporia em que ardera o mestre de Copenague porque apesar de mina instante devoço àquele grande espírito devocional era mesmo verdade "Il   dns l'homme conceptuel  pond erava meu mis sivista  "u n délissement un e postsie sns in d e ce qu i est  Ce t bndon est ennui noisse désespoir Que l'on pense che Kierkerd  jillissements de l joie l moins prue l plus pure .. . Instnts boulersnts dns ce tte oeu vre couleur de cendre . . . de tel les joies sont un e percée que l'esprit  i te vers le diicile éel. Si jmis coeu ut privé des biens terestres et sépré de l 'objet sen sible p un détour inini c 'est bien celui trs ie de Kierkd qui vi t qu'il n'obtenit que l'essence et restit enclos dns le énérl Il combttit le systme. Mis le systme es t l tlité du concept  seul bie n qu 'il it con n .. 

No bastasse a perplea ecitaço que tudo isto me causava eu empa caria lo go adiante num a das m ais be las e perturb adoras  rases do mesm o i eregaard segundo a qual a au sênc ia do olar na estatuária el ênic a seria um sinal de que a Grécia no  avia compr eendido o instante . . . O i nstante! O que ele banava de lágr im as por no sabê -l o abit ar ou n unc a o bas ta nt e para fa zer mais que suspeitar uma elicidade que le escapava entre as mos esi tant es e os neurôn ios in cansáveis . . . ss e dom precio so e br eve i naferrável o instante mortal morituro majestoso em sua fugacidade nossa madrasta me elêni ca o teria desdenado! Aos de zoito anos  e e m pleno redemoin o men tal que podia eu deduzir de to desconcertante intuiço? Que m algrado a in sistência de Aristóteles em favor da substância a arte grega era finalmente uma ipno se frmal um sono? Qua se três lus tros mai s tarde e u iria mai s lon ge ainda e a um tal etremo que viria a dize dela que ea o sono de um

sono  ndymion adormec ido ao luar  à luz f ria e lunar da Id ia . Reproduzo em seguida em precária traduço corrida dois ecertos de um teto meu dado a

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