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Espaços livres urbanos das bacias do Ribeirão Morangueiro e Córrego Guaiapó em Maringá PR

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Espaços livres urbanos das bacias do Ribeirão Morangueiro e Córrego

Guaiapó em Maringá – PR

Mariana Fortes Goulart1; Flávia Previatto Baldini2; Karin Schwabe Meneguetti3; Gislaine Elizete Beloto4

1 Acadêmica do Programa de Iniciação Científica, Universidade Estadual de Maringá – Curso de Arquitetura e Urbanismo. E-mail: marigoulart00@gmail.com

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Acadêmica do Programa de Iniciação Científica, Universidade Estadual de Maringá – Curso de Arquitetura e Urbanismo. E-mail: flay_pb@hotmail.com

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Professora Doutora, Universidade Estadual de Maringá – Curso de Arquitetura e Urbanismo. E-mail: ksmeneguetti@uem.br 4

Professora Doutora, Universidade Estadual de Maringá – Curso de Arquitetura e Urbanismo. E-mail: gebeloto@uem.br

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo levantar e comparar os espaços livres do setor urbano formado pela bacia do Ribeirão Morangueiro e parte da bacia do córrego Guaiapó, em Maringá – PR. A metodologia utilizada consiste, inicialmente, na revisão da literatura para o adensamento do corpo teórico-metodológico que envolve a questão. Concluída essa etapa, foi feito um levantamento in loco dos elementos que constituem os espaços livres na área estudada através de visitas em campo e levantamento de dados. Através de uma legenda estabelecida previamente, foi possível mapear os dados encontrados na pesquisa de campo através da predominância de elementos da paisagem. Após identificar diferentes unidades de paisagens dentro da área, constatou-se que os espaços livres funcionam como proporcionador de perspectivas dos cenários urbanos e, no caso dos fundos de vale e áreas de preservação, como direcionador da morfologia urbana e reserva de áreas que funcionam como vetores de crescimento urbano. Verificou-se a possibilidade de estruturação desses espaços em um sistema e sua relação com a cidade como um todo.

Palavras-chave: Espaços livres. Espaços públicos. Paisagem urbana.

INTRODUÇÃO

Na década de 1940, Maringá iniciou sua colonização a partir de um empreendimento imobiliário de parcelamento de glebas rurais para o cultivo do café. O projeto da cidade seguiu vários princípios formais das cidades-jardim, prova disso é o traçado urbano com dimensões generosas, canteiros centrais, um grande número de praças, dois parques centrais de proteção às nascentes e o Horto Florestal. A grande extensão de área verde desde o planejamento da cidade tornou Maringá conhecida pela qualidade ambiental e a vegetação se tornou símbolo da cidade.

Com o Plano de Diretrizes Viárias, elaborado em 1979, assegurou-se aos fundos de vale suas faixas de preservação através dos parques lineares contidos por vias paisagísticas. Com o crescimento da cidade e a expansão da malha urbana, as praças perderam sua função qualitativa de promover áreas de lazer e convívio dentro dos bairros residenciais e passaram a se constituir apenas rótulas viárias (MENEGUETTI, 2001). As áreas destinadas a equipamentos comunitários também foram descaracterizadas por terem sido completamente edificadas.

O que se percebe hoje é que na expansão da cidade não houve preocupação com relação às áreas livres públicas, uma vez que a maior parte das praças e parques encontrados na cidade pertence ao plano original, salvo algumas exceções correspondentes as áreas de preservação dos fundos de vale e nascentes. Os espaços livres públicos são importantes áreas que qualificam a cidade. É onde a vida pública acontece, onde se dá as relações de convívio, de apropriação do espaço, da identificação do usuário com o espaço e por fim, a criação de lugares.

Segundo Magnoli (2006, p. 202), espaço livre é “entendido como todo espaço (e luz) nas áreas urbanas e em seu entorno, não coberto por edifícios”. Conforme Lima (1996), tais espaços formam um “tecido pervasivo”, sem o qual não se concebe a existência das cidades; estão por toda aparte, mais ou menos processados e apropriados pela sociedade; constituem, quase sempre, o maior percentual do solo das cidades brasileiras, mesmo entre as mais populosas. São os espaços da vida cotidiana ao ar

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livre, que permitem acessos e conexões, atividades de trabalho, recreação, lazer e convivência (Menneh, 2002).

Dessa maneira, os espaços livres devem ser não somente aqueles desprovidos de edificações, mas que permita o convívio da população. Assim, entender o sistema de espaços livres em Maringá significa levar em conta os espaços intra-lotes, o traçado urbano e os parques lineares formados nos fundos de vales contínuos implantados a partir de 1979 com o Plano de Diretrizes Viárias.

A pesquisa tem como objetivo maior entender o conceito de espaços livres e sua função na estruturação destes espaços no meio urbano. Através do reconhecimento dos espaços livres urbanos da bacia do Ribeirão Morangueiro e córrego Guaiapó e do mapeamento desses espaços e da morfologia decorrente de suas combinações, pretendeu-se caracterizar a paisagem existente, verificar as formas de apropriação existentes dos espaços livres, e estudar a possível estruturação de um sistema, na área em questão e na cidade como um todo.

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo desta pesquisa, a bacia do Ribeirão Morangueiro e parte da bacia do córrego Guaiapó, faz divisa com o Município de Sarandi a leste, em forma de conurbação urbana, e com a área rural ao norte, limite este continuamente expandido, de acordo com os interesses imobiliários. Vem se consolidando como uma área basicamente residencial, com topografia favorável à urbanização.

Figura 1. Mapa de Maringá com destaque para a área de estudo

Fonte: Prefeitura do Município de Maringá – modificado pelas autoras, 2008.

Configura-se como uma área de expansão do plano inicial da cidade, cujo desenvolvimento foi muito incentivado nas décadas de 60 e 70, o período em que mais se puderam observar as mudanças decorrentes de ocupações da área estudada. Apenas a parte mais ao sul que abrange a Zona 07, Vila Santo Antônio e o Parque Industrial foram aprovados antes da década de 60. Cerca de 23% do total, representado pelo Jardim Alvorada, Vila Morangueira e Jardim Castor foram aprovados nos primeiros anos da década de 60 (figura 2).

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Figura 2. Mapa de evolução urbana

Fonte: Prefeitura do Município de Maringá, 2003.

Os loteamentos da década de 70 são em quantidade significativa, porém em termos de área, ocupam aproximadamente 18% da área da bacia toda. Constituem-se os bairros: Chácaras Morangueira, ampliação da Vila Morangueira, Jardim Tupinambá, Chácaras Alvorada, Loteamento Ebenezer, Conjunto Residencial Branca Camargo Vieira, Jardim América, Jardim Liberdade, Jardim da Glória, Fator Imóveis, Conjunto Residencial Karina, Loteamento Ebenezer.

Na década de 80 foram aprovados os bairros: Conjunto Habitacional Lea Leal, Conjunto Residencial Patrícia, Jardim Dourado, Conjunto Residencial Governador Parigot de Souza, Conjunto Habitacional Itatiaia, Jardim Campos Elíseos, Conjunto Paulinio Carlos Filho, Parque Residencial Tuiuti e Conjunto Rodolpho Bernardi, o que significa apenas 7% do território da bacia.

Já a partir da década de 90 a paisagem foi novamente modificada, principalmente na porção mais central e nordeste da área, sendo aprovados os loteamentos que representam cerca de 22% do território; são eles: Jardim Atlanta, Conjunto Residencial Requião, Jardim Guaiapó, Jardim Paulista, Jardim Piatá, Conjunto João de Barro Champagnat, Loteamento Grajaú, Conjunto Residencial João de Barro Itaparica, Loteamento Batel, Jardim São Francisco, Jardim Oasis, Jardim Novo Oasis, Jardim Pinheiros, Jardim Santa Alice, Alvorada, Condomínio Andrade.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada consiste inicialmente, na revisão da literatura pertinente ao assunto para o adensamento do corpo teórico-metodológico que envolve a questão. Concluída essa etapa, foi feito um levantamento in loco dos elementos que constituem os espaços livres na área estudada através de visitas em campo e levantamento de dados. Através de uma legenda estabelecida previamente, foi possível mapear os dados encontrados na pesquisa de campo através da predominância de elementos da paisagem. O resultado da parte inicial da pesquisa foi um mapa onde é possível visualizar, à medida que se vão cruzando as informações, a paisagem formada pelo sistema de espaços livres da bacia do Ribeirão Morangueiro e parte da bacia do Córrego Guaiapó.

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A legenda, bem como a estrutura em si dessa pesquisa, foi dividida em quatro tipologias de espaços livres: os espaços livres configurados pelas edificações, onde se verificou a altura, recuo, natureza e característica das edificações em si; os espaços livres formados pelos fundos de vale, onde se verificou a existência de mata ciliar, tipo de vegetação e problemas ambientais; os espaços livres formados pelas manchas complementares, onde se avaliou se essas manchas eram temporárias ou definitivas bem como a taxa de ocupação das mesmas e os vazios urbanos; os espaços livres formados pelas praças e parques, onde se constatou se esses espaços eram edificados ou não e qual o tipo de vegetação existente nos mesmos. Além disso, todos levaram em conta se havia apropriação do espaço por parte da população local. O mapeamento foi complementado por fotografias dos vários tipos de paisagem conformada pelos espaços livres, e desenhos dos perfis das vias com as respectivas edificações e vegetação.

O resultado deste mapeamento pode ser visto na Figura 3, a qual representa a somatória de todos os elementos levantados, organizados em camadas, conforme a legenda apresentada.

Figura 3. Mapa do sistema de espaços livres da bacia do ribeirão Morangueiro e córrego Guaiapó

Fonte: Organização das autoras, 2008.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como consequência da ocupação urbana da área, e a combinação dos elementos avaliados pelo estudo, pode-se observar as diferentes paisagens que compõem este setor urbano. Assim, pode-se dividir e área urbana da bacia do Ribeirão Morangueiro e Córrego Guaiapó em cinco unidades de paisagens diferentes: paisagem referente às áreas próximas à Avenida Colombo e ao Contorno Norte; as áreas com grande predominância residencial; as áreas próximas aos fundos de vale; áreas com ocupação predominante de chácaras; e as grandes áreas de vazios urbanos (figura 4).

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Figura 4. Mapa esquemático das diferentes paisagens da área

Fonte: Prefeitura do Município de Maringá – modificado pelas autoras, 2008.

ÁREAS PRÓXIMAS À AVENIDA COLOMBO E AO CONTORNO NORTE

Podem ser caracterizadas como zonas para comércio e indústria apresentando grande parte de suas construções na forma de galpões e armazéns. Principalmente na porção mais central da Avenida Colombo, essas edificações configuram uma paisagem fechada formando paredões de construções, característica de áreas potenciais do comércio. Já na porção localizada próxima à saída da cidade e ao longo do Contorno Norte, os lotes são maiores e permitem que as grandes edificações se concentrem no centro do mesmo, permitido recuos frontais e laterais, criando uma paisagem menos densa e com maior quantidade de espaços livres (figuras 5, 6 e 7).

Figuras 5, 6 e 7. Tipo de ocupação e vista aérea da Avenida Colombo e do Contorno Norte

Fonte: Autoras, 2008 (esquema de ocupação) e Google Earth, 2008 (vistas aéreas).

ÁREAS DE FUNDOS DE VALE

A paisagem caracterizada pelos fundos de vale apresenta espaços livres tanto particulares como públicos, ora possuindo cercas e muros ao redor de seus lotes, ora pequenas praças e equipamentos destinados ao lazer. A relação bastante próxima entre as áreas residenciais e esses

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espaços proporciona muitas vezes uma paisagem diferenciada e característica, podendo ser de fácil identificação em qualquer ponto da área em estudo ou mesmo da cidade.

Os fundos de vales apresentam como característica uma parte de vegetação da mata ciliar mais densa próximo aos córregos, seguida por área de vegetação rasteira que serve como área de amortecimento para a área de proteção. Apesar de serem áreas com grande relevância no sistema de espaços livres da cidade, estes nem sempre são respeitados, é comum encontrar pontos ao longo dos cursos d’água e córregos com depósitos de lixo, desmatamento ou apropriação indevida dessas terras. Mesmo assim as áreas de preservação são de grande importância na paisagem geral da área e da cidade como um todo (figuras 8 e 9).

É dentro desta paisagem que se encontra o único parque urbano da área, o Parque Alfredo Nyfeller.

Figuras 8 e 9. Fundos de vales

Fonte: Autoras, 2008.

ÁREAS DE CHÁCARAS

As áreas com ocupação predominantemente de chácaras são bastante distintas da paisagem observada nas porções residenciais. São loteamentos feitos para esse uso específico dentro da cidade. Seus lotes, embora possuam uma grande área permeável e vegetação densa em muitos pontos, representam uma barreira visual em relação ao entorno devido ao fato de que são todos cercados por muros. Essa paisagem muitas vezes apresenta, apesar de não ser possível ver a partir da via pública, grandes áreas de espaço livre particular, caracterizando uma ocupação de grandes lotes por pequenas edificações geralmente locadas no centro dos mesmos (figuras 10 e 11).

Figuras 10 e 11. Tipo de ocupação e loteamento de chácaras existente na área: grandes espaços livres particulares

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GRANDES VAZIOS URBANOS

São representados principalmente por terrenos não construídos com uso rural ou agrícola. Essa área corresponde aos espaços livres para a expansão urbana, ou seja, corresponde aos vetores de crescimento urbano, podendo conformar futuros loteamentos ou áreas industriais conforme sua localização. O maior vazio urbano – que representa cerca de 9% do total de área dos vazios urbanos - é de propriedade particular e não apresenta nenhum uso atualmente, conformando uma importante área de especulação imobiliária para a região (figura 12).

Figura 12: Vazio urbano

Fonte: Google Earth, 2008.

ÁREAS PREDOMINANTEMENTE RESIDENCIAIS

A paisagem predominantemente residencial ocupa a maior parte da bacia, e apresenta uma tipologia construtiva e de ocupação comum, com recuos frontal, lateral e de fundo (figura 13). Nessas áreas os espaços livres públicos são geralmente representados pelas vias que, com suas dimensões generosas de calçadas, que variam entre 3 e 4 metros de largura, e pistas de rolamento, normalmente de 8 metros, deixam entre as quadras espaços que possibilitam sua apropriação por crianças e adultos em diferentes atividades; e pelos lotes privados com recuos frontais – variando entre 3 e 4 metros – e laterais que dão a sensação de amplitude e uma ocupação menos densa do que em outras áreas da cidade como é o caso do centro (figura 14). Essas características comuns a porções residenciais da cidade tornam a paisagem homogênea.

Figuras 13 e 14. Tipo de ocupação e perfil de áreas predominantemente residenciais

Fonte: Autoras, 2008.

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verdes formados pela arborização de acompanhamento viário. Esses túneis podem variar conforme a altura e o tamanho das copas (figura 15). Em bairros mais novos é comum a ausência dessa característica uma vez que essas árvores ainda não apresentam tamanho suficiente para “fechar” a via com suas grandes copas (figura 16).

Figuras 15 e 16. Vegetação viária de áreas residenciais

Fonte: Autoras, 2008.

Nas áreas mais novas, onde se caracteriza a ocupação por conjuntos habitacionais e/ou loteamentos voltados para classes mais baixas, as variações quanto ao tipo das edificações e das vias ocorrem apenas nas áreas com caráter comercial, porque é onde se altera o uso. Os espaços livres se restringem aos espaços públicos representados pelas vias, pois muitas vezes essas edificações não apresentam recuos nem laterais nem frontais (figura 17), além de algumas não apresentarem também nenhuma ou escassa arborização (figura 18). A apropriação das calçadas se dá de forma diferenciada, sendo muitas vezes ocupadas por mostruários de roupas e objetos ou por mesas e cadeiras de bares, conformando um tipo de ocupação estático pelos objetos e movimentados pelas pessoas que transitam pela área.

Figuras 17 e 18. Perfil e foto de ruas predominantemente comerciais

Fonte: Autoras, 2008.

A largura dessas vias predominantemente comerciais se diferencia apenas nas avenidas, que muitas vezes apresentam canteiros centrais arborizados, chegando a 4 metros em algumas avenidas, e pistas de rolamento variando de 8 a 12 metros de largura, além de calçadas de largura entre 4 e 5 metros. A diferença na arborização escolhida para cada avenida da cidade de Maringá como um todo, faz com que a paisagem e o perfil de cada avenida sejam diferentes e marcantes, sendo essa característica observada também na área em estudo (figuras 19 e 20).

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Figuras 19 e 20. Perfil e foto da Avenida Dona Sophia Rasgulaeff

Fonte: Autoras, 2008.

Junto à paisagem predominantemente residencial da área, é possível encontrar espaços livres de caráter social, como praças, parques e equipamentos urbanos que possuam grandes áreas passíveis de apropriação por parte dos moradores. As praças, muitas vezes, se encontram relacionadas com o sistema viário, sendo caracterizadas como rotatórias, ou áreas remanescentes dos loteamentos, não sendo necessariamente localizadas e projetadas em pontos estratégicos para atender a população. O mesmo ocorre com o parque e as áreas de proteção encontrados no local, estes, apesar da boa localização ainda apresentam deficiências quanto aos seus equipamentos. Mesmo assim, esses espaços agregam qualidade e grande valor paisagístico ao seu entorno, sendo muitas vezes os únicos lugares de lazer projetados para essa função.

OS ESPAÇOS LIVRES DO SETOR DE ESTUDO

Todas as paisagens encontradas na área são permeadas por espaços livres, corredores que constituem as ruas e costuram todo o sistema de espaços livres analisados. Esse sistema de espaços livres públicos configuram e qualificam a cidade e a área estudada, conferindo aos espaços construídos que o cercam formas e características. Além disso, sua apropriação garantirá a identificação do usuário com o mesmo, permitindo a criação de verdadeiros lugares urbanos.

A apropriação desses espaços pela população ocorre comumente nas áreas predominantemente residenciais, costumeiramente sendo possível ver crianças brincando nas ruas e/ou idosos sentados nas calçadas conversando. Mas isso não impede que esse uso também seja observado nas áreas originalmente destinadas para essa função, que é o caso das praças e parques.

As unidades de paisagens são perceptíveis na área, porém, ao se comparar com outras áreas da cidade estas se caracterizam de maneira quase uniforme, não apresentando diferenças de grande relevância na escala da cidade. Isso se dá pelo fato das edificações que caracterizam essa paisagem não apresentarem grandes variações de altura, proporção ou tipologia construtiva propriamente dita, além de apresentar ruas locais e avenidas com características sempre semelhantes, tornando a paisagem homogênea se comparada com as demais em Maringá.

CONCLUSÃO

Os espaços livres são elementos que permitem qualificar o tecido urbano e influenciar o tratamento dos mesmos. A análise dessa característica permite caracterizar a cidade a partir da organização e qualificação deles para a apropriação da população. Os espaços livres estão presentes nas praças, parques, vazios urbanos e no sistema viário, que se apresenta como principal caracterizador desses espaços.

A área estudada é predominantemente homogênea no que diz respeito à tipologia construtiva e ocupação dos lotes. As diferenças encontradas estão diretamente ligadas com o uso e parcelamento do solo, como por exemplo, paisagens residenciais ou de fundo de vale. Pontos de deficiência quanto à

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falta de espaços livres de uso público, direcionam a apropriação do espaço das vias para o lazer, característica bastante comum em áreas residenciais de Maringá que apresentam deficiência de espaços voltados para esse fim.

A partir das observações feitas pôde-se perceber que os espaços livres de caráter social e de lazer encontrados na área, apesar de serem projetados, não apresentam um planejamento quanto as suas disposições na malha urbana, muitas vezes conformando terrenos reincidentes de loteamentos e não sendo localizadas em locais com áreas de influência significativa. Resultante disso é bastante comum observar que a apropriação dos espaços livres das vias para o lazer. Isso indica que apesar de bastante numerosos na área estudada, as praças, parques e áreas destinadas ao uso social e de lazer são insuficientes para atender os usuários da região bastante densa.

Uma vez encontradas várias áreas não loteadas dentro dessa porção da malha urbana de Maringá, pode questionar uma futura mudança na ocupação e no planejamento das mesmas, buscando orientá-las de modo que se faça mais eficaz e qualitativa os futuros espaços livres destinados ao lazer e ao uso comum para essas regiões (figura 21).

Figura 21. Esquema de conexões entre os espaços livres para uso comum e de lazer

Fonte: Organização das autoras, 2008.

O esquema acima, resultante da análise feita na área, mostra que as ligações entre os espaços livres já existentes nessa porção de Maringá são feitas através de suas principais ruas e avenidas, resultando dessa maneira em um sistema de conexão entre eles. Apesar de não ser reconhecido atualmente por quem trafega por essas vias, é possível, através de futuras intervenções nas áreas não ocupadas a fim de proporcionar mais espaços livres de qualidade, reforçar e fazer desse sistema de conexões perceptível na malha urbana, criando novas ligações que o fortaleçam.

Frente ao exposto, identificamos os espaços livres urbanos da área estudada como proporcionador de paisagens dos cenários urbanos, recreação, proteção ecológica – no caso do fundo de vale e áreas de preservação –, direcionador da morfologia urbana e reserva de áreas sem utilização como áreas de expansão ou retenção urbanas.

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REFERÊNCIAS

LIMA, Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos. A natureza na cidade, a natureza da cidade. São Paulo, 1996. Tese (doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – FAUUSP.

MAGNOLI, Miranda Martinelli. O Parque no desenho urbano. In Paisagem e Ambiente: ensaios / Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. – São Paulo: FAU, 2006, n° 21, p. 201-213.

MENEGUETTI, Karin Schwabe. Desenho Urbano e Qualidade de Vida – o caso de Maringá – Pr. Maringá, 2001. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual de Maringá.

MENNEH, Márcia Halluli. O Sistema de Espaços Livres Públicos da Cidade de São Paulo. São Paulo, 2002. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – FAUUSP.

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